Por: Silvério da Costa Oliveira.
Johann Gottfried Von Herder
Johann Gottfried Von Herder (1744-1803) nasce em Mohrungen, Prússia Oriental, e falece em Weimar. De origem alemã, atuou como filósofo, poeta e escritor, estudou medicina em Könisgsberg, onde foi aluno de Kant, sendo que mais tarde se tornou um crítico e opositor das ideias de Kant. Também estudou teologia, vindo a atuar como pastor protestante entre 1765-1769. Atuou como pastor em Riga e Bückeburg, e também foi presidente do consistório em Weimar.
Enquanto filósofo busca a elaboração de uma filosofia da história. Suas principais obras são: “Outra filosofia da história para a educação da humanidade”, 1774, e “Ideias sobre a filosofia da história da humanidade”, 1784-1791. Se opõe a questões defendidas pelo Iluminismo e se apresenta como um precursor do Romantismo.
De modo talvez irônico, visando uma crítica aos autores do Iluminismo, apresenta uma divisão da história da humanidade em seis fases.
1- Infância, na qual temos o Oriente e a história dos patriarcas
2- Adolescência, na qual temos a cultura egípcia e fenícia
3- Juventude, na qual temos a idade das artes, da harmonia, da curiosidade, da busca do saber, do patriotismo, presentes na Grécia antiga
4- Virilidade, na qual temos a austeridade, o domínio e o poder presentes em Roma
5- Madurez, na qual temos a Idade Média
6- Velhice e senilidade, na qual temos a Ilustração ou Iluminismo. É a decadência, aqui temos a inteligência afastada da natureza primitiva.
Herder defende o pensamento de Spinoza e entende que Deus está inteiro em cada coisa, em cada pequeno ponto de sua criação, disto resultando ordem, beleza e harmonia universal. Pensa que Deus não exista de modo transcendente, fora do mundo e sim somente de modo imanente. Tudo provém de Deus e está sujeito a Deus, enquanto causalidade universal. A realidade é a expressão do poder, da beleza e da bondade de Deus. Nós, humanos, somos modos de expressão da substância infinita, mas mantemos a nossa individualidade, pois, a nossa individualidade consiste na consciência que temos de nossa existência.
Existe uma força vital na natureza que vai crescendo e se elevando dos vegetais, aos animais, até chegar ao humano. O humano é a expressão mais perfeita da organização que existe na Terra. O humano possui uma alma racional e livre, sendo também dotado de linguagem. Dentro da evolução, encontra-se este humano no alto da mesma. O gênero humano constitui uma unidade orgânica, estando presente de modo latente dentro de cada humano.
A religião, bem como a poesia, nasce da necessidade humana de interpretar os fenômenos da natureza. Entende Herder que o sentimento religioso é mesmo anterior aos conceitos abstratos e este sentimento tende a elevar o humano acima dos demais animais. A religião tende a surgir de modo natural na alma humana, surgindo mesmo antes da razão.
Na sua obra "Vozes dos povos em canções", temos canções populares inglesas, eslavas, escandinavas e espanholas, ao lado de alemães, todas anotadas e traduzidas. Herder também compilou diversas narrativas folclóricas de origem germânica. Herder busca interpretar as diferentes vozes nacionais presentes na Europa e deste modo atuando em prol da criação de um nacionalismo literário. Segundo o entendimento de Herder, a verdadeira alma do povo se encontra na poesia, obra anônima e coletiva que foi desenvolvida paulatinamente no transcorrer dos séculos. Herder criou uma história literária comparada. As diversas literaturas presentes nos distintos povos são expressão da evolução histórica destes povos.
A obra de Herder exerceu influência sobre o surgimento do movimento Romantismo, bem como, do nacionalismo e da defesa dos valores ancestrais germânicos. Seu pensamento e obra objetivava um resgate da história e da cultura da região de língua alemã. A linguagem, segundo Herder, consiste em um processo dinâmico, em perpétua mutação e aperfeiçoamento constante.
Contrário a um conceito presente então no Iluminismo, que defendia a igualdade de todos os humanos, Herder entendia que cada região, cada nação, cada povo, tem um espírito (Volkgeist) todo seu e particular, que deve ser respeitado justamente por ser único. Tal espírito não pode ser entendido por pessoas de outras regiões ou países distintos, mas somente pelas pessoas ali presentes naquela região, vivenciando a topografia, o clima e os eventos presentes naquele lugar específico.
Herder há de defender o conceito de nação em oposição a uma Europa única. Contrário aos impérios que submetem os povos e culturas, destruindo aos poucos a sua individualidade enquanto povo. A nação é caracterizada por elementos tais como as tradições presentes no povo, a educação, a linguagem. O pensamento é determinado pela linguagem e esta, conjuntamente com as tradições culturais de um povo, cria a nação. Aqui está presente o folclore, a dança, a música e a arte desenvolvida naquela região por aquele povo no transcorrer da história.
Herder rejeita o imperialismo e também o materialismo. Ele entende que cada nação composta por um povo é diferente de outra, é única. Cada povo possui a sua identidade, a humanidade é composta por uma espécie única, mas que teve desenvolvimentos diferentes em regiões diferentes. Temos diferentes linguagens, culturas, estilos de vida por parte de grupos sociais diferentes, pois, estes habitaram em meios ambientes também diferentes.
Silvério da Costa Oliveira.
Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.
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