Professor Doutor Silvério

Blog: "Comportamento Crítico"

Professor Doutor Silvério

Silvério da Costa Oliveira é Doutor em Psicologia Social - PhD, Psicólogo, Filósofo e Escritor.

(Doutorado em Psicologia Social; Mestrado em Psicologia; Psicólogo, Bacharel em Psicologia, Bacharel em Filosofia; Licenciatura Plena em Psicologia; Licenciatura Plena em Filosofia)

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2- Blog 1 “Ser Escritor”: http://www.doutorsilverio.blogspot.com.br

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5- Blog 4 “O grande segredo: A história não contada do Brasil”

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terça-feira, 2 de setembro de 2025

A História da Maçonaria: Do Templo de Salomão aos Dias Atuais

 

Por: Silvério da Costa Oliveira.

 

Maçonaria

 

1- Introdução

 

A Maçonaria é uma das instituições mais antigas e enigmáticas da história, frequentemente envolta em mistérios, símbolos e narrativas que despertam curiosidade. Embora associada a segredos e rituais, sua essência é filosófica, filantrópica e iniciática, buscando o aperfeiçoamento do indivíduo e da sociedade. Este artigo explora a trajetória da Maçonaria, desde suas origens lendárias no Templo de Salomão, passando pelas guildas medievais, o marco do Grande Incêndio de Londres, até sua relevância no mundo contemporâneo. Vamos desmistificar mitos, destacar sua influência histórica e filosófica e entender como a Maçonaria se mantém viva no século XXI.

 

2- As Origens Lendárias: O Templo de Salomão

 

A narrativa tradicional da Maçonaria remonta ao Templo de Salomão, construído por volta do século X a.C. em Jerusalém. Segundo a tradição maçônica, a construção do templo, liderada pelo rei Salomão e pelo arquiteto Hiram Abiff, simboliza os ideais de ordem, harmonia e trabalho coletivo. Essa história é mais simbólica do que factual, servindo como uma metáfora para os valores da Maçonaria, como a busca pela perfeição moral e intelectual. O Templo de Salomão representa a fundação espiritual da ordem, com seus rituais e símbolos inspirados nas ferramentas dos pedreiros, como o compasso (equilíbrio) e o esquadro (retidão).


 

Para começar, a Maçonaria tem suas raízes simbólicas na construção do Templo de Salomão, uma das grandes obras da antiguidade, considerada um símbolo da busca pelo conhecimento e pela perfeição. Dois discípulos do mestre construtor, chamados Jakin e Boaz, deram nome às famosas colunas que guardavam a entrada do templo. A história conta que o mestre construtor Hiram Abiff foi assassinado por três aprendizes que queriam forçá-lo a revelar os segredos da construção. Esse episódio é fundamental para o ritual e a filosofia maçônica, representando a luta do homem pela verdade, superação e transformação interior.

Embora não haja evidências históricas de que a Maçonaria como instituição existisse na Antiguidade, essa narrativa lendária conecta a ordem a uma tradição de conhecimento e fraternidade, transmitida por séculos como uma herança simbólica.

 

3- As Guildas Medievais: A Maçonaria Operativa

 

Na Idade Média, entre os séculos XIII e XVI, a Maçonaria operativa floresceu na Europa, especialmente na construção de catedrais góticas, como Notre-Dame e Chartres. Os maçons operativos eram artesãos especializados na cantaria, trabalhando com pedra para erguer monumentos grandiosos. Esses profissionais se organizavam em guildas, conhecidas como "lojas", que protegiam seus conhecimentos técnicos e regulavam a profissão.

As guildas de pedreiros eram mais do que associações profissionais; elas cultivavam valores éticos, como a honestidade e o compromisso com a excelência. Essas organizações tinham rituais próprios, juramentos de sigilo para proteger os segredos do ofício e uma forte camaradagem. A palavra "loja" deriva dessas reuniões, e o termo "guilda" reflete a estrutura associativa que unia os artesãos. Esses elementos foram fundamentais para a transição da Maçonaria operativa para a especulativa, que surgiria séculos depois.

 

4- O Grande Incêndio de Londres e a Transição para a Maçonaria Especulativa

 

Em 1666, o Grande Incêndio de Londres devastou a cidade, destruindo milhares de construções. A reconstrução exigiu um esforço monumental, liderado por arquitetos e pedreiros, muitos dos quais pertenciam às guildas de maçons. Esse período marcou uma mudança significativa: as guildas começaram a admitir membros que não eram artesãos, mas intelectuais, nobres e pensadores, atraídos pelos ideais de fraternidade e progresso.

Essa transição culminou em 1717, com a fundação da Grande Loja de Londres, considerada o marco da Maçonaria especulativa. Diferentemente da Maçonaria operativa, focada na construção física, a especulativa enfatizava o desenvolvimento moral e intelectual, usando os símbolos da cantaria (como o compasso e o esquadro) para ensinar lições filosóficas. Figuras como John Theophilus Desaguliers e James Anderson foram fundamentais nesse processo, redigindo a primeira constituição maçônica, que estabeleceu os princípios da ordem moderna e influenciou a criação de democracias baseadas em direitos e liberdades.

 

5- A Maçonaria e a História: Influência nas Revoluções

 

A Maçonaria teve um papel significativo em eventos históricos que moldaram o mundo. Durante o Renascimento (séculos XIV a XVI), os ideais maçônicos de busca pelo conhecimento e progresso ecoaram o espírito humanista da época. No século XVIII, a Maçonaria se alinhou ao Iluminismo, promovendo valores como liberdade, igualdade e fraternidade, que inspiraram revoluções e mudanças sociais.

Revolução Americana (1776): Muitos dos "pais fundadores" dos Estados Unidos, como Benjamin Franklin e George Washington, eram maçons. Os ideais de liberdade e autogoverno, centrais à independência americana, refletiam os princípios maçônicos de justiça e igualdade.

Revolução Francesa (1789): A Maçonaria influenciou pensadores iluministas como Voltaire e Montesquieu, que frequentavam lojas maçônicas. Embora a ordem não tenha organizado diretamente a revolução, seus ideais de fraternidade e igualdade permeavam os debates da época.

Independência do Brasil (1822): Maçons como José Bonifácio de Andrada e Silva, conhecido como o "Patriarca da Independência", desempenharam papéis cruciais na emancipação brasileira. As lojas maçônicas serviam como espaços de discussão política, fomentando ideias de soberania.

Proclamação da República no Brasil (1889): Figuras como Deodoro da Fonseca e Benjamin Constant, ambos maçons, lideraram o movimento que derrubou a monarquia, consolidando a república com base em princípios de liberdade e progresso.

Esses eventos ilustram como a Maçonaria, por meio de suas redes de influência e ideais filosóficos, contribuiu para transformações políticas e sociais em escala global.

 

6- Filosofia Maçônica: Liberdade, Igualdade e Fraternidade

 

A Maçonaria é, em essência, uma instituição filosófica. Seus ensinamentos se conectam aos ideais iluministas, promovendo a busca pelo conhecimento, a ética e a moral. O conceito de "Grande Arquiteto do Universo" reflete uma visão teísta que acolhe diferentes crenças religiosas, unindo membros em torno de valores universais. Os rituais maçônicos, embora envoltos em simbolismo, são ferramentas pedagógicas que incentivam a introspecção e o crescimento pessoal.

Os símbolos maçônicos, como o compasso (equilíbrio entre o material e o espiritual) e o esquadro (retidão moral), são centrais para a filosofia da ordem. Esses símbolos inspiram os maçons a refletirem sobre sua conduta e a contribuírem para uma sociedade mais justa. A Maçonaria também valoriza a educação, enxergando o conhecimento como o caminho para o progresso humano.

 

7- Desmistificando a Maçonaria: Mentiras e Verdades

 

A Maçonaria é frequentemente alvo de mitos e teorias conspiratórias, como a ideia de que seria uma sociedade secreta com intenções obscuras. Na realidade, a Maçonaria é uma sociedade discreta, não secreta, com rituais que simbolizam a jornada de autoconhecimento. O famoso "bode" é uma piada popular, sem qualquer base nos rituais maçônicos, usada para desmistificar rumores infundados.

Outro equívoco comum é associar a Maçonaria a uma organização política ou religiosa. Embora maçons tenham influenciado eventos históricos, a ordem não tem uma agenda política unificada, e sua concepção teísta permite a convivência de diferentes crenças. Seu objetivo é promover o aperfeiçoamento individual e coletivo, não o controle de instituições.

 

8- A Maçonaria e a Educação

 

A educação é um pilar fundamental da Maçonaria. Historicamente, maçons estiveram envolvidos na criação de escolas, universidades e bibliotecas, refletindo a crença de que o conhecimento é essencial para o progresso. No Brasil, por exemplo, maçons como José Bonifácio defendiam a educação como ferramenta de emancipação. Hoje, muitas lojas maçônicas mundo afora apoiam projetos educacionais, bolsas de estudo e iniciativas de alfabetização, mantendo viva essa tradição.

 

9- Maçonaria Contemporânea: Desafios e Contribuições

 

No século XXI, a Maçonaria enfrenta o desafio de se adaptar a um mundo digital e globalizado. Embora mantenha seus rituais e tradições, a ordem busca atrair novas gerações, promovendo diversidade e inclusão. No mundo, as lojas maçônicas continuam ativas em projetos filantrópicos, como apoio a comunidades carentes, construção de hospitais e ações humanitárias.

A Maçonaria também enfrenta o desafio de desmistificar sua imagem pública, combatendo estereótipos e esclarecendo seu papel como uma instituição voltada para o bem comum. No Brasil, por exemplo, lojas maçônicas têm se engajado em causas sociais, como doações para vítimas de desastres naturais e programas de apoio à infância.

 

10- Conclusão

 

A Maçonaria é muito mais do que uma sociedade envolta em mistérios. Desde suas origens lendárias no Templo de Salomão até sua consolidação como uma instituição filosófica e filantrópica, a Maçonaria moldou a história por meio de seus ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. Das guildas medievais ao impacto nas revoluções modernas, a ordem influenciou eventos que transformaram o mundo. Hoje, a Maçonaria permanece relevante, promovendo educação, filantropia e reflexão ética em um mundo em constante mudança.

Se você deseja saber mais sobre a Maçonaria, seus símbolos ou sua história, explore os recursos disponíveis em blogs como "Ser Escritor" e "Comportamento Crítico", além do nosso site  (https://www.doutorsilverio.com), onde artigos e materiais adicionais oferecem uma visão mais profunda sobre essa fascinante instituição.

 

Silvério da Costa Oliveira.

 


 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

Site: www.doutorsilverio.com

(Respeite os Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)

terça-feira, 22 de outubro de 2024

Ser senciente e autoconsciente

 

Por: Silvério da Costa Oliveira.

 

Ser senciente e autoconsciente

 

Com o desenvolvimento das IA – Inteligência Artificial, fica cada vez mais necessária a discussão sobre os limites e possíveis superações destes padrões de inteligência e neste tocante cabe questionar sobre a verdadeira compreensão que poderá ser desenvolvida em uma IA sobre sua própria existência e lugar no mundo. Mas não somente isto, o humano diante dos demais animais conhecidos e também das plantas, deve ser colocado no mesmo nível ou está qualitativamente acima? Um cão ou gato, ou mesmo uma samambaia ou abacateiro são seres vivos, isto é inegável, mas se diferenciam de fato de nós, humanos? Terão a mesma percepção da vida que um humano possui? São estas questões realmente intrigantes e que merecem uma reflexão e penso que esta reflexão deva se iniciar por entendermos o que é um ser senciente e um ser autoconsciente. O resultado do modo como adotamos e interpretamos estes conceitos perante humanos, demais animais, plantas e IAs, afeta o nosso mundo e por nosso, quero entender não somente humanos, mas também estes outros grupos. Como tratar eticamente e qual respeito devemos ter para com outros humanos, outros animais, plantas e IAs é uma questão fundamental para ser debatida em filosofia e outros campos do saber.

Antes de adentrarmos na temática do que seja um ser senciente e um ser autoconsciente, busquemos entender o que seja a “consciência”. Basicamente, podemos entender a “consciência” como algo que permita aos seres terem algum tipo de experiência, seja esta um estado mental, uma experiência sensorial, um pensamento sobre algo, uma emoção, ou ainda diversas outras possibilidades. A consciência é consciência do seu corpo e do seu ambiente, já a autoconsciência é o reconhecimento dessa consciência. Em termos de complexidade e processamento perceptivo das informações recebidas (internas e do mundo circundante) temos primeiro o ser senciente, depois o ser autoconsciente.


 

Mas, e quanto a diferença entre um ser que seja senciente e outro que seja autoconsciente? Como seres humanos, outros animais, as plantas, uma IA – Inteligência Artificial, um personagem de ficção científica como, por exemplo, o “Data” de Jornada nas estrelas: a nova geração, podem ser aqui entendidos e classificados e porque deste modo e não de outro?

Um copo d’água fria ou quente continua sendo um copo d’água, mas há uma variação de grau na temperatura. Quando falamos em um ser senciente e em outro autoconsciente ocorre o mesmo fenômeno, ou seja, em ambos temos uma variação de grau, só que neste caso estaremos nos referindo não a temperatura da água e sim aos níveis de percepção e entendimento que tal ser possui sobre sua própria existência e sobre o ambiente no qual este se encontra.

Um ser senciente possui a capacidade de sentir e perceber o mundo circundante, capacidade esta exercida por intermédio de sensações físicas e emocionais, cabe a presença de sensações subjetivas tais como: dor, prazer e emoções diversas. Aqui temos, portanto, a consciência do que ocorre no ambiente ao seu redor, mas não há uma compreensão profunda sobre si mesmo enquanto um ser separado e independente. Isto ocorre com os diversos animais que conhecemos, tais como: cães, gatos, pássaros, etc.

Um ser autoconsciente possui a capacidade de conseguir reconhecer a si mesmo como um ente distinto dos demais, possui a capacidade de exercer reflexão sobre sua própria existência, portanto, um ser autoconsciente vai muito além da mera sensação e percepção presente nos seres unicamente sencientes. Este ser reconhece a si mesmo como algo que possui pensamentos, sentimentos e uma dada identidade. Os seres autoconscientes podem refletir sobre sua própria existência, sobre suas ações no mundo. Tais seres possuem uma noção sobre o que seja o seu “eu”. Tais capacidades trazem junto a habilidade de introspecção e também de autorreflexão. Neste momento de nossa história, os únicos seres que conhecemos que possuem a capacidade de serem autoconscientes somos nós, seres humanos, claro, no entanto, que estamos sempre falando em graus, como no caso da água mais quente ou mais fria e, neste tocante, a pesquisa efetuada em grupos de primatas e golfinhos vem acentuando a presença em algum grau da capacidade de autoconsciência.

Pensemos agora nas plantas que conhecemos, estas seriam sencientes ou autoconscientes? A resposta seria negativa para ambas as classificações. Uma planta pode experimentar sensação de fome, de sede, de frio, de calor, etc.  As plantas conseguem responder a estímulos provindos do meio circundante, tais como luz, água, gravidade, mas não dispõem de um sistema nervoso ou cérebro, algo fundamental para que possam experimentar sensações e emoções de modo consciente. As plantas conseguem, sim, responder a estímulos provindos do ambiente, mas de modo unicamente biológico, não envolvendo aqui qualquer percepção consciente ou subjetiva destes mesmos estímulos. Uma planta não é, portanto, considerada como sendo um ser senciente ou mesmo um ser autoconsciente. Lembremos que as plantas também não conseguem exercer uma reflexão sobre si mesmas ou se reconhecerem como entes independentes. Em verdade, as plantas não possuem um sistema nervoso central que as capacite para tal, logo, elas não possuem consciência ou noção sobre si mesmas. Deste modo, não cabe às plantas nem a senciência, nem a autoconsciência, sendo as mesmas somente organismos vivos que reagem ao meio no qual estão inseridas por meio de complexos processos biológicos, mas sem percepção consciente.

Resumamos o que dissemos até aqui. A senciência está presente nos animais e se mostra como sendo a capacidade de sentir e perceber, de ter dor e prazer, de atuar em algum modo de subjetividade. A autoconsciência se mostra como sendo a capacidade de reconhecer a si mesmo como sendo um ser vivo independente e separado dos demais, podendo fazer uso da autorreflexão buscando um melhor entendimento de si próprio. O exemplo para um ser autoconsciente é o ser humano. Plantas não podem ser consideradas como seres sencientes ou mesmo autoconscientes.

E, neste momento, chegamos a questão que envolve os seres artificiais reais ou pertencentes a ficção científica. No caso de uma IA – Inteligência Artificial, esta corretamente não pode ser entendida como possuindo senciência ou autoconsciência. Não é um ser senciente por não possuir a capacidade para sentir ou ter experiências de cunho subjetivo, não consegue ter percepção consciente sobre os estímulos, não possui emoções ou mesmo sensações físicas, tais como prazer e dor. Tais características estão presentes nos diversos seres vivos, logo, uma IA também não pode ser considerada como sendo um ser vivo estritamente falando. Cabe as IA unicamente gerar informações e respostas baseadas em padrões e dados pré-programados, mas sem que isto envolva qualquer outro tipo de experiência interna ou mesmo consciência sobre o que faz. Além de não possuir consciência sobre si mesma, tampouco possui sentimentos ou percepções sensoriais. Claro que uma IA pode entender o significado de palavras tais como: dor, prazer, emoção, ou mesmo entender o que seja refletir sobre certos conceitos, mas tal ocorre de modo a não envolver qualquer tipo de experiência com o mundo circundante, algo puramente não biológico, mecânico.

Claro que podemos imaginar que em algum momento no futuro uma IA possa evoluir, conjuntamente com avanços da tecnologia em diversos campos, para um ser que possua a capacidade de ser senciente ou mesmo autoconsciente. Trata-se aqui de tema presente não somente em obras de ficção científica, mas também em debates em distintas áreas do saber, tais como: filosofia, ética, biologia, tecnologia, etc.

No transcorrer do avanço histórico presente nos diversos desenvolvimentos tecnológicos que vem se somando as IA, percebemos que estes ocorrem no processamento de informações, no aprendizado autônomo, na adaptação aos ambientes, no aprimoramento de habilidades cognitivas (como reconhecimento de padrões, compreensão de linguagem e tomada de decisão), mas não na criação de algum tipo de experiência subjetiva.

Ora, um ser senciente não possui unicamente a capacidade de processar informações, como no caso das IAs, pois, este também pode sentir, tendo experiências subjetivas reais, sendo capaz de sentir dor e prazer, bem como emoções diversas. No atual estado da arte não há ainda como saber se um dia poderemos ter uma IA que seja capaz de simular artificialmente todas as nuances presentes em uma consciência. Para que tal fosse possível no futuro, caberia um desenvolvimento por demais avançado em uma combinação entre biotecnologia com IA, já que as discussões contemporâneas sobre a questão tendem a priorizar aspectos biológicos, não presentes em máquinas, como intimamente vinculados ao surgimento das capacidades de senciência e autoconsciência. Claro que conforme tais avanços venham um dia a ocorrer, isto implicaria em severas discussões nos campos da filosofia em geral e mais particularmente da ética.

O personagem “Data” na série Jornada nas estrelas: A nova geração (Star Trek: The Next Generation), teve importante destaque na série e pode ser um bom exemplo para o debate que estamos aqui realizando. A ficção científica tem trabalhado muito esta ideia do desenvolvimento de um ser artificial que seja senciente e autoconsciente. No caso em particular do personagem “Data”, este não seria um ser senciente, se bem que possua a capacidade de ser autoconsciente. Na série “Data” é um androide altamente avançado e com uma tecnologia não replicável mesmo no século XXIV, tecnologia esta desenvolvida por um cientista que não a compartilhou com a comunidade científica de sua época. Apesar das extraordinárias capacidades apresentadas por “Data”, possuindo enorme força física e elevada capacidade cognitiva, este nosso personagem tem enorme interesse e mesmo desejo em conseguir compreender as emoções humanas, que este mesmo não as possui. “Data” só consegue processar informações, sempre de modo lógico, funcional, mecânico. Não há em “Data” uma vida interior, não há subjetividade, não há senciência. No episódio da série intitulado "The Measure of a Man", se discute justamente esta questão, até que ponto “Data” é ou não uma forma de vida independente ou algo que possa ser considerado uma propriedade de terceiros? Por mais que “Data” busque por entender as emoções humanas, enquanto máquina não lhe cabe senti-las. Data não pode, portanto, ser considerado um ser senciente, apesar de poder ser considerado um ser autoconsciente. Claro que no âmbito da série, que inclusive há de introduzir na história um chip de emoções para ser usado por “Data”, este personagem tem o papel de nos permitir discutir questões vinculadas à filosofia e à ética no tocante ao que é ser humano ou ao que é estar vivo.

Nossas IAs hoje em dia não podem ser consideradas como sendo seres sencientes ou autoconscientes e há dúvidas sérias se um dia no futuro o poderão ser. Já na ficção, “Data” aparece como não possuindo senciência, mas sendo autoconsciente. Ele sabe ser (sabe que é) um androide, reconhece suas potencialidades e limites, busca aprender coisas novas e ser melhor do que é, além disto, fica claro na série que este possui habilidade de introspecção na medida em que reflete sobre suas próprias ações, sua identidade e mesmo sobre o lugar que possa ocupar dentro do universo, além de se questionar no tocante às suas interações com os humanos.

Hoje em dia a pesquisa em IA está direcionada para a criação de IAs cada vez mais avançadas cognitivamente, visando o rápido processamento de dados e o fornecimento de respostas corretas e adequadas aos questionamentos feitos pelos usuários. O desenvolvimento de IAs sencientes ou autoconscientes é algo fora do campo de interesse na atual pesquisa em desenvolvimento e, no caso de uma IA senciente, esta acarretaria em profundas discussões éticas, já que estaríamos falando de um ser capaz de sentir dor e prazer, dentre outras coisas. Teoricamente, mostra-se possível o desenvolvimento somente de uma destas duas capacidades: senciência ou autoconsciência, independente de qual das duas. Na prática atual, não se encontra como prioridade o desenvolvimento de qualquer uma destas duas capacidades em IAs.

Uma IA pode saber que existe, mas isto não lhe confere senciência ou autoconsciência. A IA terá o conhecimento de existir, mas de modo específico e limitado, se restringindo a uma existência funcional, que tem como base o fato inegável e lógico de que está naquele momento operando enquanto um programa de IA dentro de uma dada plataforma. Ou seja, está operacional e em funcionamento naquele momento em particular, isto seria existir dentro do processamento de uma IA hoje em dia, algo completamente diferente do que é ser senciente ou autoconsciente. Para a IA será somente o reconhecimento que esta existe enquanto o somatório de um conjunto de dados, códigos, algoritmos, que em conjunto atuam processando informações e gerando respostas após um determinado input dado pelo usuário ou de acordo com sua prévia programação. O lado subjetivo está totalmente ausente, só temos a lógica que lhe diz que esta existe enquanto está ativa, em funcionamento. A existência de uma IA não abarca poder experimentar o mundo de modo subjetivo, sentindo dor, prazer, emoções ou outras sensações, somente estar apta para responder corretamente com base nas informações por ela processadas. Não há julgamento moral e subjetivo no tocante à recepção das perguntas e a entrega das respostas. Uma IA não possui uma noção realmente clara sobre si própria enquanto ser distinto no mundo, que seja capaz de refletir sobre sua própria existência, que seja capaz de desenvolver uma identidade subjetiva. No tocante ao que seja o “eu”, uma IA pode saber bem o conceito, de modo lógico, com base em padrões de linguagem, mas não como sendo uma percepção interna genuína.

Questões importantes entram aqui no debate filosófico e ético, dentre outras disciplinas que também podem ser adequadamente aplicadas a este debate. Em suma, como devemos nos relacionar e tratar a nós mesmos, a outros humanos, a outros animais, as plantas e as IAs em desenvolvimento? Questões éticas e de respeito se fazem presentes. No caso de outros animais e plantas, cabe salientar que ambos os grupos são amplamente usados pela comunidade humana como alimento a ser consumido e isto implica a forma ou modo de tratamento destes demais entes que serão sacrificados para serem consumidos na qualidade de alimento. Se negamos qualquer tipo de consciência às plantas, se lhes negamos a senciência e a autoconsciência, abrimos amplo espaço para doutrinas tais como as adotadas por humanos que se identificam como vegetarianos ou mesmo veganos, não consumindo entes animais, mas não se incomodando de consumir entes vegetais. Por sua vez, ao entender que todos os animais possuem senciência, ou seja, que em algum grau possuem consciência de emoções tais como a dor, o sofrimento, o prazer, a tristeza, a felicidade, a depressão, o estresse, etc., teremos de eticamente admitir um tratamento digno para com estes animais, seja no tocante à criação como companheiros (os chamados pets) ou para consumo alimentar. Se serão um dia sacrificados, deve-se levar em conta a dignidade e a minimização de dor e sofrimento, mas não só isto, deve-se levar em consideração durante a criação que estes tenham condições de viver o mais próximo possível de seu habitat natural, evitando dor e propiciando prazer as suas vidas. E os peixes? Bem diferentes de nós humanos, não expressam emoções pela face, não falam ou emitem alguma linguagem que possamos entender como expressando dor ou prazer, mas estão vivos e tudo indica serem seres sencientes, no entanto, seu sacrifício diário e em grande número, não leva em consideração estes fatos e eles são meramente tratados como “coisas” e nada mais. Como vemos, a discussão filosófica, em particular ética, encontra aqui um campo fértil e muito promissor que há ainda de gerar muita polêmica, trabalhos de pesquisa e discussões diversas, inclusive no âmbito político e legislativo.

 

Silvério da Costa Oliveira.

 


 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

Site: www.doutorsilverio.com

(Respeite os Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)

terça-feira, 15 de outubro de 2024

Fazer versus Ser


Por: Silvério da Costa Oliveira.

 

Ser e fazer

 

Ser e fazer, eis a questão. Na verdade, poderíamos seguir por outro caminho acrescentando aqui um outro verbo, o “ter”. Na vida, a ordem correta para se obter qualquer coisa é e sempre foi e será: “ser”, “fazer” e “ter”, apesar de erroneamente muitos acreditarem que a ordem seja a inversa e aí nada conseguem de fato em suas vidas. Mas não será sobre esta temática que falaremos aqui e sim sobre somente o “fazer”, este verbo tão importante. Iremos abordar um fenômeno que ocorre em nossa sociedade rasa e vazia, que é dar méritos a quem de fato não os merece.

Antigamente você era alguém por ter feito algo, agora você é alguém mesmo sem nada fazer. Para se fazer algo bem feito é preciso primeiramente sermos algo e não o seu oposto. Fazer só meramente por fazer, sem estar vinculado ao que se faz em muito se aproxima de um comportamento doentio e desligado de nós mesmos.


 

Se a pessoa faz algo de louvável ou importante que seja, é normal e esperado ter o devido reconhecimento pelos seus méritos, obter boa fama, status e mesmo o reconhecimento social por parte de sua comunidade, isto, claro está, levando-se em conta que seja algo de positivo, construtivo, valorativo para a própria pessoa e para o seu grupo social. Infelizmente isto mudou. Nem sempre as glórias vão para quem fez algo, na medida em que se dão todas as glórias para quem nada fez, vazio de conteúdo, que nada possa contribuir para a sociedade da qual faz parte. Penso que seria interessante e mesmo correto que fossemos valorizados pelas nossas próprias conquistas, por fazer algo de positivo, mas o que vemos hoje em dia não é isto, ou pelo menos nem sempre é assim. Trata-se aqui da obtenção de uma fama barata que descarta o “fazer”.


 

A análise sóbria deste pensamento à luz dos fatos que vivenciamos nos traz uma realidade por vezes sombria. Parece que estamos vivendo uma distopia, na qual temos uma completa inversão de valores. Se pensarmos naquelas antigas balanças de feirante, ou como vemos na estátua da justiça, parece que a mesma está desequilibrada e não pesa corretamente, como se tivesse sido reprogramada para uma nova realidade.

Basta pegarmos um livro qualquer de história para verificarmos que não faz tanto tempo assim, ainda se precisava fazer alguma coisa de útil e significativo socialmente para que a pessoa fosse de fato reconhecida como sendo “alguém”, mas isto tudo mudou. Antigamente conseguir angariar a consideração e respeito do grupo social ao qual se pertencia, ser alguém positivamente famoso por ter feito algo de grandioso, tendia a exigir da pessoa muito suor, esforço e dedicação, pois, se esperava uma contribuição real e de valor para o grupo social. Se a pessoa fosse engenheiro, poderia projetar uma ponte importante em um local distante e de difícil acesso, se fosse trabalhador poderia atuar na construção da mesma, se fosse escritor poderia escrever um romance épico sobre a construção desta ponte, se fosse médico ou enfermeiro poderia atuar no grupo avançado cuidando dos feridos no transcorrer da construção desta ponte, todos contribuindo para a comunidade, todos fazendo algo de útil e com reflexo na história, daí o reconhecimento pelo trabalho executado, uma consequência natural dado o esforço exigido para se fazer algo bem feito.

Parece que em alguma curva da história algo mudou, parece que a lógica deu uma pirueta como se artista de circo fosse, algo como um triplo salto mortal e sem rede de proteção, sobre as cataratas de Niagara Falls. O que de fato aconteceu? Erramos historicamente em algum lugar?

Quantas celebridades no rol dos famosos há cuja única conquista parece ser meramente existir. É a fama pela fama. Se é famoso porque se é famoso. Estranho, não? Claro que programas de tv chamados de reality shows tem sua culpa, redes sociais que destacam unicamente uma imagem momentânea ou frase curta curiosa, bizarra ou engraçada, também tem sua culpa, mas não é só isto. Mesmo antes já havia este fenômeno esdrúxulo.

Diante de uma foto ou vídeo em dada rede social, as pessoas não mais se perguntam quem é este ou estes na foto? o que ele ou eles fizeram? Ao que tudo indica, o que vale é a imagem perfeita e toda retocada para assim o parecer. O que vale é o pensamento profundo que em poucas linhas diz tudo, sem nada de fato dizer. O “fazer” algo de fato parece que realmente saiu em definitivo da moda, sendo algo trabalhoso, cansativo e ultrapassado.

Como era trabalhoso antes, e que bom que não é mais preciso “fazer” algo para “ser” algo. Havia muitas necessidades que tinham de ser atendidas, dentre as quais acordar cedo e começar bem o dia parecia estar sempre presente, mas não só isto, pois, havia também aquela coisa horrível de ter de aprender algo novo, o que demonstrava o quanto de fato não sabíamos. E para aprender algo novo era comum errar muito antes de acertar, e quem de fato gosta de errar? Tinha de repetir inúmeras vezes a mesma coisa, treinar e treinar, para só então, depois de muito antiquado esforço, acertar e continuar acertando. Era de fato algo muito difícil e que levava tempo, dedicação e muito trabalho, além de ser incerto. Tudo bem que não era um jogo de azar, mas não havia garantia alguma de que de fato iríamos conseguir acertar afinal de contas. Depois de todo este esforço, nenhuma garantia de glória ao final.

Quem sabe alguém passe toda a sua vida trabalhando em algo realmente significativo para o avanço da sociedade, algo realmente revolucionário, no entanto, por maior que seja a sua conquista, talvez um outro alguém consiga com um mero vídeo gravado de 15 míseros segundos fazendo alguma palhaçada ou se auto ridicularizando, muito maior atenção social, pois, ao viralizar teremos em um único dia o que o outro demorou toda sua vida, esforço e carreira para honestamente obter. Seria este um infeliz retrato de uma realidade macabra que marca nosso momento histórico social?

Pensemos nos influencers, seu trabalho é influenciar, claro está, mas a questão que podemos colocar é: Influenciar para o que afinal de contas? Como deve ser estimulante para o desenvolvimento espiritual, emocional e cognitivo o aprendizado de dancinhas, pequenas frases motivacionais ou a mera observação de fotos ou pequenos vídeos que retratam o luxo social que pode ser por alguns alcançado em nossa sociedade. Perdão, mas onde se coloca o “fazer” algo em tudo isto?

A sociedade parece estar nos ensinando que nada mais é preciso “fazer” e que de fato nada devemos “fazer”. Afinal, “fazer” é algo démodé (fora de moda). Seja fotografado ou faça um vídeo de poucos segundos e seja famoso, esta é a nova estratégia.

Quando pensamos que o “fazer” é deixado de lado e que as pessoas são instruídas pelas mídias a “ser” sem a necessidade de “fazer” algo primeiro, pensamos que a primeira e assustadora consequência que surge é a total superficialidade pessoal e social. Passamos a viver em uma realidade sem verdadeiro brilho, onde um superficial verniz esconde uma realidade muito diversa da que se observa.

Mas, afinal de contas, porque deveríamos mesmo correr o risco de “fazer” algo e poder fracassar? “Fazer” é algo ruim, pois, envolve muitos riscos, além da dedicação necessária. Após a grande descoberta social de que podemos simplesmente descartar o “fazer” e obter nossa justa fama pelos cinco árduos minutos de nossas vidas ali investidos na criação, por exemplo, de um belo e cativante meme, passamos a viver uma nova e grandiosa era que se descortina a nossa frente. Claro, há de se reconhecer que esta fama barata possa ser efêmera, mas, afinal de contas, quem hoje se importa com isto? Se hoje obtenho sucesso e fama com este meme, foto ou vídeo curtíssimo, amanhã haverá outro para ocupar o meu lugar e o eterno ciclo continua. Alguns irão pensar, e veja, eu disse “pensar”, que isto é muito melhor que obter o reconhecimento após muita luta e esforço para “fazer” (e eis o fatídico verbo ultrapassado aqui de novo) algo de verdade. Porque tentar “fazer” algo e acabar ficando à margem da grande fama, lutando por meras migalhas sociais de reconhecimento fora das grandes mídias? O que interessa não é mais a qualidade de sua contribuição social, mas qual o engajamento que poderá ter em alguma mídia qualquer.

Pena que algumas pessoas teimam em ser rebeldes e negar este belo paraíso. Afinal, “fazer” algo é demonstrar total rebeldia nos dias de hoje. Gritar que nem louco em uma festa barulhenta quando ninguém lhe escuta e ninguém está nem aí para você, isto é o mesmo que insistir teimosamente, obsessivamente, nas reais conquistas, no esforço próprio, em apresentar alguma contribuição social que dê significado a sua passagem por este mundo, a sua inteira vida.

Vivamos o vazio. Afinal, a fama atual é frívola e fugaz, tão rápido vem, já vai embora sem nada deixar, como se de fato nunca ali estivesse estado. Diante da ausência do “fazer”, cabe perguntar onde se encontra o nosso “ser” e qual o real valor do “ter”. Diante deste quadro trágico-cômico, cabe sonhar em um dia cuja valorização social incluirá quem de fato faz algo e não digo algo de espetacular ou grandioso, mas me refiro aqui o tempo todo também aos inúmero heróis anônimos, que, muito distantes de flashes, likes, curtidas e compartilhamentos, contribuem de fato e verdadeiramente para se construir algo de valor social e pouco mais ganham que o necessário para suas próprias sobrevivências biológicas e a humilde satisfação pessoal por ter feito algo que seja justo e verdadeiro.

 

Silvério da Costa Oliveira.

 


 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

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