Professor Doutor Silvério

Blog: "Comportamento Crítico"

Professor Doutor Silvério

Silvério da Costa Oliveira é Doutor em Psicologia Social - PhD, Psicólogo, Filósofo e Escritor.

(Doutorado em Psicologia Social; Mestrado em Psicologia; Psicólogo, Bacharel em Psicologia, Bacharel em Filosofia; Licenciatura Plena em Psicologia; Licenciatura Plena em Filosofia)

Sites na Internet – Doutor Silvério

1- Site: www.doutorsilverio.com

2- Blog 1 “Ser Escritor”: http://www.doutorsilverio.blogspot.com.br

3- Blog 2 “Comportamento Crítico”: http://www.doutorsilverio42.blogspot.com.br

4- Blog 3 “Uma boa idéia! Uma grande viagem!”: http://www.doutorsilverio51.blogspot.com.br

5- Blog 4 “O grande segredo: A história não contada do Brasil”

https://livroograndesegredo.blogspot.com/

6- Perfil no Face Book “Silvério Oliveira”: https://www.facebook.com/silverio.oliveira.10?ref=tn_tnmn

7- Página no Face Book “Dr. Silvério”: https://www.facebook.com/drsilveriodacostaoliveira

8- Página no Face Book “O grande segredo: A história não contada do Brasil”

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9- Página de compra dos livros de Silvério: http://www.clubedeautores.com.br/authors/82973

10- Página no You Tube: http://www.youtube.com/user/drsilverio

11- Currículo na plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/8416787875430721

12- Email: doutorsilveriooliveira@gmail.com


E-mails encaminhados para doutorsilveriooliveira@gmail.com serão respondidos e comentados excluindo-se nomes e outros dados informativos de modo a manter o anonimato das pessoas envolvidas. Você é bem vindo!

sábado, 30 de maio de 2020

Fantasias sexuais


Por: Silvério da Costa Oliveira.

A sexualidade humana é muito complexa e de modo algum se limita apenas à reprodução, pois, se o fosse, bastaria ao ato sexual o procedimento básico entre um homem e uma mulher ao qual chamamos intercurso sexual, mas o que temos, em verdade, é uma infinidade de comportamentos direta ou indiretamente ligados a sexualidade e não a reprodução propriamente dita.
O prazer e a sexualidade humana se vinculam com sua aprendizagem, a cultura na qual foi criado, sua racionalidade, suas emoções, seu humor, sua criatividade e sua imaginação. O somatório de vários fatores que compõe o ser humano o tornam um animal sofisticado e complexo e fazem o mesmo de sua vida sexual. Diante desta complexidade o prazer sexual se apresenta a par com as mais diversas e distintas fantasias, muitas já catalogadas em grupos por médicos, psicólogos e outros pesquisadores, mas não é possível fazer uma mera lista de todas as fantasias possíveis de serem criadas e associadas ao prazer de cunho sexual. Aqui não há certo ou errado, se bem que alguns comportamentos possam denotar alguma patologia ou mesmo crime em dada conjuntura social. Um adulto ter qualquer contato com uma criança é entendido pela nossa atual sociedade como um comportamento criminoso ou doentio, por exemplo.
Comportamentos distintos e tentativas de classifica-los no âmbito sexual é o que de fato não nos falta: heterossexualismo, homossexualismo, transexualismo, lesbianismo, sexo oral, felação, cunnilingus, analingus, masturbação, beijos e carícias, intercurso sexual, intercurso anal ou coito anal, bolina, karezza, jogo amoroso, técnicas de mordidas, necking, petting, rápidas, sedução, sexo ao ar livre ou em qualquer lugar não convencional, excentricidades sexuais, troilismo ou ménage à trois, swing, sexo grupal, prostituição, poligamia, sexo extraconjugal ou adultério, incesto, strip-tease, ninfomania, sadismo, masoquismo, sadomasoquismo, travestismo, voyeurismo, exibicionismo, fetichismo, necrofilia, coprofilia, coprolalia, bestialismo ou zoofilia, pederastia, hermafroditismo, parcialismo, mixoscopia, vampirismo, anti-fetichismo, etc. (vide capítulo 9, “Comportamentos sexuais”, de meu livro: Sexo, sexualidade e sociedade).
Mas em verdade o que temos é uma série de comportamentos que podem estar associados ao prazer de cunho sexual de um ou mais dos parceiros envolvidos no ato ou atividade sexual. Às vezes estes comportamentos são bem mais elaborados e às vezes mais simples e vão desde complexas tramas sociais que possam envolver outras pessoas até o mero trajar uma determinada roupa e representar um papel visando estimular o parceiro para o ato. Em si, fantasias sexuais não são certas ou erradas, se bem que precisem ser analisadas de acordo com as convenções sociais reinantes naquele tempo histórico específico, pois, práticas sexuais aceitas em dada época histórica em dada sociedade podem facilmente serem fortemente negadas e proibidas em outra sociedade ou época histórica. As coisas mudam e mudam radicalmente.
Não há aqui uma receita de bolo pronta para ser usada em qualquer tempo ou lugar. A pederastia, por exemplo, na qual homens adultos se relacionam com adolescentes masculinos, hoje recebe o interdito da pedofilia, mas era aceito e comum na cidade Estado de Atenas, da Antiguidade. Mulheres já foram apedrejadas por adultério e, no entanto, temos hoje em diversas cidades casas de swing onde maridos levam suas mulheres para que ambos tenham liberdade de relação sexual com outras pessoas. Comportamentos sexuais estão em mudança não somente na preferência das pessoas, mas também na própria aceitação social dos mesmos. O que hoje é negado amanhã poderá ser aceito e visse versa.
Não sendo, portanto, considerado algo doentio ou criminoso naquele momento histórico e social, não vejo porque não experimentar a título de brincadeira e estimulante sexual, desde, claro está, que não seja mero modismo ou imitação de outros visando a demonstrar o pertencimento a um dado grupo e sim uma expressão genuína de desejo, paixão e excitação. Um estimulante e não um substituto do ato sexual propriamente dito, um acréscimo a uma relação íntima entre dois ou mais seres humanos e não uma fuga elaborada de qualquer tipo de intimidade com outros seres humanos.
Em 21/12/2007 publiquei um e-mail de um leitor de meus trabalhos no qual relata sua fantasia com o uso de uma dada peça de roupas e fiquei surpreso com a repercussão que esta análise teve, pois, gerou uma grande quantidade de outros comentários por parte de muitas outras pessoas cujo prazer sexual mais intenso se encontrava de alguma forma ali também presente. O texto publicado em www.doutorsilverio.blogspot.com “Homem que usa calcinhas” e também em meu livro “Sexualidade em foco: Correspondência com os leitores 1”, apresenta bem esta questão da fantasia vinculada a uma peça de roupa, onde vestir-se com uma peça do vestiário feminino por baixo das roupas normais masculinas ou durante o ato sexual venha a trazer forte prazer de cunho sexual ou aumentar a intensidade do mesmo, sem, no entanto, que a pessoa se identifique com um comportamento homossexual.
Temos também muito presente a dor ou a submissão, as quais até um certo nível não trazem preocupações com relação a ser um comportamento doentio ou criminoso, havendo, inclusive e totalmente, a anuência do parceiro, por vezes colocada em um contrato escrito no qual as partes se comprometem com relação ao que possa ou não possa ser feito. Mas também temos de modo mais simples, o uso de gotejamento de cera de vela sobre o corpo do parceiro, palmadas no bumbum ou no rosto durante o ato, uso de algemas ou mesmo celas, roupas especiais ou meramente em couro, escolha de lugares estranhos ou bizarros para o ato, etc.
Atender às fantasias sexuais pode ser algo bom e estimulante para o casal, favorecendo a intimidade e as trocas emocionais, no entanto, nem todas as fantasias devem ser postas em práticas, muitas não passam mesmo de divagações sobre um tema e sua prática poderia vir a gerar mais dor do que prazer. Fantasiar e mesmo falar durante o ato sobre alguma prática pode ser algo muito excitante, enquanto por sua vez, pôr em prática pode não ser. Esta diferença é fundamental e o juízo sobre o que deva ficar somente na fantasia e o que deva ser representado na realidade caberá, claro está, ao discernimento das pessoas envolvidas e seu conhecimento sobre seu próprio prazer, sobre seu corpo, sobre suas limitações e liberdade.
Cada casal é diferente de outro e uma dada fantasia muito prazerosa para uns pode ser indiferente, rotina ou mesmo desprazerosa para outro casal. Para preservar a juventude de um relacionamento é preciso manter constante o prazer e interesse sexual pelo parceiro e isto se dá não meramente copiando o que outros possam estar fazendo e sim em investir na sinceridade de expor e vivenciar seus próprios desejos mais íntimos, suas fantasias sexuais, suas brincadeiras e descobertas a dois. Aquilo que possa ser um tabu para um casal pode muito bem ser uma rotina para outro que não traga novidade ou amplie os horizontes, por sua vez, o que para um casal poderia ser visto como algo por demais simples e banal, pode muito bem ser para outro algo que proporcione o máximo de excitação e desperte o fogo da paixão. Cabe ao casal ter curiosidade e coragem para descobrir e vivenciar o que lhe dá prazer e não meramente seguir modismos como se a relação sexual fosse a última roupa da moda, a qual vestimos mesmo se esta não nos fique bem e não combine com nosso corpo e personalidade.
Ponha na balança sua liberdade, seu prazer, sua vida, seu parceiro, sua sexualidade, observe com atenção o que você tem feito de sua curta vida e que histórias tem hoje para contar. Qual o tempero de sua vida? Seria um bom filme que você gostaria de assistir em uma sala de cinema? Está tudo perfeito ou há alguma mudança a fazer? Meu conselho é que você busque sua verdadeira identidade, que olhe para dentro de si mesmo e descubra não somente o que você quer, mas também o que lhe dá ou não prazer e como poderia viver mais intensamente cada dramático e único momento de sua vida.
Se o que fazemos em nossas fantasias aumenta nosso tesão, desempenho, prazer e interesse sexual sem nos comprometer ou ferir a outros, então pode ser algo bom e saudável para o casal ou para com as pessoas envolvidas. Sair da rotina e transformar o ato sexual em uma brincadeira divertida tende a proporcionar aumento do prazer e interesse sexual. Em um relacionamento longo podemos ter uma constante rotina renovada todos os dias onde não mais se espera por fazer sexo, pois já se sabe antes do começo tudo o que ocorrerá, ou podemos ter um novo começo a cada nova relação, criando novidade, emoção e paixão diante de uma renovação criada a partir do mais íntimo de cada um dos parceiros. As fantasias sexuais são importantes não somente para a preservação de um relacionamento com a mesma intensidade de seu início, mas também para o próprio estímulo sexual renovado de cada pessoa em si mesma no decorrer dos anos de sua vida íntima.

Silvério da Costa Oliveira.

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.
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(Respeite os Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)

sábado, 23 de maio de 2020

Sexo e sexualidade


Por: Silvério da Costa Oliveira.

Em nossa sociedade o tema da morte, tão normal e comum aos humanos de tempos passados, torna-se cada vez mais um tema de mau gosto que deva ser educadamente evitado e sobre o qual recai um forte tabu social, já o tema do sexo, que ainda há poucas décadas era tabu, vai deixando de sê-lo e ocupando um espaço cada vez maior nos debates cotidianos. Claro, no entanto, que ainda resvala em fortes contradições sociais e polêmicas diversas. Autor de livros e artigos sobre sexo e drogas, tive por vezes a experiência de encontrar ouvintes em palestras presenciais muito mais receptivos para temáticas oriundas do uso abusivo de drogas do que de comportamentos sexuais, estes últimos por vezes fortemente vinculados erroneamente a questões de fundo religioso.
O sexo está diretamente relacionado ao gênero (macho, fêmea) e a reprodução, já a sexualidade se relaciona mais diretamente a conformidade a um gênero, as formas de obtenção de prazer, a busca de determinados prazeres ou práticas. A libido e o prazer tendem a estar mais próximas ao conceito de sexualidade, apesar deste nunca poder ser totalmente dissociado do conceito de sexo. Ambos interagem juntos nas relações humanas e sociais. Se quiséssemos construir uma metáfora sobre o tema, poderíamos visualizar o sexo como um carro e a sexualidade como o combustível que o move ou mesmo ao condutor que o guia.
As pessoas não são iguais e isto em virtude de vários fatores que vão desde uma herança genética e fatores biológicos até questões sociais, econômicas e educacionais. A história de vida e aprendizagem de cada um é única e como tal há de interferir também na forma que cada qual vivencia sua própria sexualidade e como convive com seu sexo ou com o sexo. Em geral e em virtude de uma sociedade confusa e repressora, este convívio individual não é bom e piora na medida do encontro com o outro, cujos problemas e anseios também aqui se fazem presentes. Há quem diga que “sexo é vida”, se tomarmos esta frase como verdadeira, caberia comentar que é possível terminar com um parceiro e recomeçar com outro ou mesmo ter vários parceiros sexuais ao mesmo tempo, só ou acompanhado é uma escolha, onde não cabe apenas terminar com a vida.
O ser humano é fruto de um processo lento e gradual de educação e aprendizagem no qual por vezes aprendemos conceitos errados que reforçam preconceitos ao invés de propiciarem a criação de conceitos embasados na realidade. Claro que o mecanismo relacionado ao sexo está vinculado à reprodução e continuidade da espécie, mas não é só isto, pois nós não nos comportamos sexualmente como os demais animais em seu processo reprodutivo. Para nós, seres humanos, torna-se muito importante todo um entorno envolto pelo prazer da sexualidade que pode, inclusive, abolir meramente o sexo reprodutivo e inverter o sexo de gênero, a par com isto e gerando muita frustração e sofrimento, temos presentes raciocínios, muitas vezes falhos, sobre o que venha a ser o certo e o errado, em geral também incluindo aqui o que supostamente uma dada entidade sobrenatural gostaria que fizéssemos ou deixássemos de fazer, opiniões estas expressas por interpretação dada pelo conjunto majoritário de uma ou mais religiões.
Se formos pensar unicamente na mecânica do sexo enquanto ato sexual, nada melhor e mais expressivo do que um filme pornô onde os atores se atem ao ato, a toda a mecânica nele envolvido, mas será só isto? Existem preferências, processos educacionais, desejo, repugnância, aprendizagens corretas e inadequadas, emoções diversas, compatibilidades e incompatibilidades diversas entre as pessoas envolvidas que tornam um filme pornô tão distinto da realidade quanto qualquer outro filme de qualquer outro gênero quando diante da realidade que o mesmo procura retratar. Ou alguém tem dúvida que um filme, por exemplo, policial ou de espionagem, está muito distante da real realidade da vida de pessoas que trabalham na polícia ou na espionagem?
O sexo poderia ser algo simples voltado à reprodução e preservação da espécie, mas a partir do momento em que nós somos seres emocionais e racionais que buscam entender e explicar a tudo, mesmo que por mentiras inventadas para entreter crianças no alvorecer da humanidade e consagradas como verdades definitivas por grupos distintos no decorrer de nossa história, tende a se tornar motivo de dor e sofrimento e não prazer e integração.
Depois de anos escrevendo e ouvindo sobre o tema, tenho por convicção que o sexo enquanto ato é sentido e vivenciado de modo diferente por diferentes pessoas. Há aquelas que preferencialmente irão se relacionar com pessoas do mesmo sexo, enquanto que outras irão preferir relacionarem-se com pessoas de sexo diferente ao seu, há os que gostam muito do ato sexual e suas derivações e tem a necessidade de muitos relacionamentos não somente com pessoas diferentes, mas também de modos diferentes, há os que realmente não gostam de fazer sexo e se o fazem é somente para agradar a uma pessoa que querem como parceiro ou para atender a exigências sociais. Este grupo dos que não gostam de fazer sexo é inclusive muito maior do que meramente se imagina e tem sido enormemente negligenciado. Há os que possuem algum comprometimento que lhes afeta o ato ou o prazer do mesmo e, portanto, dele se afastam ou não o vivenciam como gostariam ou poderiam fazer. Enfim, o sexo não é um rio que corre livremente e sim um com vários afluentes e bloqueios, nos quais os castores fazem suas pequenas represas e barragens.
Medo, muito medo, frustrações, ciúmes, egoísmo e diversas outras emoções e paixões não produtivas estão aqui também presentes. As pessoas por vezes se atem no seu pequeno mundinho emocional cognitivo e esquecem que o outro é livre e independe do que você quer ou não que ele seja. Nós só podemos compartilhar nosso tempo com este outro, mas jamais seremos este outro ou este outro será nós. Cabe viver o momento presente enquanto agradável for, como se este fosse o último de nossa curta vida, pois, queiramos ou não, mesmo quando encontramos a pessoa maravilhosa que sempre buscamos, um dia iremos perde-la, pois, se não a perdermos para a vida, a perderemos para a morte e não há traição nisto. Ir embora não é trair, trair é quebra de contrato, seja este explícito ou implícito, e não pode envolver a eternidade de um momento, de uma emoção, de um sentimento, de um prazer. Melhor seria nos livrarmos das atitudes, emoções e sentimentos negativos e se tivermos a sorte de encontrar alguém que nos atenda sexualmente nos fazendo sentir bem, viver em profundidade tal relacionamento como se eterno fosse, eterno enquanto dure.
Há também aqueles que justamente quando o relacionamento sexual é muito bom e começa a se ampliar para outras áreas de sua vida, tornando mais íntimo de uma dada pessoa em particular, tendem a fugir com receio de criar um vínculo no qual fiquem presos. Se o sexo é ruim alguns dão o fora e se é muito bom, outros dele também fogem. Complicado.
Ciúmes excessivos, querer controlar, perseguir, vigiar ou contratar alguém para que o faça, são coisas que não pertencem ao amor e sim ao medo e a necessidade de posse do outro, mas o outro não é algo do qual possamos ter posse como se um escravo nosso fosse. Podemos sim escolher entre ficar ou partir, se não está bom então pode ser hora de partir, e se está bom pode ser hora de ficar, mas querer dominar o outro só tende a levar ao desespero em virtude da impossibilidade natural de tal comportamento que presume um senhor e um escravo sem vontades, desejo ou consciência própria.
Às vezes duas pessoas se entendem muito bem e a partir de uma relação sexual gratificante para ambos passam a viver juntos, ou em maior e mais intensa proximidade, e neste momento, por vezes algo ocorre de errado e um dos parceiros percebe que o outro tem energia suficiente para atuar em todas as outras facetas de sua vida (trabalho, educação, filhos, etc.), mas quando o assunto é sexo vem a tristeza de não fazer ou não em intensidade e no lugar da prática sexual aparece cansaço, muito sono, a famosa dor de cabeça, desculpas diversas que na sua sinceridade e realidade encobrem a realidade da falta de relações sexuais plenas e na quantidade querida pelo outro parceiro. Início do fim, começo das buscas internas e externas pela solução, mesmo que esta envolva outras pessoas ou mesmo um fim e um novo início com alguém outro que possa, mesmo que na fantasia, completar as carências nua e cruelmente expostas. O desejo não se prende. Ou ele é liberado ou sufocado, e neste último, com todas as consequências nefastas e sintomáticas que o mesmo proporcionará enquanto busca por todos os meios possíveis e impossíveis uma válvula de escape por onde possa fluir em intensidade.
Há os que conversam pouco e o problema é dado como falta de comunicação, mas há também os que conversam muito e mesmo assim as horas passadas no trabalho ou no happy hour são intensas e contam com uma energia inesgotável que o parceiro lamenta não encontrar no momento do ato ou das práticas sexuais, onde o esgotamento emocional e físico ou o cuidado com a casa e os filhos e demais afazeres gritam ensurdecedoramente por sua atenção. A soma de boicotes os mais distintos e justificáveis possíveis no tocante a prática sexual, conscientes ou inconscientes, intencionais ou não, levam ao afastamento e também ao desgaste prematuro de uma relação que pode gerar dor e sofrimento onde deveria haver prazer e pode vir a provocar por um ou por ambos a busca de relações outras, emocionais ou somente sexuais, visando a suprir a ausência ou incompetência do parceiro na relação sexual.
A vida é curta, muito curta mesmo para ser desperdiçada. A busca é algo imperativo em nossa espécie. Estamos sempre buscando algo, seja alimento, moradia, sexo ou qualquer outra coisa mais. No entanto, cabe atentar ao momento de chegada e se de fato chegamos onde queremos estar ou se este lugar é um breve descanso diante da caminhada porvir. Seria ótimo encontrarmos em uma única, ou mesmo em poucas pessoas mais próximas, tudo o que buscamos, mas na verdade isto é bem difícil e devemos nos ater ao que cada um pode dar e receber. Se a ênfase é o sexo e a relação sexual, ao ato e práticas sexuais de um casal, se uma das partes não se vê em condições de atender a outra, cria-se um abismo de desentendimentos no lugar onde prazer e sentimentos ternos deveriam perdurar. A solução, claro está, é viver e continuar vivendo e encarar a vida como uma caminhada e não como um destino a chegar, se soltar e viver como o fluir de um rio, outras pessoas podem nos acompanhar nesta caminhada, mas isto não é dever delas, uma vez que elas também são por sua vez um rio que flui e devem ser respeitadas neste aspecto, em sua individualidade constante e permanente por mais que a neguemos e mintamos para nós próprios. Quando encontramos nossa sexualidade mais legítima, nosso prazer sexual em práticas e atos que nos deem prazer e nos afastem da dor, do sofrimento, do medo, da renúncia, do nojo e de demais sentimentos e emoções negativas, encontramos a vida ou pelo menos parte de nossa real vida.

Silvério da Costa Oliveira.

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.
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sábado, 16 de maio de 2020

política


Por: Silvério da Costa Oliveira.

A política com certeza é objeto de estudo desde os primórdios da filosofia e hoje ocupando espaço em diversas ciências do comportamento humano e social, além claro está, de ser algo que vivemos em nossas vidas cotidianas, uma vez que estamos inseridos em uma sociedade e em diversos grupos sociais. Mesmo que não percebamos ou que neguemos, para nós, seres humanos, a política é como a água para os peixes, pois estamos imersos na política do mesmo modo que os peixes n’água e não teria como ser diferente sem matar nossa própria essência.
Podemos entender por política tanto as práticas usadas para bem governar ou liderar um grupo ou Estado, como também podemos entender aqui a arte pela qual conseguimos compatibilizar interesses e organizar alianças visando a obtenção de negociações proveitosas para atingir determinadas metas ou objetivos individuais ou coletivos. O conceito de política é por demais abrangente e tende geralmente a vincular-se a cidade ou Estado onde as pessoas vivem, o assim chamado espaço público, e também ao bem dos cidadãos nele presentes.
A palavra em sua origem faz referência ao termo grego para cidade, pólis, de modo que aquele que vive na cidade e nela interage faz ou participa de algum modo da política. Para se viver em um grupo social é preciso que haja algum tipo de organização social, direcionamento, planejamento e administração dos recursos necessários à sobrevivência e crescimento.
Como objeto de estudo a política já recebeu diversas definições, cada qual apontando para uma particularidade ou específico campo de atuação. Independente da definição que possamos adotar, não há como dentro de um grupo social deixarmos de ter uma atuação política qualquer, seja esta maior ou menor, é parte de nossa essência humana, como já bem expressou o filósofo Aristóteles quanto a sermos um animal político.
No momento em que passamos a viver em um grupo, seja este a nossa família, o grupo de trabalho, grupo de amigos, associações recreacionais ou religiosas, ou mesmo quando vivemos dentro de uma cidade, um centro urbano ou rural, há necessidade de regras, divisões, compartilhamentos e definições sobre a quem cabe fazer o que e quando, bem como quanto ao que será feito e como. Para estas decisões serem tomadas e cumpridas há necessidade de interação humana e eis aí a política novamente presente e por vezes burlando a mera luta pela sobrevivência do mais forte fisicamente, pois a força bruta tende a ser deixada de lado e trocada pela diplomacia das palavras conforme nos civilizamos mais e mais.
Não existe o ser apolítico, pois, negar a política também é uma postura política. Por meio da política as pessoas podem se organizar e diante de uma ou mais idéias defendidas por alguns em sociedade, traçar e seguir um rumo evolutivo que pode ser bom ou ruim para o grupo, mas, independente disto, o grupo passa a agir como se um único organismo fosse, onde todas as individualidades podem de algum modo propor idéias, mesmo que discordantes, e de algum modo contribuir para uma marcha conjunta do organismo social. A política por este modo se relaciona intimamente ao poder e ao direcionamento do comportamento social. E claro está que não há necessidade alguma de sermos um político profissional, ou seja, que dediquemos nossa vida inteiramente a política, para fazermos política e sofrermos as consequências da mesma.
Há tipos de governos diferentes e também diferentes questionamentos sobre qual seria o melhor ou o pior, bem mais provável, no entanto, é que não exista aqui uma verdade absoluta e independente da cultura e realidade histórica do povo em questão. Um bom governo é aquele que oferece uma boa resposta a um dado problema social em determinada e específica conjuntura histórica. Talvez em um momento imediatamente seguinte toda a conjuntura mude e o governo que antes era bom, não se adaptando, passe a ser algo ruim para o desenvolvimento e prosperidade do grupo social. Governos e políticas públicas tem a ver com a realidade cultural e histórica de um povo e por isto não podem meramente serem movidos de um local para outro. Há aqui a necessidade do encaixe perfeito, sem o qual o funcionamento social não será adequado, produtivo ou benéfico para os seus integrantes.
Se vivêssemos como um nativo em uma floresta e dela precisássemos tirar nosso sustento e sobrevivência, a conheceríamos muito bem e saberíamos interpretar cada nuance distinta da mesma. O humano moderno pode não viver isolado em uma floresta, mas vive em grupos sociais cada vez mais complexos e sofisticados onde sua sobrevivência e bem-estar depende de relações políticas cujas distintas nuances são vitais ao seu sustento e sobrevivência. Nossa felicidade individual e familiar ou dos amigos mais próximos e das pessoas a quem queremos bem, dependem de relações e interações políticas. Não entender ou se preocupar com a política no meio social no qual vivemos equivale ao nativo que possa tentar viver solitariamente em uma floresta sem conhecer sua natureza, assim o fazendo, é mais fácil se tornar a refeição de alguma criatura outra, do que um Tarzan ou Mogli.

Silvério da Costa Oliveira.

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