Professor Doutor Silvério

Blog: "Comportamento Crítico"

Professor Doutor Silvério

Silvério da Costa Oliveira é Doutor em Psicologia Social - PhD, Psicólogo, Filósofo e Escritor.

(Doutorado em Psicologia Social; Mestrado em Psicologia; Psicólogo, Bacharel em Psicologia, Bacharel em Filosofia; Licenciatura Plena em Psicologia; Licenciatura Plena em Filosofia)

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5- Blog 4 “O grande segredo: A história não contada do Brasil”

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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Zenão de Elea: A filosofia e os paradoxos de Zenão


 

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 Zenão de Elea (490-430 a.C.) é discípulo de Parmênides e no decorrer de sua vida se envolveu com a política local de sua cidade, culminando em sua prisão, tortura e morte. Escreveu vários paradoxos em apoio à teoria proposta por Parmênides e visando criar dificuldades para os que defendiam a tese do senso comum, poucos destes paradoxos chegaram até os nossos dias e há comentadores que argumentam que teria escrito cerca de 40 paradoxos.

Procura por meio do desenvolvimento de sua filosofia defender a de seu mestre, afirmando que a crença na existência do movimento e da pluralidade tende a gerar enormes dificuldades e também paradoxos. Os absurdos e paradoxos presentes quando aceitamos o movimento, tornam preferível a negação do movimento. Para Zenão temos um ser uno como propôs Parmênides, não há pluralidade de entes e não há movimento. Há um só ser e este é imóvel.

Encontramos em Aristóteles uma discussão sobre a obra de Zenão e seus paradoxos. São discutidos quatro paradoxos, a saber: 1- O argumento da dicotomia. 2- O argumento de Aquiles apostando uma corrida com uma lenta tartaruga. 3- O argumento da flecha disparada pelo arqueiro. 4- O argumento do estádio.

O que temos em Zenão é uma negação racional do movimento, o qual é somente uma ilusão e provém da “doxa”, opinião. O movimento passa a ser entendido como algo absurdo dentro de um princípio de racionalidade.

Segundo Aristóteles cabe a Zenão o mérito de ser o criador da dialética, arte que desenvolveu na tentativa de levar ao absurdo os argumentos de seus adversários que defendiam a multiplicidade do ser e o movimento.

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"Zenão de Elea: A inexistência do movimento e da pluralidade".

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terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Zenão de Elea: A inexistência do movimento e da pluralidade

  Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Zenão de Elea

 Zenão de Elea (490-430 a.C.) é discípulo de Parmênides e no decorrer de sua vida se envolveu com a política local de sua cidade, culminando em sua prisão, tortura e morte. Escreveu vários paradoxos em apoio à teoria proposta por Parmênides e visando criar dificuldades para os que defendiam a tese do senso comum, poucos destes paradoxos chegaram até os nossos dias e há comentadores que argumentam que teria escrito cerca de 40 paradoxos.

Procura por meio do desenvolvimento de sua filosofia defender a de seu mestre, afirmando que a crença na existência do movimento e da pluralidade tende a gerar enormes dificuldades e também paradoxos. Os absurdos e paradoxos presentes quando aceitamos o movimento, tornam preferível a negação do movimento. Para Zenão temos um ser uno como propôs Parmênides, não há pluralidade de entes e não há movimento. Há um só ser e este é imóvel.


 

Encontramos em Aristóteles uma discussão sobre a obra de Zenão e seus paradoxos. São discutidos quatro paradoxos, a saber: 1- O argumento da dicotomia, impossibilidade de movimento, já que qualquer coisa em movimento, saindo de um ponto em direção a outro e percorrendo determinada trajetória, antes de chegar ao seu destino tem de chegar à metade do percurso e esta necessidade de alcançar o meio antes de chegar ao fim ocorre infinitamente. 2- O argumento de Aquiles apostando uma corrida com uma lenta tartaruga. Se a tartaruga tem uma pequena vantagem na saída, Aquiles jamais conseguirá alcança-la, pois, quando este chega ao ponto em que ela se encontrava, esta já não está mais ali e sim mais a frente e isto infinitamente. 3- O argumento da flecha disparada pelo arqueiro, a qual se encontraria parada e totalmente imóvel em cada ponto da série que compõe sua trajetória. 4- O argumento do estádio, no qual temos blocos de elementos ali alinhados. Bloco AAAA, bloco BBBB e bloco CCCC. Se o bloco AAAA está parado, o BBBB se movimenta da direita para a esquerda passando por AAAA e o bloco CCCC se movimenta da esquerda para a direita também passando por AAAA na exata mesma velocidade que BBBB, temos que BBBB e CCCC ultrapassam o primeiro e o último A ao mesmo tempo. Agora, quando todos os B e todos os C tiverem passado uns pelos outros, ainda faltarão para cada grupo de B e C, ultrapassar dois A. Chegamos a conclusão de que o tempo será diferente, logo, a metade do tempo será igual ao seu dobro.

Zenão defende a tese de Parmênides de um ser que seja uno, contínuo e imóvel mostrando o absurdo e irracionalidade decorrente de seu oposto, ou seja, da existência de um ser múltiplo, descontínuo e móvel. Zenão busca reduzir os argumentos contrários a tese de Parmênides ao absurdo a partir de deduções resultantes das premissas adotadas por seus adversários. Eis abaixo como Zenão desenvolve seus paradoxos.

1- Contra a pluralidade e a descontinuidade do ser.

1.1- Argumenta que se existem múltiplos seres, estes devem ser obrigatoriamente tantos quantos são, nem mais nem menos. Se são tantos quantos são, seu número é finito, mas, se são compostos por infinitas partes, são ao mesmo tempo finitos e infinitos, donde a conclusão nos leva ao absurdo.

1.2- Se existem muitos seres, estes são a sua vez iguais e desiguais. Iguais porque são compostos por partes semelhantes divisíveis até o infinito e desiguais porque cada um se divide em partes distintas uma das outras.

1.3- Todos os seres extensos são compostos por partes e cada uma destas partes pode se dividir em novas partes, até que se chegue a pontos inextensos e que, portanto, não possam mais ser divididos. Se são pontos inextensos, são coisa alguma, puro nada. Por sua vez, se os seres extensos se constroem a partir de seres inextensos, todos são nada, ou seja, os seres extensos são compostos por nada.

1.4- Se algo é extenso, então é simultaneamente grande e pequeno ao infinito. Infinitamente grande já que são compostos de partes divisíveis ao infinito. Infinitamente pequenos já que com partes inextensas não se pode formar um corpo extenso uma vez que a partir da soma total das partes inextensas não se pode obter um corpo extenso.

1.5- Somar e dividir se mostram a mesma coisa, já que a soma das partes inextensas não aumenta a extensão e a totalidade das partes inextensas retiradas não diminuem a extensão original.

1.6- Se afirmamos que as coisas são ao mesmo tempo finita e infinitamente divisíveis entramos em contradição. Estas seriam finitas já que são compostas de partes distintas, separadas e limitadas pelo espaço vazio. No entanto, estas mesmas partes são simultaneamente divisíveis ao infinito. Daí a conclusão de que os seres seriam simultaneamente finitos e infinitos, já que contém partes que são infinitamente divisíveis.

2- Argumentação contra a realidade do espaço.

2.1- Qualquer coisa extensa está localizada no espaço e este por sua vez ou é alguma coisa ou é nada. Se o espaço é alguma coisa, deve estar contido em outra coisa, outro espaço, e isto sucessivamente ao infinito. Agora, se o espaço é nada, teríamos de concluir que os seres extensos estão localizados no nada.

2.2- Se os seres são múltiplos, todos individualmente devem ser percebidos. No entanto, quando colocamos grãos de qualquer espécie dentro de uma sacola e a balançamos, eles fazem barulho, mas se colocamos um único grão não temos barulho algum para perceber, por mais que balancemos a sacola.

3- Argumentação contra a realidade do movimento.

São os quatro paradoxos apresentados por Aristóteles, que não negam a aparência e sim a realidade do movimento.

3.1- O paradoxo do finito contendo o infinito

O movimento se dá quando um móvel percorre determinada distância em determinado tempo. Zenão procura demonstrar a impossibilidade do movimento no espaço, seja este espaço composto por pontos divisíveis ou indivisíveis. A ideia é que se o espaço é algo real, então deve poder ser percorrido por um objeto móvel, sendo que conforme este objeto se movimento por sobre o espaço, ambas as partes são posicionadas e comparadas em cada posição ocupada. O movimento se dá quando um corpo qualquer, móvel, percorre as distintas partes deste espaço em um tempo finito, ou seja, um corpo (móvel) percorrendo outro corpo (espaço) em um tempo (finito) determinado. Daí se segue que se o espaço é dividido ao infinito, temos que um dado móvel finito há de percorrer infinitas partes em um tempo finito, o que não é possível. Por sua vez, se entendemos que o espaço não é divisível e sim formado por pontos inextensos, por meros instantes, a existência do movimento também geraria absurdos.

3.1.1- O argumento da dicotomia (ou divisão), também conhecido como primeiro argumento do estádio.

Antes de chegar ao final temos de chegar ao meio, infinitamente. Entende que o espaço é divisível ao infinito e que não é possível chegar ao final de uma reta, pois sempre se pode dividir a distância restante ao meio e sempre haverá a necessidade de se chegar ao meio antes de se chegar ao final. Um corredor não conseguiria atravessar um estádio, pois sempre precisaria primeiro chegar a metade e sucessivamente a metade da metade.

3.1.2- Argumento de Aquiles. Trata-se da exemplificação de 3.2, onde para se chegar ao final precisa-se chegar ao meio primeiramente e isto ao infinito tornando o movimento impossível. Se Aquiles corre contra a tartaruga e esta tem uma pequena vantagem, Aquiles jamais conseguirá ultrapassá-la.

3.1.3- Argumento da flecha. Já que o espaço é composto por infinitos pontos e deste modo pode ser dividido ao infinito, e se o tempo também pode ser dividido ao infinito, uma flecha disparada por um arco terá de percorrer um a um, todos estes pontos, e estará parada em cada um deles, logo, a flecha em movimento está em repouso em cada instante e ponto no espaço.

3.1.3.1- Tudo que se move ou se move no ponto em que está ou no ponto em que não está. Não é possível o movimento no ponto onde se encontra e menos ainda onde não está presente, disto se conclui que o que aparenta estar em movimento em verdade não se move.

3.4- Argumento do estádio. Dois carros correndo em um estádio em direção contrária e com a mesma velocidade, um em direção ao outro, se movem com relação a si mesmos com o dobro da velocidade que com relação a um observador imóvel. Cada unidade de espaço deve ser entendida como igual a uma unidade de tempo. Deste modo chegamos à conclusão de que a metade de um dado tempo é igual ao dobro desse tempo.

Mesmo hoje em dia, já no século XXI e depois de diversas tentativas de refutação destes paradoxos, desde os tempos de Aristóteles, os mesmos ainda se mostram atuais, instigantes e provocativos. Novas questões surgem na medida em que a ciência e a tecnologia humana evoluem, imaginemos, por exemplo, um filme fotográfico de cinema, onde na película temos uma sucessão de imagens imóveis que ganham vida quando o projetor as passa em velocidade na tela do cinema. O movimento no cinema não seria meramente aparente?

O que temos em Zenão é uma negação racional do movimento, o qual é somente uma ilusão e provém da “doxa”, opinião. O movimento passa a ser entendido como algo absurdo dentro de um princípio de racionalidade.

Também vale destacar as contribuições sobre o Zenão quântico, onde um sistema instável, se ampla e frequentemente monitorado, torna-se imóvel ao observador. Aqui pensamos, dentre outros, em Schröndinger, 1935 e Misra e Sudarshan, 1977.

Uma outra contribuição a qual somos devedores de Zenão é o método de refutar as teses contrárias as suas por meio da redução ao absurdo. Como posso admitir o movimento se esta tese me leva a conclusões absurdas e racionalmente inaceitáveis? Método este que pode ser aplicado a outras questões em contenda, reduzindo os argumentos do adversário a conclusões absurdas e inaceitáveis. Segundo Aristóteles cabe a Zenão o mérito de ser o criador da dialética, arte que desenvolveu na tentativa de levar ao absurdo os argumentos de seus adversários que defendiam a multiplicidade do ser e o movimento.

 Silvério da Costa Oliveira.

 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Empédocles de Acragas (1) * Os quatro elementos

 


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Empédocles de Acragas, hoje Agrigento, (495/483/482-430 a.C.) segundo a tradição escreveu dois livros, “Sobre a natureza” e “Purificações”, tendo-nos chegado somente fragmentos de sua obra. Os fragmentos hoje disponíveis foram preservados por serem citados nas obras de Aristóteles, Simplício e Plutarco, já as opiniões e explicações sobre sua obra, a doxografia, provém basicamente de Platão, Aristóteles e Teofrasto. Em 1990 foram encontrados novos fragmentos em um papiro que tinha sido obtido em 1904 de um antiquário no Cairo, Egito, e estava guardado no depósito da Biblioteca Nacional de Estrasburgo, notícia que foi dada aos meios de imprensa em 1999.

Segundo a tradição, foi médico, legislador, dramaturgo, político, poeta, professor e filósofo. A lenda que surgiu em torno de seu nome o apresenta também como mago, curandeiro e profeta.

Também defendia, do mesmo modo que os órficos e pitagóricos, um conjunto de teses místicas, como a transmigração das almas por meio de um longo ciclo de reencarnações, não somente em humanos, mas também passando por outros animais e até mesmo plantas.

Empédocles entende serem em número de quatro os elementos materiais que irão tudo compor, a saber: fogo, ar, água e terra. Acrescenta aos quatro elementos o amor (filia) e a discórdia ou ódio (nekos). O amor une e a discórdia desune. O primeiro agrega e o segundo desagrega. O amor e o ódio, em Empédocles, representam o poder natural e divino do bem e do mal, da ordem e da desordem, da construção e da destruição.

Segundo este filósofo, no começo de tudo teríamos o bem, a ordem, e predominaria o amor. Neste começo de tudo e por meio do amor, teríamos os quatro elementos mesclados entre si formando uma unidade orgânica e esférica. A criação de tudo se deu a partir do ódio. Mas se só houvesse o ódio não haveria a criação dos seres individuais, pois, a separação iria continuar sempre, é o amor que proporciona junção de elementos que irá criar os seres individuais.

Há uma alternância entre o domínio do mal e do bem. Com o tempo o império do ódio dará lugar ao império do amor. O amor volta aos poucos a se mesclar com o ódio e as coisas particulares até que haja novamente uma coisa só. Esta coisa única é Deus, perfeito e esférico. Esta perfeição é encontrada, portanto, na origem e no final do mundo. Nosso atual mundo, onde temos injustiça e ódio, é um lugar de expiação e purificação. Unindo-se tudo que existe temos o uno, com o qual se desfaz a pluralidade, com a separação de todas as coisas temos novamente a pluralidade e o uno perece.

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terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Empédocles de Acragas: O amor une e a discórdia desune

 Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Empédocles de Acragas

 Empédocles de Acragas, hoje Agrigento, (495/483/482-430 a.C.) segundo a tradição escreveu dois livros, “Sobre a natureza” e “Purificações”, tendo-nos chegado somente fragmentos de sua obra. Enquanto o primeiro livro aborda a temática tratada de modo mais científico e filosófico, o segundo livro nos apresenta uma abordagem mais voltada a natureza e ao destino da alma. Os comentadores divergem quanto à ordem cronológica em que os mesmos foram escritos, apresentando seus argumentos sobre qual dos dois seria o primeiro a ser escrito e por qual motivo.

Os fragmentos hoje disponíveis foram preservados por serem citados nas obras de Aristóteles, Simplício e Plutarco, já as opiniões e explicações sobre sua obra, a doxografia, provém basicamente de Platão, Aristóteles e Teofrasto. Em 1990 foram encontrados novos fragmentos em um papiro que tinha sido obtido em 1904 de um antiquário no Cairo, Egito, e estava guardado no depósito da Biblioteca Nacional de Estrasburgo, notícia que foi dada aos meios de imprensa em 1999.

Segundo a tradição, foi médico, legislador, dramaturgo, político, poeta, professor e filósofo. A lenda que surgiu em torno de seu nome o apresenta também como mago, curandeiro e profeta.


 

As histórias lendárias sobre Empédocles são muitas e, por vezes, um pouco bizarras e provavelmente todas falsas ou deturpadas. Dentre estas histórias temos que ele teria posto fim a sua vida se atirando no interior da cratera do vulcão Etna, na região hoje pertencente a Itália. Em comentadores e doxógrafos encontramos relatos de que Empédocles afirmava saber compor poções mágicas contra doenças ou mesmo para retardar a velhice, habilidade para controlar os ventos e as chuvas, e também técnica para evocar a força vital (alma ou espírito) dos mortos que estavam no Hades. Há dentre os comentadores e doxógrafos quem afirme que Empédocles se considerava uma divindade, sendo por isto reverenciado e que ministrava ensinamentos em decorrência de tal fato.

Também defendia, do mesmo modo que os órficos e pitagóricos, um conjunto de teses místicas, como a transmigração das almas por meio de um longo ciclo de reencarnações, não somente em humanos, mas também passando por outros animais e até mesmo plantas.

Empédocles entende serem em número de quatro os elementos materiais que irão tudo compor, a saber: fogo, ar, água e terra. Acrescenta aos quatro elementos o amor (filia) e a discórdia ou ódio (nekos). O amor une e a discórdia desune. O primeiro agrega e o segundo desagrega. O amor e o ódio, em Empédocles, representam o poder natural e divino do bem e do mal, da ordem e da desordem, da construção e da destruição.

Segundo este filósofo, no começo de tudo teríamos o bem, a ordem, e predominaria o amor. Neste começo de tudo e por meio do amor, teríamos os quatro elementos mesclados entre si formando uma unidade orgânica e esférica. A criação de tudo se deu a partir do ódio. Mas se só houvesse o ódio não haveria a criação dos seres individuais, pois, a separação iria continuar sempre, é o amor que proporciona junção de elementos que irá criar os seres individuais.

Por meio da entrada do ódio neste sistema, e da mescla com o amor, passamos a ter a criação de tudo, dos seres individuais, de uma infinita e absoluta separação que diversificam estes seres individuais, e o domínio absoluto do bem cede lugar ao domínio absoluto do mal.

Há uma alternância entre o domínio do mal e do bem. Com o tempo o império do ódio dará lugar ao império do amor. O amor volta aos poucos a se mesclar com o ódio e as coisas particulares até que haja novamente uma coisa só. Esta coisa única é Deus, perfeito e esférico. Esta perfeição é encontrada, portanto, na origem e no final do mundo. Nosso atual mundo, onde temos injustiça e ódio, é um lugar de expiação e purificação.

Unindo-se tudo que existe temos o uno, com o qual se desfaz a pluralidade, com a separação de todas as coisas temos novamente a pluralidade e o uno perece.

Entende que algo não existente não pode passar a existir e que algo que exista não pode passar a não existir, não seria isto a base de toda a mudança observada. A mudança observada no mundo decorre da união e separação da mistura entre os quatro elementos em diversas proporções e estes elementos são substâncias inalteráveis. A morte ou mesmo a aniquilação completa de algo, não passa de mera ilusão. A semelhança do que o pintor faz com algumas cores básicas, cuja mistura em determinada proporção lhe permite criar todas as cores de que necessita para pintar qualquer quadro e retratar seja lá qual for a cena escolhida, do mesmo modo, pela mistura dos quatro elementos tudo que há se forma a partir da presença do amor e do ódio, ou discórdia. Empédocles chamava os quatro elementos de “raízes”, o termo “elemento” parece ter sido usado a primeira vez pelo filósofo Platão, e Empédocles também identificou estas raízes (fogo, ar, água e terra) respectivamente com os nomes místicos de Zeus, Hera, Nestis (eufemismo para Perséfone) e Aidoneu. Há, no entanto, discordâncias entre comentadores quanto a qual a real correspondência entre as raízes e os deuses, ou seja, a qual elemento corresponde qual deus.

Em Empédocles, além dos quatro elementos, temos também duas forças da natureza, o amor (agregação, harmonia) e o ódio (desagregação, desarmonia) em um ciclo constante e como em qualquer ciclo (vide as estações do ano, por exemplo) não há como dizer quando realmente começou, só podemos escolher arbitrariamente um ponto inicial (primavera, verão, outono e inverno). Quando predomina totalmente o amor ou quando predomina totalmente o ódio não é possível haver vida. Esta situação de máxima predominância de uma destas duas forças nos lembra os solstícios de verão e inverno, já a vida se dá nos equinócios, onde o tempo é mais ameno, onde há um equilíbrio entre ambas as forças. Quando predomina totalmente o amor, temos uma esfera onde todos os quatro elementos não se distinguem e não há individualidade, havendo um único todo agregado, coeso e inseparável. Já quando o ódio domina também não temos qualquer tipo de agregação e sim somente o caos.

 Onde as pessoas ilusoriamente acreditam observar o devir ou movimento e transformação, geração e corrupção das coisas, surgimento e desaparecimento de todas elas, em verdade temos a reunião e separação dos quatro elementos básicos dos quais todas as coisas surgiram, trata-se da mistura desses elementos distribuídos em distintas proporções, havendo a maior ou menor presença de um ou outro destes elementos.

Nele temos presente uma antecipação do que mais tarde teremos com Charles Darwin em “A origem das espécies”, de 1859 d.C., pois, este autor consegue intuir, se bem que por meio de relatos fantásticos, o que mais tarde teremos com a teoria da evolução das espécies. Após a ruptura da esfera onde tudo estava coeso, separação esta provocada pelo ódio, teve início a criação do cosmos, por sua vez, os elementos individuais foram se aglutinando por meio do amor. Quando do surgimento da vida no nosso mundo, ocorreram primeiramente junções aleatórias provocadas pelo amor, muitas destas uniões não possuíam as capacidades necessárias para sobreviver e foram extintas, havendo uma seleção natural que priorizou as formações mais aptas a sobreviver.

Empédocles explica como conhecemos algo por meio de nossas sensações atribuindo ao conhecimento de algo o princípio de que o semelhante conhece o semelhante. É pelo fato de tudo ser composto pelos quatro elementos, incluso nós mesmos, que podemos conhecer. Ou seja, pelo elemento terra conhecemos o que possui este elemento, da mesma forma com o elemento fogo, ar, água e terra presentes em nós e nos objetos de nosso conhecimento.

Os opostos não se atraem, é o semelhante que atrai o semelhante e, por sua vez, o dessemelhante repulsa o dessemelhante. Trata-se de um movimento eterno, um ciclo constante no qual quando prevalece a harmonia é porque o amor está atuando, já quando prevalece a desarmonia ou desequilíbrio, temos a prevalência da discórdia ou ódio, sendo que isto pode ser observado em tudo ao nosso redor, seja na política, na saúde, nos aspectos emocionais, nas relações entre as pessoas ou entre as sociedades.

A teoria das quatro raízes proposta por Empédocles foi exposta e adotada por Aristóteles, que a chamou por “elementos” e perdurou em nossa civilização por cerca de vinte séculos como parte das concepções comumente aceitas sobre a composição da matéria, isto só veio a mudar com a química do século XVIII, a partir, particularmente, de Antoine Lavoisier.

 Silvério da Costa Oliveira.

 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Diógenes de Apolônia (1) * Uma filosofia eclética

 


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Diógenes de Apolônia (499-428 a. C.) é tido pela tradição como sendo discípulo de Anaxágoras, ou, como discípulo de Anaxímenes. Sua atitude filosófica é eminentemente materialista. Chegaram até nós somente fragmentos do que escreveu. Pode ter escrito um único livro dividido por capítulos temáticos ou ainda, segundo a tradição, quatro livros. Segundo Simplício seus livros seriam: Contra os sofistas; Meteorologia; Da natureza do Homem; Da natureza. Até nossos dias chegaram somente fragmentos do livro “Da natureza”. Segundo a tradição, existe a possibilidade dele ter atuado como médico.

Com Diógenes temos uma rejeição ao pluralismo e um retorno ao monismo. Lembremos, no entanto, que as teses pluralistas foram desenvolvidas tendo em vista a filosofia de Parmênides e buscando uma alternativa que conciliasse a tese sobre o ser ali proposta, ao retornar ao monismo, a dificuldade trazida pelo estudo sobre o ser a partir de Parmênides fora deixada de lado, talvez por desconhecimento ou má compreensão da mesma. Afinal, como pode o ser surgir do não ser? Como pode de uma única substância surgirem substâncias distintas que não estavam ali anteriormente presentes?

Desenvolve uma filosofia eclética, na qual propõe que do ar, por meio de condensação e rarefação, se originam todas as coisas existentes, o que torna o ar um princípio material. No ar temos presente a transformação e o movimento, o que o torna também um princípio dinâmico e inteligente do qual o próprio pensamento se origina.

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"Diógenes de Apolônia: Rejeição ao pluralismo e retorno ao monismo".

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