Textos filosóficos, críticos, comportamentais e sobre arte da escrita, sucesso e auto-ajuda.
Professor Doutor Silvério
Blog: "Comportamento Crítico"
Professor Doutor Silvério
Silvério da Costa Oliveira é Doutor em Psicologia Social - PhD, Psicólogo, Filósofo e Escritor.
(Doutorado em Psicologia Social; Mestrado em Psicologia; Psicólogo, Bacharel em Psicologia, Bacharel em Filosofia; Licenciatura Plena em Psicologia; Licenciatura Plena em Filosofia)
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domingo, 16 de janeiro de 2011
Preparação e ação, do bizarro ao grotesco
Por: Silvério
da Costa Oliveira.
Na vida
encontramos pessoas que tem o hábito de agir sem pensar e também outras que
nutrem o hábito de pensar sem agir, em ambas o sucesso tende a escapar dentre
os dedos abertos de suas mãos como se água fosse. Há com certeza um limite
ideal entre agir e pensar. Para o sucesso pessoal e profissional é preciso
muita preparação, mas também é preciso que haja o momento em que encerramos a
preparação e partirmos para a ação.
Se fossemos
comparar as pessoas a um trem de carga, teríamos aquelas que passam a maior
parte de sua vida carregando o trem, enquanto outras no desespero de sair logo
da estação deixam de carregar o trem e saem com o mesmo completamente vazio.
Alguns
intelectuais têm o hábito de ficarem com seu trem parado na estação da vida,
sempre carregando seus vagões e nunca se dando por satisfeitos com os mesmos.
Fazem uma faculdade, depois outra, lêem um livro, depois mais dez livros, fazem
um curso para aprender algo, depois fazem outros cursos com o mesmo objetivo,
ou seja, alguns intelectuais continuam a carregar os vagões em vez de os
colocar nos trilhos e fazer rodar. Esquecem estes que trem vazio também roda.
Há outros,
com bem menos conhecimento, que, no entanto, aparentam para o grupo social ao
qual freqüentam que são bem mais inteligentes (mesmo não o sendo) e que possuem
enorme conhecimento (mesmo não o possuindo).
Eu já me
considerava um intelectual em 1985, quando ingressei em meu primeiro curso
superior e minhas leituras já iam desde os clássicos aos mais modernos.
Lembro-me de uma vez quando conversei por poucos minutos com um colega de
classe sobre Carl Gustav Jung (1875-1961), pensador este ao qual estava me
dedicando ao estudo de suas obras completas e também de vários comentaristas.
Na época eu possuía um conhecimento aprofundado sobre este pensador e este
colega nada sabia sobre o mesmo, no entanto, na aula seguinte foi este colega
que se sobressaiu ao fazer um comentário pertinente citando parcialmente o
pensamento de Jung, que eu havia acabado de lhe explicar. Não basta saber
muito, as vezes a inteligência pode ser um empecilho para o sucesso,
dificultando-o e não facilitando o mesmo. Saber menos de algo pode significar
que o trem de carga fica bem menos tempo parado na estação enchendo seus
vagões, no entanto, sabendo usar o pouco conhecimento que se tem de algo no
momento e na oportunidade correta pode-se criar a ilusão de que o pouco é muito
e que se sabe mais até do que a fonte na qual se foi beber.
Em uma
sociedade midiática onde o bizarro e grotesco se destaca, parar na estação
enchendo os vagões pode não ser tão eficiente para o sucesso do que fazer algo
idiota como, por exemplo, pintar este mesmo trem de rosa choque e sair com ele
completamente vazio. Aquela velha máxima de que um cachorro mordendo um homem
não é notícia, mas um homem mordendo um cachorro o é, vale hoje perfeitamente
para os meios de mídia brasileiros e também para boa parte da população, de
gosto duvidoso. Pensemos, por exemplo, um intelectual com vínculos e convicções
políticas e engajado em alguma corrente ideológica vir a ser eleito deputado
(estadual ou federal) ou senador é algo normal e esperado e, portanto, não
chama a atenção e é bem provável que por mais sério que este seja, o mesmo não
venha a ser eleito. Já um palhaço nem um pouco intelectualizado, digamos, mesmo
analfabeto, sem vínculos ou convicções políticas e não engajado em qualquer
corrente ideológica ser candidato e vir a ser eleito encontra acolhida no
bizarro e grotesco da coisa toda. É esta a sociedade que estamos nós
construindo hoje, a sociedade midiatica do bizarro e do grotesco.
O certo seria
que as pessoas fossem famosas pelo que fizeram ou fazem, ou seja, que haja
algum conteúdo que o faça famoso, no entanto, o que observamos na sociedade
midiatica na qual vivemos é que a pessoa é famosa porque é famosa, sem conteúdo
algum, sem sumo algum para espremer nesta laranja. Para ser e continuar sendo
famoso basta se trancar em uma casa ou algo análogo repleto de câmeras que
mostram sua imagem constantemente na tv e na Internet para após ser expulso
tornar-se famoso. Também, se você é uma adolescente e gosta de usar vestidos
pequenos (mas grandes se comparados ao gosto carioca e a cultura brasileira em
geral) e é molestada explicita e ruidosamente dentro de uma universidade por
universitários que deveriam preservar certos valores, dentre os quais o valor
da tolerância e, no entanto, se comportam como animais selvagens e
pré-históricos (correndo eu aqui o risco de ofender aos verdadeiros animais na
natureza), diante do bizarro e grotesco da cena, tem assegurada sua fama e
mesmo sem o menor conteúdo ou atrativo (intelectual ou físico) ganha espaço
constante nos mais diversos canais de mídia, os quais continuam a vender o
homem que mordeu o cachorro, sem a menor responsabilidade social.
Aos
profissionais de educação e de comunicação cabe a pergunta se estão conscientes
de sua contribuição para a construção de valores nacionais, para o futuro, para
a preservação e construção de valores, para a formação de nossos filhos e netos
e da sociedade na qual estes irão viver.
Pergunta: Qual
o limite ideal entre aprimorar-se naquilo que se faz por um lado e, por outro,
vir de fato fazer algo?
Prof. Dr.
Silvério da Costa Oliveira.
(Respeite os
Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de
ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)
Muito interessante o texto. Realmente há a necessidade de equilíbrio entre as práticas. Planejamento, preparação, ensaio e erro são fases importantes em qualquer processo de formação, mas não garantem o alcance de metas. Na atual sociedade da informação,com a rapidez com que os acontecimentos ocorrem, devemos perceber o momento certo para a tomada de decisões, pois se não , corremos o risco de perder o trem e termos que novamente voltar às etapas de planejamento. Pensar e agir devem ocorrer em tempos próximos fazendo parte da mesma estratégia.
Muito interessante o texto. Realmente há a necessidade de equilíbrio entre as práticas. Planejamento, preparação, ensaio e erro são fases importantes em qualquer processo de formação, mas não garantem o alcance de metas.
ResponderExcluirNa atual sociedade da informação,com a rapidez com que os acontecimentos ocorrem, devemos perceber o momento certo para a tomada de decisões, pois se não , corremos o risco de perder o trem e termos que novamente voltar às etapas de planejamento.
Pensar e agir devem ocorrer em tempos próximos fazendo parte da mesma estratégia.
Márcia