Professor Doutor Silvério

Blog: "Comportamento Crítico"

Professor Doutor Silvério

Silvério da Costa Oliveira é Doutor em Psicologia Social - PhD, Psicólogo, Filósofo e Escritor.

(Doutorado em Psicologia Social; Mestrado em Psicologia; Psicólogo, Bacharel em Psicologia, Bacharel em Filosofia; Licenciatura Plena em Psicologia; Licenciatura Plena em Filosofia)

Sites na Internet – Doutor Silvério

1- Site: www.doutorsilverio.com

2- Blog 1 “Ser Escritor”: http://www.doutorsilverio.blogspot.com.br

3- Blog 2 “Comportamento Crítico”: http://www.doutorsilverio42.blogspot.com.br

4- Blog 3 “Uma boa idéia! Uma grande viagem!”: http://www.doutorsilverio51.blogspot.com.br

5- Blog 4 “O grande segredo: A história não contada do Brasil”

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6- Perfil no Face Book “Silvério Oliveira”: https://www.facebook.com/silverio.oliveira.10?ref=tn_tnmn

7- Página no Face Book “Dr. Silvério”: https://www.facebook.com/drsilveriodacostaoliveira

8- Página no Face Book “O grande segredo: A história não contada do Brasil”

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9- Página de compra dos livros de Silvério: http://www.clubedeautores.com.br/authors/82973

10- Página no You Tube: http://www.youtube.com/user/drsilverio

11- Currículo na plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/8416787875430721

12- Email: doutorsilveriooliveira@gmail.com


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domingo, 29 de agosto de 2021

Bernardo de Claraval: Ênfase na fé pessoal e na imitação da vida de Cristo

 

 Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Bernardo

 Bernardo de Claraval (1090-1153) ou Bernard de Clairvaux, nasce na Borgonha, França, em 4 de dezembro e é considerado santo pela Igreja Católica Apostólica Romana tendo sua festa litúrgica celebrada no mesmo dia de seu falecimento, então com 62 (faria 63 pouco mais de 3 meses depois) anos de idade, dia 20 de agosto, também na França onde viveu e atuou por toda a sua vida. Entusiasmado pela vida religiosa, ingressou na abadia de Cister e dedicou parte considerável de sua vida a ajudar na expansão da ordem cisterciense. A ordem de Cister tinha sido fundada a pouco tempo, por Roberto de Champanhe, abade de Molesme, em 1098, que conjuntamente com outros irmãos da congregação monástica de Cluny, saíram desta para fundar a ordem de Cister, com observância da antiga regra beneditina. A partir da aprovação da “Carta da Caridade” em dezembro de 1119, temos que a ordem de Cister surge como a primeira ordem religiosa canonicamente instituída pela Igreja. Quando Bernardo nela ingressou, em 1113, haviam apenas 20 membros e um único mosteiro, mas quando veio a falecer e em decorrência de todos os seus esforços em vida, a ordem já contava com 165 mosteiros, dos quais Bernardo fundou 68, e mais de 600 membros religiosos que haviam professado os votos. Por tal motivo, Bernardo é considerado como sendo o segundo fundador da ordem.

Foi o fundador da abadia de Claraval (claraval = vale claro), onde atuou como abade. No ano de 1128 marcou presença no Concílio de Troyes, responsável por apresentar a regra monástica que iria guiar os então cavaleiros templários e que também viria a se tornar o ideal da nobreza cristã. Organizou em 1129 o concílio de Latrão e em 1141 participou ativamente do concílio de Sens contra Pedro Abelardo. A pedido do papa coube a ele a organização da segunda cruzada e posteriormente também a culpa pelo fracasso da mesma. Pregou contra e combateu diversas heresias em seu tempo.


 

Autor, dentre outras obras, da “regra monástica da Ordem dos Templários”, do “Tratado de Deus”, do “Comentário ao cântico dos Cânticos”, do hino “Ave Maris Stella” e da invocação “Ó clemente, ó piedosa, ó doce virgem Maria” presente na oração “Salve Rainha”. Também “Os passos da humildade e do orgulho”, De gradibus humilitatis et superbiae, de 1120; “Apologia a Guilherme de são Teodorico”, Apologia ad Guillelmum Sancti Theoderici Abbatem; “Sobre a conversão de clérigos”, De Conversione Ad Clericos Sermo Seu Liber; “Sobre a graça e o livre arbítrio”, De Gratia et Libero Arbitrio, por volta de 1128; “Sobre amar a Deus”, De diligendo Dei, em torno de 1128; “Um elogio à nova cavalaria”, De Laude Novae Militiae; “Livro de preceitos e dispensações”, De praecepto et dispensatione libri, entre 1141 e 1144; “Sobre consideração”, De Consideratione, entre 1148 e 1153; “A vida e a morte de são Malaquias, o irlandês”, Liber De Vita Et Rebus Gestis Sancti Malachiae Hiberniae Episcopi.

Bernardo atuou na transformação do cristianismo. Durante a alta Idade Média a Igreja valorizava mais o ritual sacramental e Bernardo trouxe a ênfase para uma fé pessoal baseada na imitação da vida de Cristo e ênfase dada a Maria, uma fé imediata e sem a intermediação da razão, tendo como intercessora somente a Maria, sendo contrário a tendência então em crescimento de dar uma maior ênfase à razão para a compreensão do divino, ênfase racionalista esta que começa com Abelardo e irá se perpetuar pela escolástica em desenvolvimento.

Para Bernardo a busca pelo saber somente é válida quando tem por objetivo a caridade e o conhecimento se faz visando a salvação, o amor e a edificação. A ciência que melhor se encaixa nesta ideia é o conhecimento de si próprio e de Deus. Busca-se a humildade, o combate à vaidade e à soberba. Segue os passos de Agostinho e se opõe à tendência que Abelardo bem destacou da ênfase na razão, que Bernardo entende como vaidade e soberba. Para Bernardo, o fim último de todo conhecimento deve ser o amor contemplativo. Mais uma vez vemos, portanto, a razão subordinada à fé, as escrituras e também a tradição expressada pelos padres apologistas nos primeiros séculos da Igreja.

 Silvério da Costa Oliveira.

 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

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sábado, 28 de agosto de 2021

Pedro Abelardo: Filosofia e teologia regada no amor de Abelardo e Heloísa

 Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Pedro Abelardo

 

“Deixando aos meus irmãos o esplendor da glória militar com a herança e os privilégios dos direitos de primogênito, renunciei completamente a corte de Marte para ser educado no regaço de Minerva”. Abelardo.

 

Pedro Abelardo (1079-1142) ou Pierre Abélard ou Pierre Abailard ou Pierre Abeilard ou Petrus Abaelardus, nasce na aldeia de La Pallet, próximo de Nantes, na Bretanha, França, e veio a falecer na data de 21 de abril, no priorado de Saint-Marcel, perto de Châlons-sur-Saône, também na França, aos 62 ou 63 anos de idade. Atuou como teólogo, dialético e professor. É conhecido pelo seu trágico romance com Heloísa de Argenteuil (1090-1164) ou Heloísa Paráclito, que resultou em um filho do casal, de nome Astrolábio (1116-1171), e da castração de Abelardo por um tio (o cônego Fulbert, vigário geral da catedral de Notre-Dame) de Heloísa, insatisfeito com o relacionamento entre os dois. Após a castração, Abelardo tornou-se monge. No convento de Argenteuil, Heloísa por sua vez tomou o hábito e tornou-se abadessa. Suas ideias e escritos lhe trouxeram duas condenações, pelo Concílio de Soissons, 1121, e pelo Concílio de Sens, 1141.


 

Dentre suas principais obras temos “História de minhas calamidades” (Historia calamitatum ou abælardi ad amicum suum consolatória), de 1132, escrito em latim e de caráter autobiográfico, onde narra dentre outras coisas sua relação trágico-amorosa com Heloísa. Considerada a primeira obra autobiográfica escrita na Europa Ocidental e tendo clara forte influência de Agostinho com seu livro “Confissões”. Esta obra foi escrita no estilo de uma carta. Outra obra importante de Abelardo é “Dialética”, que sofre influência nítida de Boécio, tem como temática a lógica e exerceu significativa influência no decorrer do século XII e XIII. Também obra importante é “Introdução à teologia” (“Tratado sobre a unidade e a trindade divina” ou “Teologia do bem supremo”), de 1138 / 9, responsável pela condenação no concílio de Soissons. Também “Sic et non” (sim e não), que começa com uma pequena introdução religiosa e segue por questões teológicas e filosóficas, opondo em colunas frases apoiando ou negando uma dada afirmativa ali feita. Também “Nosce te ipsun” ou “Scito te ipsun” ou “Ethica” (Conhece-te a ti mesmo”) no qual trata da filosofia moral e no qual afirma que o pecado encontra-se já na intenção de quem o pratica e não na ação propriamente dita.

Abelardo, na questão dos universais se opõe tanto ao realismo como também ao nominalismo, apresentando uma solução que alguns comentadores veem como um tipo de realismo moderado e outros como um tipo de conceptualismo. Como professor e dialético, seu método consistia em estimular os debates a partir das contradições entre as questões em debate, tendo sido a época, considerado um método revolucionário.

Importante também sua ética, na qual destaca o pensamento de que a intenção por trás do ato de quem faz algo é tão importante quanto o ato em si mesmo. O pecado não se resume a ação efetuada, mas é o próprio elemento psicológico envolvido na ação, ou seja, o pecado se encontra na intenção e não na ação propriamente dita. É a intenção por trás de uma ação que a torna boa ou má. O pecado é um ato interior pelo qual consentimos em fazer o mal. O pecado é diferente do vício, pois, no vício temos a propensão em fazer o mal, mas tal só se concretizará em uma ação por um ato de consentimento e aí temos o pecado. O pecado não está em ter a tendência, desejo ou interesse em fazer algo e sim em concordar internamente e realizar o ato, deste modo, o pecado se dá pelo livre consentimento do mal.

Há em Abelardo uma valorização em seu método dialético do constante questionamento visando à obtenção de um conhecimento verdadeiro, por meio da dúvida e da inquisição. Segundo Abelardo, pela dúvida somos encaminhados à pesquisa e esta por sua vez nos leva a conhecer a verdade.

 Silvério da Costa Oliveira.

 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

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sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Anselmo da Cantuária (2) * Proslogion Argumento a priori Argumento ontológico

 


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Anselmo (1033-1109) da Cantuária ou Anselmo de Aosta ou Anselmo de Bec foi monge da ordem beneditina e pode ser considerado como o primeiro grande escolástico e seu pensamento e obra marcou profundamente o século XI. É considerado santo pela Igreja Católica Apostólica Romana e sua festa litúrgica ocorre todo dia 21 de abril. Dentre suas principais obras podemos citar: “Monológio” (Monologion), “Proslógio” (Proslogion), “Os diálogos sobre a verdade”, “Libre arbítrio”, “A queda do diabo”, “Por que Deus foi feito homem?”, “Sobre a concepção virginal e o pecado original”. Anselmo é conhecido por apresentar a teoria da satisfação da expiação ou redenção, pela qual, Jesus, o filho de Deus, teria redimido o pecado original que estava presente em todos os humanos. Anselmo também é conhecido pelas quatro provas a favor da existência de Deus baseadas em uma visão a posteriori e da prova a priori apresentada no argumento único ou como hoje convencionou-se chamar, ontológico. São um total de cinco provas. 1- Já que há gradação de bem, tem de haver um bem absoluto que sirva de mensuração. 2- Graus diversos de perfeição implicam na existência de uma máxima perfeição, ou seja, Deus. 3-Todas as coisas têm valores diferentes dentro de uma escala que vai de valores inferiores a superiores, logo, tem de haver um valor absoluto. Deus é o valor absoluto. 4- Qualquer coisa se origina de algo ou de nada. Nada surge do nada, logo, Deus existe como causa primeira. Já por sua vez no “Proslógio”, Anselmo irá demonstrar a necessidade de Deus por meio do argumento de Anselmo ou Argumento único. Muito importante em Anselmo é a formulação do chamado “argumento de Anselmo”, como então era conhecido na Idade Média, ou do argumento ontológico, como passou a ser conhecido após Kant, pelo qual se podemos conceber em nossa mente um ser tal que não se possa pensar maior, este tem de existir na realidade, pois, caso contrário, outro ser com as mesmas características e que viesse a existir fora de nosso pensamento seria mais perfeito, pois este existiria e o outro não. Anselmo se opõe ao nominalismo afirmando que os universais são reais na mente de Deus, são reais nas coisas nas quais participam desde que houve a criação e são reais em nós por meio dos conceitos presentes em nossa mente. Anselmo prossegue uma tradição de pensamento iniciada com Agostinho de Hipona, na qual se crê para saber racionalmente, toda investigação por meio da razão e filosofia tende a clarificar e aprofundar a verdade revelada. A fé é o ponto de partida e pressuposto básico da investigação racional, mas cabe à razão buscar o entendimento da fé. A razão em Anselmo fica sempre na dependência da fé a qual é subordinada. A autoridade máxima indiscutível será sempre a palavra revelada e não a razão.

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quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Anselmo da Cantuária (1) * Monologion Argumento a posteriori

 


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Anselmo (1033-1109) da Cantuária ou Anselmo de Aosta ou Anselmo de Bec foi monge da ordem beneditina e pode ser considerado como o primeiro grande escolástico e seu pensamento e obra marcou profundamente o século XI. É considerado santo pela Igreja Católica Apostólica Romana e sua festa litúrgica ocorre todo dia 21 de abril. Dentre suas principais obras podemos citar: “Monológio” (Monologion), “Proslógio” (Proslogion), “Os diálogos sobre a verdade”, “Libre arbítrio”, “A queda do diabo”, “Por que Deus foi feito homem?”, “Sobre a concepção virginal e o pecado original”. Anselmo é conhecido por apresentar a teoria da satisfação da expiação ou redenção, pela qual, Jesus, o filho de Deus, teria redimido o pecado original que estava presente em todos os humanos. Anselmo também é conhecido pelas quatro provas a favor da existência de Deus baseadas em uma visão a posteriori e da prova a priori apresentada no argumento único ou como hoje convencionou-se chamar, ontológico. São um total de cinco provas. 1- Já que há gradação de bem, tem de haver um bem absoluto que sirva de mensuração. 2- Graus diversos de perfeição implicam na existência de uma máxima perfeição, ou seja, Deus. 3-Todas as coisas têm valores diferentes dentro de uma escala que vai de valores inferiores a superiores, logo, tem de haver um valor absoluto. Deus é o valor absoluto. 4- Qualquer coisa se origina de algo ou de nada. Nada surge do nada, logo, Deus existe como causa primeira. Já por sua vez no “Proslógio”, Anselmo irá demonstrar a necessidade de Deus por meio do argumento de Anselmo ou Argumento único. Muito importante em Anselmo é a formulação do chamado “argumento de Anselmo”, como então era conhecido na Idade Média, ou do argumento ontológico, como passou a ser conhecido após Kant, pelo qual se podemos conceber em nossa mente um ser tal que não se possa pensar maior, este tem de existir na realidade, pois, caso contrário, outro ser com as mesmas características e que viesse a existir fora de nosso pensamento seria mais perfeito, pois este existiria e o outro não. Anselmo se opõe ao nominalismo afirmando que os universais são reais na mente de Deus, são reais nas coisas nas quais participam desde que houve a criação e são reais em nós por meio dos conceitos presentes em nossa mente. Anselmo prossegue uma tradição de pensamento iniciada com Agostinho de Hipona, na qual se crê para saber racionalmente, toda investigação por meio da razão e filosofia tende a clarificar e aprofundar a verdade revelada. A fé é o ponto de partida e pressuposto básico da investigação racional, mas cabe à razão buscar o entendimento da fé. A razão em Anselmo fica sempre na dependência da fé a qual é subordinada. A autoridade máxima indiscutível será sempre a palavra revelada e não a razão.

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domingo, 22 de agosto de 2021

Anselmo da Cantuária: A demonstração da existência de Deus por meio da razão

 Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Anselmo da Cantuária

 Anselmo (1033-1109) da Cantuária (cidade onde foi bispo, na Inglaterra) ou Anselmo de Aosta (sua cidade natal, no Piemonte, norte da Itália) ou Anselmo de Bec (cidade onde localizava-se o seu mosteiro, na Normandia, noroeste da França) foi monge da ordem beneditina e pode ser considerado como o primeiro grande escolástico e seu pensamento e obra marcou profundamente o século XI. É considerado santo pela Igreja Católica Apostólica Romana e sua festa litúrgica ocorre todo dia 21 de abril, mesma data de seu falecimento, então com 76 anos de idade, na Cantuária, Inglaterra. Dentre suas principais obras podemos citar: “Monológio” (Monologion), de 1076, “Proslógio” (Proslogion), de 1077(8), “Os diálogos sobre a verdade”, “Libre arbítrio”, “A queda do diabo”, “Por que Deus foi feito homem?”, “Sobre a concepção virginal e o pecado original”.

Anselmo é conhecido por apresentar a teoria da satisfação da expiação ou redenção, pela qual, Jesus, o filho de Deus, teria redimido o pecado original que estava presente em todos os humanos. Esta ideia tem como base a ideia feudal na qual a satisfação ou recompensa varia de acordo com o status do ofendido. Diante do pecado original, a humanidade assume o papel do ofensor e Deus do ofendido. Já que Deus é o ofendido, então para redimir tal ato somente alguém com o status de filho de Deus poderia fazê-lo ao ser sacrificado sem possuir qualquer pecado ou ter cometido qualquer crime, sendo totalmente puro.


 

Anselmo também é conhecido pelas quatro provas a favor da existência de Deus baseadas em uma visão a posteriori e da prova a priori apresentada no argumento único ou como hoje convencionou-se chamar, ontológico. São um total de cinco provas.

Para Anselmo, no “Monológio”, Deus é pura essência, infinitude, eternidade, imutabilidade, perfeição e unidade (aqui cabe pensar no Uno presente aos neoplatônicos), seguindo a meditação de Anselmo, podemos afirmar que a essência deste ser necessariamente se mostra como viva, sábia, onipotente, verdadeira, justa, feliz, eterna e tudo o mais que é melhor ser do que não ser, de maneira absoluta.

Anselmo formula quatro provas a posteriori da existência de Deus no “Monológio” e estas quatro poderiam ser reduzidas a duas, sendo uma baseada na gradação (itens 1 a 3: bem, perfeição, valor), e claro está que graus variáveis implicam na necessidade de um ser absoluto, e outra na contingência do mundo (item 4).

1- Já que há gradação de bem, tem de haver um bem absoluto que sirva de mensuração.

Todas as coisas existem como bens limitados e relativos, logo, tem de haver um bem supremo do qual participamos.

2- Graus diversos de perfeição implicam na existência de uma máxima perfeição, ou seja, Deus.

Tudo o que existe possui um certo grau de perfeição, logo, cabe a existência de um ser tal que seja perfeitíssimo. Deus é o bem supremo, o ser necessário e a perfeição absoluta.

3-Todas as coisas têm valores diferentes dentro de uma escala que vai de valores inferiores a superiores, logo, tem de haver um valor absoluto. Deus é o valor absoluto.

4- Qualquer coisa se origina de algo ou de nada. Nada surge do nada, logo, Deus existe como causa primeira.

Tudo o que existe é contingente, não possuem em si mesmas seu princípio de existência, logo, tem de haver um ser necessário, cuja causa de sua existência se dá em si mesmo. Este argumento se relaciona com a ideia de causa e efeito, com a qual podemos explicar porque algo ocorreu. Se algo existe é porque foi ocasionado por outra coisa. Sempre há uma causa para a existência de algum ser, não há algo que exista por si mesmo sem ter sido efeito de uma causa outra ou a partir do nada. Temos aqui a total relatividade de tudo o que existe, mas esta mesma relatividade torna necessária à existência de um ser absoluto que seja causa de si mesmo e que possa, portanto, fundamentar as demais coisas existentes.

Nestes argumentos (itens 1 a 3) Anselmo parte da natureza para chegar a Deus. Tem de haver o grau máximo, pois, se algo é mais ou menos belo, perfeito, justo, etc. em algum momento teremos de parar em nossa busca de algo que seja maior (mais belo, mais perfeito, mais justo, etc.) e não será possível ir ao infinito, havendo, portanto, o grau máximo, ou seja, Deus.

Tais argumentos baseados na gradação, partem do grau mínimo, dentro de um plano empírico e natural, em direção ao infinito, sempre buscando um grau maior, até atingirem o grau máximo que se encontra em um plano lógico e metafísico. Nesta demonstração Anselmo dá um salto injustificável do plano empírico, natural, para o plano lógico, metafísico.

Já por sua vez no “Proslógio”, Anselmo irá demonstrar a necessidade de Deus por meio do argumento de Anselmo ou Argumento único. Muito importante em Anselmo é a formulação do chamado “argumento de Anselmo”, como então era conhecido na Idade Média, ou do argumento ontológico, como passou a ser conhecido após Kant, pelo qual se podemos conceber em nossa mente um ser tal que não se possa pensar maior, este tem de existir na realidade, pois, caso contrário, outro ser com as mesmas características e que viesse a existir fora de nosso pensamento seria mais perfeito, pois este existiria e o outro não. Ou seja, aquele que possuísse todas as perfeições do ser pensado e não existente, pelo fato de existir, torna-se maior que o somente pensado, o que é absurdo. Trata-se aqui de deduzir e afirmar a existência de um ser por meio de sua essência. Este ser, segundo Anselmo, é Deus. Um ser tal que não se pode pensar maior tem de existir na realidade e só o insensato poderia negá-lo, aqui numa referência ao salmo XIII, 1. Segundo Anselmo “O ser do qual não é possível pensar nada maior” existe em nossa mente e se não existisse na realidade seria contraditório, pois, aquele que existisse na realidade seria maior que este.

O monge Gaunilon, de Marmoutiers, discordou e argumentou que um método reconhecido pelo rigor não poderia deduzir a existência a partir da essência de algo, que não é pelo fato de algo existir em nosso pensamento que existirá na realidade. Gaunilon deu como exemplo uma ilha perfeita e maior que todas em virtudes e beleza que pudéssemos conceber em nossa mente, mas isto não faria necessariamente com que a mesma existisse. Se pensarmos na crítica do monge Gaunilon, podemos historicamente caminhar por outros pensadores de opinião semelhante, tal é o caso de Tomás de Aquino e Immanuel Kant, mas se caminharmos conjuntamente com Anselmo, iremos em direção ao pensamento de René Descartes e outros filósofos racionalistas, bem como a Karl Barth (teólogo protestante).

Ao pensarmos o argumento de Anselmo ou argumento ontológico, devemos destacar que há uma diferença conceitual entre o máximo absoluto (Deus) e o máximo relativo (por exemplo: uma ilha). O primeiro é absoluto, total e necessário, já o segundo é relativo e parcial. Ou seja, no caso de Deus e não no caso da ilha, é logicamente correto e necessário que este ser exista, pois sua não existência é contraditória.

O argumento de Anselmo apresentado no “Proslógio” foi chamado por Kant de argumento ontológico e Kant faz uma crítica ao mesmo. Segundo Kant o argumento ontológico é uma tautologia e uma falácia. Trata-se de dizer a mesma coisa no argumento e na conclusão. O predicado já está contido no sujeito da oração e, portanto, não avança o conhecimento deste algo.

 Anselmo se opõe ao nominalismo afirmando que os universais são reais na mente de Deus, são reais nas coisas nas quais participam desde que houve a criação e são reais em nós por meio dos conceitos presentes em nossa mente.

As provas da existência de Deus apresentadas por Anselmo exigem algumas pressuposições não analisadas, dentre as quais o conceito do que é o Deus cristão, para não incorrer em um teísmo. Em verdade, Anselmo prossegue uma tradição de pensamento iniciada com Agostinho de Hipona, na qual se crê para saber racionalmente, toda investigação por meio da razão e filosofia tende a clarificar e aprofundar a verdade revelada. A fé é o ponto de partida e pressuposto básico da investigação racional, mas cabe à razão buscar o entendimento da fé. A razão em Anselmo fica sempre na dependência da fé a qual é subordinada. A autoridade máxima indiscutível será sempre a palavra revelada e não a razão.

 Silvério da Costa Oliveira.

 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

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sexta-feira, 20 de agosto de 2021

Escolástica (1) * A filosofia na Baixa Idade Média



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A baixa Idade Média vai do século XI ao XV, neste período temos o ressurgimento do interesse pelo filósofo Aristóteles e o início da Escolástica. É uma das duas divisões da Idade Média, sendo a outra a alta Idade Média. Durante a Idade Média não havia mobilidade vertical na sociedade e o status de cada um se dava pelo nascimento, que determinaria o lugar a ser ocupado na estrutura social. Basicamente temos três divisões sociais: o clero, os nobres e os camponeses. Durante a baixa Idade Média passamos a ter também os comerciantes habitantes do burgo, os burgueses. No começo da idade Média as pessoas trocaram as cidades pelo campo em busca de segurança e as cidades passaram a ser menos abastecidas e ter menos gente nelas morando. Também o uso da moeda para compra e troca de mercadorias foi muito diminuído conjuntamente com o comércio. Por volta do século XI as cidades voltam aos poucos a ganhar importância, bem como o uso da moeda e o comércio. Ocorreu um aumento da produção agrícola e também do artesanato. O comércio se desenvolveu a partir do contato cada vez mais intenso com o oriente e se pautando em artigos de luxo, também o excedente de produção agrícola ajudou a incentivar o comércio e começou uma migração do campo para as cidades. Ainda sobre a baixa Idade média, durante este período desenvolveram-se as universidades onde predominava o ensino dividido em trivium e quadrivium. Nestes, as setes artes liberais eram divididas da seguinte forma: Ao Trivium caberia a lógica, a gramática e a retórica. Já ao quatrivium caberia a aritmética, geometria, música e astronomia. O trivium e quadrivium compunham a formação em Artes (hoje chamaríamos de Letras) e davam acesso a prosseguir nos estudos, após esta base o aluno poderia escolher como curso de formação a teologia, a medicina ou o direito. A Escolástica recebe este nome por estar associada a escola e a universidade, bem como a instrução, ao estudo e a sabedoria. A origem da palavra provém do latim “scholasticus” que por sua vez tem origem no grego e aponta para “pertencer a escola”, “instruído”, “sábio”. Em suma, deve ser vista como um movimento filosófico de base cristã associado ao método de ensino das universidades da Europa ocidental durante a baixa Idade Média. Importante atentar que neste período a filosofia e a teologia tendem a se separar e cada qual vir a ocupar um espaço de reflexão distinto. No século XIII teremos o auge da Escolástica com a obra de Tomás de Aquino, que irá trazer ao conhecimento e debate ocidental toda a obra que fora conservada de Aristóteles, buscando uma tradução mais fiel ao texto original e adaptando-a ao contexto religioso cristão.

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"Escolástica: Baixa Idade Média".

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