Por: Silvério da Costa Oliveira.
Leon Trotsky
Leon Trotsky (1879-1940), Liev Davidovich Bronstein, nasceu na Ucrânia, Império Russo, e faleceu no México. Sua origem remonta a uma família judia na Ucrânia. Foi escritor e participou ativamente da revolução russa de 1917. Seus pais foram David Leontyevish Bronstein (1847–1922) e Anna Lvovna (1850–1910), prósperos fazendeiros. Trotsky foi o quinto de sete irmãos.
Trotsky foi casado duas vezes, primeiro com Aleksandra Lvovna Sokolovskaya (1872-1938 – Não há certeza, por parte dos comentadores do período, das datas de nascimento e morte), ficaram juntos de 1899 a 1902 e com ela teve duas filhas. A segunda foi Natalia Ivanovna Sedova (1882-1962), ficaram juntos de 1903 a 1940, quando da morte de Trotsky. Há historiadores do período que admitem ter tido como amante a Frida Kahlo (1907-1954), pintora mexicana, no decorrer do ano de 1937, quando residia com sua mulher na casa de Diego Rivera (pintor) e Frida Kahlo, no México.
Após 1896, quando passou a ter contato com as ideias marxistas, passou a se interessar pela causa revolucionária. Inicialmente aderiu aos mencheviques, mas a partir de 1917 passou para a ala dos bolcheviques. Trotsky era um grande orador e também escritor, tendo grande capacidade de liderança e influência.
Como membro do partido da ala bolchevique, coube a Trotsky organizar e comandar o exército vermelho contra os exércitos brancos (1918-1920). Trotsky buscou impor o princípio da meritocracia no Exército Vermelho, promovendo ou punindo de acordo com o trabalho desempenhado.
Mesmo antes da morte de Lenin, Stalin e Trotsky apresentavam divergências profundas e inimizade explícita. Após o afastamento de Lenin por motivos de saúde, das decisões e política ativa do partido, em 1922, Trotsky, Stalin e outros passaram a disputar o lugar de comando na URSS, mas Stalin foi mais hábil e controlava a administração e burocracia do partido e da URSS, vindo, em 1924, com o falecimento de Lenin, a ocupar o seu lugar a frente da URSS, passando a eliminar seus desafetos políticos, sendo Trotsky um deles.
Em 12 de novembro de 1927 é expulso do partido e exilado no Cazaquistão até janeiro de 1928. Em 1929 é expulso da URSS, indo para a Turquia, França, Noruega e, finalmente, para o México. Em 20 de agosto é brutalmente assassinado em sua residência no México, por um espião que se fazia passar por amigo e colaborador. Seu assassino foi Jaime Ramón Mercader del Río Hernández, também conhecido como Ramón Mercader, Jacques Monard. ou Jacson (1913-1978). Estando só dentro do escritório da casa, em companhia de Ramón Mercader sobre o pretexto de ler e opinar sobre um texto escrito pelo suposto amigo e colaborador, foi atacado de surpresa e mortalmente ferido, vindo a falecer no dia seguinte. A arma foi um cortador de gelo semelhante a uma pequena picareta que cabia no bolso do paletó (instrumento usado pelos alpinistas; picareta de alpinistas), usado para desferir um forte golpe da cabeça de Trotsky, mas o assassino também estava de posse de um revólver. Seus guardas costas prenderam o agressor, mas este não foi morto a pedido de Trotsky, vindo a cumprir pena de 20 anos de reclusão. Ao final da pena, retornou a URSS onde foi homenageado com uma cerimônia e medalha, vindo a passar seus últimos dias em, Havana, Cuba.
Enquanto Stalin defendia a tese de “socialismo num só país” (revolução em um só país), Trotsky defendia a teoria da revolução permanente, devendo haver continuidade da revolução e exportação da mesma para outros países além da Rússia. Trotsky entendia que a revolução socialista / comunista se dava dentro de um processo mundial, no qual proletários e camponeses deveriam se unir contra a burguesia. Trotsky defendia a internacionalização da revolução e a necessidade de uma luta constante contra o capitalismo e imperialismo. Ao enfatizar o internacionalismo proletário, defende a solidariedade entre os trabalhadores dos mais distintos países. Deste modo, Trotsky critica a política stalinista de “socialismo em um único país”, que, segundo o pensamento de Trotsky, prejudicava a ocorrência da revolução mundial e simultaneamente levava a URSS ao total isolamento.
Era entendimento de Trotsky que deveria ocorrer uma democracia operária, sendo isto fundamental para a causa do socialismo. Caberia aos trabalhadores ter o controle direto sobre os meios de produção e o Estado, por meio de conselhos de trabalhadores, os sovietes, bem como, outras possíveis formas de autogestão.
Trotsky criticava o regime imposto por Stalin pelo fato de o mesmo apresentar forte autoritarismo e burocratização, o que, segundo seu pensamento, seria uma traição aos princípios presentes em uma democracia proletária.
Foi um forte crítico e adversário do regime stalinista na URSS, apresentando denúncias quanto à excessiva burocratização do Estado, a eliminação da democracia dentro do partido, os constantes expurgos, a forte repressão imposta por Stalin. Segundo o pensamento de Trotsky, o stalinismo seria uma distorção do marxismo e uma traição aos ideais presentes na revolução de outubro de 1917.
Trotsky fazia a defesa de uma nova internacional comunista revolucionária, que proporcionasse a união dos trabalhadores de todo o mundo contra os seus inimigos (capitalismo, imperialismo, stalinismo). Coube a Trotsky romper com a III internacional comunista de 1933, liderada pelas ideias de Stalin enquanto líder da URSS, e fundar a IV Internacional, em 1938.
PRINCIPAIS OBRAS
1- História da revolução russa, 1930.
Título original: "История русской революции" (Istoriya russkoy revolyutsii).
Aborda em detalhes e apresenta uma análise do que foi a revolução russa de outubro de 1917. O texto começa seu estudo com as origens nas décadas anteriores, indo até o momento da tomada de poder pela ala bolchevique, dando continuidade com os eventos que se seguiram. Trotsky faz uma análise dos fatores sociais, políticos e econômicos que propiciaram a derrubada do governo do czar. É discutida e analisada a importância do período da revolução de fevereiro, a ascensão do governo provisório, o papel dos bolcheviques sob a liderança de Lenin, até a chegada a revolução de outubro de 1917.
2- A revolução traída, 1937.
Título original: "Преданная революция" (Predannaya revolyutsiya).
Aqui temos uma crítica ao regime de governo na URSS sob o comando de Stalin. Trotsky argumenta que Stalin traiu os ideais contidos na revolução de outubro de 1917. Temos uma análise do processo que permitiu que a burocracia do partido comunista da URSS usurpasse o poder dos sovietes, estabelecendo uma ditadura sobre o proletariado. Também são discutidos os impactos que estas mudanças exerceram sobre a economia, a cultura e as políticas adotadas pela URSS.
3- O programa de transição, 1938.
Título original: "Переходный программе" (Perekhodny program).
Nesta obra Trotsky desenvolve um programa revolucionário para se adotado durante crises, assumindo a defesa da necessidade de se fazer uma nova internacional comunista revolucionária que possa exercer liderança sobre a classe trabalhadora na luta contra o capitalismo. Trata-se de texto de vital importância para o entendimento do que seja a corrente de pensamento vinculada ao pensamento de Trotsky, o trotskismo.
Silvério da Costa Oliveira.
Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.
Site: www.doutorsilverio.com
(Respeite os Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)
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