Professor Doutor Silvério

Blog: "Comportamento Crítico"

Professor Doutor Silvério

Silvério da Costa Oliveira é Doutor em Psicologia Social - PhD, Psicólogo, Filósofo e Escritor.

(Doutorado em Psicologia Social; Mestrado em Psicologia; Psicólogo, Bacharel em Psicologia, Bacharel em Filosofia; Licenciatura Plena em Psicologia; Licenciatura Plena em Filosofia)

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quarta-feira, 30 de março de 2022

Os Sofistas (3) * Sofistas posteriores

 


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 Dentre os sofistas que hoje conhecemos, podemos citar: Protágoras, Górgias, Pródicus (ou Pródico), Hippias. E também Crítias, Xeníades, Trasímaco, Cálicles, Antifon, Polo, Isócrates e Licofron. Os quatro primeiros (Protágoras, Górgias, Pródicus, Hippias) são classificados, segundo alguns comentadores, como sofistas anteriores, e os demais como sofistas posteriores. Há quem considere como sofistas anteriores somente Protágoras e Górgias, aqui neste vídeo falaremos sobre:

 5- Crítias (460-403 a.C.)

6- Xeníades (datas de nascimento e morte desconhecidas)

7- Trasímaco (459- 400 a.C.)

8- Cálicles (datas de nascimento e morte desconhecidas)

9- Antifon (480-411 a.C.)

10- Polo (datas de nascimento e morte desconhecidas)

11- Isócrates (436-338 a.C.)

12- Licofron (datas de nascimento e morte desconhecidas)

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terça-feira, 29 de março de 2022

Os Sofistas: Sofistas posteriores

  Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Sofistas posteriores

 Dentre os sofistas que hoje conhecemos, podemos citar: Protágoras, Górgias, Pródicus (ou Pródico), Hippias. E também Crítias, Xeníades, Trasímaco, Cálicles, Antifon, Polo, Isócrates e Licofron. Os quatro primeiros (Protágoras, Górgias, Pródicus, Hippias) são classificados, segundo alguns comentadores, como sofistas anteriores, e os demais como sofistas posteriores. Há quem considere como sofistas anteriores somente Protágoras e Górgias.


 

Sobre Protágoras, Górgias, Pródicus (ou Pródico), Hippias, iremos falar em outro texto, aqui abordaremos os demais pensadores, dentro do movimento sofista, na Grécia antiga. Retirando estes quatro, falaremos sobre:

 

5- Crítias (460-403 a.C.)

6- Xeníades (datas de nascimento e morte desconhecidas)

7- Trasímaco (459- 400 a.C.)

8- Cálicles (datas de nascimento e morte desconhecidas)

9- Antifon (480-411 a.C.)

10- Polo (datas de nascimento e morte desconhecidas)

11- Isócrates (436-338 a.C.)

12- Licofron (datas de nascimento e morte desconhecidas)

 

5- Crítias

“Se você se disciplinar para tornar sua mente autossuficiente, será menos vulnerável a injúrias externas.” Crítias.

 

Crítias (460-403 a.C.) nasceu em Atenas e atuou como filósofo, poeta e político, foi um dos discípulos de Sócrates, e tio de Platão, também pertenceu ao assim conhecido “grupo de trinta tiranos”, que governou a cidade de Atenas, sendo conhecido por ser um dos mais violentos, dentre os trinta. O conselho dos trinta tiranos foi instaurado após a derrota de Atenas na segunda guerra do Peloponeso e por iniciativa de um general espartano, sendo os trinta tiranos pró-Esparta.

Este filósofo aparece como personagem em alguns diálogos de Platão, dentre os quais o que leva o seu nome, Crítias, no título, ou também, o nome “Atlântida”, pois o diálogo travado com Crítias se dá sobre o tema da cidade de Atlântida.

Filósofo ateísta que define a religião como uma convenção social, segundo Crítias, o conceito de divindade foi inventado com o objetivo de proporcionar poder para alguns sobre outros humanos, criando um ser ou seres capazes de recompensar ou punir determinados comportamentos, moldando as pessoas na direção desejada pelos que criaram o culto aos deuses. No fundo, a religião seria algo inventado por pessoas com interesses políticos e desejando exercer poder sobre outras pessoas, controlando-as. No entanto, tal opinião sobre o pensamento de Crítias é tido por alguns comentadores, embasado em um único fragmento no qual o autor trata deste tema, faltando o restante da obra para termos certeza de que de fato seria isto que ele realmente pensava.

Não existiriam deuses ou qualquer divindade e nem qualquer tipo de plano universal divino. Segundo Crítias temos somente a força de alguns controlando a fraqueza de outros e a religião se mostra eficiente como instrumento usado neste controle visando manter o poder e fazer com que as pessoas sigam determinadas regras de conduta.

Crítias foi discípulo não somente de Sócrates, mas também de sofistas, isto segundo alguns comentadores, e, a partir de relatos nos escritos de Filóstrato (“Vida dos sofistas”) e Platão (“Protágoras”), a tradição passou a considerar Crítias como um sofista, se bem que este nunca tenha atuado como professor ou exercido ensino remunerado.

 

6- Xeníades

Xeníades, nativo da cidade grega de Corinto, é considerado por alguns comentadores como sofista, e por outros como cético. Defendia que toda opinião humana é falsa, não havendo qualquer coisa de realmente verdadeiro no universo.

Diógenes Laercio nos relata que certa vez, Diógenes, o cínico, teria sido preso e vendido como escravo por piratas, nesta ocasião, Xeníades o teria comprado e levado para sua casa.

As poucas informações que possuímos hoje sobre Xeníades provêm basicamente de Sexto Empírico.

 

7- Trasímaco

Trasímaco nasceu em Calcedônia, Turquia, em data desconhecida (470 ? 459 ? a.C.) e faleceu em 400 a.C., aparece como personagem no livro 1 da obra “A república”, de Platão, travando um diálogo com Sócrates. Defende que a justiça nada mais é do que fazer o que é do interesse e conveniência do mais forte. Defende a sujeição da lei ao governante, deste modo, qualquer lei criada pelo governante passa a ser justa.

Segundo alguns comentadores, Trasímaco se auto-intitulava sofista, atuou como professor ensinando retórica, escreveu discursos para serem proferidos por outros e obteve fortuna com seus ensinamentos que lhe permitiu viver bem e com opulência.

 

8- Cálicles

Cálicles aparece como personagem de Platão em “Górgias” e há quem questione se de fato trata-se de alguém que realmente existiu ou de mero personagem sem existência real fora da obra e diálogos de Platão. Não há outros documentos que mencionem o nome de Cálicles, somente o diálogo “Górgias”, de Platão.

Neste diálogo Cálicles argumenta ser natural e justo que os fortes dominem os fracos, sendo injusta a resistência dos fracos ou o estabelecimento de leis para limitar o poder dos fortes. Entende que as leis, instituições e a moral foram criadas por pessoas com o intuito de atender a seus próprios interesses e que não houve qualquer participação de deuses neste evento. Segundo Cálicles, a democracia é a tirania de muitos sobre o indivíduo excepcional, pois, as pessoas deveriam permitir serem governadas pelos indivíduos mais fortes.

 

9- Antifon

Respeitamos e veneramos aqueles que são de pais nobres, e não respeitamos ou veneramos aqueles que não são de casa nobre. Nisto nos tratamos como bárbaros, pois por natureza somos todos iguais em tudo, bárbaros e gregos. Antifon.

 

Antifon ou Antifonte (480-411 a.C.), nasceu em Ramnunte, viveu e exerceu sua atividade laboral em Atenas. Atuou como orador e também escrevia discursos para serem proferidos na assembleia pelos seus clientes, além disto, teve um papel significativo na matemática e na política. Suas ideias sofrem forte influência do atomismo.

Há comentadores que defendem a possibilidade de haver dois pensadores com o mesmo nome, sendo um o orador e o outro o sofista, o que explicaria, por exemplo, um fragmento de sua obra onde parece defender a igualdade entre os humanos, o que se encontraria presente em um governo democrático, na concepção grega da época e, no entanto, há relatos de que politicamente defendia um governo antidemocrático. Pouco se sabe sobre sua vida e obra. Há um texto controverso no qual defende o igualitarismo entre os gregos, e entre os gregos e os demais povos.

 

10- Polo

Polo é um sofista, cujo mestre é Górgias, que aparece como personagem do diálogo “Górgias”, de Platão. No segundo ato do diálogo do “Górgias”, Polo discute com Sócrates, argumentando a favor da retórica como algo que proporciona poder a quem a domina, mas no final, Polo se vê forçado a ceder diante de Sócrates e admitir que cometer uma injustiça é algo mau e se a pessoa a cometeu deve preferir ser castigado a fugir ileso do castigo.

 

11- Isócrates

Isócrates (436-338/336 a.C.) atuou como orador e retórico em Atenas, sendo conhecido como “pai da oratória”. Coube a ele, segundo comentadores, implantar a retórica no currículo escolar da cidade de Atenas. Em sua época era considerado um dos mais importantes oradores de Atenas e sua Escola de filosofia rivalizava com a de Platão.

 

12- Licofron

“A ciência é a comunhão do conhecimento e da alma”. Licofron

“A lei é uma convenção, uma garantia mútua de direitos recíprocos”. Licofron

 

Licofron atuou como sofista, orador e foi discípulo de Górgias. Pouco ou quase nada sabemos sobre sua vida e obra. Dele restam poucos fragmentos (somente seis), todos dentro da obra de Aristóteles, de quem era contemporâneo.

Segundo Aristóteles, no livro “Política”, Licofron defendia que a lei é somente uma convenção e serve como garantia dos direitos mútuos, ou seja, a lei é um meio para se atingir determinado fim social. Baseados em uma citação de Stobeus, de uma obra perdida de Aristóteles, temos que Licofron contestou a distinção entre nobres e plebeus, e o nascimento como estando na base da nobreza, liberdade ou escravidão, defendo a artificialidade e convenção presente em tais relações sociais.

Alguns comentadores veem nele uma antecipação do que mais tarde será conhecido como contratualismo, ao afirmar que a lei é uma convenção e que visa a garantir os direitos de cada qual dentro da sociedade. Se todas as leis são meras convenções e se não há diferença de nascença entre os humanos que os façam nobres e livres, ou escravos, por natureza, então estamos afirmando a igualdade de todos os humanos perante a natureza, e que as diferenças sociais são artificiais.

 Silvério da Costa Oliveira.

 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

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quarta-feira, 23 de março de 2022

Os Sofistas (2) * Introdução ao movimento sofista

 


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 Em seu significado original e antes da deturpação, que depreciou e alterou este conceito, o termo sofista significa “sábio”. A característica principal dos integrantes deste movimento é de ensinar mediante pagamento por parte de seus alunos, o que não os diferencia de nossos modernos professores. Também presente encontramos o uso da arte da oratória, a retórica, e o ensino da mesma. Este uso instrumental da oratória visando persuadir e convencer a plateia, também pode ser encontrado nos dias atuais em diversas profissões, dentre as quais: professor, político, publicitário, advogado e assessor de imagem.

Na Antiguidade, o termo sofista ora era entendido como “mestre e sábio”, tal como predominava nas Escolas de filosofia, organizadas com o fito de ensinar, e ora, na visão pejorativa dada por Platão e Aristóteles.

Dentre os sofistas que hoje conhecemos, podemos citar: Protágoras, Górgias, Prodicus (ou Pródico), Hippias. E também a Crítias, Xeníades, Trasímaco, Cálicles, Antifon, Polo, Isócrates e Licofron. Os quatro primeiros (Protágoras, Górgias, Prodicus, Hippias) são classificados, segundo alguns comentadores, como sofistas anteriores, e os demais como sofistas posteriores. Há quem considere como sofistas anteriores somente Protágoras e Górgias.

Os sofistas representam um movimento cultural e intelectual vinculado à transmissão do conhecimento, presente ao século V a.C. e, decorrente em grande parte, da ascensão política da cidade de Atenas, então com um governo democrático e tendo à frente o estadista Péricles. Após as guerras médicas, com as vitórias de Maratón (490 a.C.), Platea (480 a.C.) e Salamina (479 a.C.) temos que Atenas se torna a mais importante cidade grega no tocante à vida política, cultural e comercial. Se antes as cidades eram governadas pela aristocracia, agora o povo reunido em praça pública, ágora, passava a ter voz e aqueles que melhor sabiam falar e dominavam a arte da retórica tinham como crescer rapidamente na política e ocupar um lugar de destaque nas decisões tomadas pelo governo da cidade. Coube aos sofistas propiciar o ensino desta arte (oratória, retórica, dialética) vinculada ao bem falar e também propiciar outros conhecimentos (matemáticas, filosofia) para quem quisesse pagar para aprender. Muitos destes sofistas não eram naturais de Atenas, mas sim de outras cidades estado gregas. Era comum os sofistas viajarem de cidade em cidade, vendendo seus cursos, como professores itinerantes.

Com os sofistas temos na Grécia a transição do período cosmológico representado pelos filósofos pré-socráticos, para o período antropológico, cuja maior ênfase e importância se dará não para a natureza, physis, e sim para o humano e seu convívio em sociedade.

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"Os Sofistas: Professor, mestre e sábio".

"Sobre os Sofistas do século XXI: Filósofo educador, um sofista moderno!"

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terça-feira, 22 de março de 2022

Os Sofistas: Professor, mestre e sábio

 Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Os Sofistas

 Em seu significado original e antes da deturpação, que depreciou e alterou este conceito, o termo sofista significa “sábio”. A característica principal dos integrantes deste movimento é de ensinar mediante pagamento por parte de seus alunos, o que não os diferencia de nossos modernos professores. Também presente encontramos o uso da arte da oratória, a retórica, e o ensino da mesma. Este uso instrumental da oratória visando persuadir e convencer a plateia, também pode ser encontrado nos dias atuais em diversas profissões, dentre as quais: professor, político, publicitário, advogado e assessor de imagem.

Na Antiguidade, o termo sofista ora era entendido como “mestre e sábio”, tal como predominava nas Escolas de filosofia, organizadas com o fito de ensinar, e ora, na visão pejorativa dada por Platão e Aristóteles.


 

Dentre os sofistas que hoje conhecemos, podemos citar: Protágoras, Górgias, Prodicus (ou Pródico), Hippias. E também a Crítias, Xeníades, Trasímaco, Cálicles, Antifon, Polo, Isócrates e Licofron. Os quatro primeiros (Protágoras, Górgias, Prodicus, Hippias) são classificados, segundo alguns comentadores, como sofistas anteriores, e os demais como sofistas posteriores. Há quem considere como sofistas anteriores somente Protágoras e Górgias.

Os sofistas representam um movimento cultural e intelectual vinculado à transmissão do conhecimento, presente ao século V a.C. e, decorrente em grande parte, da ascensão política da cidade de Atenas, então com um governo democrático e tendo à frente o estadista Péricles. Após as guerras médicas, com as vitórias de Maratón (490 a.C.), Platea (480 a.C.) e Salamina (479 a.C.) temos que Atenas se torna a mais importante cidade grega no tocante à vida política, cultural e comercial. Se antes as cidades eram governadas pela aristocracia, agora o povo reunido em praça pública, ágora, passava a ter voz e aqueles que melhor sabiam falar e dominavam a arte da retórica tinham como crescer rapidamente na política e ocupar um lugar de destaque nas decisões tomadas pelo governo da cidade. Coube aos sofistas propiciar o ensino desta arte (oratória, retórica, dialética) vinculada ao bem falar e também propiciar outros conhecimentos (matemáticas, filosofia) para quem quisesse pagar para aprender. Muitos destes sofistas não eram naturais de Atenas, mas sim de outras cidades estado gregas. Era comum os sofistas viajarem de cidade em cidade, vendendo seus cursos, como professores itinerantes.

No século V a.C. foram muito bem acolhidos pelos jovens, se bem que os partidários do antigo regime aristocrático não os aprovavam. Os elogios ao movimento mudaram para críticas após o desempenho negativo de Atenas na guerra do Peloponeso. O que acabou gerando uma hostilidade contra o movimento e mesmo a condenação à morte de Sócrates, por dentre outras coisas, ser equivocadamente identificado como um sofista. Infelizmente hoje, conhecemos mais a sofística por meio de seus inimigos (Platão e Aristóteles, dentre outros), o que já traz um viés tendencioso sobre o movimento. Somente no século XIX d. C. é que esta visão começou a mudar e este movimento começou a ser resgatado no tocante ao que teria de bom e produtivo.

Com os sofistas temos na Grécia a transição do período cosmológico representado pelos filósofos pré-socráticos, para o período antropológico, cuja maior ênfase e importância se dará não para a natureza, physis, e sim para o humano e seu convívio em sociedade.

Entre os ensinamentos dos sofistas, temos uma eminente atitude relativista quanto à verdade. Em suma, estamos diante de professores, educadores e profundos conhecedores de todo o desenvolvimento filosófico e matemático anterior. São pessoas que cobram pelos seus serviços, e esta atitude de cobrar para ensinar foi profundamente criticada pelos seus detratores, mas nisto não se diferem dos nossos professores dos dias de hoje, que também vivem do que ensinam e ensinam o conhecimento que adquiriram após muitos estudos. Também cabe ressaltar que são frutos da democracia, do governo pelo povo, então vigente em Atenas, que exercia domínio sobre as demais cidades estado gregas. Por serem aqueles que surgiram dentro do arcabouço político democrático, é normal que os que eram contrários a tal governo e defendiam um retorno à aristocracia, se colocassem, também, contrários a tal movimento. Lembremos que Platão e Aristóteles tinham um conceito ruim sobre os sofistas e sua influência, mas também mantinham uma opinião pejorativa sobre o governo democrático.

Apesar de todos possuírem diversos pontos em comum, segundo comentadores, os sofistas não representam uma Escola filosófica, não cabe classifica-los como tal, e sim, mais uma prática e atuação diante da sociedade grega, onde se apresentavam como professores itinerantes, que cobravam por suas aulas, mas podemos destacar alguns pontos comuns ao seu pensamento, em maior ou menor escala.

Há algumas características que podemos elencar como sendo frequentemente comuns ao movimento, a saber: oposição entre a natureza e a cultura; o relativismo (há impermanência e pluralidade, não havendo um princípio estável e permanente); agnosticismo; entendiam que as pessoas são passíveis de serem convencidas de qualquer coisa por parte de um bom orador; seu interesse se restringia a questões práticas e úteis para o convívio em sociedade; pragmatismo; utilitarismo (priorizar os interesses e anseios particulares em detrimento do Estado); desenvolvimento da retórica, a habilidade de argumentar e convencer; convencionalismo e artificialismo no tocante às leis e religião; os direitos e deveres, ou o papel social a ser representado em sociedade, em virtude do nascimento, não passam de convenções sociais, não possuindo uma garantia divina ou universal; o subjetivismo (não existiria uma verdade única e objetiva); o ceticismo (nada podemos conhecer com certeza, não há um conhecimento ou verdade absoluta); uma indiferença moral e religiosa (não há uma norma social ou deuses válidos para todos); convencionalismo jurídico (lei e natureza são diferentes, não havendo leis imutáveis, sendo convenções sociais); oportunismo político (não há em absoluto o que seja justo ou injusto e o mesmo ocorre com os meios usados para se obter o que se quer. Os resultados justificam o que foi feito para que os mesmos fossem alcançados); humanismo (valorização dos problemas humanos).

Cabe destacar o método conhecido como antilogia, no qual o aluno era incentivado a defender uma tese e na sequência defender a tese oposta, deste modo, aprendia a defender dois argumentos contraditórios sobre um mesmo tema, desenvolvendo a arte do discurso e oratória.

Menos que um interesse especulativo, como então presente nos filósofos pré-socráticos, temos nos sofistas um interesse prático voltado para o dia-a-dia na pólis, para questões vinculadas a política e sociedade na cidade grega.

A ênfase principal dos sofistas, enquanto profissionais que educavam mediante pagamento, se dá no ensino da “aretê”, ou virtude e excelência em alguma coisa, tal termo podia ser aplicado a diversas áreas, tais como a música, o atletismo, a política e a matemática. No caso específico dos sofistas, estes ensinavam gramática, matemática, filosofia e o que o aluno quisesse aprender. Em particular, em Atenas havia um interesse maior pelo estudo da arte do discurso persuasivo, a retórica, visando entrar no meio político e ali fazer carreira, se aproveitando do momento histórico onde imperava a democracia nesta cidade.

Uma contribuição realmente importante para a história da filosofia e do conhecimento humano, presente nos sofistas, é que por meio de seu pensamento e obra, denunciam como falsa a pretensão de se conseguir uma verdade absoluta, pois, toda e qualquer verdade obtida será sempre, segundo os sofistas, uma construção humana visando promover e favorecer interesses ali presentes.

Em linhas gerais os sofistas ao defenderem o relativismo e o uso da retórica para convencer, propõem também não haver uma verdade única e absoluta, válida para todos e em qualquer circunstância, pois, a verdade é relativa a cada um e a cada sociedade com seus valores próprios. Não teríamos uma verdade universal, fixa, eterna e sim uma multiplicidade mutável e relativa, onde todas são igualmente verdadeiras, decorrentes do consenso da maioria.

 Silvério da Costa Oliveira.

 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

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quarta-feira, 16 de março de 2022

Demócrito de Abdera (1) * Os átomos e a teoria atomista

 


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Demócrito de Abdera (460-370 a.C.), nasceu em Abdera, colônia jônica da Trácia. Segundo a tradição foi discípulo ou continuador de Leucipo e escreveu cerca de 90 obras, das quais nos chegaram alguns fragmentos. Dentre as obras por ele escritas, temos: “Pequena ordem do mundo”, “Da forma”, “Do entendimento”, “Do bom ânimo”, “Preceitos”. A tradição também nos diz que vivia sempre a sorrir e por tal motivo, artistas posteriores tendem a representa-lo sempre rindo. Não há como distinguir perfeitamente sua doutrina da de Leucipo, pois, ainda na Antiguidade as obras dos atomistas foram compendiadas juntas. Apesar de ser considerado um pré-socrático, cronologicamente é posterior a Sócrates, sendo contemporâneo de Platão.

Conjuntamente com Leucipo de Mileto, se apresenta como um filósofo atomista. Por átomo entende a menor partícula de alguma coisa, pois, não seria possível a divisão de algo ao infinito. “atomon” = “sem partes” ou indivisível.

Além de sua contribuição no estudo da Physis com a teoria atomista, desenvolveu trabalho junto a ética e parte considerável dos fragmentos que nos chegaram aborda questões éticas e morais. Também se dedicou à matemática e geometria. Outra inovação em Demócrito encontra-se em que ele admite a existência de infinitos mundos, podendo haver vida nestes mundos. Temos em Demócrito uma filosofia de base determinista, causalista, materialista, mecanicista, quantitativa e não qualitativa, onde as coisas ocorrem necessariamente.

O movimento dos átomos (ser) ocorre no vazio (não ser), mas esta concepção de vazio como ausência de coisas, como vácuo, nada, zero ou conjunto vazio, tende a aproximar da noção de “não-ser” de Melisso, e não de Parmênides. Lembremos que o “não-ser” em Parmênides apresenta uma contradição ontológica que não permite sequer que o mesmo seja pensado, pois, quando da tentativa, pensamos algo e este algo é alguma coisa, ou seja, “ser”. Já o “não-ser” de Melisso tem base lógica e, portanto, pode ser pensado justamente como conjunto vazio, nulo, zero, vácuo.

Tudo que existe é criado a partir das diferenças existentes entre os átomos, sendo que estas diferenças ocorrem em número de três: forma, ordem e posição. Aristóteles nos explica esta questão, que pode ser assim exemplificada por meio do uso de letras: forma “A e N”, ordem “NA e AN” e posição “N e Z”. A estas três diferenças podemos acrescentar o peso e o tamanho de cada átomo, sendo o peso uma mera decorrência do tamanho e volume do átomo. Os átomos têm extensão, volume e peso.

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"Demócrito de Abdera: O filósofo sorridente".

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terça-feira, 15 de março de 2022

Demócrito de Abdera: O filósofo sorridente

Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Demócrito de Abdera

 Demócrito de Abdera (460-370 a.C.), nasceu em Abdera, colônia jônica da Trácia. Segundo a tradição foi discípulo ou continuador de Leucipo e escreveu cerca de 90 obras, das quais nos chegaram alguns fragmentos. Dentre as obras por ele escritas, temos: “Pequena ordem do mundo”, “Da forma”, “Do entendimento”, “Do bom ânimo”, “Preceitos”. A tradição também nos diz que vivia sempre a sorrir e por tal motivo, artistas posteriores tendem a representa-lo sempre rindo. Não há como distinguir perfeitamente sua doutrina da de Leucipo, pois, ainda na Antiguidade as obras dos atomistas foram compendiadas juntas. Apesar de ser considerado um pré-socrático, cronologicamente é posterior a Sócrates, sendo contemporâneo de Platão. A tradição nos diz ainda que teve uma vida longa, passando dos 100 anos, e segundo alguns relatos, já idoso, teria decidido não querer mais viver e teria parado de comer, fazendo jejum de modo a enfraquecer o corpo e ser levado a morte por fraqueza e inanição.


 

Segundo nos informa ainda a tradição, teria viajado muito e estado no Egito, Pérsia, Babilônia e talvez mesmo Índia e Etiópia. Viagens nas quais manteve contato com a cultura local, os sábios e se dedicou aos estudos.

Conjuntamente com Leucipo de Mileto, se apresenta como um filósofo atomista. Por átomo entende a menor partícula de alguma coisa, pois, não seria possível a divisão de algo ao infinito. “atomon” = “sem partes” ou indivisível.

Além de sua contribuição no estudo da Physis com a teoria atomista, desenvolveu trabalho junto a ética e parte considerável dos fragmentos que nos chegaram aborda questões éticas e morais. Também se dedicou à matemática e geometria. Outra inovação em Demócrito encontra-se em que ele admite a existência de infinitos mundos, podendo haver vida nestes mundos.

Os átomos possuem formas distintas e são eternos, imutáveis, indivisíveis e de tão pequenas que são, também invisíveis à percepção humana. O movimento dos átomos se dá por acaso e é aleatoriamente que estes se chocam se agregando ou desagregando e dando novo direcionamento ao movimento, logo, temos um universo constituído pela necessidade decorrente de choques aleatórios entre os átomos e que não envolve qualquer entidade inteligente. Tal concepção tende a dar origem a um rigoroso determinismo sobre tudo que há e ocorre no universo.

Temos em Demócrito uma filosofia de base determinista, causalista, materialista, mecanicista, quantitativa e não qualitativa, onde as coisas ocorrem necessariamente. Não há espaço para um mundo das ideias perfeitas cujas cópias formariam este nosso mundo, como o propôs Platão, como também não há espaço para um demiurgo que organize o universo, e nem é possível uma abordagem teleológica como formulou em sua teoria, Aristóteles.

Afirmar que tudo é átomos e vazio equivale a dizer que tudo é matéria e vazio. Estamos longe das doutrinas hilozoistas que previam que a matéria tem vida, e diante de um rigoroso materialismo que não permite a existência de uma alma ou espírito imortal ou de um deus transcendente, pois, mesmo a alma seria composta por átomos e deixaria de existir conjuntamente com o corpo. Os átomos continuam eternos e imutáveis, mas aquela agregação que permitia a vida e a alma deixa de existir e há uma desagregação destes átomos.

A alma é material e composta por átomos esféricos, sutis e móveis, sendo o princípio da vida e movimento dos humanos e demais animais. A alma é entendida como sendo um corpo dentro do corpo e que vem a perecer conjuntamente com o corpo, não admitindo a imortalidade ou reencarnação ou transmigração de almas como anteriormente proposta pelos pitagóricos.

O movimento dos átomos (ser) ocorre no vazio (não ser), mas esta concepção de vazio como ausência de coisas, como vácuo, nada, zero ou conjunto vazio, tende a aproximar da noção de “não-ser” de Melisso, e não de Parmênides. Lembremos que o “não-ser” em Parmênides apresenta uma contradição ontológica que não permite sequer que o mesmo seja pensado, pois, quando da tentativa, pensamos algo e este algo é alguma coisa, ou seja, “ser”. Já o “não-ser” de Melisso tem base lógica e, portanto, pode ser pensado justamente como conjunto vazio, nulo, zero, vácuo.

Entende como elementos ao cheio e ao vazio, ou, ao “ser” e ao “não ser”. Segundo Demócrito o não ser é entendido no mesmo sentido dado por Melisso, como fazendo referência ao vazio, ao nulo, ao zero, a ausência. Não se trata aqui de uma referência a Parmênides, onde teríamos uma contradição ontológica, e não lógica como em Melisso. Em Parmênides o não ser é algo impensável, pois ao tentarmos pensa-lo caímos em uma contradição, uma vez que ser é pensar e se penso em algo, penso no ser.

O vazio em Melisso e Demócrito não é uma entidade e sim a negação de alguma coisa, do mesmo modo que, na teoria dos conjuntos, um conjunto vazio.

Tudo que existe é criado a partir das diferenças existentes entre os átomos, sendo que estas diferenças ocorrem em número de três: forma, ordem e posição. Aristóteles nos explica esta questão, que pode ser assim exemplificada por meio do uso de letras: forma “A e N”, ordem “NA e AN” e posição “N e Z”. A estas três diferenças podemos acrescentar o peso e o tamanho de cada átomo, sendo o peso uma mera decorrência do tamanho e volume do átomo. Os átomos têm extensão, volume e peso.

O movimento dos átomos se dá no vazio ou vácuo, sendo deste modo muito importante a existência do vazio para explicar o movimento. No vazio ou vácuo os átomos em movimento colidem uns com os outros, juntando-se e formando novos compostos, mas mantendo sua figura e individualidade.

Todas as transformações que vemos ao nosso redor são originadas a partir da permanente organização e reorganização dos inúmeros átomos, os quais são minúsculas partículas sólidas indivisíveis, invisíveis ao olho humano e imutáveis. Como os átomos são eternos e indestrutíveis, temos o início aqui do princípio de conservação da matéria. O nascimento ou criação e a morte ou destruição ocorrem por meio da união e desagregação dos átomos.

 Silvério da Costa Oliveira.

 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

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