Professor Doutor Silvério

Blog: "Comportamento Crítico"

Professor Doutor Silvério

Silvério da Costa Oliveira é Doutor em Psicologia Social - PhD, Psicólogo, Filósofo e Escritor.

(Doutorado em Psicologia Social; Mestrado em Psicologia; Psicólogo, Bacharel em Psicologia, Bacharel em Filosofia; Licenciatura Plena em Psicologia; Licenciatura Plena em Filosofia)

Sites na Internet – Doutor Silvério

1- Site: www.doutorsilverio.com

2- Blog 1 “Ser Escritor”: http://www.doutorsilverio.blogspot.com.br

3- Blog 2 “Comportamento Crítico”: http://www.doutorsilverio42.blogspot.com.br

4- Blog 3 “Uma boa idéia! Uma grande viagem!”: http://www.doutorsilverio51.blogspot.com.br

5- Blog 4 “O grande segredo: A história não contada do Brasil”

https://livroograndesegredo.blogspot.com/

6- Perfil no Face Book “Silvério Oliveira”: https://www.facebook.com/silverio.oliveira.10?ref=tn_tnmn

7- Página no Face Book “Dr. Silvério”: https://www.facebook.com/drsilveriodacostaoliveira

8- Página no Face Book “O grande segredo: A história não contada do Brasil”

https://www.facebook.com/O-Grande-Segredo-A-hist%C3%B3ria-n%C3%A3o-contada-do-Brasil-343302726132310/?modal=admin_todo_tour

9- Página de compra dos livros de Silvério: http://www.clubedeautores.com.br/authors/82973

10- Página no You Tube: http://www.youtube.com/user/drsilverio

11- Currículo na plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/8416787875430721

12- Email: doutorsilveriooliveira@gmail.com


E-mails encaminhados para doutorsilveriooliveira@gmail.com serão respondidos e comentados excluindo-se nomes e outros dados informativos de modo a manter o anonimato das pessoas envolvidas. Você é bem vindo!

quarta-feira, 27 de abril de 2022

Hípias de Élis (1)* A lei civil serve para tiranizar os humanos

 


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 Híppias ou Hípias (460-400 a.C.) natural da cidade de Élis (Élide). A tradição o apresenta como um homem de saber enciclopédico (um polímata) e de enorme capacidade de memorização. Ele ensinava, inclusive, técnicas para memorização (mnemotécnica). O que sabemos hoje provém basicamente da obra de Platão, onde Hípias aparece como personagem em alguns livros, refiro-me aos diálogos “Hípias maior”, “Hípias menor” e “Protágoras”, e também da obra de Xenofonte.

Do mesmo modo que outros sofistas, atuou como professor itinerante, viajando pelas cidades da Grécia e cobrando por suas aulas. Também como outros sofistas, esteve em Atenas e lá ministrou cursos sobre a arte de bem falar, a oratória, lembrando que os sofistas eram mestres na retórica. Pelos relatos que temos, teria ganhado muito dinheiro com sua atividade docente. Também foi um grande matemático e nos baseando em Proclo, temos que Hípias desenvolveu estudos matemáticos sobre a quadratriz, visando resolver um dos três grandes problemas matemáticos da Antiguidade, a trissecção do ângulo (os outros dois são respectivamente: a duplicação do cubo e a quadratura do círculo).

Hípias apresenta uma atitude cosmopolita na qual defende a igualdade entre todos, sejam gregos ou não, sejam aristocratas ou escravos. Defende e enaltece a educação e defende também que a lei natural deva prevalecer sobre a lei civil, a qual tende a tiranizar os humanos e obriga-los a executar ações contrárias a natureza.

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"Hípias de Élis: Um homem de saber enciclopédico".

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terça-feira, 26 de abril de 2022

Hípias de Élis: Um homem de saber enciclopédico

  Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Hípias de Élis

 Híppias ou Hípias (460-400 a.C.) natural da cidade de Élis (Élide), esteve em Atenas em 421 a.C. A tradição o apresenta como um homem de saber enciclopédico (um polímata) e de enorme capacidade de memorização. Ele ensinava, inclusive, técnicas para memorização (mnemotécnica).

Como também ocorre com outros pensadores antigos, pouco sabemos sobre a vida de Hípias ou sobre sua obra. O que sabemos hoje provém basicamente da obra de Platão, onde Hípias aparece como personagem em alguns livros, refiro-me aos diálogos “Hípias maior”, “Hípias menor” e “Protágoras”, e também da obra de Xenofonte.

Do mesmo modo que outros sofistas, atuou como professor itinerante, viajando pelas cidades da Grécia e cobrando por suas aulas. Também como outros sofistas, esteve em Atenas e lá ministrou cursos sobre a arte de bem falar, a oratória, lembrando que os sofistas eram mestres na retórica. Pelos relatos que temos, teria ganhado muito dinheiro com sua atividade docente.


 

Também foi um grande matemático e nos baseando em Proclo, temos que Hípias desenvolveu estudos matemáticos sobre a quadratriz, visando resolver um dos três grandes problemas matemáticos da Antiguidade, a trissecção do ângulo (os outros dois são respectivamente: a duplicação do cubo e a quadratura do círculo). A quadratriz (latim: quadratrice) pode ser definida como a intersecção de duas linhas em movimento: onde temos uma linha se movendo em rotação, no sentido horário, e uma segunda linha se movendo de cima para baixo, em velocidade constante. Além de Proclo, também fazem referência a esta questão, mas sem citar o nome de Hípias, Papo de Alexandria e Iâmbico.

Conjuntamente com Protágoras, nos baseando nos diálogos de Platão, teria estabelecido uma distinção entre o que é bom ou mal por natureza (physis), este válido por toda eternidade, sendo necessário, universal e permanente, e o que o é por ser conforme a lei (nomos) vigente em dada sociedade, este contingente, artificial e variável. Toda lei humana seria uma coação contra a natureza. Ao nos basearmos no diálogo de Platão intitulado “Protágoras”, temos que Hípias entende que a natureza (physis) é aquilo que faz com que os humanos sejam semelhantes entre si, ou seja, aquilo que une os humanos. Já a lei (nomos) é aquilo que proporciona a divisão entre os humanos, fazendo com que estes ajam contrários à sua natureza. Deste modo, a natureza é entendida como único critério do que possa ser verdade para com o comportamento humano e a lei passa a ocupar um lugar desvalorizado. Ao considerar a natureza como o que une os humanos e a lei como o que provoca a desunião, abre espaço para crítica quanto as divisões sociais existentes dentro da própria sociedade grega e entre os gregos e demais povos. Estamos diante de um ideal cosmopolita e igualitário entre os povos, algo realmente revolucionário para a época. As leis (nomos) podem atuar como fonte de poder tirânico e arbitrário na área política.

Resumindo, temos que Hípias apresenta uma atitude cosmopolita na qual defende a igualdade entre todos, sejam gregos ou não, sejam aristocratas ou escravos. Defende e enaltece a educação e defende também que a lei natural deva prevalecer sobre a lei civil, a qual tende a tiranizar os humanos e obriga-los a executar ações contrárias a natureza.

 Silvério da Costa Oliveira.

 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

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quarta-feira, 20 de abril de 2022

Pródico de Céos (1) * Sofista, professor, orador


 

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 Prodicus ou Pródico (465-395 a.C.), ou Pródicus de Céos, priorizava em seu ensino a retórica e a ética, sendo tido a época como um grande professor e orador. Também conhecido por suas distinções linguísticas e a atenção que dava a correção do sentido das palavras usadas no discurso, priorizando a exatidão dos nomes. Segundo Pródico, para desenvolver um discurso ou participar de um debate é importante que as palavras usadas sejam adequadamente definidas, dando um especial destaque ao uso correto das palavras e a definição exata dos sinônimos.

O que há de caracterizar Pródico como sofista será a cobrança de um valor em dinheiro para ter-se suas aulas, e dele ser um hábil orador, conhecedor da retórica. Três pontos se destacam no seu pensamento 1- A ética expressa na escolha de Hércules entre a virtude e o vício, valorizando o esforço e trabalho, 2- A origem dos deuses nos fenômenos da natureza e naqueles tidos como os portadores de alguma descoberta útil à sobrevivência da humanidade (vinho, pão, fogo, água, agricultura, etc.) e 3- A precisa definição dos sinônimos e das palavras em busca do significado presente nas mesmas. A discussão e divergência entre as pessoas pode se dar meramente por entenderem coisas diferentes pelas mesmas palavras. Interessante seu posicionamento sobre o sucesso estar vinculado ao trabalho e esforço próprio, bem como seu pensamento sobre a morte e o motivo pelo qual não devemos temê-la.

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terça-feira, 19 de abril de 2022

Pródico de Céos: A escolha de Hércules entre o vício e a virtude

 Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Pródico de Céos

 Prodicus ou Pródico (465-395 a.C.), ou Pródicus de Céos. Nasceu em Iulis, ilha de Céos. Pouco ou quase nada sabemos sobre sua vida. Considerado grande orador, e em virtude disto, esteve em Atenas, por algumas vezes, como embaixador de Céos e também como professor. Se diferenciando de outros sofistas, além da oratória, seus ensinamentos priorizaram a aprendizagem de um comportamento ético.

Pródico priorizava em seu ensino a retórica e a ética, sendo tido a época como um grande professor e orador. Também conhecido por suas distinções linguísticas e a atenção que dava a correção do sentido das palavras usadas no discurso, priorizando a exatidão dos nomes. Segundo Pródico, para desenvolver um discurso ou participar de um debate é importante que as palavras usadas sejam adequadamente definidas, dando um especial destaque ao uso correto das palavras e a definição exata dos sinônimos.


 

Segundo seu pensamento, não devemos temer a morte, pois, enquanto estamos vivos, a morte não existe, e quando ela existe, já nós não existimos mais. Entende que é necessário esforço para obter sucesso na vida e que nada de bom ou belo se consegue neste mundo sem trabalho.

Cabe aqui a referência a um de seus discursos, no qual apresenta uma fábula que tem como personagem principal a Hércules e na qual o herói precisa fazer uma escolha apresentada por duas mulheres, uma representando o vício (Cacia, Kakía) e a outra a virtude (Areth, Areté).

Se por um lado temos uma vida direcionada para o prazer intenso e imediato, preso nas sensações corporais, buscando o que desejamos e o que nos é de algum modo útil, mas sem qualquer escrúpulo moral, proposto por Kakía, por outro, temos a proposta de Areté, que também se direciona para a utilidade do que buscamos, mas este caminho se solidifica pelo esforço, fadiga e trabalho necessário para alcançar estas metas. Há aqui uma valorização do que é útil para nós, mas também uma valorização do esforço e do trabalho necessário para alcançar o sucesso naquilo que buscamos. Menos que o fim, a alegria e felicidade, as propostas de Kakía e de Areté se diferenciam pelo caminho a ser percorrido, se mais curto (Kakía) ou mais longo (Areté) e as consequências oriundas da escolha de cada um destes caminhos. Hércules escolhe o caminho da virtude e este é o caminho ético e moral apontado pelo discurso de Pródico.

Nesta história sobre a encruzilhada na qual se encontrava o personagem Hércules e as duas mulheres que dele se aproximam com propostas distintas e antagônicas entre si, temos simbolizado o grande desafio de decidir quem de fato nós queremos ser na vida, ou dito de outra forma, qual a vida que queremos para nós, pois, estamos diante de uma escolha que marcará para sempre nossa vida.

No tocante aos deuses gregos, não seria correto classificar Pródico como um ateísta, pois mantinha um comportamento respeitoso como era esperado dentro da cultura grega, mas possuía um entendimento bem original e crítico sobre a questão. Segundo Pródico, inicialmente os humanos entenderam como deuses aqueles fenômenos da natureza por eles considerados úteis e vantajosos para sua sobrevivência, tal é o caso do sol, da lua ou do rio Nilo. Posteriormente, passaram a divinizar os humanos que realizaram alguma grande proeza ou que trouxeram alguma contribuição muito significativa, tal como a descoberta do fogo ou novas práticas agrícolas. Procurou por tal modo explicar o surgimento da ideia sobre a existência dos deuses, sem, no entanto, negar sua existência.

Alguns temas interessantes podem ser exemplificados a partir das seguintes teses de origem em Pródico: 1- A virtude é uma ciência, pode ser ensinada e deve ser aprendida. 2- A ciência do bem e do mal consiste no conhecimento da natureza do humano. O mal é feito por ignorância e cada qual deseja somente aquilo que for de acordo com a sua natureza. Conhecendo sua própria natureza o humano há de fazer o bem e ser feliz. 3- A filosofia ou sabedoria é a primeira ciência, pois permite tudo usar e fazer com sabedoria. A sabedoria é o maior dos bens. 4- Esta ciência, sabedoria ou filosofia, há de incluir a conduta individual e a direção dos negócios públicos.

O que há de caracterizar Pródico como sofista será a cobrança de um valor em dinheiro para ter-se suas aulas, e dele ser um hábil orador, conhecedor da retórica. Três pontos se destacam no seu pensamento 1- A ética expressa na escolha de Hércules entre a virtude e o vício, valorizando o esforço e trabalho, 2- A origem dos deuses nos fenômenos da natureza e naqueles tidos como os portadores de alguma descoberta útil à sobrevivência da humanidade (vinho, pão, fogo, água, agricultura, etc.) e 3- A precisa definição dos sinônimos e das palavras em busca do significado presente nas mesmas. A discussão e divergência entre as pessoas pode se dar meramente por entenderem coisas diferentes pelas mesmas palavras. Interessante seu posicionamento sobre o sucesso estar vinculado ao trabalho e esforço próprio, bem como seu pensamento sobre a morte e o motivo pelo qual não devemos temê-la.

 Silvério da Costa Oliveira.

 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

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quarta-feira, 13 de abril de 2022

Górgias (1) * Grande representante do movimento sofista e da retórica

 


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 Górgias (485-380 a.C.) é natural de Leontini, vindo a falecer por volta dos 109 anos de idade, em Larisa (Tesalia). Esteve em Atenas como embaixador, teria sido discípulo de Empédocles. Platão lhe dedicou um livro, o diálogo cujo nome é “Górgias”. Dentre suas principais obras, temos: “Sobre o não-ser ou da natureza”, “A defesa de Palamedes”, “A oração fúnebre” e “Elogio a Helena”. Górgias é um grande orador e um dos maiores expoentes da retórica e sofística em seu tempo.

Górgias defendia a ideia da união de todas as cidades-Estado gregas, de um pan-helenismo. Para Górgias, só existem aparências. Considerado cético em virtude de suas três teses, presentes no livro “Sobre o não-ser ou da natureza”, na doxografia comentada por Sexto Empírico (Livro: Adversus Mathematicos) e um autor desconhecido que se faz passar por Aristóteles, pseudo-Aristóteles (Livro: Sobre Melisso, Xenófanes e Górgias – MXG). Tomando por base suas três teses ali apresentadas temos que:

1- Nada existe (a tradução mais correta seria “nada é”).

2- Mesmo que existisse o ser, este seria desconhecido.

3- Se fosse possível conhecer o ser, este conhecimento seria incomunicável e inexplicável para outro.

A crítica e tentativa de refutação do pensamento da Escola eleática, presente na afirmação de Parmênides de que o ser é e o não ser não é, encontra em Górgias a afirmação que qualquer enunciado sobre o ser não seja válido. Discorda Górgias, portanto, da identidade do ser com o pensar presente em Parmênides, mas ao fazê-lo, em verdade, se refere ao ser proposto por Melisso, que é um ser lógico, e não ontológico como o proposto por Parmênides.

Enquanto que para Protágoras a virtude podia ser ensinada e este se propunha a fazê-lo, para Górgias isto já não é possível, pois, cada grupo social terá as suas virtudes próprias. A virtude do escravo não será a mesma do senhor, e a do homem não será a mesma da mulher nem da criança. No tocante a atividade pedagógica exercida pelo sofista, caberia somente o ensino da arte da retórica, pois não caberia se propor a ensinar qualquer virtude, uma vez que esta não é absoluta para todos.

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"Górgias: Nada é, pode ser conhecido, ou comunicado".

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terça-feira, 12 de abril de 2022

Górgias: Nada é, nada pode ser conhecido, ou comunicado

  Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Górgias

 Górgias (485-380 a.C.) é natural de Leontini, colônia de Chalcis, Sicília. Segundo a tradição teria tido uma vida longa, vindo a falecer por volta dos 109 anos de idade, em Larisa (Tesalia). Esteve em Atenas como embaixador no ano de 427 a.C., visando obter ajuda contra os siracusanos. Também segundo uma linha presente em diversos comentadores, teria sido discípulo de Empédocles. Platão lhe dedicou um livro, o diálogo cujo nome é “Górgias”. Dentre suas principais obras, temos: “Sobre o não-ser ou da natureza”, “A defesa de Palamedes”, “A oração fúnebre” e “Elogio a Helena”. Infelizmente, poucos fragmentos de suas obras chegaram aos nossos dias, ressaltando que “Elogio a Helena”, como também “A defesa de Palamedes”, conseguiram chegar inteiros até os presentes dias e demonstram a eloquência de sua arte retórica.


 

Górgias defendia a ideia da união de todas as cidades-Estado gregas, de um pan-helenismo. Outro ponto importante em seu pensamento encontra-se em que, para Górgias, só existem aparências. Considerado cético em virtude de suas três teses, presentes no livro “Sobre o não-ser ou da natureza”, do qual nos chegaram fragmentos, ou melhor dizendo, paráfrases, apenas a doxografia comentada por Sexto Empírico (Livro: Adversus Mathematicos) e um autor desconhecido que se faz passar por Aristóteles, pseudo-Aristóteles (Livro: Sobre Melisso, Xenófanes e Górgias – MXG). Tomando por base suas três teses ali apresentadas temos que:

1- Nada existe (apesar de ser o modo mais comum de ser apresentado, a tradução mais correta seria “nada é”, fazendo alusão ao verbo “ser” e não ao verbo “existir” e deste modo uma referência direta ao “ser” de Parmênides, Zenão e Melisso. Este comentário vale para o emprego destes dois verbos no decorrer deste texto). Se algo existe deve proceder de algo ou ser eterno. Não pode provir de algo, pois se o fizesse teria de provir do ser (entendido como uma realidade imutável tal como proposta pelos eleatas. Se o ser gerasse o ser, estaríamos diante do devir, da mudança) ou do não-ser. Não pode ser eterno, pois para sê-lo teria de ser infinito, mas o infinito não está em parte alguma, pois, não está em si e em qualquer outro ser. Aqueles pensadores que defendem que o ser é uno, refutam a possibilidade da multiplicidade, já os pensadores que defendem que o ser é múltiplo, refutam por meio de seus argumentos, a possibilidade deste ser uno, logo, baseado em ambas refutações, o ser não é uno nem múltiplo e deste modo não pode existir. O mesmo raciocínio vale quanto a este ser gerado ou não ser gerado, pois, os que defendem uma tese refutam a outra e deste modo, ao refutar ambas as teses, temos que o ser não pode ser gerado ou ingerado. Se algo não é uno, nem múltiplo, nem gerado, nem não gerado, torna-se obrigatória a conclusão que este algo nada é, ou seja, que não pode existir, pois caso contrário seria uma coisa ou outra.

2- Mesmo que existisse o ser, este seria desconhecido. Se o ser fosse conhecido, teria de ser pensado, no entanto, o que é pensado é distinto da realidade pensada. Podemos pensar em coisas que não existem na realidade, como, por exemplo, um elefante com asas de borboleta voando.

3- Se fosse possível conhecer o ser, este conhecimento seria incomunicável e inexplicável para outro. Como, por exemplo, seria possível explicar a cor vermelha presente em uma maçã para um cego de nascença? Nós não podemos expressar o que o ser realmente é porque fazemos uso da linguagem para tal e as palavras não incapazes de passar qualquer outra coisa que não palavras, nós obrigatoriamente nos comunicamos com o uso de linguagem, palavras, e não com o próprio ser das coisas.

Resumindo a argumentação de Górgias sobre o Ser: 1- nada existe (nada é), 2- mesmo que houvesse alguma coisa, não poderíamos conhecê-la e 3- mesmo que pudéssemos conhecê-la, não poderíamos comunicá-la aos outros.

A crítica e tentativa de refutação do pensamento da Escola eleática, presente na afirmação de Parmênides de que o ser é e o não ser não é, encontra em Górgias a afirmação que qualquer enunciado sobre o ser não seja válido. Discorda Górgias, portanto, da identidade do ser com o pensar presente em Parmênides, mas ao fazê-lo, em verdade, se refere ao ser proposto por Melisso, que é um ser lógico, e não ontológico como o proposto por Parmênides.

Enquanto que para Protágoras a virtude podia ser ensinada e este se propunha a fazê-lo, para Górgias isto já não é possível, pois, cada grupo social terá as suas virtudes próprias. A virtude do escravo não será a mesma do senhor, e a do homem não será a mesma da mulher nem da criança. No tocante a atividade pedagógica exercida pelo sofista, caberia somente o ensino da arte da retórica, pois não caberia se propor a ensinar qualquer virtude, uma vez que esta não é absoluta para todos. O que cabe ao sofista ensinar é a arte da persuasão, do falar bem, a retórica. Esta arte por sua vez, passa a ser desvinculada da verdade e mesmo da doxa, opinião, ganhando autonomia sobre o objeto ao qual se refere, autonomia ilimitada. Segundo Górgias, esta arte permitiria convencer qualquer um sobre qualquer coisa, mesmo que o orador não dominasse totalmente e de forma técnica o assunto em particular.

Górgias é um grande orador e um dos maiores expoentes da retórica e sofística em seu tempo. Dentre seus discursos, que chegaram aos nossos dias, temos o “Elogio a Helena”, que escolhe como personagem tema a mulher que os gregos consideravam responsável pela guerra de Troia e que era detentora de uma grande virtude, a beleza sem igual, que, no entanto, não conseguiu impedir que infortúnios abatessem sobre ela. Escolhendo o lado mais fraco e cuja audiência previamente considerava culpada, pode Gorgias defender sua inocência de modo convincente. Já quanto a “A defesa de Palamedes”, temos aqui outro personagem presente na guerra de Troia, se bem que seu nome não apareça em Homero e sim em outros textos. Palamedes é o herói que possui como virtude uma grande inteligência, mas que da mesma forma que a virtude da Beleza presente em Helena, também não evita que este sofra grande infortúnios, sendo injustamente condenado por traição e executado. Em seu discurso, defende a integridade e honestidade de Palamedes, deixando claro não ser possível ele ser um traidor, como o queriam seus algozes.

O conhecimento é um fato social e o pensamento é inseparável de sua expressão ou da linguagem usada, deste modo, a ciência é fundada sobre um acordo social e nisto Górgias tende a pensar de modo semelhante a Protágoras.

 Silvério da Costa Oliveira.

 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

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quarta-feira, 6 de abril de 2022

Protágoras (1) * O homem é a medida de todas as coisas

 


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 Protágoras (490/480- 415/410 a.C.), nasceu em Abdera e dentre outras cidades, visitou Atenas. Um de seus livros, “Sobre os deuses”, foi o motivo da acusação de impiedade contra os deuses da qual resultou sua condenação e fuga. Se realmente ocorreu a denúncia por impiedade, seu real motivo foi político, visando perseguir os apoiadores de Péricles após a morte deste e de seus filhos pela peste.

Em Protágoras, como também em outros sofistas temos presente: o antropocentrismo, que substitui a natureza pelo humano no centro do debate; o relativismo, que permite desenvolver a defesa de teses contrárias, podendo todas serem verdadeiras de acordo com o ponto de vista e argumentos empregados em sua defesa; o subjetivismo, que retira a ênfase da realidade objetiva e a põe nas emoções e valores humanos; o pragmatismo, que objetiva o sucesso, a praticidade; o utilitarismo, que busca o útil em detrimento a outros valores; o fenomenismo, que valoriza o que aparece, as aparências; o agnosticismo, que defende não poder opinar sobre a existência ou não de deuses e a veracidade sobre questões religiosas; o convencionalismo, que aceita que a verdade é formada por uma acordo social baseado nas tradições e na repetição de determinados comportamentos e atitudes; a razão instrumental, o instrumentalismo da razão; o particularismo, empirismo; o humanismo, que põe o humano no centro das decisões, da verdade, dos valores, da sociedade.

Se o homem (se referindo ao ser humano) no sentido individual ou no sentido universal, é a medida de todas as coisas como o queria Protágoras (O homem é a medida de todas as coisas, das que são, enquanto são, das que não são, enquanto não são), temos duas possibilidades, ou entendemos que este humano é a medida de todas as coisas no sentido universal e não individual, e deste modo nos afastamos de um relativismo absoluto, ou nos encaminhamos para um total relativismo, onde cada humano em particular possui uma medida e um conhecimento que lhe é verdadeiro para si somente, e não para os demais.

Protágoras também apresentou reais desenvolvimentos na gramática e na retórica.

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"Protágoras: O humano no centro de tudo".

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terça-feira, 5 de abril de 2022

Protágoras: O humano no centro de tudo

 Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Protágoras

 O homem é a medida de todas as coisas, das que são enquanto são e das que não são enquanto não são.

Protágoras.

Acerca dos deuses, eu não posso saber se existem ou não, nem tampouco que forma podem ter. Há muitos impedimentos para sabê-lo, a obscuridade do assunto e a brevidade da vida humana.

Protágoras.

 Protágoras (490/480- 415/410 a.C.), nasceu em Abdera e dentre outras cidades, visitou Atenas. Em certa época foi acusado de impiedade e condenado à morte, mas conseguiu fugir de Atenas para a Sicília, vindo a falecer aos 80 anos de idade. Um de seus livros, “Sobre os deuses”, foi o motivo da acusação de impiedade contra os deuses da qual resultou sua condenação e fuga, tendo sido este livro queimado em praça pública. Em alguns relatos teria falecido na fuga de Atenas, pois seu barco teria afundado. De qualquer modo, se realmente ocorreu a denúncia por impiedade, seu real motivo foi político, visando perseguir os apoiadores de Péricles após a morte deste e de seus filhos pela peste. Protágoras também apresentou reais desenvolvimentos na gramática e na retórica.


 

Em Protágoras, como também em outros sofistas temos presente: o antropocentrismo, que substitui a natureza pelo humano no centro do debate; o relativismo, que permite desenvolver a defesa de teses contrárias, podendo todas serem verdadeiras de acordo com o ponto de vista e argumentos empregados em sua defesa; o subjetivismo, que retira a ênfase da realidade objetiva e a põe nas emoções e valores humanos; o pragmatismo, que objetiva o sucesso, a praticidade; o utilitarismo, que busca o útil em detrimento a outros valores; o fenomenismo, que valoriza o que aparece, as aparências; o agnosticismo, que defende não poder opinar sobre a existência ou não de deuses e a veracidade sobre questões religiosas; o convencionalismo, que aceita que a verdade é formada por uma acordo social baseado nas tradições e na repetição de determinados comportamentos e atitudes; a razão instrumental, o instrumentalismo da razão; o particularismo, empirismo; o humanismo, que põe o humano no centro das decisões, da verdade, dos valores, da sociedade.


 

Tudo muda, fazendo eco ao “panta rei” de Heráclito, há uma mudança incessante de tudo a nossa volta. Em seu pensamento encontramos o subjetivismo, relativismo e ceticismo, de modo que, a moral e a justiça não são universais, pois, cada humano ou sociedade diferente terá uma visão distinta sobre o que seja o bem e o mal.

Se o homem (se referindo ao ser humano) no sentido individual ou no sentido universal, é a medida de todas as coisas como o queria Protágoras (O homem é a medida de todas as coisas, das que são, enquanto são, das que não são, enquanto não são), temos duas possibilidades, ou entendemos que este humano é a medida de todas as coisas no sentido universal e não individual, e deste modo nos afastamos de um relativismo absoluto ao nos aproximar de uma visão kantiana (fenômeno e numeno) ou piagetiana (ação sobre o objeto), ou nos encaminhamos para um total relativismo, onde cada humano em particular possui uma medida e um conhecimento que lhe é verdadeiro para si somente, e não para os demais.

Aqui nos deparamos inicialmente com duas possibilidades de interpretação de Protágoras quando afirma que o homem é a medida de todas as coisas. Primeiro temos o entendimento que este homem do qual nos fala Protágoras é o homem individual, cuja experiência é particular a cada indivíduo, igualando também conhecer com perceber. Como percebemos o mundo, assim o mundo é para nós. Se o verdadeiro se iguala a uma percepção particular da realidade, então passamos a estar diante de uma visão subjetivista do mundo que poderíamos chamar de subjetivismo empírico, onde conhecimento é percepção individual. Estamos diante também do relativismo. Mas já que o humano vive em sociedade, a verdade aceita neste grupo se dá pelo que podemos chamar de convencionalismo, ultrapassando a verdade individual de cada um. Nos aproximamos, deste modo, de uma segunda visão de homem, agora o homem universal, no qual o conhecimento é tido como verdadeiro não para um só elemento e sim para o grupo de humanos como tal. Uma interpretação dos escritos de Platão, Aristóteles e Sexto Empírico parece indicar que o entendimento de Protágoras era no sentido do homem individual e não universal, o que aproximaria o pensamento de Protágoras da ideia de “panta rei”, tudo flui, presente no elemento fogo proposto por Heráclito.

Uma terceira via interpretativa se coloca entre o total relativismo de uma verdade para cada humano, pois cada qual percebe a realidade de uma forma única e particular, e por outro lado, entre a percepção do humano enquanto espécie, que traz medidas válidas para toda a espécie humana, pois a forma de percebermos a realidade circundante é oriunda dos instrumentos que nossa espécie possui para percebê-la. Nesta visão intermediária, temos que os humanos constroem todas as medidas que usamos em sociedade, portanto, se aplicaria ao homem social, pois, ao vivermos em sociedade todas as medidas e valores ali existentes são criações humanas. De qualquer modo, ao afirmar ser o homem a medida de todas as coisas, não estava Protágoras no mesmo caminho dos pré-socráticos com a physis, aqui o entendimento é válido somente para medidas humanas e compartilhadas por humanos e não para o cosmos ou a natureza, ou seja, nós não somos a medida de um vulcão, e sim somente da percepção que temos deste vulcão.

Também segundo o pensamento de Protágoras, pode-se entender que todo argumento possui sempre a possibilidade de desenvolvimento de duas teses contrárias, uma favorável e outra contrária, sendo ambas válidas e defensáveis, posição esta conhecida por “antilogia”.

Esta atitude relativista também é levada para as religiões e os deuses, onde passamos a ter uma indiferença sobre se deuses existem ou não, o que nos traz o agnosticismo, onde se abstém de afirmar que os deuses existam ou não existam.

Afinal, a relação entre o sujeito que conhece e o objeto que é conhecido, esta medida dada ao conhecimento, é pessoal ou pertence a nossa espécie e deste modo universal a todos da mesma espécie? Estaríamos ou não diante de conceitos tais como universalidade e necessidade, mesmo que em germe? Se igualamos perceber a conhecer e priorizamos os dados empíricos, estamos diante de uma relação fenomênica, onde por fenômeno temos aquilo que aparece, ou seja, as aparências. Caminhando por tal caminho, o homem enquanto medida de tudo nos põe diante do homem individual, ou do homem universal ou do homem social, mas de qualquer modo, cabe a este humano ser aquele que tudo mede, valora, determina, não havendo posse de verdade fora deste contexto que coloca o humano no centro de tudo, deste antropocentrismo.

 Silvério da Costa Oliveira.

 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

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