Professor Doutor Silvério

Blog: "Comportamento Crítico"

Professor Doutor Silvério

Silvério da Costa Oliveira é Doutor em Psicologia Social - PhD, Psicólogo, Filósofo e Escritor.

(Doutorado em Psicologia Social; Mestrado em Psicologia; Psicólogo, Bacharel em Psicologia, Bacharel em Filosofia; Licenciatura Plena em Psicologia; Licenciatura Plena em Filosofia)

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1- Site: www.doutorsilverio.com

2- Blog 1 “Ser Escritor”: http://www.doutorsilverio.blogspot.com.br

3- Blog 2 “Comportamento Crítico”: http://www.doutorsilverio42.blogspot.com.br

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5- Blog 4 “O grande segredo: A história não contada do Brasil”

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6- Perfil no Face Book “Silvério Oliveira”: https://www.facebook.com/silverio.oliveira.10?ref=tn_tnmn

7- Página no Face Book “Dr. Silvério”: https://www.facebook.com/drsilveriodacostaoliveira

8- Página no Face Book “O grande segredo: A história não contada do Brasil”

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9- Página de compra dos livros de Silvério: http://www.clubedeautores.com.br/authors/82973

10- Página no You Tube: http://www.youtube.com/user/drsilverio

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12- Email: doutorsilveriooliveira@gmail.com


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quinta-feira, 16 de março de 2023

Thomas More (Morus): O autor de "Utopia"

 

Por: Silvério da Costa Oliveira.

 

Thomas More (Morus)

 

Thomas More (1478/1480-1535), nasce em Londres, Inglaterra, santo pela Igreja Católica Apostólica Romana e também pela Igreja Anglicana, beatificado pelo papa Leão XIII em 1866 e canonizado pelo Papa Pio XI em 1935.

Estudou Direito e as línguas latim e grego, filósofo, ocupou diversos cargos públicos na Inglaterra, atuou como diplomata, escritor, advogado e homem de leis. Vários comentadores e estudiosos de sua obra o consideram um dos grandes humanistas do Renascimento.

Em sua época histórica não era comum para as mulheres estudarem, mas More quebrou este paradigma fornecendo uma excelente e clássica educação para todos os seus filhos, não separando os homens das mulheres neste quesito.


 

Insere-se dentro do movimento humanista de sua época. Sofre influência de Aristóteles, Tomás de Aquino e da Escolástica. Seu livro mais famoso é “Utopia” (“...do melhor estado de uma república e sobre a nova ilha de Utopia...”), 1516. Em 1518, escreveu outra obra importante, “A História de Ricardo III”, considerada a primeira obra-prima da historiografia inglesa e que há de influenciar obra análoga de William Shakespeare.

Em 1521 tornou-se cavaleiro (Knight). Dentre os vários cargos nos quais atuou quando no governo, cabe destaque o cargo de Lorde Chanceler do Selo Real, 1529 até 1532. Quando estava a serviço do rei da Inglaterra, Henrique VIII, entre 1529 e 1533, negou-se a firmar a ata da supremacia que objetivava questionar a autoridade papal, tornando o rei da Inglaterra a frente da Igreja em seu país, bem como, reconhecendo a separação do rei de sua esposa Catarina de Aragão e este casar-se novamente, com Ana Bolena, bem como, o reconhecimento da legitimidade dos filhos nascidos deste novo casamento, e por tal motivo, por negar tal juramento, More demitiu-se de seu cargo de chanceler e se afastou da corte, mas não adiantou, pois, passado algum tempo, foi preso e posteriormente decapitado.

Homem religioso, mantinha suas orações e devoção a Deus presente em sua vida. Como homem de Estado, mantinha seu comportamento ético de base cristã, não aceitando subornos e atuando do melhor modo possível dentro das funções de seu cargo. Após sua morte, ficamos sabendo que fazia penitência usando uma camisa de tecido desconfortável junto a sua pele, provocando incômodo e desconforto. O tecido de cilício usado por More por baixo de sua camisa de seda usada na corte do rei, normalmente é feito de crina ou pêlo de cabra e deve ficar junto a pele visando a mortificação ou penitência, trata-se de tecido áspero e grosseiro.

Thomas More foi um crítico da reforma protestante na Europa, se opunha a Lutero e defendia que o direito canônico estava acima do direito comum. No período em que foi chanceler da Inglaterra, 1529-1532, atuou de modo a perseguir e punir os que se afastavam da religião católica. Sua perseguição aos hereges e às heresias, bem como sua oposição a Lutero e à reforma protestante, nos traz um paradoxo quanto a sua vida, pois, enquanto assim atuava a frente do governo, por meio de seus escritos vemos algumas notas críticas à sociedade de sua época e à defesa da tolerância religiosa.

Seu livro Utopia é inspirado na República de Platão, detalha uma ilha na qual teríamos um Estado ideal, e por tal meio realiza uma crítica social às condições da Inglaterra a sua época. O título de sua obra provém do grego, “u” que é uma negação e “topos” que significa lugar, logo, “utopia” tem o significado de: lugar nenhum. More foi o criador da palavra “utopia”. Sua obra é uma utopia renascentista inspirada nos relatos provindos de marinheiros após a descoberta de novas terras, do novo mundo. Por vezes os habitantes destas novas terras eram descritos como pessoas felizes que viviam em estado de natureza.

O personagem principal da obra, que conversa com o personagem que representa Thomas More, é o marinheiro "nascido em Portugal", Rafael Hitlodeu, que narra sua viagem até a ilha de Utopia, descrevendo a sociedade que vivenciou durante sua estada no local. Neste livro fala sobre uma sociedade na qual os bens são comuns a todos, temos igualdade entre homens e mulheres em várias situações, e um governo feito por sábios. Em clara inspiração na obra “A República”, dista dela na medida em que para Platão os bens comuns ocorreriam somente entre duas das três classes existentes em sua cidade ideal. Para Platão, somente entre os governantes e os guerreiros haveria bens comuns e ausência da propriedade privada, já para Thomas More, esta situação se estenderia para todos na sociedade. Em verdade, não há classes sociais na Utopia de More. Defende a tolerância e o final das perseguições por motivos de crenças religiosas, no entanto, não admite os ateus. Para este autor, não seria possível viver neste Estado ideal quem não acreditasse na existência de Deus, na providência Divina e na imortalidade da alma.

Cabe à personagem da obra, o navegador português Rafael Hitlodeu, descrever tudo que conheceu quando lá esteve na ilha de Utopia. O livro se divide em duas partes, na primeira temos uma abordagem crítica a situação da Inglaterra na época em que o livro é escrito, já na segunda parte temos uma descrição de Utopia, de modo que o leitor possa comparar criticamente os prós e contras de ambas as sociedades. Apesar de crítico à sociedade de sua época, o livro também se mostra como uma sátira ao apresentar a sociedade da ilha de Utopia, seu objetivo, menos que defender uma mudança radical nos costumes e na política do Estado, é propor uma reflexão sobre formas de governo em busca de um modo melhor de governar, mas tendo como base um Estado cristão.

Além de Platão, temos presente a influência de Epicuro, onde o prazer moderado ganha lugar de destaque, bem como o ócio para ser desfrutado de modo moral e intelectual. Na sua cidade ideal o trabalho é organizado e distribuído de modo a não termos a servidão ao senhor. A felicidade dos que residem nesta cidade se dá por poderem ter prazeres simples e por não possuírem desejo por coisas supérfluas.

Em sua ilha a felicidade e tranquilidade social e religiosa se dá pela tolerância e o comunismo de bens. Em uma Europa onde se tornou comum a intolerância e as lutas religiosas, nesta ilha temos um lugar ideal onde tais lutas inexistem. Ele idealizou em seu livro uma sociedade perfeita, na qual haveria tolerância e liberdade religiosa, educação igual para homens e mulheres, jornada de trabalho de seis horas diárias, ausência de violência e os governantes atuariam em prol do bem comum do povo da cidade.

No livro “Utopia”, em linhas gerais, temos a elaboração de um contexto no qual possuímos uma sociedade na qual coisa alguma pertence a quem quer que seja, e na qual tudo é de todos, ou seja, a ausência da propriedade privada e a prevalência da propriedade coletiva. Nesta sociedade da ilha de Utopia, temos que o bem-comum é mais importante que o bem individual. A guerra é abominada e a caça é tida como loucura. Já quanto ao ouro e demais metais preciosos, tão cobiçados pelos europeus da época, não possuem o menor valor dentro desta comunidade, na qual temos a presença de escravos, dois por família, e que são presos por correntes de ouro, bem como, o ouro é usado na troca com outros povos, mas na ilha mesmo não circula moeda alguma representando dinheiro. Nesta ilha as pessoas trabalham somente seis horas diárias e podem dedicar seis ou oito horas para o sono reparador e o restante do tempo para atividades do seu interesse.

Apesar de abominarem a guerra e não darem valor ao ouro em sua ilha, ambas as coisas são mantidas. Se alguém de sua ilha for molestado por outro povo ou se houver necessidade de expansão territorial fora da ilha, a guerra se faz necessária, se bem que, neste caso, possa-se fazer uso do ouro para pagar mercenários para fazerem a guerra no lugar dos nativos da ilha de Utopia e, neste novo caso, o ouro também se faz necessário. Aliás, o ouro pode ser usado no comércio com outros povos, de fora da ilha.

Thomas More, e sua obra Utopia, não deve ser visto por um prisma social revolucionário, pois não é esta a intenção do autor, e sim propor uma reflexão sobre a necessidade de reformas sociais, a obra não é um manifesto e sim uma obra literária de ficção.

Apesar de revolucionário para sua época, ao sabor dos tempos atuais, a sociedade descrita no livro Utopia, carece de liberdade e traz algumas questões consideradas hoje inapropriadas, tais como a desigualdade presente entre homens e mulheres, a existência de trabalho escravo, uma organização social que exige disciplina e ordem ao mesmo tempo em que restringe liberdades individuais, como a de ir e vir, que tornam o governo desta ilha muito semelhante a governos hoje autoritários. Cabe citar, por exemplo, no caso desta vertente presente em um governo que hoje seria tido como autoritário, indicar que profissões os cidadãos deveriam seguir, uniformização das vestimentas, não valorização das liberdades individuais.

 

Silvério da Costa Oliveira.

 


 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

Site: www.doutorsilverio.com

(Respeite os Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)

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