Por: Silvério da Costa Oliveira.
Girolamo Savonarola (Jerônimo Savonarola)
Girolamo Savonarola (1452-1498), nasce em Ferrara, Itália. Seus estudos iniciais foram em medicina, objetivando seguir a carreira do pai, mas muda seus objetivos, optando pela vida religiosa. Em 1474 ingressa na Ordem dos Predicadores, se tornando frade dominicano. Atuou como pregador na cidade de Florença, na época do Renascimento italiano.
Sofre influência de Aristóteles por intermédio de Alberto Magno e Tomás de Aquino, bem como de Platão e do neoplatonismo por intermédio da Academia platônica de Florença, destacando-se neste caso a influência de Marsílio Ficino. Também sofre influência de Agostinho de Hipona e de Boaventura de Bagnoregio. Por todas estas influências filosóficas, provenientes de tão distintas tradições, temos em Savonarola um pensador eclético. Como religioso cristão, no entanto, todas estas doutrinas filosóficas ficam subordinadas a sua crença religiosa.
A partir de agosto de 1490 começa no púlpito da igreja de São Marcos, em Florença, sermões nos quais apresentava sua interpretação do Apocalipse. Estes sermões tiveram grande sucesso entre o povo da cidade.
Savonarola defendeu a reforma da Igreja, da fé e dos costumes então vigentes na sociedade e nas pessoas individualmente. Entendia que o papel da filosofia seria educar para que as pessoas pudessem ter uma vida mais próxima de Deus.
Savonarola se via como profeta e assim atuava em seus escritos e discursos. Vinculou a corrupção então presente na Igreja aos pecados e modo de vida libertino. Entendia o então rei da França, Carlos VIII, como um tipo de libertador bíblico, tal o caso do rei Ciro, o grande. Quando Carlos VIII invadiu a Itália, ameaçando a cidade de Florença, em 1494, conseguiu apoio para retirar do poder a família Médici, passando a formar um governo que assumia que Jesus era o rei, um tipo misto entre teocracia e democracia.
Se tornou conhecido por suas profecias, bem como, pela destruição de objetos de arte em eventos que ficaram conhecidos por “fogueira da vaidade”, nos quais tais obras eram queimadas, sendo a mais conhecida a fogueira de 7 de fevereiro de 1497.
Nestas fogueiras, objetos tidos como vinculados ao luxo e à vaidade pessoal, podendo levar as pessoas ao pecado, eram sumariamente queimados. A lista de tais objetos era bem grande e podia incluir desde espelhos, cosméticos, roupas finas, baralhos de cartas, instrumentos musicais, até mesmo obras de arte (pinturas, esculturas) e livros que pudessem ser acusados de imorais.
Savonarola proibiu o jogo, a bebida e as festas, e de certo modo, atuou como um elemento de oposição ao contexto social econômico político e artístico que configurava a Renascença italiana então presente na cidade de Florença, maior foco renascentista da época.
Atuou como reformador da Igreja e por tal motivo acabou ao final sendo condenado a morte acusado de heresia. No final, Samonarola foi excomungado em 13 de maio de 1497 e em 23 de maio de 1498, foi executado, sendo primeiramente enforcado e depois queimado em praça pública, conjuntamente com outros dois monges de seu mosteiro, por ordem do papa Alexandre VI, com o qual Savonarola havia se indisposto desde 1495. As suas cinzas foram dispersas no rio Arno.
A história o julgou de modos distintos e diversos. Para o posterior Iluminismo, no século XVIII, foi visto como um impostor, louco e fanático medieval, alguém que se esforçou para ir e levar consigo a sociedade, em sentido contrário ao do progresso e desenvolvimento. Já para alguns do povo da cidade de Florença, logo após sua morte, foi considerado um homem santo. No ano de 1523, Martinho Lutero confere a Savonarola o título de mártir e precursor do protestantismo. Niccolò Machiavelli (Nicolau Maquiavel) o chamará de “profeta desarmado”, argumentando no seu livro “O príncipe”, que a história registra que todos os profetas armados venceram e os desarmados fracassaram.
Silvério da Costa Oliveira.
Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.
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