Professor Doutor Silvério

Blog: "Comportamento Crítico"

Professor Doutor Silvério

Silvério da Costa Oliveira é Doutor em Psicologia Social - PhD, Psicólogo, Filósofo e Escritor.

(Doutorado em Psicologia Social; Mestrado em Psicologia; Psicólogo, Bacharel em Psicologia, Bacharel em Filosofia; Licenciatura Plena em Psicologia; Licenciatura Plena em Filosofia)

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quarta-feira, 24 de julho de 2024

Karl Marx

 

Por: Silvério da Costa Oliveira.

 

Marx

 

“Proletários de todos os países, uni-vos!". Marx, Karl. Manifesto comunista, 1948.

“Os filósofos apenas interpretaram o mundo de várias maneiras, enquanto que o objetivo é mudá-lo.” Marx, Karl. Teses sobre Feuerbach, 1845.

“A religião é o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração, assim como é o espírito de uma situação carente de espírito. É o ópio do povo.” Marx, Karl. Crítica da filosofia do direito de Hegel, 1843.

“Um fantasma ronda a Europa: O fantasma do comunismo”. Marx, Karl. Manifesto comunista, 1848.  

 

Karl Marx (1818-1883), nasce em Trier (Treveris), Alemanha, e falece em Londres, Inglaterra, aos 64 anos de idade. Marx é proveniente de uma família judaica, sendo o terceiro de um total de nove filhos do casal. Sua família pertencia à classe média-alta judaica convertida ao cristianismo. Seu pai, Heinrich Marx (1777-1838), era um advogado respeitado que precisou se converter ao cristianismo para continuar advogando, e sua mãe, Henriette Marx (1788-1863 – estes dois anos são datas aproximadas), era de origem holandesa. Marx começou a estudar Direito, mas trocou por Filosofia. Marx obteve o título de Doutor em Filosofia pela Universidade de Jena em 1841. Sua tese de doutorado foi sobre as diferenças entre as filosofias da natureza de Demócrito e Epicuro, cuja escolha de autores já denota sua preferência pelo materialismo, enfoque que iria marcar toda a sua futura obra.

No decorrer de sua vida, Marx residiu em diversas cidades e Estados. Esteve no Reino da Prússia, atual Alemanha (Trier ou Treveris, 1818-1835; Bonn, 1835-1836; Berlim, 1836-1843, Colônia, 1842/3), França (Paris, 1843-1845), Bélgica (Bruxelas, 1845-1848), Inglaterra (Londres, 1849-1883).


 

Em junho de 1843 casa-se Jenny von Westphalen (1814-1881), com quem já noivara em segredo das famílias fazia alguns anos. Teve 7 filhos com sua esposa e um (Frederick Demuth) com sua empregada alemã de nome Helene Demuth (1820-1890), mas que era chamada por Lenchen, cuja paternidade inicialmente Engels assumiu. Este filho com a empregada foi dado para a adoção. Dos filhos que teve com sua esposa e também com sua empregada, somente três meninas e um menino chegaram a idade adulta: Jenny Caroline Marx, Jenny Laura Marx, Jenny Julia Eleanor Marx, Frederick Demuth. Apesar de todas as três filhas do casal terem como primeiro nome o mesmo nome da mãe, “Jenny”, frequentemente eram chamadas pelo segundo nome ou por um apelido para as diferenciar.

Os filhos de Marx foram, respectivamente: 1- Jenny Caroline Marx (1844-1883), 2- Jenny Laura Marx (1845-1911), 3- Edgar Marx (1847–1855), 4- Henry Edward Guy ("Guido") Marx (1849–1850), 5- Franziska Marx (1851–1852), 6- Frederick Demuth (1851-1929), 7- Jenny Julia Eleanor Marx (1855-1898), 8- criança sem nome (nascido e morto em 1857).

Dos filhos sobreviventes até a idade adulta, Jenny Caroline, conhecida como "Jennychen", morreu de câncer na bexiga; Laura Marx e seu marido, Paul Lafargue (1842-1911), cometeram suicídio juntos ingerindo uma dose letal de ácido cianídrico e deixando uma carta alegando que não queriam viver a velhice; Eleanor Marx, conhecida como "Tussy", cometeu suicídio ingerindo ácido prússico (cianeto), ao que parece, estava em depressão pela separação de seu parceiro, Edward Aveling (1849-1898), que secretamente havia se casado com outra mulher, mas há motivos para desconfiança sobre as reais causas de sua morte e há quem fale em assassinato; Frederick Demuth viveu uma vida relativamente discreta e morreu de causas naturais, mas as circunstâncias específicas de sua morte não são bem documentadas.

Pode-se dizer que Marx foi filósofo, economista, historiador, sociólogo, teórico político, jornalista, e também revolucionário socialista / comunista. Teve forte influência de Hegel, se bem que se convencionou afirmar que a teoria que Marx desenvolveu conjuntamente com Engels é o Hegel invertido. Também sofre influência de Kant, Idealismo Alemão, Romantismo, socialismo utópico (Saint-Simon, Robert Owen, Louis Blanc e Proudhon), os economistas britânicos (Adam Smith, David Ricardo), utilitarismo radical na economia (Jeremy Bentham). Também cabe notar que Marx fez parte dos hegelianos de esquerda.

Em termos de desenvolvimento do pensamento, há quem fale em um “jovem Marx”, ou “primeiro Marx”, ou ainda, “Marxismo humanista”, que vai até a publicação de “Manuscritos econômicos e filosóficos”, em 1844, ainda com forte influência de Hegel e Feuerbach. E do “Marx maduro”, ou “Marx economista e sociólogo”, que surge com a “Crítica da economia política”, 1859, e “O capital”, 1867 (vol. 1). Há, no entanto, quem não veja dois Marx distintos, e sim uma continuação e evolução natural de seu pensamento.

Karl Marx trabalhou na Gazeta Renana (Rheinische Zeitung) de 15 de outubro de 1842 a 31 de março de 1843. Ele inicialmente começou como colaborador e logo se tornou o editor-chefe do jornal. Neste período de tempo, inferior a seis meses (cerca de 5 meses e 15 dias), temos o único emprego remunerado e formal exercido por Marx. Fora isto, foi primeiramente sustentado, quando criança e jovem, por seu pai, após a morte deste foi sustentado pela sua mãe e quando esta morreu por uma herança dela recebida, além disto, foi sustentado por Engels e outros amigos. Não sabemos ao certo quanto Marx recebeu nos seis meses incompletos nos quais trabalhou na Gazeta Renana, pois a documentação sobre este tema é escassa. Mas o jornal enfrentava dificuldades financeiras e era vigiado e censurado pelo governo, que por fim o fechou, já que expunha opiniões deveras radicais contra o governo da Prússia. Provavelmente Marx recebeu muito pouco ou quase nada no período em que atuou a frente da Gazeta Renana como editor chefe. O que vem a reforçar a ideia de que não possuiu um emprego estável e remunerado que lhe garantisse seu próprio sustento e o da sua família no transcurso de sua inteira vida.

Entre 1851 e 1862 colabora com o jornal norte-americano, New York Daily Tribune, com artigos que na verdade foram escritos por Engels e assinados por Marx, pois, este não dominava bem o inglês. Estas contribuições com a publicação destes artigos, também gerou alguma renda, se bem que pequena e não suficiente para a manutenção de si próprio e de sua família.

Conhece Engels em Colônia, 1842, em rápido encontro, mas em setembro de 1844, na cidade de Paris, durante uma estada de Engels de 10 dias na cidade, puderam desenvolver a amizade que duraria até o final da vida de Marx, tendo Engels em muito ajudado financeiramente a Marx e, após a sua morte, traduzido a sua difícil escrita, organizado e publicado suas obras, incluindo o segundo e terceiro volumes de “O Capital”.

No ano de 1864 participa ativamente da fundação da “Primeira Internacional dos Trabalhadores”, a “Associação Internacional dos Trabalhadores”, na cidade de Londres, que dura até 1876, quando é oficialmente dissolvida.

Numa leitura da obra de Marx, feita por vários marxistas, podemos ver uma luta de classes, na qual temos de um lado os proletários, enquanto explorados e oprimidos, e do outro lado a burguesia, enquanto opressores e exploradores.

Na sociedade capitalista, o trabalhador (proletário) é explorado pelo proprietário dos meios de produção (burguesia industrial e comercial). O proletário é aquele que trabalhando na indústria, só possui a sua força de trabalho e nada mais, enquanto o capital pertence à burguesia. Há um conflito dialético e luta de classes, sendo a classe proletária aquela que possui o potencial revolucionário para mudança social.

O termo “proletário” tem sua origem na Roma antiga, do latim "proletarius", fazendo alusão a “prole”. Os "proletarii" (do latim) eram indivíduos que não possuíam propriedades significativas além de seus filhos ("proles", no latim) e, portanto, sua única contribuição para a sociedade romana era o fornecimento de mão-de-obra, ou seja, ter filhos para trabalhar. Dentro da teoria marxista, o proletário é aquele que nada possui além de sua força de trabalho, que vende em troca de salários para sua sobrevivência e de sua família.

Marx defende que a evolução histórica da sociedade capitalista caminha para o surgimento de uma sociedade comunista, onde não haja classes sociais, onde não haja explorados e exploradores, somente deste modo e nesta nova sociedade teremos o humano realmente livre. Nesta nova sociedade o Estado opressor também se extinguirá. Há aqui um determinismo social, provavelmente inspirado na leitura de Charles Darwin e na teoria da evolução das espécies. A sociedade caminha inexoravelmente para o comunismo, o qual se apresenta como uma evolução natural da sociedade capitalista conforme esta for atingindo o ápice de seu maior desenvolvimento industrial, já que tal desenvolvimento resultaria cada vez mais na diminuição da classe burguesa e no aumento da classe proletária, bem como, do cada vez maior enriquecimento da burguesia e empobrecimento do proletariado. Se entendermos nos moldes de uma leitura da filosofia de Hegel, a burguesia como sendo a tese, o proletariado deve ser entendido como sendo a antítese, havendo uma contradição e oposição entre ambas as classes, só que diferente do pensamento de Hegel, não teremos uma síntese, uma união do melhor presente na tese e na antítese, e sim, a substituição da tese pela antítese, ou seja, a substituição da burguesia pelo proletariado enquanto classe dominante.

No pensamento de Marx, a sociedade capitalista, pautada na livre concorrência e na competição, conjuntamente com o avanço da tecnologia resultante da revolução industrial ainda em curso, tende a precisar cada vez de menor mão de obra proletária, ao mesmo tempo em que aumenta a quantidade de produtos produzidos nas fábricas para abastecer o mercado. Deste modo, temos um aumento da população desempregada e que, consequentemente, não possuem recursos financeiros para comprar os produtos que estão em abundância no mercado, gerando sucessivas crises no sistema capitalista, nas quais empresas quebram e aumenta-se o monopólio sobre a produção. Estas crises cíclicas iriam levar a uma crise final, na qual teríamos a derrubada do sistema capitalista e a revolução comunista com a tomada do poder pelo proletariado e a instauração da ditadura do proletariado.

Em uma sociedade capitalista altamente industrializada, passamos a ter a troca do homem do campo, o camponês, pelo homem da cidade que trabalha em uma fábrica vendendo sua força de trabalho, o proletariado. Conforme a sociedade avança no futuro, há a tendência da diminuição dos capitalistas e aumento dos proletariados, proporcionando as condições para ocorrer uma revolução comunista. Na primeira fase desta revolução teremos a ditadura do proletariado, na qual os proletários tomam o poder e reorganizam os meios de produção, mas ainda temos classes e contradições no interior desta mesma sociedade. Com o passar do tempo, da ditadura do proletariado se avança para a sociedade sem classes e mesmo sem Estado, do comunismo.

Segundo a concepção marxista, o trabalhador, na medida em que emprega a sua força de trabalho para a construção do capital pertencente à burguesia, torna-se cada vez mais pobre, pois seus salários são reduzidos para aumentar a lucratividade da empresa. Deste modo, o proletariado fica mais pobre ao mesmo tempo em que ajuda na criação de maior riqueza com o aumento da produção. O trabalhador é entendido como mais uma mercadoria dentro do mercado. O seu objeto de produção torna-se distante, opondo-se ao mesmo, o trabalhador torna-se alienado em relação a sua própria produção laboral.

Marx entende que o valor de uma mercadoria depende do trabalho necessário para faze-la. A diferença entre o valor de venda desta mercadoria e o valor pago aos empregados, o lucro do capitalista, é o que Marx irá chamar pelo conceito de “mais valia”, denotando a exploração do trabalhador. A mais valia, simplificadamente, apresenta-se como o resultante da diferença entre o valor do que o trabalhador produz e aquilo que ele realmente ganha.

O materialismo dialético e o materialismo histórico presentes na evolução do marxismo, encontram sua origem respectivamente em Hegel e em Darwin. Em Hegel temos o desenvolvimento de sua lógica com 1- tese, 2- antítese e 3- síntese (terminologia esta não presente em Hegel, mas usada para fins didáticos), que no marxismo ganham nova roupagem, sendo designadas estas três fases como sendo 1- afirmação, 2- negação e 3- negação da negação. Já de Darwin temos a evolução das espécies, priorizando a natureza, o mundo material, por sobre a consciência, o pensamento ou mesmo a metafísica. Em última instância tudo se reporta em suas origens à matéria, mesmo o pensamento e a consciência, originários do cérebro. A vida espiritual de uma pessoa ou comunidade é um reflexo de sua vida corporal, física, material.

As relações de trabalho e os modos de produção presentes em uma dada sociedade, sua infraestrutura, hão de determinar a superestrutura ideológica, formada esta pelas crenças, religião, moral, filosofia, ciências, e principais ideias tidas como verdadeiras na comunidade.

Em Marx a sociedade é construída a partir da economia, onde temos os modos de produção e as relações de trabalho. Em cima disto é colocado tudo o mais: as ideologias, as crenças, as religiões, etc. Para mudar o que está em cima da economia, basta mudar os modos de produção e as relações de trabalho, logo, tudo o que vemos acima da economia é fruto do capitalismo presente na nossa sociedade e se mudar para o comunismo, tudo acima mudará. Há dois termos usados para designar tais estágios: Infraestrutura (a economia, os modos de produção, as relações de trabalho) e superestrutura (a ideologias, as crenças, as religiões, etc.). Marx não quer mudar a superestrutura, pois, entende que esta é fruto da infraestrutura e que mudando a infraestrutura, a superestrutura há de mudar também.

Dentro do marxismo há três expressões que aparecem intercambiáveis para definir o mesmo conceito: “infraestrutura”, “estrutura” e “base”. Por trás destes três nomes a ideia é a mesma, mesmo conceito. Os termos “infraestrutura” e “estrutura” são mais modernos, já Marx preferia usar em alemão a expressão “basis”, que pode ser traduzida por “base”, a base econômica. A base refere-se às forças produtivas (tecnologia, meios de produção) e às relações de produção (relações econômicas e sociais que surgem a partir da produção). Em outras palavras, a base é a fundação econômica da sociedade. Já para o outro conceito, Marx fazia uso do termo alemão “Überbau” que pode ser traduzido como “superestrutura”. A superestrutura inclui todas as outras instituições e formas de consciência social derivadas da base, como a cultura, instituições políticas, sistema jurídico, religião e ideologias. Logo, se nos basearmos na literatura mais atual, encontramos os termos “infraestrutura” e “estrutura” como sendo análogos e se referindo ao que Marx chamava de “base”. Enquanto o termo “base” tende a se mostrar mais fiel aos escritos originais de Marx, “infraestrutura” mostra-se um termo mais técnico e preciso no uso atual. Os três termos, no entanto, são aceitos hoje e considerados corretos para designar este conceito.

Segundo Marx, o sistema capitalista de trabalho gera a alienação do trabalhador em relação ao seu trabalho, em 4 instâncias, temos a alienação em relação a: 1- o produto de seu trabalho, 2- a sua específica atividade laboral, 3- a sua própria essência, 4- ao próximo, ou seja, a outra pessoa.

O conceito de alienação é muito importante dentro da teoria elaborada por Marx e Engels, trata-se do modo como o trabalho efetuado dentro de uma sociedade capitalista atua de tal forma a alienar o trabalhador em relação ao trabalho, ao produto deste trabalho e de si-mesmo. As principais formas de alienação encontram-se: 1- na alienação do trabalho, que é quando o trabalhador é alienado em relação ao próprio ato de trabalhar, tornando este ato em si uma atividade externa ao trabalhador e forçada. 2- na alienação do produto, que é o que ocorre quando o produto do trabalho do trabalhador é propriedade não deste, mas sim do capitalista, criando uma desconexão entre o trabalhador e o fruto de seu trabalho. 3- na alienação de si-mesmo, que ocorre quando os trabalhadores passam a ser alienados em relação a si-mesmo, de sua verdadeira natureza humana, ao desempenhar um trabalho também alienado.

Com relação a moral, o sistema marxista enxerga em todo código moral a representação dos interesses de uma classe social em luta com as demais em seu respectivo tempo histórico, como tal é o caso da moral cristã e da moral burguesa. Toda moral de classe tem como objetivo último manter a exploração de uma classe sobre outra e por tal motivo deve ser combatida. Já a moral proletária se mostra diferente, pois, cabe ao proletariado a tarefa histórica de fazer a revolução comunista. Podemos falar de uma norma geral e válida para o que possa ser esta moral proletária: Tudo que possa favorecer a tarefa revolucionária empreendida pelo proletariado contra a burguesia, visando a implantação de uma sociedade sem classes com a derrubada do atual sistema político e econômico se apresenta como moralmente bom, já tudo que possa tornar mais lento o trabalho revolucionário ou sirva para perpetuar o atual sistema capitalista se apresenta como moralmente mal.

Marx especificou a existência de cinco distintas épocas no desenvolvimento histórico da humanidade, cada época tendo uma respectiva fase de relação de produção, como mais tarde o marxismo adotará e desenvolverá. Temos: 1- a época asiática, com um modo de produção primitivo, fazendo uso de instrumentos de pedra, arco e flechas. 2- a época antiga, onde encontramos a escravidão e a idade do metal. 3- a época do feudalismo, onde encontramos o uso do arado e do telar. 4- a época do capitalismo, onde encontramos o desenvolvimento da indústria e o surgimento da burguesia dialeticamente em oposição ao proletariado, classe revolucionária. 5- a época do comunismo, a sociedade sem classes e sem as oposições e antagonismos decorrentes da luta de classes.

 

PRINCIPAIS OBRAS DE KARL MARX

 

1- Crítica da Filosofia do Direito de Hegel ("Kritik des Hegelschen Staatsrechts"), 1844.

Marx critica a filosofia política de Hegel, argumentando que a realidade política deve ser entendida a partir das condições materiais da sociedade. Esta obra marca um passo significativo na evolução do materialismo histórico de Marx.

2- Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844 ("Ökonomisch-philosophische Manuskripte aus dem Jahre 1844"). Ano da Primeira Publicação: 1932 (escritos em 1844).

Nesta série de manuscritos, Marx elabora sua crítica da economia política e introduz conceitos como alienação e exploração do trabalhador no sistema capitalista. Estes escritos são fundamentais para entender o desenvolvimento inicial do pensamento de Marx.

3- A Ideologia Alemã ("Die deutsche Ideologie"). Ano da Primeira Publicação: 1932 (escrito em 1846).

Escrito em colaboração com Engels, esta obra critica as ideias dos jovens hegelianos e desenvolve a teoria do materialismo histórico. Marx e Engels argumentam que as condições materiais e econômicas são a base da estrutura social e política, e que a história é impulsionada pela luta de classes.

4- Miséria da Filosofia ("Misère de la Philosophie"), 1847.

Marx critica as ideias do economista francês Pierre-Joseph Proudhon, defendendo a superioridade da economia política científica. Marx argumenta que a economia política deve ser baseada na análise das relações materiais e econômicas, não em abstrações filosóficas.

5- O Manifesto Comunista ("Manifest der Kommunistischen Partei"), 1848.

Escrito em colaboração com Friedrich Engels, este manifesto é um documento fundamental do movimento comunista. Ele delineia a teoria da luta de classes, a necessidade de uma revolução proletária, e o papel do comunismo na transformação da sociedade. É uma das obras mais influentes da literatura política e um marco na teoria socialista.

6- O 18 de Brumário de Luís Bonaparte ("Der 18te Brumaire des Louis Napoleon"), 1852.

Marx analisa o golpe de estado de Luís Bonaparte em 1851 e a subsequente ascensão do Segundo Império Francês. Ele utiliza o evento para ilustrar a luta de classes e o papel das forças econômicas e sociais na política.

7- Grundrisse: Esboços da Crítica da Economia Política ("Grundrisse der Kritik der Politischen Ökonomie"). Ano da Primeira Publicação: 1939-1941 (escritos em 1857-1858).

Esta coleção de manuscritos traz o desenvolvimento das ideias de Marx sobre a economia política. Os Grundrisse são um prelúdio para "O Capital" e contêm discussões detalhadas sobre temas como valor, trabalho e produção.

8- Para a Crítica da Economia Política ("Zur Kritik der Politischen Ökonomie"), 1859.

Neste trabalho, Marx explora as leis da economia política e critica as teorias dos economistas clássicos. A obra é uma preparação teórica para "O Capital" e introduz conceitos chave como a teoria do valor-trabalho.

9a- O Capital, Volume I: O Processo de Produção do Capital ("Das Kapital, Band I: Der Produktionsprozeß des Kapitals"), 1867.

Marx analisa o funcionamento do sistema capitalista, focando no processo de produção e na exploração do trabalho. Aborda as bases teóricas do capitalismo e introduz conceitos como mais-valia, a teoria do valor, capital constante e capital variável, e trata da acumulação do capital no sistema capitalista.

O livro “O capital” possui 4 volumes, sendo, no entanto, aceito pelos comentadores, que são 3 volumes, somados a um anexo ou suplemento. Destes, somente o primeiro foi escrito e publicado em vida por Marx. O segundo e terceiro foram escritos a partir das anotações de Marx, editado e publicado por Engels. O quarto e último foi publicado também tendo como base os escritos manuscritos de Marx, mas após a morte de Engels e tendo este ensinado como ler e traduzir a difícil caligrafia de Marx. Durante sua vida, aparentemente somente sua esposa, e mais tarde o seu amigo Engels, conseguiam ler e entender sua caligrafia.

9b- O Capital, Volume II: O Processo de Circulação do Capital ("Das Kapital, Band II: Der Zirkulationsprozeß des Kapitals"), 1885.

Exame do processo de circulação do capital, detalhando como o capital se movimenta através das várias fases da produção e da troca, discutindo temas como a realização do valor, a rotatividade do capital, e o papel da moeda e do crédito na economia capitalista.

9c- O Capital, Volume III: O Processo Global da Produção Capitalista ("Das Kapital, Band III: Der Gesamtprozeß der kapitalistischen Produktion"), 1894.

As relações entre as diferentes formas de capital (industrial, comercial e financeiro) e a análise da distribuição da mais-valia entre diferentes setores da economia. Trata das formas concretas que surgem no processo global da produção capitalista, como a formação dos preços de produção, a distribuição da mais-valia entre diferentes ramos da produção, e as crises econômicas.

9d- O Capital, volume IV: Teoria da mais-valia ("Theorien über den Mehrwert"). Editado por Karl Kautsky e publicado entre 1905 e 1910.

Consiste em manuscritos de Marx que discutem as teorias econômicas de seus predecessores e contemporâneos. Este volume é uma extensa crítica das teorias econômicas dos economistas clássicos que precederam Marx, como Adam Smith, David Ricardo, Thomas Malthus e outros. Marx analisa e critica suas concepções de valor, lucro, e mais-valia, estabelecendo a importância da sua própria teoria do valor-trabalho. "Teorias da Mais-Valia" é frequentemente considerado uma continuação ou um apêndice de "O Capital", pois aprofunda muitos dos temas discutidos nos três volumes anteriores.

 

Silvério da Costa Oliveira.

 


 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

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