Por: Silvério da Costa Oliveira.
Pedro Abelardo
“Deixando aos meus irmãos o esplendor da glória militar com a herança e os privilégios dos direitos de primogênito, renunciei completamente a corte de Marte para ser educado no regaço de Minerva”. Abelardo.
Pedro Abelardo (1079-1142) ou Pierre Abélard ou Pierre Abailard ou Pierre Abeilard ou Petrus Abaelardus, nasce na aldeia de La Pallet, próximo de Nantes, na Bretanha, França, e veio a falecer na data de 21 de abril, no priorado de Saint-Marcel, perto de Châlons-sur-Saône, também na França, aos 62 ou 63 anos de idade. Atuou como teólogo, dialético e professor. É conhecido pelo seu trágico romance com Heloísa de Argenteuil (1090-1164) ou Heloísa Paráclito, que resultou em um filho do casal, de nome Astrolábio (1116-1171), e da castração de Abelardo por um tio (o cônego Fulbert, vigário geral da catedral de Notre-Dame) de Heloísa, insatisfeito com o relacionamento entre os dois. Após a castração, Abelardo tornou-se monge. No convento de Argenteuil, Heloísa por sua vez tomou o hábito e tornou-se abadessa. Suas ideias e escritos lhe trouxeram duas condenações, pelo Concílio de Soissons, 1121, e pelo Concílio de Sens, 1141.
Dentre suas principais obras temos “História de minhas calamidades” (Historia calamitatum ou abælardi ad amicum suum consolatória), de 1132, escrito em latim e de caráter autobiográfico, onde narra dentre outras coisas sua relação trágico-amorosa com Heloísa. Considerada a primeira obra autobiográfica escrita na Europa Ocidental e tendo clara forte influência de Agostinho com seu livro “Confissões”. Esta obra foi escrita no estilo de uma carta. Outra obra importante de Abelardo é “Dialética”, que sofre influência nítida de Boécio, tem como temática a lógica e exerceu significativa influência no decorrer do século XII e XIII. Também obra importante é “Introdução à teologia” (“Tratado sobre a unidade e a trindade divina” ou “Teologia do bem supremo”), de 1138 / 9, responsável pela condenação no concílio de Soissons. Também “Sic et non” (sim e não), que começa com uma pequena introdução religiosa e segue por questões teológicas e filosóficas, opondo em colunas frases apoiando ou negando uma dada afirmativa ali feita. Também “Nosce te ipsun” ou “Scito te ipsun” ou “Ethica” (Conhece-te a ti mesmo”) no qual trata da filosofia moral e no qual afirma que o pecado encontra-se já na intenção de quem o pratica e não na ação propriamente dita.
Abelardo, na questão dos universais se opõe tanto ao realismo como também ao nominalismo, apresentando uma solução que alguns comentadores veem como um tipo de realismo moderado e outros como um tipo de conceptualismo. Como professor e dialético, seu método consistia em estimular os debates a partir das contradições entre as questões em debate, tendo sido a época, considerado um método revolucionário.
Importante também sua ética, na qual destaca o pensamento de que a intenção por trás do ato de quem faz algo é tão importante quanto o ato em si mesmo. O pecado não se resume a ação efetuada, mas é o próprio elemento psicológico envolvido na ação, ou seja, o pecado se encontra na intenção e não na ação propriamente dita. É a intenção por trás de uma ação que a torna boa ou má. O pecado é um ato interior pelo qual consentimos em fazer o mal. O pecado é diferente do vício, pois, no vício temos a propensão em fazer o mal, mas tal só se concretizará em uma ação por um ato de consentimento e aí temos o pecado. O pecado não está em ter a tendência, desejo ou interesse em fazer algo e sim em concordar internamente e realizar o ato, deste modo, o pecado se dá pelo livre consentimento do mal.
Há em Abelardo uma valorização em seu método dialético do constante questionamento visando à obtenção de um conhecimento verdadeiro, por meio da dúvida e da inquisição. Segundo Abelardo, pela dúvida somos encaminhados à pesquisa e esta por sua vez nos leva a conhecer a verdade.
Silvério da Costa Oliveira.
Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.
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