Por: Silvério da Costa Oliveira.
Arquelau de Atenas
Arquelau de Atenas (século V a.C.), pouco ou quase nada se sabe ao certo sobre sua vida e obra. Há quem defenda a tese de que Arquelau seria discípulo de Anaxágoras e o mestre de Sócrates e há outros comentadores que questionam todos estes fatos, inclusive a própria existência de Arquelau. Em verdade, se de fato foi mestre de Sócrates, pouca importância deve ter tido, pois, não é mencionado nos textos que temos de Xenofonte, Platão e Aristóteles. Dele só dispomos de testemunhos de terceiros, pois, nada de sua obra original foi preservada até os nossos dias. Tudo que hoje conhecemos sobre Arquelau provém basicamente de textos provenientes de Diógenes Laercio e Teofrasto. Há quem afirme ser ele o último dos fisiólogos ou filósofos da natureza pré-socráticos.
Seu pensamento e obra foram considerados como obscuros e, em verdade, pouco se sabe realmente sobre ele. Caso seja ele realmente originário de Atenas, seria o primeiro filósofo desta cidade, isto lembrando que quem teria primeiramente atuado como filósofo não seria ele e sim Anaxágoras, uma vez que este esteve nesta cidade em um período de sua vida e lá exerceu sua atividade enquanto filósofo.
Arquelau tende a fazer uso em sua filosofia de ideias e conceitos já presentes em outros filósofos que o antecederam, em particular em Anaxágoras, fazendo, no entanto, suas próprias adaptações.
Conjuntamente com Diógenes de Apolônia, Arquelau de Atenas é classificado como integrante de uma Escola Eclética, pois, sua teoria filosófica pelo que nos chegou por meio dos comentadores, se baseia em grande parte em Anaxágoras, modificando e acrescentando temas da filosofia de Anaxágoras a partir da introdução de outros elementos provenientes dos mais distintos filósofos, dentre os quais cabe destaque a Anaxímenes.
Por meio dos testemunhos que chegaram até os presentes dias, Arquelau teria seguido Anaxágoras ao afirmar haver um número infinito de princípios heterogêneos. Entendia que o fundamento de tudo que existe é o nous, mas este não é puro. Entende que é por meio do nous que temos o movimento, as separações e as combinações. Há quem defenda que há no pensamento de Arquelau uma mescla harmônica do pensamento de Anaxágoras e de Anaxímenes no tocante ao entendimento cosmológico proposto por Arquelau.
Segundo os comentadores, Arquelau explicou a formação da Terra e dos animais por meio do princípio do movimento surgido a partir da separação entre o quente e o frio. Afirmava ser a Terra plana, mas côncava, daí os diferentes povos não verem o nascer do sol ao mesmo tempo.
Segundo Arquelau, podemos entender a existência de dois princípios como causa para o movimento, o calor e o frio, também que os seres vivos se originaram a partir do lodo e que este foi também seu primeiro alimento.
Quanto a sua ética, esta se baseia em uma única frase trazida por Diógenes Laercio, “Manteve que o justo e o injusto existem só por convenção, não por natureza”, frase esta que se bem seja atribuída ao pensamento de Arquelau, está coerente com a doutrina ensinada pelos sofistas, seus contemporâneos, e sua atribuição a Arquelau pode se dar com o intuito de afirmar que no início os humanos não teriam leis ou normas morais, vindo a desenvolvê-las com o passar do tempo e talvez a intenção seja proporcionar ao suposto mestre de Sócrates algum desenvolvimento ético moral, por menor que este possa ser.
Entendo que é interessante destacar que alguns comentadores afirmam que defendeu a tese de que, na parte moral e ética, o justo e o injusto, o correto e o incorreto, se dão por meio de convenção social ou lei e não por sua própria natureza ou em si mesmos. Esta posição o aproxima dos sofistas, seus contemporâneos.
Silvério da Costa Oliveira.
Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.
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