Por: Silvério da Costa Oliveira.
Leucipo de Mileto
Nada acontece ao acaso (maten), mas tudo a partir de razão (logou ek), e por necessidade.
Leucipo de Mileto
Leucipo de Mileto (século V a.C.) tende a ter seu pensamento e obra apresentado conjuntamente com o de Demócrito de Abdera, não havendo reais diferenças conhecidas hoje entre eles, sendo ambos atomistas. Os comentadores não chegam a uma conclusão sobre a cidade na qual Leucipo nasceu, se foi Mileto, Elea ou Abdera. Pouco ou quase nada sabemos sobre sua vida e mesmo na Antiguidade houve quem duvidasse se de fato teria ele existido. Segundo a tradição teria escrito um livro intitulado “A grande ordem do mundo”, talvez tenha escrito outro livro ou se trate mais provavelmente de um capítulo deste primeiro, mas temos também “Sobre a mente”.
A tradição o considera discípulo de Parmênides ou de Zenão de Elea e mestre ou precursor de Demócrito. Segundo Aristóteles e Teofrasto cabe o mérito a Leucipo de ter sido quem realmente criou a teoria atomista, e não Demócrito. Mais tarde, Demócrito e também Epicuro desenvolveram e elaboraram a teoria atomista, dando continuidade e maior abrangência a mesma.
Hoje há um consenso entre os comentadores de que Leucipo realmente existiu e foi o criador da teoria atomista e, que posteriormente, sua obra foi mesclada com a de Demócrito e tudo que foi escrito tendo como base a teoria atomista, vindo a Demócrito ser erroneamente reconhecido como único criador e desenvolvedor desta abordagem teórica. Aristóteles e Teofrasto não deixam dúvida sobre a existência de Leucipo e sobre ser ele o criador da teoria atomista. A dúvida sobre sua existência parece ter surgido a partir de uma interpretação errônea de uma passagem de Epicuro, “nunca há existido um Leucipo filósofo”, frase esta que menos que negar a existência física da pessoa Leucipo, traz uma crítica a Leucipo enquanto filósofo.
Diógenes Laércio foi de opinião que Leucipo entendia que o universo é infinito, estando uma parte do mesmo cheia e outra vazia. Na parte cheia temos elementos, os átomos. Tudo é feito por meio de átomos. Toda e qualquer matéria pode ser dividida até um ponto tão pequeno no qual não caiba mais divisão, o átomo. Os átomos estão em um permanente redemoinho onde colidem constantemente e por meio de tais colisões se põem em movimento ou se agregam por meio da semelhança ou afinidade. A parte cheia é formada pelos átomos, ou o ser, a parte vazia pelo vácuo ou pelo não ser. Este vazio é importante para que haja o movimento dos átomos. O todo, portanto, seria formado pelo cheio e o vazio, pelo ser e pelo não ser.
Átomo, do grego, “a” é uma partícula de negação e “tomo” significa “parte”, ou seja, átomo igual a sem partes, não divisível. O átomo é entendido como o elemento primordial, a arché, que irá formar tudo que há na natureza. Os átomos são apresentados como sendo indivisíveis, sólidos, indestrutíveis, eternos e invisíveis, não podendo ser percebidos pelos sentidos humanos e sim somente concebidos no pensamento. A natureza, physis, é composta por um número ilimitado de átomos distintos, de formas variadas.
Os sentidos humanos percebem uma realidade ilusória e transitória, pois vemos uma realidade mutável, onde na verdade há permanência dos átomos, pois, estes enquanto são os elementos primordiais, não sofrem qualquer tipo de alteração. Segundo a teoria atomista o real é composto por elementos materiais, os átomos, e vazio. Toda e qualquer mudança ou transformação se dá pela agregação ou desagregação dos átomos.
Silvério da Costa Oliveira.
Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.
Site: www.doutorsilverio.com
(Respeite os Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)
Nenhum comentário:
Postar um comentário