Professor Doutor Silvério

Blog: "Comportamento Crítico"

Professor Doutor Silvério

Silvério da Costa Oliveira é Doutor em Psicologia Social - PhD, Psicólogo, Filósofo e Escritor.

(Doutorado em Psicologia Social; Mestrado em Psicologia; Psicólogo, Bacharel em Psicologia, Bacharel em Filosofia; Licenciatura Plena em Psicologia; Licenciatura Plena em Filosofia)

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terça-feira, 1 de outubro de 2024

Uma conversa sobre o desgoverno de Lenin, Stalin e os bolcheviques

 

Uma conversa sobre o desgoverno de Lenin, Stalin e os bolcheviques

 

Por: Silvério da Costa Oliveira.

 

Muito se falou e se fala sobre a Revolução Russa de 1917 e as consequências deste fato histórico, mas há uma versão oficial, tradicional, que nos é ensinada e outra, ou outras, que por mais verdadeiras que possam ser, não conseguiram, por motivos políticos-ideológicos, o devido espaço acadêmico para serem debatidas e confrontadas, e é justamente a isto que este artigo se
propõe, trazer à luz algumas verdades incômodas que se escondem debaixo do tapete da sala de estar. Claro que não estou falando da versão oficial da história e sim de versões alternativas escritas por estudiosos do assunto.

A Rússia participou da Primeira Guerra Mundial, na época chamada de “Grande Guerra”, ocorrida entre 1914 e 1918. No mês de fevereiro de 1917 tivemos uma revolução na Rússia, que resultou na abdicação do Czar Nicolau II. Esta revolução foi natural e espontânea, estando na época as principais lideranças políticas partidárias exiladas fora do país ou na Sibéria. A Revolução de Fevereiro de 1917 pode ser caracterizada como uma revolução de caráter liberal, no sentido clássico de promover liberdades civis, uma economia de mercado e um governo democrático, mas também possuía algumas reivindicações socialistas e de justiça social, tais como: questões de direitos trabalhistas, redistribuição de terras e melhores condições de vida. Digo “liberal” e não “neoliberal” porque este segundo termo só começou a ser usado nas décadas de 1930 e 1940 e traz dentro do seu conceito temas que não estão presentes na Revolução Russa, tais como: a defesa de mercados livres globais, privatizações ou um Estado mínimo, que são elementos associados ao neoliberalismo contemporâneo.

 


Em outubro de 1917 tivemos uma segunda revolução, na qual os bolcheviques liderados por Lenin assumem o governo. A formação da URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas sob a liderança de Lenin vem a ocorrer em 1922, quando formalmente o Império Russo, a Rússia, deixa de existir para dar origem a URSS.

Estando a Alemanha em guerra em dois fronts, era interessante eliminar um destes fronts para poder se dedicar integralmente ao outro, movendo todas as suas tropas para este front, permitindo o reforço do mesmo, melhorar suas defesas e propiciar um melhor ataque às posições inimigas. Deste modo e como estratégia de guerra, o serviço secreto militar alemão no decorrer da primeira guerra mundial e com apoio do Kaiser alemão, financiou e ajudou na ocorrência da primeira e da segunda revolução russa de 1917, com o objetivo de retirar a Rússia da guerra assinando um tratado de paz em separado e, deste modo, podendo o exército alemão atuar em uma única frente e não duas.

Havia por parte dos alemães a preocupação com a entrada dos EUA na guerra e a necessidade de definir uma vitória decisiva na guerra antes deste novo adversário entrar na guerra ao lado de seus inimigos.

Já que após a primeira revolução russa, esta manteve a sua permanência na guerra, na antevéspera da revolução de outubro, Lenin teria sido transportado em trem alemão para São Petersburgo e teria recebido cerca de 70 milhões de marcos alemães para financiar o golpe de outubro contra os mencheviques. Os fundos alemães foram usados para financiar atividades de propaganda bolchevique, greves e ações revolucionárias, bem como para consolidar o poder dos bolcheviques após a revolução.

Hoje há uma aceitação ampla por parte dos estudiosos do período que Lenin e outros revolucionários que estavam exilados na Suíça foram transportados por trem dentro de um “vagão selado” até a Rússia, atravessando a Alemanha. Este transporte foi organizado e facilitado pelo governo alemão, cujo interesse era desestabilizar a Rússia, retirando-a da guerra. A Alemanha acreditava que o envio deste grupo de russos iria gerar uma revolução interna que teria o poder de forçar o país a se retirar do confronto.

Há fortes evidências de que houve também financiamento alemão, tendo este fornecido aos bolcheviques milhões de marcos (50 a 70 milhões). Apesar da extensão e natureza deste apoio financeiro ainda ser discutido nos dias atuais, há um consenso de que de fato ocorreu algum tipo de financiamento.

Na época os mencheviques eram a maioria e os bolcheviques eram a minoria, no entanto, os bolcheviques tiveram apoio da Alemanha, não somente em dinheiro, mas também em soldados alemães. Os alemães presos nos campos russos foram soltos e compuseram um exército a favor de Lenin, tratava-se de um exército internacional em prol do socialismo, mas na verdade fazia parte de um plano estratégico alemão.

Há um debate que perdura até os nossos dias quanto à presença de apoio militar alemão para a revolução russa perpetrada por Lenin e seus aliados. A alegação é de que soldados alemães, incluindo prisioneiros de guerra que foram libertos, ajudaram a lutar ao lado dos bolcheviques. Claro que ainda é algo controverso e sujeito ao debate, mas faz sentido dentro do contexto histórico da época.

Em sua origem o termo “Menchevique” significa minoria e o termo “Bolchevique” significa maioria. Isto se deve ao resultado de uma votação ocorrida no ano de 1903, na qual os “Bolcheviques” foram a maioria dos votos. No decorrer do percurso histórico o número de integrantes de uma ou outra ala mudou, no entanto, o que não mudou foi que os “bolcheviques” eram os mais radicais e os “mencheviques” os mais moderados.

Quanto aos grupos políticos denominados por “Mencheviques” e “Bolcheviques”, durante a revolução de outubro, os mencheviques eram mais numerosos e possuíam maior influência do que os bolcheviques, o que reforça a tese de apoio financeiro e militar alemão.

A história nos fala do discurso de Lenin que prometeu “paz, pão e terra” e que este discurso teria propiciado aos bolcheviques o apoio dos sovietes, que eram conselhos compostos por trabalhadores urbanos, camponeses e soldados. Sua ênfase na paz e retirada da Rússia da guerra teria agradado e conseguido apoios contra o então governo provisório.

De fato, pouco depois da vitória dos bolcheviques e diante de uma nova investida militar alemã, a Rússia sai da guerra, negociando a paz e assinando o “Tratado de Brest-Litovsk” em março de 1918, tratado este extremamente desfavorável a Rússia e pelo qual a Rússia cedia grandes territórios para a Alemanha e seus aliados. Por meio de tal tratado a Alemanha obteve êxito em sua estratégia de apoiar uma segunda revolução russa, efetuada por meio dos bolcheviques, de modo a retirar a Rússia da guerra e assim liberar os exércitos alemães da frente oriental.

Os milhões de marcos dados a Lenin foram a título de empréstimo e foram pagos a Alemanha após a guerra. Como a Alemanha assinara um tratado de paz ruim com a tríplice intente e teve de pagar pesadas indenizações, esta o pagava com o dinheiro vindo da Rússia, oriundo dos acordos feitos com Lenin e os bolcheviques. Claro que tudo isto não foi público e os fatos conhecidos se baseiam em alguns historiadores do período que buscam a verdade por trás das meras aparências.

Após a vitória de Lenin, o dinheiro dado pelos alemães precisou ser pago, fora um empréstimo. A teoria aqui apresentada é de que a Alemanha forneceu milhões de marcos a Lenin como um empréstimo e que esse dinheiro foi posteriormente reembolsado à Alemanha após a guerra, e utilizado para pagar indenizações impostas pelo Tratado de Versalhes. Esta é uma interpretação que tem sido discutida por alguns historiadores, mas não é amplamente aceita como um fato consensual.

O financiamento dos alemães aos bolcheviques é bem documentado, bem como a estratégia visando retirar a Rússia da guerra e o transporte de Lenin e seus aliados em um trem selado. Neste tocante há um consenso entre os historiadores. Agora, se o dinheiro foi dado gratuitamente ou a título de empréstimo não há ainda um consenso. Mesmo este dinheiro podendo ser entendido como sendo um investimento que levaria a Rússia a sair da guerra, o que se encaixa na estratégia militar da Alemanha, não há razão para que nas cláusulas estipuladas para o recebimento deste dinheiro, não houvesse a possibilidade de devolução do mesmo como pagamento de um empréstimo, um reembolso dos milhões investidos em Lenin.

O Tratado de Brest-Litovsk pode ser, também, encarado como uma forma de restituição do dinheiro emprestado pelos alemães, já que por tal tratado a Alemanha e seus aliados tiveram grandes vantagens, tendo a Rússia cedido vastos territórios e recursos.

Após a derrota da Alemanha, esta foi forçada a assinar o Tratado de Versalhes, em 1919, tratado este que impôs severas reparações de guerra e levou a Alemanha a enfrentar dificuldades econômicas. Dentro da perspectiva do empréstimo, parte das obrigações impostas a Alemanha teria sido paga pelo dinheiro enviado pela Rússia. Este reembolso ocorreu em silêncio oficial, de modo secreto. Claro que é de difícil verificação em decorrência da natureza sigilosa de tais negociações e da documentação envolvida não ter sido disponibilizada ao público, no entanto, estas interpretações dadas a estes eventos são deveras coerentes e defendidas por alguns historiadores do período.

Portanto, a Alemanha financiou os bolcheviques para desestabilizar a Rússia e garantir a sua saída da guerra, o que foi alcançado com o Tratado de Brest-Litovsk, nisto milhões de marcos foram dados a Lenin secretamente. Oficialmente o dinheiro foi dado gratuitamente, mas a ideia de um empréstimo a ser reembolsado faz sentido dentro do contexto histórico e das circunstâncias totalmente favoráveis aos negociadores alemães perante Lenin e seu grupo.

Apesar da primeira Revolução Russa, ocorrida em fevereiro de 1917, ter sido um movimento espontâneo dos diversos segmentos da população russa, pode também ter tido apoio e planejamento alemão, dentro de uma estratégia que visava a retirada da Rússia da guerra, liberando o front oriental. No entanto, como o novo governo insistiu em sua permanência na guerra, houve necessidade por parte da Alemanha, de um novo plano, envolvendo este a participação de Lenin e dos bolcheviques.

Apesar de não haver consenso entre os comentadores e estudiosos do período, a ideia aqui presente da Alemanha ter tido um papel estratégico na facilitação da revolução de fevereiro é um tópico de debate que se apresenta interessante.

Os motivos da revolução de fevereiro de 1917 se encontram em vários fatores, dentre os quais: o descontentamento popular originado pela crise econômica e a escassez de alimentos, bem como, pelas mortes de russos no transcorrer da guerra; o fracasso do governo e a impopularidade do Czar Nicolau II.

Por sua vez, os motivos relacionados a revolução de outubro de 1917 se encontram nos seguintes fatores: ao fato do governo provisório liderado por Alexander Kerensky manter o esforço de guerra, sendo que a guerra se mostrava como impopular entre trabalhadores e soldados; o governo provisório não conseguir resolver as crises econômicas e sociais pelas quais a Rússia estava passando.

Segundo comentadores do período, contrários à versão histórica oficial do período, a promessa de Lenin ao chegar em São Petersburgo, de "paz, pão e terra" não encontrou verdadeira acolhida entre os cidadãos.

Durante a Revolução de Outubro de 1917, Lenin profere um discurso prometendo o fim da participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial (Paz), o alívio das condições de fome e escassez (Pão) e a redistribuição de terras para os camponeses (Terra).

Paz: Há evidências históricas de que alguns setores, incluindo certos elementos nacionalistas e militares, queriam a continuação da guerra. As pessoas queriam a guerra, pois sabiam que os americanos, que estavam prontos para entrar na guerra, poderiam trazer milhões de novos soldados e que a Alemanha iria com certeza perder, o que de fato historicamente ocorreu. Era uma questão de tempo somente e com a perda da Alemanha esta teria de pagar indenizações de guerra a Rússia e não o contrário. As pessoas que viviam nas cidades estavam com ódio dos alemães por causa das mortes e mutilações de russos na guerra e queriam vingança. Que mesmo russos internados em hospitais em São Petersburgo, com gravíssimos ferimentos de guerra, teriam feito passeata em prol da guerra contra a Alemanha e contra os bolcheviques. Logo, a população não queria a paz naquele momento.

Pão: Quanto ao pão, os celeiros da Rússia estavam cheios, pois devido a guerra esta não conseguia locomover os grãos. Havia alimentos armazenados, o problema era o transporte dificultado pela guerra.

Terra: Já quanto à "terra", esta era uma mensagem não atrativa para o russo que vivia nas cidades, já o russo que vivia nos campos, não gostava dos bolcheviques e não os queria no governo.

Logo, a famosa mensagem "paz, pão e terra" teria sido dita para ouvidos surdos. O que fez as pessoas apoiarem manifestações a favor de Lenin e dos bolcheviques foi a paga de dinheiro alemão em pequenas quantidades para cada manifestante. Estratégia até hoje usada, com variações, pela esquerda mundial.

Claro que há também uma eficaz estratégia e organização por parte dos bolcheviques, que pode ter sido facilitada por recursos financeiros provindos da Alemanha, mas que encontrou algum eco entre os russos. Os bolcheviques foram altamente eficazes em organizar e mobilizar os trabalhadores, soldados e camponeses. Suas mensagens ressoaram amplamente devido à situação crítica do país, e eles foram capazes de aproveitar a oportunidade política. Também é possível falar em apoio no Front, pois muitos soldados nas frentes de batalha estavam desmoralizados e queriam o fim da guerra, o que fortaleceu o apelo dos bolcheviques pela paz.

Disto podemos concluir que há base histórica para afirmar que havia a época uma diversidade de opiniões sobre a permanência ou não na guerra e que a mensagem “paz, pão e terra” não foi entendida como algo positivo por todos que a escutaram, não estando parte da população disposta a apoiar Lenin, os bolcheviques ou a mensagem contida nesta famosa frase do discurso proferido por Lenin. A situação na Rússia nesta época era, no entanto, altamente complexa e também volátil, podendo o dinheiro alemão ter exercido um peso considerável no apoio e suporte requerido pelos bolcheviques para serem vitoriosos.

Após a revolução de 1917, Lenin e os demais, juntaram os tesouros e patrimônio histórico russo e venderam em leilões partes significativas dos mesmos, em cidades como Londres, e parte do dinheiro foi depositado em bancos suíços.

Há quem defenda a venda deste inestimável patrimônio como decorrente das necessidades enfrentadas pelos bolcheviques, oriundas da situação econômica pela qual a Rússia passava. Estes problemas econômicos seriam decorrentes de várias circunstâncias, tais como: a guerra civil russa (1917-1923); a devastação proporcionada pela participação na guerra; a necessidade de consolidar o poder.

Estes tesouros leiloados foram obtidos por meio do confisco (roubo) de propriedades da aristocracia russa, da Igreja Ortodoxa Russa, e de bens pertencentes ao governo da antiga Rússia, no regime anterior. Este enorme patrimônio incluía diversos objetos de arte, joias, manuscritos de grande valor, e inumeráveis outros itens de valor inestimável. Temos registro histórico da ocorrência destes leilões efetuados pelos bolcheviques, organizados para o mercado internacional em cidades tais como: Londres, Berlim, Nova York. Por meio de tais leilões o governo obteve enorme quantidade de dinheiro que serviu para financiar o governo, obter suprimentos necessários e também, segundo alguns comentadores, pagar o empréstimo feito a Lenin pela Alemanha. Há, no entanto, relatos de que parte deste montante teria sido depositado em bancos suíços e também de outros países.

Historicamente, a venda de tesouros russos é bem documentada, embora os detalhes exatos e a extensão completa dessas transações possam ser difíceis de determinar devido à natureza secreta de algumas dessas operações. As alegações sobre depósitos em bancos suíços são mais difíceis de verificar completamente, mas são plausíveis dado o contexto da época.

Decorrente em grande parte de políticas adotadas pelo governo soviético, tivemos mais de um momento histórico de grande fome na URSS. Como consequências decorrentes de políticas não apropriadas, entre 1921 e 1922 há uma grande fome que por vezes também é chamada pelo nome “Holodomor”, mas tal designação é incorreta, sendo o mais correto chamar a fome neste período por “Fome Russa”. A “Fome Russa” afetou principalmente a região da bacia do rio Volga, bem como outras áreas da URSS e foi responsável por pelo menos 5 milhões de mortes.

Analisemos agora as causas da “Fome Russa”, já que não há uma única e sim vários fatores a ela associados. Tivemos secas severas que em parte contribuíram para esta fome, também a guerra civil russa entre o exército vermelho e os exércitos brancos, que trouxe consequências realmente devastadoras para a produção de alimentos no campo. Seja somada uma política de arrecadação forçada de grãos e outros bens alimentares presentes no campo, visando sustentar o exército em guerra. Esta política econômica ficou conhecida como sendo “Comunismo de Guerra”, e consistia na requisição forçada de alimentos pelos militares soviéticos. Esta crise foi tão grande que para mitigar os impactos da fome foi necessário assistência internacional, o que envolveu na época até a ARA – American Relief Administration, então liderada por Herbert Hoover.

Continuemos por uma total inverdade na época em que foi timidamente anunciada por poucos destemidos e que hoje é tida como uma verdade inconteste: O Holodomor. Ocorrido na Ucrânia, entre 1932 e 1933, este nome faz alusão a grande fome que assolou esta região, ceifando a vida de milhões de ucranianos. Este verdadeiro genocídio ocorreu como decorrência da fome ocasionada pelas políticas soviéticas, tendo Stalin no comando. Nesta nova política adotada a mando de Stalin, tivemos a coletivização forçada da agricultura nesta região, bem como, a imposição pelo governo de requisitos de cotas de grãos extremamente elevadas. Não havia grãos para comer ou mesmo para plantar, pois todos eram requisitados por Moscou para que fossem vendidos para o exterior, obtendo deste modo, por meio da venda de grãos para outros países europeus, dinheiro para Stalin aplicar na modernização e industrialização da URSS. A fome, claro está, também afetou algumas outras partes da URSS, mas foi devastadora na Ucrânia.

O significado da palavra “Holodomor” tem sua origem na língua falada na Ucrânia. Em ucraniano, “holod” significa “fome”, já o termo “mor” significa “matar”. Sua origem provém de "moryty", que significa infligir sofrimento, causar a morte. Resultando em "matar pela fome" ou "morte por inanição". Apesar da rejeição inicial em se aceitar esta verdade, hoje o “Holodomor” é reconhecido por muitos países e estudiosos como um genocídio, uma tentativa deliberada de destruir uma parte substancial do povo ucraniano.

A fome ocorrida entre 1921 e 1922, a “Fome Russa”, foi causada principalmente por uma combinação de guerra civil, políticas econômicas desastrosas e secas severas, e como resultado tivemos 5, ou mais, milhões de mortes. Já com relação ao “Holodomor”, ocorrido entre 1932 e 1933, dele resultando de 3,5 a 7 milhões de mortes de, principalmente, ucranianos. O “Holodomor” foi resultado direto das políticas adotadas pela URSS de Stalin no tocante à coletivização forçada da produção agrícola, das cotas de grãos e do confisco de praticamente todo o suprimento de alimentos da região, afetando prioritariamente a população rural local.

Agora, ainda temos de falar sobre os cossacos e o genocídio secreto dos mesmos pelos bolcheviques. Primeiramente os bolcheviques fizeram um acordo com os cossacos para que estes os ajudassem na guerra civil russa e parte dos mesmos aderiu, mas foram todos traídos pelos bolcheviques quando estes não mais precisaram deles.

Os cossacos se apresentam como um grupo étnico e social originário das regiões de fronteira da Rússia e da Ucrânia. Historicamente conhecidos por manterem um estilo de vida militar e por sua autonomia política. Quando do seu surgimento histórico, no século XV, temos a união de camponeses, nobres e outros, visando formar comunidades autônomas e defender as fronteiras do então Império Russo. Famosos por suas habilidades equestres e militares, bem como por sua organização comunitária própria, tiveram um importante papel nas guerras de expansão territorial do Império Russo. Os cossacos mantinham uma cultura própria, com tradições, trajes e organização política distintas, gozando de certa autonomia e privilégios militares dados em troca de seus serviços ao Império.

Entre 1917 e 1923, durante a guerra civil russa, os cossacos atuaram de ambos os lados, parte apoiando o exército branco e parte o exército vermelho. Os que apoiavam o exército branco ficaram conhecidos como “cossacos brancos” ou “anti-bolcheviques”. Quando os soviéticos ganharam a guerra civil, traíram os cossacos que os apoiavam, pois, estes eram vistos como uma potencial ameaça ao novo regime, devido a sua tradição e seu histórico de autonomia e resistência. Houve, portanto, uma “política de descosaquização”, que incluía a repressão violenta, a deportação em massa e a execução sumária de cossacos, sendo suas propriedades confiscadas pelo Estado soviético. Foram tantos assassinatos de cossacos pelo novo regime que é historicamente correto falar em genocídio. Calcula-se em 500 mil até 1 milhão de cossacos assassinados ou deslocados para outros lugares contra sua vontade.

Em verdade, trata-se de um genocídio secreto, pois, carece de documentação pública ou a devida cobertura dos eventos relacionados. Há, no entanto, consenso hoje em dia por parte dos historiadores do período, sobre o assassinato em massa dos cossacos e a enorme brutalidade exercida pelo Estado soviético contra esta etnia. Na época tal fato foi escondido, não tendo sido amplamente divulgado, mas hoje é algo reconhecido mundialmente como sendo uma grande tragédia, como muitas outras ocorridas no período soviético.

O novo regime soviético temia os cossacos e por isto optou por eliminar o que via como sendo uma possível futura ameaça e o fez de modo brutal e repressivo. Havia o interesse em eliminar os cossacos em virtude de sua autonomia e resistência histórica.

Em suma e resumidamente, neste breve texto falamos de alguns pontos centrais e monstruosos do regime soviético, sempre envolto em silêncio e segredos, alguns que persistem até os presentes dias, não nos permitindo afirmar conclusivamente certas interpretações históricas, apesar da validade implícita das mesmas quando analisado o contexto. Eis um resumo do que aqui falamos:

1- A Alemanha influiu por meio de seu serviço secreto militar na eclosão da Revolução Russa de fevereiro de 1917, com características liberais. Posteriormente também financiou e articulou estrategicamente os elementos para a Revolução Russa de outubro de 1917.

2- Em virtude do governo provisório manter a Rússia na Guerra, a Alemanha por meio do seu serviço secreto militar organizou o transporte por trem, atravessando a Alemanha, de Lenin e outros integrantes de seu partido que estavam isolados na Suíça.

3- A Alemanha forneceu a Lenin vários milhões de marcos a título de empréstimo que foi pago após a guerra.

4- O Tratado de Brest-Litovsk, com as enormes compensações dadas a Alemanha, foi também uma forma de Lenin e os bolcheviques pagarem o empréstimo.

5- Após 1917, Lenin e os Bolcheviques venderam em diversos leilões espalhados em cidades pelo mundo, parte significativa dos tesouros da Rússia. Parte do dinheiro obtido foi depositado em bancos suíços e outros bancos. Outra parte do dinheiro foi usada para pagar o empréstimo dos alemães.

6- Após a revolução de outubro de 1917, a Alemanha ajudou não somente financeiramente, mas também militarmente. Soldados do exército alemão que estavam presos em solo soviético foram libertados e lutaram contra os inimigos dos bolcheviques.

7- A famosa frase de Lenin em seu discurso quando da chegada do trem em São Petersburgo prometendo “Paz, pão e terra” é uma grande mentira quando a história oficial nos diz que estas bandeiras foram responsáveis pelo apoio dos russos, pois, estes sabiam da entrada dos americanos na guerra e que esta estava com os dias contados para a derrota da Alemanha. Esta sendo derrotada, além dos russos não precisarem pagar qualquer coisa a título de indenização para a Alemanha, estes teriam direito de receber indenizações. Também havia um forte sentimento de ódio para com o inimigo e orgulho pelo exército nacional. Logo, os russos não queriam paz naquele momento. Quanto ao pão, havia muitos grãos armazenados, o problema era a logística para o transporte em virtude da guerra. Quanto à terra, este tema era indiferente para o trabalhador urbano, já os camponeses não confiavam nos bolcheviques.

8- Entre 1921 e 1922 tivemos a “Fome Russa”, que matou pelo menos 5 milhões.

9- Após 1923 ocorreu o genocídio dos cossacos, os que não foram assassinados foram removidos de suas terras e todas as propriedades dos cossacos foram confiscadas pelos Estado Soviético. De 500 mil a 1 milhão de cossacos assassinados ou deportados para outros lugares.

10- Entre 1932 e 1933 tivemos o “Holodomor” na Ucrânia, que matou entre 3,5 e 7 milhões, a maior parte das mortes ocorreu entre ucranianos.

 

Silvério da Costa Oliveira.

 


 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

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