Textos filosóficos, críticos, comportamentais e sobre arte da escrita, sucesso e auto-ajuda.
Professor Doutor Silvério
Blog: "Comportamento Crítico"
Professor Doutor Silvério
Silvério da Costa Oliveira é Doutor em Psicologia Social - PhD, Psicólogo, Filósofo e Escritor.
(Doutorado em Psicologia Social; Mestrado em Psicologia; Psicólogo, Bacharel em Psicologia, Bacharel em Filosofia; Licenciatura Plena em Psicologia; Licenciatura Plena em Filosofia)
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domingo, 9 de janeiro de 2011
Sobre os sofistas do século XXI: Filósofo educador, um sofista moderno!
Por: Silvério
da Costa Oliveira.
Sobre os sofistas do século XXI: Filósofo
educador, um sofista moderno!
Hegel nos
lembra que a toda tese corresponde uma antítese, não há, sem dúvida, história,
fato narrado ou qualquer vivência humana social que não carregue em si, em sua
própria existência, o potencial de seu oposto narrativo. Quando mais de uma
pessoa testemunha um fato, cada qual nos conta o mesmo com variações sutis e
por vezes profundas, sem sequer que haja intenção oculta de mentir ou mascarar
a realidade, mas simplesmente por cada uma absorver o referido fato dentro da
malha de seus valores culturais, de sua formação educacional e de seus valores
familiares e sociais.
Se pensamos
então no depoimento de alguém que tenha uma posição nitidamente contrária e
oposta a outra pessoa ou corrente de pensamento, maiores são ainda as chances
de que mesmo sem intencionalidade haja deturpação dos fatos ou das idéias
originais em prol de uma melhor arrumação entre as idéias defendidas pela
pessoa que nos conta a história.
Nossa moderna
sociedade tem suas raízes na cultura antiga, greco-romana, e dentre os grandes
expoentes da antiguidade encontramos os filósofos Platão e Aristóteles, ocorre
que ambos eram oponentes do movimento sofístico presente no V século a.C. e apesar
de termos seus escritos nos explicando o pensamento destes filósofos então
chamados de sofistas, não temos os escritos originais dos mesmos para comparar
e estabelecer uma justa contenda. O termo sofista significa “sábio” no sentido
original, mas foi adulterado para outros significados, depreciando o mesmo.
Sofistas somos
todos nós, educadores do século XXI, senão, analisemos pelo que estes primeiros
eram tão veementemente criticados. O filósofo é o amante da sabedoria como
Sócrates e Platão nos mostram nos diálogos, já o sofista é o mercador do
conhecimento, pois, após longo e árduo estudo e de posse de amplo conhecimento
vende suas aulas para quem possa pagar pelas mesmas. Aulas de matemática ou
persuasão, a escolha é do cliente que paga. Em uma sociedade onde germinava a
democracia, a arte de bem falar e saber persuadir era priorizada por quem
queria seguir carreira política e eram estes alunos que pagavam para aprender a
arte da retórica e da persuasão, como bem falar e influenciar a platéia, convencendo
aos outros de suas próprias idéias. Qualquer professor hoje, “proletário da
educação”, recebe pelas suas aulas, sejam de temas técnicos, sociais ou humanos
e quem escolhe sobre o que irá ter aulas é o aluno que paga. Ao professor só
lhe resta seguir pela cartilha pré-aprovada dos programas e ementas das
instituições de ensino onde leciona para poder sobreviver vendendo o pouco que
sabe para quem paga e não sabe sequer o valor do que está comprando.
Se aos
sofistas do V século a.C. cabe ensinar como obter o sucesso por meio do
conhecimento adquirido e se os mesmos fazem carreira em sua vida docente, o que
não dizer do docente moderno? Podemos dizer em sã consciência que buscamos a
verdade em total desapego dos prazeres e bens materiais decorrentes desta
atividade?
Um sofista
como Hippias tem orgulho de ter um conhecimento enciclopédico e uma ótima
memória, mas, o que podemos dizer hoje sobre o reconhecimento social por meio
de títulos acadêmicos? Eu só sei que nada sei ou eu sei que tudo sei?
Afinal, o aprendizado
é visto por nós educadores como algo realmente ativo como o queria Sócrates com
sua Maiêutica, o parto das idéias, ou o aluno é visto como um ser passivo ao
conhecimento despejado pela verborréia infinita do professor, que outra coisa
não faz se não recitar ementas e programas desatualizados e sem nexo causal que
a coordenação de ensino lhe passou?
Em verdade,
seja o homem (e entenda-se aqui este termo como se referindo a ser humano) no
sentido individual ou no sentido universal, a medida de todas as coisas como o
queria Protágoras (O homem é a medida
de todas as coisas, das que são, enquanto são, das que não são, enquanto não
são), não seria esta a reflexão final sobre nosso ser e existência
social? Até que ponto a universalidade de conhecimentos e idéias presente nas
universidades, nas suas divisões em faculdades e mesmo dentro de cada micro
região disciplinar não representa a presença onipotente do relativismo de todos
os saberes? O aluno recém ingresso em uma instituição de ensino é exposto a uma
gama desenfreada de razões e contra-razões, todas certas segundo uns e erradas
segundo outros, onde, pela sua ignorância institucionalmente aprovada pode
trocar a prova dos fatos e da razão pela prova mais saborosa da escolha pelos
seus belos sentimentos de empatia para com esta teoria ou aquela outra, para
com este modelo teórico ou aquele outro, para este grupamento do saber ou
aquele outro. Incentivado por professores, todos, sem o perceber, viajam nas
águas perigosas do total relativismo, esquecendo-se, talvez, que se o homem é a
medida de todas as coisas no sentido universal e não individual, acabamos por
nos afastar de um relativismo absoluto e nos aproximar de uma visão kantiana
(fenômeno e numeno) ou piagetiana (ação sobre o objeto). Se esta relação entre
algo próprio do sujeito conhecedor e algo próprio do objeto conhecido é
característica universal de nossa espécie, ou melhor ainda, de todos os seres
cognoscentes que possam existir, então estamos diante de conceitos tais como
universalidade e necessidade.
Imagino que ao
pensarmos na educação, não estaríamos longe da ironia de Sócrates se usássemos
a argumentação de Górgias sobre o Ser para descrevê-la em sua verdade crua e
nua: 1- nada existe, 2- mesmo que houvesse alguma coisa, não poderíamos conhecê-la
e 3- mesmo que pudéssemos conhecê-la, não poderíamos comunicá-la aos outros.
Até que ponto
o docente hoje é alguém de fato ligado a sua cidade, ou melhor ainda, a sua
comunidade, ou defendendo-se por meio da idéia de uma sociedade global,
mostra-se na prática como um caixeiro ambulante (vendedor de cidade em cidade)
da educação? Filósofo ou sofista? Em verdade, verdade, sofista!
Afinal,
sejamos francos, ensinar ou educar é uma profissão como entenderam os sofistas
ou uma atividade pura do ser humano livre em uma busca do saber pelo saber, sem
fins lucrativos?
Para nossa
sociedade global, de padrões éticos seriamente questionáveis, afinal, a verdade
é um valor importante e transmitido para a população ou o importante é
meramente o convencimento das massas por meio de discursos? O mais importante é
encontrarmos a verdade dos fatos ou convencermos por meio de palavras e atos
solenes nosso adversário ou ao público que irá julgar?
Até que ponto
o filósofo educador contemporâneo não fica com um pé na manutenção de seu
sofrido “ganha pão”, a boa saúde de suas finanças, obtido pela aprovação social
de suas idéias e comportamentos e por outro lado, com um pé no que
verdadeiramente pensa sobre a opinião das massas (e não me refiro à
macarronada, se bem que esta seja tão inteligente quanto), sobre as crenças
religiosas, sobre as religiões aceitas e proclamadas em sua sociedade a ponto
de poder ser acusado de impiedade para com os deuses e a semelhança de
Prodicus, ser condenado à morte sob a acusação de corrupção da juventude por
apresentar idéias e doutrinas subversivas a toda e qualquer religião, pois,
afinal, a origem da religião não se encontra na personificação de objetos
naturais?
Como o quer
Oswald de Andrade com a idéia poética de antropofagia, vamos utilizar o
canibalismo simbólico no melhor que podemos encontrar dentro do movimento
sofista para repensarmos nossa contemporaneidade. Cabe termos a nossa própria
identidade pensante, mas dentro de um arcabouço global de idéias.
Ao final desta
exposição resta nos uma dúvida: os sofistas ainda estão vivos? Bem, eu pelo
menos estou, e você?
Pergunta: Qual
a importância e contribuição da sofística para a sociedade na qual vivemos?
Prof. Dr.
Silvério da Costa Oliveira.
(Respeite os
Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de
ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)
Adorei o texto! Realmente nos ajuda a pensar sobre o nosso papel enquanto educadores vinculados a uma Instituição. Não é raro recebermos ementas de disciplinas totalmente desconectadas na forma de abordar o conteúdo e até mesmo entre as disciplinas afins. Um certo planejamento é interessante, mas jamais deve coibir a liberdade para que o professor possa fazer as correlações necessárias à ampliação da visão sobre o assunto. Trabalhei numa universidade cuja coordenadora de disciplina teve a brilhante idéia de padronizar as aulas. Fui radicalmente contra e no final do semestre fui demitida. Como é possivel engessar o pensamento? Trabalhar um conteúdo pensado e organizado de fora? Viva o sofismo!
Ensinar é uma arte que deve ter sua devida remuneração visto a necessidade que o educador tem de continuar adiquirindo conhecimento, aumentado assim seu cabedal, o qual será transmitido a seus alunos. O consumismo ocidental não permite o surgimento entre nós de mestres desapegados o suficiênte a ponto de espalhar o saber desinteresadamente. Na falta destes ficamos com os sofistas
realmente estou maravilhada com esta obra que fala dos sofistas ,apesar do que e a primeira vez que leio ,e de grande valor para o conhecimento filosofico.
Veja uma aula sobre como fazer uma redação do ENEM.As ideias passadas pelos professores são praticamente sofistas.Enganar o leitor,não precisa ter qualquer relação do que é escrito com sua moral,criar uma retórica,usar a beleza a seu favor.Sem mencionar o fato de que o debate real do assunto do ENEM praticamente nunca é debatido em locais públicos ou até mesmo pelos próprios julgadores dessas redações.Esse é um simples exemplo de como as ideias sofistas permanecem no cotidiano que não são questionadas.
Adorei o texto! Realmente nos ajuda a pensar sobre o nosso papel enquanto educadores vinculados a uma Instituição. Não é raro recebermos ementas de disciplinas totalmente desconectadas na forma de abordar o conteúdo e até mesmo entre as disciplinas afins. Um certo planejamento é interessante, mas jamais deve coibir a liberdade para que o professor possa fazer as correlações necessárias à ampliação da visão sobre o assunto.
ResponderExcluirTrabalhei numa universidade cuja coordenadora de disciplina teve a brilhante idéia de padronizar as aulas. Fui radicalmente contra e no final do semestre fui demitida. Como é possivel engessar o pensamento? Trabalhar um conteúdo pensado e organizado de fora?
Viva o sofismo!
Márcia
Ensinar é uma arte que deve ter sua devida remuneração visto a necessidade que o educador tem de continuar adiquirindo conhecimento, aumentado assim seu cabedal, o qual será transmitido a seus alunos. O consumismo ocidental não permite o surgimento entre nós de mestres desapegados o suficiênte a ponto de espalhar o saber desinteresadamente. Na falta destes ficamos com os sofistas
ResponderExcluirrealmente estou maravilhada com esta obra que fala dos sofistas ,apesar do que e a primeira vez que leio ,e de grande valor para o conhecimento filosofico.
ResponderExcluirVeja uma aula sobre como fazer uma redação do ENEM.As ideias passadas pelos professores são praticamente sofistas.Enganar o leitor,não precisa ter qualquer relação do que é escrito com sua moral,criar uma retórica,usar a beleza a seu favor.Sem mencionar o fato de que o debate real do assunto do ENEM praticamente nunca é debatido em locais públicos ou até mesmo pelos próprios julgadores dessas redações.Esse é um simples exemplo de como as ideias sofistas permanecem no cotidiano que não são questionadas.
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