Textos filosóficos, críticos, comportamentais e sobre arte da escrita, sucesso e auto-ajuda.
Professor Doutor Silvério
Blog: "Comportamento Crítico"
Professor Doutor Silvério
Silvério da Costa Oliveira é Doutor em Psicologia Social - PhD, Psicólogo, Filósofo e Escritor.
(Doutorado em Psicologia Social; Mestrado em Psicologia; Psicólogo, Bacharel em Psicologia, Bacharel em Filosofia; Licenciatura Plena em Psicologia; Licenciatura Plena em Filosofia)
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domingo, 2 de janeiro de 2011
Repensando a vida por meio de Nietzsche
Por: Silvério
da Costa Oliveira.
“O homem é o animal mais cruel contra si
mesmo; e, em todos os que se dizem ‘pecadores’ e ‘penitentes’ e ‘portadores de
cruz’, não vos passe despercebida a volúpia que há nesses lamentos e acusações!”
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Assim falou
Zaratustra: Um livro para todos e para ninguém. p. 225 (terceira parte da
obra – o convalescente, 3).
Há quem
queira igualar e não diferenciar filosofia, de história da filosofia, mas há
uma diferença, pois, quando fazemos história da filosofia somos fiéis ao
pensamento de outros e quando fazemos filosofia somos fiéis ao nosso próprio
pensamento. Aqui minha intenção não é fazer história da filosofia. No meu
entendimento o filósofo é o grande crítico social, exercendo sua crítica
racional sobre os valores reinantes, explicitando conceitos e significados em
busca da origem e vinculações dos mesmos a valores e idéias na sua relação
intrínseca com a vida e a natureza.
Pensar o ser
humano dentro de uma dualidade, seja esta entre mente e corpo ou entre mundo
das aparências e mundo real, entre o ser e o dever ser, entre o bem e o mal,
entre amor e ódio, entre deus e demônio ou entre santos e pecadores, como
qualquer outra dualidade, em verdade, mais do que dividir, nega-se a vida em
prol da anti-vida, da negação da vida, da afirmação do nada, do niilismo em
suas diversas apresentações.
O ser humano
é um ser voltado a um destino ainda por vir, mas que deve ser criado hoje,
trata-se não de um ser acabado, mas sim de uma ponte entre algo que deve deixar
de ser e algo novo que se anuncia e entenda-se este algo novo não como um super
homem, dando-se a ilusão que se reforça os valores e aspirações deste humano
contemporâneo, mas não, é preciso que este finde sua existência e não que esta
seja super valorizada, menos que um super homem, trata-se do advento de um além
do homem, de uma superação deste ser humano, da construção de um ser que não
negue a vida e sim que a afirme em todos os seus atos e palavras, alguém que
não viva pelo niilismo e ressentimento tão bem expresso pelas religiões
(cristianismo, budismo, islamismo, judaísmo, etc.) e sim pela vontade, não de
poder, mas sim de potência.
O ser humano
contemporâneo deve ser percebido como uma ponte, uma corda tencionada ligando
os dois lados de um abismo, de um lado o que há e deve findar, cujo destino é o
ocaso, de outro lado o porvir enquanto superação e exaltação, um ser ao qual
podemos denominar como além do homem. O homem não é uma meta, mas sim algo a
ser superado.
Nietzsche em
“Assim falou Zaratustra” nos afirma
que o homem é uma corda estendida entre o animal e o além-do-homem, uma corda
sobre um abismo, segundo Nietzsche toda grandeza do homem está justamente em
ser o mesmo uma ponte, uma transição e um ocaso.
O cheiro de
putrefação incomoda os narizes mais sensíveis quando diversos grupos e correntes
tentam ressuscitar um ser mítico que morreu faz tempo acometido de profunda
compaixão. Em verdade, tal ser mítico foi morto pela compaixão e amor que
nutriu pela humanidade, este foi seu inferno e sua morte.
Este ser
mítico está morto, mas não é correto a partir deste fato inegável afirmar que
tudo é permitido, pois esta crença na total permissividade esconde uma mentira
que por sua vez re-afirma a vida e não a morte de tal ser, em verdade, tal ser
mítico morto não pode tornar tudo permitido, pois, nunca foi ele análogo à
verdade ou ao princípio.
A negação de
deus não pode ser confundida com a mera troca de deuses. O dogmatismo presente
em correntes de pensamento não passa de uma ortodoxia religiosa na qual deus se
esconde em meio a sua negação pela presença do que mais profundamente lhe
caracteriza. Coisas materiais ou mesmo estados alterados da consciência
provocados pelo uso imoderado de substâncias químicas também não negam a deus,
mas simplesmente o substitui. Em todos estes e outros casos continua-se a
cultuar algo que denigre a vida e valoriza o nada, pois, antes há o homem de
querer o nada, a nada querer.
Este mundo
não é um vale de lágrimas e não há um outro mundo perfeito e repleto de
felicidade. O único mundo onde a felicidade é possível é este no qual estamos,
pois, esta realidade é a única existente e qualquer outra concepção filosófica
religiosa que diga o contrário condena o ser humano a viver na miséria mental e
física. Nós não somos escravos, então, não nos comportemos como escravos. Somos
senhores de nossa vida, valores e destino.
É uma ilusão
acreditar que o ser humano é imperfeito e tal ilusão se agarra à idéia de um
ser perfeito que não somos nós. Ao buscarmos a origem de tal absurdo não
esbarramos na religião e sim na filosofia, pois, este erro provém da filosofia
de Platão e de seu conceito teórico de um mundo das idéias do qual nós somos
cópias imperfeitas. Ignorantes podem acreditar que denegrir o humano como um
ser imperfeito é uma concepção religiosa cristã, mas estão errados, sua origem
é platônica e a religião cristã ao apregoar um mundo de imperfeição em
comparação com um mundo perfeito, mas não existente em parte alguma, nada mais
faz se não platonismo para o povo. Somos perfeitos, porque somos únicos. Cada
um de nós é perfeito em sua essência humana e continuará sua perfeição enquanto
não quiser copiar a qualquer outro e sim ser a si próprio. Eu sou perfeito e
você também o é, a não ser que prefira ser à sombra de uma cópia.
Cabe ao ser
humano entender que ele próprio é o grande mentor de sua vida e só a ele cabe a
total responsabilidade pela vida que vive, pelo que é e como se expressa. Cabe
ao ser humano destruir velhos valores que negam a vida e afirmam o niilismo e
construir novos valores, afirmativos da vida e do surgimento de um além do
homem. Cabe repensarmos e atuarmos na transmutação de todos os valores. Para o
filósofo, mais importante do que afirmar valores morais deve ser sempre a busca
da origem de tais valores.
Ao se
desprezar o corpo, despreza-se em verdade a própria vida, pois o corpo somos
nós em nossa totalidade e integridade genuína. Não somos dois, somos um.
Qualquer dicotomia filosófica religiosa é de fato uma negação da própria vida e
como tal deve ser combatida e não passivamente acatada.
Livros e
textos de minha autoria, gratuitos nos meus sites na Internet, com outras
reflexões sobre o pensamento de Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900):
“Comentário a Nietzsche”, capítulo 6 do
livro “Reflexões filosóficas: Uma pequena
introdução à filosofia”.
“Crítica da vontade de verdade”, capítulo
4 do livro “Estudos de psicologia e
filosofia”.
“Sobre Nietzsche”, Blog “Ser
Escritor” quarta-feira, 5 de dezembro de 2007.
Blog
“Comportamento Crítico” sexta-feira, 15 de outubro de 2010.
“Niilista”, Blog “Ser Escritor”
quarta-feira, 22 de abril de 2009.
Blog
“Comportamento Crítico” sexta-feira, 15 de outubro de 2010.
“Estudante
do curso de filosofia”, Blog “Ser Escritor” segunda-feira, 1 de junho de
2009.
Pergunta: Em
sua passagem você tem enaltecido ou denegrido a vida?
Prof. Dr.
Silvério da Costa Oliveira.
(Respeite os
Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de
ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)
Oi, Silvério
ResponderExcluirÓtimo texto para começar o ano e refletirmos sobre o nosso papel como responsáveis pelas nossas escolhas.
Márcia