Por: Silvério da Costa Oliveira.
Josef Stalin
Stalin (1878-1953), ou Estaline, Иосиф Виссарионович Сталин (em russo) ou Iosif Vissarionovich Dzhugashvili, quando jovem tinha como apelido “Koba”, nasce em Gori, província de Tíflis (na atual Geórgia), Império Russo, e falece em Moscou, URSS. Stalin é um pseudônimo que tem como significado “homem de aço” e foi adotado durante uma publicação (jornal Pravda), provavelmente imitando o exemplo de Lenin, que também adota um pseudônimo. Oriundo de uma família pobre, seus pais eram Besarion Jughashvili (1849/1850-1909), sapateiro, e Ketevan Geladze, costureira (1858-1937). Era desejo do pai de Stalin que seu filho seguisse o ofício de sapateiro, já sua mãe queria que este se dedicasse a vida religiosa, vindo a ser padre.
Stalin casou-se no ano de 1906 com Ekaterina Svanidze (1885-1907), relação que gerou um filho, Yakov Dzhugashvili. Tendo falecido sua esposa (por tifo ou de colite ulcerosa) em 1907, casou-se novamente em 1919, desta vez com Nadezhda Alliluyeva (1901-1932), que teria cometido suicídio com o uso de uma arma de fogo, se bem que acobertado pelo partido, casamento do qual resultou mais dois filhos, Vasily Dzhugashvili e Svetlana Alliluyeva. Além disto, teve várias amantes e alguns filhos nascidos fora do casamento.
Stalin, conjuntamente com Lenin, fazia parte da ala comunista mais radical em seu país, os bolcheviques (a outra ala ela composta pelos mencheviques). Desde 1901 chamou a atenção das autoridades russas pelo seu envolvimento em atividades subversivas vinculadas ao partido comunista, sendo preso várias vezes e, também, enviado ao exílio (Stalin sofreu um total de 7 exílios no decorrer de sua vida) na Sibéria. Em 1912, passou a ser o responsável pela edição do jornal revolucionário bolchevique chamado “Pravda”.
Proveniente de uma família pobre, atuou ativamente durante a revolução russa, inclusive ajudando na obtenção de fundos por meio de assaltos, roubos, sequestros e outros ilícitos. Veio a conhecer pessoalmente a Lenin em 1905. No ano de 1907 organizou e participou de um grande roubo a banco no qual 40 pessoas foram mortas e muitas feridas, tendo seu grupo conseguido escapar com o fruto do roubo. Esteve desde os primeiros momentos presente na revolução de outubro de 1917. Ao contrário de Lenin, que defendia a internacionalização da revolução comunista, Stalin passou a defender publicamente o socialismo em um só país.
Passou a governar a URSS desde a morte de Lenin em 1924, mas já estando presente enquanto força política decisória desde antes desta data. Foi Secretário Geral do Partido Comunista de 1922 a 1952, e primeiro-ministro de 1941 a 1953, ano de seu falecimento. Deste 1927 passou a ter plenos poderes de ditador e autocrata na URSS. Participou ativamente na consolidação das ideias de seu antecessor, Lenin, que ficaram conhecidas como “marxismo-leninismo”, enquanto suas próprias ideias passaram a ser conhecidas como “stalinismo”.
Desde o começo da revolução russa, em 1917, até 1924 com a morte de Lenin, Stalin exerceu cargos dentro da administração pública, como burocrata, de modo a desenvolver força dentro deste segmento da sociedade, o que veio a lhe favorecer quando pleiteou assumir o poder no lugar do falecido Lenin, vencendo outros postulantes ao cargo de diligente supremo da URSS. Desde o primeiro derrame de Lenin, em 1922, e seu afastamento da política de modo mais ativo, Stalin passou a exercer o poder de governante na URSS, indo aos poucos eliminando seus inimigos e rivais políticos pelo poder.
Stalin esteve a frente de seu país durante o conflito bélico ocorrido na segunda guerra mundial, quando a URSS foi invadida pela Alemanha nazista e, posteriormente a 1945, durante o transcorrer da assim chamada guerra fria.
Em agosto de 1939 Stalin assina com Hitler um pacto (Pacto Molotov-Ribbentrop) de não agressão, pacto este quebrado pela Alemanha em junho de 1941, ao invadir a Rússia. Em paralelo com tais fatos, Leon Trotsky, que se opunha a Stalin e estava exilado no México, foi assassinado a mando de Stalin em agosto de 1940. Enquanto Trotsky, da mesma forma que antes Lenin, defendia a revolução permanente, Stalin defendia o socialismo em um só Estado (país).
Em resposta ao rápido avanço das tropas alemãs durante a invasão da URSS na segunda guerra mundial (ou “grande guerra da pátria”, como foi chamada na URSS), Stalin emitiu a ordem número 270, em agosto de 1940, pela qual os soldados soviéticos deveriam lutar até a morte e não se renderem jamais. Aqueles que fossem capturados pelo inimigo seriam considerados traidores e desertores, com as devidas consequências para os soldados e suas respectivas famílias, as quais passariam a ser entendidas como cúmplices e também traidoras, sendo tratadas como inimigas do Estado. As famílias de soldados presos estavam sujeitas a punições, deportação (Sibéria), trabalho forçado e mesmo, execução. Também destaque deve ser dado à ordem de número 227, de julho de 1942, que ficou conhecida pela frase: "Nenhum passo para trás!". A ordem 227, de Stalin, previa a criação de batalhões que ficariam na retaguarda do exército soviético para fuzilar qualquer soldado que batesse em retirada. As ordens 227 e 270 não fazem parte do mesmo sistema de documentação, daí a de número 227 ser datada de julho de 1942 e a de número 270 ser datada de agosto de 1940.
Seu falecimento em março de 1953, aos 74 anos de idade, oficialmente ocorreu por hemorragia cerebral, apesar de aparentemente gozar de boa saúde física, no entanto, há quem fale em envenenamento, afinal, inimigos e rivais não lhe faltavam. Há comentadores que afirmam que os médicos só foram chamados no dia seguinte ao ocorrido, sendo a demora no atendimento a Stalin proposital.
Em 1928 Stalin adota a política dos planos quinquenais de desenvolvimento, visando desenvolver a indústria pesada russa, industrializando de modo rápido o país com metas para cada cinco anos. Estes planos incluíam a infraestrutura necessária para o desenvolvimento industrial do país, tal como a construção de ferrovias, canais, represas, ou mesmo do metrô em Moscou.
Seu governo foi marcado pela centralização política, aumento da burocracia, eliminação dos opositores, forte repressão policial, incentivo ao culto da personalidade do líder (Lenin e Stalin), industrialização intensiva do país, desenvolvimento da indústria bélica, coletivização da agricultura, e participação na segunda guerra mundial e começo da guerra fria.
Dentre as principais características presentes no governo da URSS de 1922 a 1953, impostas a partir da influência e autoridade de Stalin, temos: A implantação de uma ditadura autocrática baseada no culto da personalidade do líder e em um Estado de terror; economia planificada e planos quinquenais com centralização do poder no Estado; ações arbitrárias do governo baseadas na vontade de Stalin; presença marcante de forte propaganda política; nacionalismo; perseguição aos opositores, levando-os ao afastamento dos cargos ocupados, exílio, deportação, trabalhos forçados, prisão, execução. Muitos dos presos políticos foram mandados para a Sibéria para exercer trabalhos forçados e para as prisões chamadas de Gulags; perseguição às Igrejas e líderes religiosos, destruição de prédios de igrejas; grande militarização; manipulação das informações e censura.
Cabe destaque à coletivização das terras para a agricultura e a industrialização e militarização da URSS durante o período do stalinismo. A coletivização das terras foi responsável pela enorme fome que vitimou milhões, em particular na Ucrânia, sendo ali conhecida como um genocídio, o holodomor referência à “grande fome” de 1932-33. O termo “holodomor” provém do ucraniano “holod” = fome, e “mor” = sofrimento, morte, ou seja, matar de fome. Comentadores argumentam que a política agrícola implantada na Ucrânia por Stalin, que levou ao holodomor, foi intencionalmente adotada com este objetivo genocida em vista. Estimativas variam entre 3 e 12 milhões de mortes pela fome na Ucrânia entre 1932 e 1933.
Durante a era de Stalin, na URSS, ocorreram vários expurgos, somando-se milhões de pessoas assassinadas, o número, no entanto, pode variar muito de um comentador para outro. Não há como afirmar corretamente por quantas mortes o regime de Stalin foi responsável. Teríamos de levar em conta as mortes ocorridas pela fome, em decorrência de políticas públicas sobre a agricultura que se mostraram totalmente desastrosas. Também o envio de soldados, durante a segunda guerra mundial, para lutar até a morte contra os alemães, em especial em Stalingrado, onde por vezes os soldados russos eram literalmente empurrados para a morte visando barrar o avanço dos alemães. Os opositores do governo, assassinados ou mortos em prisões ou trabalhos forçados. Enfim, uma estimativa poderia ir, mais modestamente de algumas centenas de milhares, até milhões de mortes, de acordo com o referencial adotado, o pesquisador ou comentador do período. Antes da abertura dos arquivos da URSS alguns comentadores chegaram a falar em 20 milhões de mortes, mas depois entenderam que o número real seria bem maior. Não há realmente como saber ao certo por quantas mortes o governo de Stalin foi responsável, mas com certeza foram muitas.
PRINCIPAIS OBRAS
1- O Marxismo e a questão nacional, 1913.
Título original: Марксизм и национальный вопрос.
Aqui é discutido o problema nacional presente no Império Russo e qual o posicionamento marxista no tocante a nacionalidade. Stalin se posiciona a favor da autodeterminação das nações, definindo “nação” como sendo uma comunidade estável formada por pessoas e baseada em quatro características básicas: língua comum, território, vida econômica e formação psíquica presente em uma cultura comum.
2- Os fundamentos do leninismo, 1924.
Título original: Основы ленинизма.
Coleção de palestras proferidas por Stalin. Tornou-se um manual sobre o leninismo. Aqui são discutidos os princípios básicos do que seja o leninismo, tais como: a teoria do partido revolucionário, a ditadura do proletariado, a questão agrária, a questão nacional, o internacionalismo proletário, a tática e a estratégia revolucionária. Esta obra tinha como objetivo educar os membros do partido sobre os princípios básicos do pensamento e da prática leninista.
3- Problemas do leninismo, 1926.
Título original: Вопросы ленинизма.
Compilação de escritos e discursos de Stalin que ampliam a obra “Os fundamentos do leninismo”. Aborda diversas questões teóricas e práticas relacionadas ao desenvolvimento e aplicação do leninismo, como, por exemplo: a estratégia e tática revolucionária até a política econômica e a construção do socialismo na URSS, enfatizando a adaptação do marxismo-leninismo às condições específicas deste país.
4- História do partido comunista (Bolchevique) da URSS, 1938.
Título original: Краткий курс истории Всесоюзной коммунистической партии (большевиков).
Esta obra ficou conhecida como: “Breve curso”, e foi o texto padrão sobra a história do partido comunista soviético. Trata-se de narrativa oficial que proporciona destaque a eventos e figuras importantes na história do partido, desde a sua formação, dando uma interpretação por meio da visão do stalinismo. Neste livro, Lenin e Stalin tem destacado o seu papel na revolução e na construção do Estado socialista na URSS. Também busca justificar como sendo necessárias para a defesa da revolução, a repressão imposta e, também, o afastamento (expurgo) de antigos membros do partido (exilados, presos ou mortos).
Silvério da Costa Oliveira.
Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.
Site: www.doutorsilverio.com
(Respeite os Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)