Professor Doutor Silvério

Blog: "Comportamento Crítico"

Professor Doutor Silvério

Silvério da Costa Oliveira é Doutor em Psicologia Social - PhD, Psicólogo, Filósofo e Escritor.

(Doutorado em Psicologia Social; Mestrado em Psicologia; Psicólogo, Bacharel em Psicologia, Bacharel em Filosofia; Licenciatura Plena em Psicologia; Licenciatura Plena em Filosofia)

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quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Wilhelm Dilthey: Vida, Ideias e a Revolução das Ciências do Espírito

 

Por: Silvério da Costa Oliveira.

 

Wilhelm Dilthey

 

Nas ciências do espírito, o espírito objetivou-se, nelas formaram-se fins e valores realizaram-se, e é precisamente esse elemento espiritual, que tomou forma nelas, que é apreendido pela compreensão. Dilthey.

 

Wilhelm Christian Ludwig Dilthey (1833-1911) nasceu em Wiesbaden-Biebrich, região do Reno, Confederação Alemã, e faleceu aos 77 anos de idade em Seis am Schlern, Áustria-Hungria. Filho de um teólogo da Igreja Reformada (Calvinista), cresceu em um ambiente familiar marcado pela tradição religiosa, estudou Teologia na Universidade de Heidelberg e Filosofia na Universidade de Berlim. Durante esse período, ele se aprofundou na obra de pensadores como Friedrich Schleiermacher, cuja hermenêutica e abordagem à religião o inspiraram a explorar a compreensão da experiência humana. Concluiu o ensino fundamental em Wiesbaden e em seguida começou a estudar teologia, inicialmente em Heidelberg e depois em Berlim, mas não deu sequência a estes estudos, tendo transferido seu interesse para a filosofia.


 

Obteve seu doutorado em Berlim no ano de 1864 com uma tese sobre a ética de Schleiermacher, marcando sua transição definitiva para a filosofia. Após obter o doutorado e a habilitação (qualificação para lecionar em nível universitário), Dilthey lecionou brevemente como Privatdozent na Universidade de Berlim. Em seguida foi nomeado para uma cátedra na Universidade de Basileia em 1866, posteriormente em Kiel, 1868 e Breslau, 1871. Vindo, finalmente, a suceder R. H. Lotze na Universidade de Berlim em 1882, ocupando a cadeira de Hegel, lugar no qual ficou até o final de sua vida. Atuou, portanto, como professor em Basileia, Kiel, Breslau e Berlim, esta última a partir de 1882, ocupando a cátedra de filosofia. Sua área de interesse e estudo se encontra junto a história, filosofia, psicologia e pedagogia. Sua obra busca o entendimento da experiência e da mente humana. Seus trabalhos influenciaram a filosofia da mente e a hermenêutica.

Em 1874, ele se casou com Katherine Püttmann, tendo três filhos do relacionamento (um menino e duas meninas). Ao longo de sua carreira, Dilthey enfrentou desafios pessoais, incluindo problemas de saúde que o obrigaram a se afastar temporariamente do ensino. Ele era um erudito prolífico, produzindo obras que mesclavam biografia, psicologia e hermenêutica. Em seus últimos anos, ele se retirou para o Tirol do Sul, na Itália, onde continuou a trabalhar em projetos inacabados. Dilthey faleceu em 1 de outubro de 1911, em Seis am Schlern, deixando um legado que moldou o campo das humanidades. Sua vida reflete uma busca incessante por compreender o ser humano em seu contexto histórico e cultural, sem reduzi-lo a leis universais rígidas.

Dilthey desenvolveu uma filosofia que buscava compreender a experiência humana em seu contexto histórico e cultural, destacando-se por sua distinção entre as ciências da natureza e as ciências do espírito, além de conceitos centrais como “Erlebnis” (experiência vivida), “Verstehen” (compreensão) e a crítica da razão histórica.

O conceito de “Erlebnis” é central na filosofia de Dilthey. Ele se refere à experiência vivida, um momento pleno de significado que integra pensamento, sentimento e vontade na consciência individual. Diferentemente de uma experiência meramente sensorial ou fragmentada, o “Erlebnis” é uma unidade significativa que reflete a totalidade da vida psíquica. Por exemplo, ler um poema ou vivenciar um evento histórico marcante não é apenas um ato isolado, mas uma experiência que conecta o indivíduo ao seu contexto cultural e histórico. Dilthey via o “Erlebnis” como a base para compreender a vida humana. Ele pensava que as ciências do espírito deveriam partir dessas experiências vividas para interpretar textos, eventos históricos ou obras artísticas, captando sua riqueza e profundidade.

A “Verstehen” é o método fundamental das ciências do espírito, segundo Dilthey. Trata-se de um processo interpretativo que busca entender as intenções, motivações e significados por trás das ações humanas. Diferentemente da explicação causal, que procura causas externas, a compreensão mergulha na interioridade do sujeito, considerando o contexto histórico e cultural. Por exemplo, ao estudar uma carta de Goethe, o historiador não apenas analisa o texto, mas tenta compreender os sentimentos, intenções e o mundo cultural do autor. Dilthey enfatizou que a “Verstehen” exige empatia e uma conexão com a experiência vivida do outro, muitas vezes mediada pela hermenêutica, que ele desenvolveu a partir das ideias de Schleiermacher.

No primeiro volume de “Introdução ao Estudo das Ciências Humanas”, 1883, faz a distinção entre ciências do espírito (humanas) e da natureza. As Ciências da Natureza (Naturwissenschaften) buscam explicar (erklären) os fenômenos por meio de leis causais e generalizações objetivas. Já as Ciências do Espírito (Geisteswissenschaften) buscam compreender (verstehen) as manifestações da vida humana, como a história, a cultura, a arte, a religião, a literatura, etc. O importante aqui nesta distinção é que a mesma não depende do objeto em estudo e sim do método, já que um mesmo fenômeno pode ser abordado de ambas perspectivas. Portanto, Dilthey separa as ciências da natureza das do espírito, não pelo objeto estudado, que pode ser o mesmo, mas sim pelo método empregado. Essa abordagem metodológica foi revolucionária, pois legitimou as humanidades como um campo científico autônomo, com uma lógica própria distinta das ciências naturais.

As ciências do espírito têm como objeto a realidade histórico-social, como tal é o caso da história, economia, ciência do direito, ciência da religião, literatura, música e psicologia. Para estudarmos as ciências do espírito precisamos empregar um método diferente do usado pelas ciências da natureza. Nas ciências do espirito devemos fazer uso da hermenêutica. Quando o pesquisador adota em sua abordagem de estudo um método causal-explicativo, este se encontra no campo pertencente às ciências naturais, já quando adota um método compreensivo-interpretativo, passa a atuar junto as ciências do espírito. Os três momentos do conhecer em que se fundam as ciências do espírito são: 1- a vivência, 2- a expressão, 3- a compreensão.

A distinção entre por um lado ciências naturais e por outro ciências do espírito ou humanas, se funda sobre o que é natural ou explicável e aquilo que é humano ou compreensível. Quando pensamos em algo que seja explicável, pensamos em algo que é obtido por meio de inferências, algo que é passível de ser generalizável, algo que é racional e apresenta regularidade. Já quando pensamos em algo que seja compreensível, entendemos que possua um significado e que este significado só possa se apreendido por meio de um dado contexto histórico social.

Por meio da história as culturas desenvolvidas e os indivíduos nelas presentes podem se expressar e se transformar. Cabe às ciências do espírito se dedicarem ao estudo da singularidade dos eventos históricos e não na busca por leis gerais.

O método proposto por Dilthey para o estudo das ciências do espírito é o da hermenêutica. Esta expressão provém do grego, e pode ser entendida como “traduzir” ou “interpretar”. Trata-se, portanto, de uma abordagem que se propõe a interpretar ou compreender seu objeto de estudo. Esta proposta atua como se fosse um círculo, já que o todo só pode ser compreendido por meio do estudo das partes e estas só podem ser compreendidas por meio do todo. Para entendermos as expressões humanas, estas devem ser estudadas dentro de seu contexto histórico (individual e social). Nossa vida está vinculada a significados e estes obtêm sua coerência por meio de uma interpretação dentro de determinado contexto.

Ao destacar a importância da compreensão (Verstehen) em oposição à explicação (Erklären) das ciências naturais, entende Dilthey que a hermenêutica é a metodologia mais adequada para ser adotada nas ciências do espírito. Dilthey entende que a compreensão se faz presente pela reconstrução do significado e do contexto histórico de expressões presentes na vida humana, sejam estas produções literárias ou organizacionais. A base da compreensão se dá por meio da experiência vivida (Erlebnis).

Em sua filosofia da vida (Lebensphilosophie) entendia que a vida se apresenta como um fluxo contínuo de experiências não passível de redução a conceitos fixos. Para entendermos corretamente a vida precisamos estuda-la dentro de modo contextual e interpretativo, já que esta mostra-se presa a sua história e cultura.

Nos últimos anos de sua vida (1911), Dilthey desenvolve uma tipologia baseada em três visões de mundo (Weltanschauungen): Naturalismo, idealismo subjetivo e idealismo objetivo. Entende o naturalismo como uma visão de mundo na qual tudo é determinado pela natureza e nela inclui os epicuristas. Já por idealismo subjetivo ou da liberdade, entende uma visão de mundo na qual os humanos são tidos como sendo conscientes de sua separação da natureza por meio do livre-arbítrio. Aqui teríamos as filosofias de Friedrich Schiller e Immanuel Kant. No idealismo objetivo os humanos são conscientes de sua harmonia com a natureza e aqui se encaixam as filosofias de Hegel, Spinoza e Giordano Bruno.

Dilthey chamou o seu projeto, de fundamentar filosoficamente as ciências do espírito (humanas) de “Crítica da razão histórica”. Dilthey aspirava criar uma “crítica da razão histórica”, inspirada pela “Crítica da Razão Pura” de Kant, mas voltada para o domínio histórico e humano. Ele buscava estabelecer os fundamentos epistemológicos das ciências do espírito, investigando como o conhecimento histórico é possível. Para Dilthey, a história não é apenas uma sequência de eventos, mas um processo vivo de significados criado pelos seres humanos. Sua crítica explorava como as experiências individuais e coletivas se entrelaçam na construção do mundo histórico, rejeitando visões positivistas que reduziam a história a leis universais.

Dilthey é considerado um dos precursores da filosofia da vida, que enfatiza a vida como um processo dinâmico, criativo e historicamente situado. Ele via a vida humana como o ponto de partida para a filosofia, argumentando que o conhecimento deve ser ancorado na experiência concreta do viver. A vida, para Dilthey, é sempre histórica, moldada por contextos culturais, sociais e temporais. Essa perspectiva influenciou sua análise de como indivíduos e sociedades expressam suas experiências por meio de arte, religião e instituições.

Dilthey ampliou a hermenêutica, originalmente desenvolvida por Schleiermacher para a interpretação de textos bíblicos, transformando-a em um método geral para as ciências do espírito. Ele via a hermenêutica como uma ferramenta para compreender as expressões da vida humana (como textos, obras de arte ou ações históricas) ao relacioná-las ao contexto do autor e ao momento histórico. A hermenêutica de Dilthey enfatiza o “círculo hermenêutico”, no qual a compreensão de uma parte (como uma frase) depende do entendimento do todo (o texto ou a cultura) e vice-versa.

Nos últimos anos de sua vida, Dilthey desenvolveu a ideia de “Weltanschauungen” (visões de mundo), que são maneiras pelas quais indivíduos e culturas organizam suas experiências e valores. Ele identificou três tipos principais: naturalismo; idealismo objetivo; e idealismo subjetivo.

Naturalismo: Prioriza a realidade material e as leis naturais.

Idealismo objetivo: Enfatiza a harmonia entre o indivíduo e o universo, como no pensamento de Hegel.

Idealismo subjetivo: Centra-se na liberdade e na experiência interior, como em Kant ou Schopenhauer.

Essas visões de mundo não são excludentes, mas representam diferentes formas de interpretar a vida, influenciando sistemas filosóficos, religiosos e artísticos.

Dilthey propôs uma psicologia descritiva e analítica, distinta da psicologia experimental de sua época. Em vez de buscar leis gerais do comportamento, ele focava na descrição das estruturas da consciência e da experiência vivida, analisando como os processos de pensar, sentir e querer se interligam. Essa abordagem servia como base para compreender as ações humanas nas ciências do espírito, em vez de reduzi-las a modelos causais.

As ideias de Dilthey foram fundamentais para legitimar as ciências humanas como um campo autônomo, com métodos próprios. Sua ênfase na compreensão e na historicidade influenciou filósofos como Martin Heidegger, Hans-Georg Gadamer e Jürgen Habermas, além de disciplinas como a sociologia e a história cultural. Ele ofereceu uma alternativa ao Positivismo, destacando a riqueza da experiência humana e a necessidade de interpretá-la em seu contexto.

 

ALGUMAS DE SUAS PRINCIPAIS OBRAS

 

1- Leben Schleiermachers. Título em português: Vida de Schleiermacher. Data da primeira publicação: 1870.

Biografia detalhada em dois volumes de Friedrich Schleiermacher, explorando sua vida, desenvolvimento intelectual e contribuições para a teologia liberal e a hermenêutica, servindo como base para os interesses iniciais de Dilthey em história intelectual e interpretação.

2- Einleitung in die Geisteswissenschaften. Título em português: Introdução às Ciências Humanas. Data da primeira publicação: 1883.

Obra fundamental que distingue as ciências da natureza das ciências do espírito (humanas), propondo uma fundamentação metodológica para o estudo da sociedade e da história por meio da compreensão (Verstehen) em vez da explicação causal, enfatizando a hermenêutica como método chave.

3- Ideen zu einer beschreibenden und zergliedernden Psychologie. Título em português:   Ideias para uma Psicologia Descritiva e Analítica. Data da primeira publicação: 1894.

Propõe uma psicologia descritiva e analítica que se concentra na estrutura da experiência vivida (Erlebnis), distinguindo-a da psicologia explicativa naturalista, e analisa o nexo estrutural da consciência envolvendo representar, sentir e querer.

4- Beiträge zum Studium der Individualität. Título em português: Contribuições ao Estudo da Individualidade. Data da primeira publicação: 1895.

Explora a individualidade como algo adquirido historicamente, enfatizando a configuração estrutural de qualidades dominantes e subordinadas, e critica distinções nomotéticas-idiográficas, destacando a conexão entre o geral e o individual nas ciências humanas.

5- Das Erlebnis und die Dichtung, Lessing, Goethe, Novalis, Hölderlin. Título em português: A Experiência Vivida e a Poesia. Data da primeira publicação: 1905.

Examina a relação entre a experiência vivida e a criação poética, analisando como a imaginação literária expressa e transforma a vida interior, com estudos sobre autores como Goethe e Novalis, enfatizando o papel da arte na compreensão humana.

6- Die Jugendgeschichte Hegels und andere Abhandlungen zur Geschichte des deutschen Idealismus. Título em português: A História da Juventude de Hegel. Data da primeira publicação: 1907.

Estudo biográfico e histórico sobre os anos formativos de Georg Wilhelm Friedrich Hegel, traçando o desenvolvimento de seu pensamento idealista em contexto cultural e romântico, ilustrando o método de Dilthey de análise holística de figuras históricas.

7- Der Aufbau der geschichtlichen Welt in den Geisteswissenschaften. Título em português: A Construção do Mundo Histórico nas Ciências do Espírito. Data da primeira publicação: 1910.

Investiga como as ciências do espírito constroem o entendimento do mundo histórico, destacando a singularidade dos eventos, o papel do contexto e a relatividade das perspectivas, como parte do projeto maior de crítica da razão histórica.

8- Die Typen der Weltanschauung und ihre Ausbildung in den metaphysischen Systemen. Título em português: Os Tipos de Visão de Mundo. Data da primeira publicação: 1911.

Classifica as visões de mundo em três tipos principais (naturalismo, idealismo objetivo e idealismo subjetivo) e sua manifestação em sistemas metafísicos, contribuindo para a filosofia da vida e a análise comparativa de orientações existenciais.

 

Silvério da Costa Oliveira.

 


 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

Site: www.doutorsilverio.com

(Respeite os Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)

segunda-feira, 17 de novembro de 2025

Max Weber: Ética Protestante, Burocracia e Racionalização

 

Por: Silvério da Costa Oliveira.

 

“O destino de nossa época, caracterizada pela racionalização, pela intelectualização e, sobretudo, pelo 'desencantamento do mundo', fez com que os homens se tornassem incapazes de suportar as antigas concepções religiosas da vida”.

A Ciência como Vocação (Wissenschaft als Beruf, 1917/1919). Max Weber.

 

Max Weber

 

1- Max Weber: Vida, Contexto Alemão e Legado Duradouro

 

Poucos pensadores compreenderam com tanta profundidade o drama racional da modernidade quanto Max Weber. Maximilian Karl Emil Weber ou Max Weber (1864-1920) nasce em Erfurt, Reino da Prússia, e falece aos 56 anos em Munique, Alemanha, vitimado por pneumonia. Atuou como jurista, economista e sociólogo. Trabalhou como professor na Universidade Humboldt de Berlim, na Universidade de Freiburg, na Universidade de Heidelberg, na Universidade de Viena e na Universidade de Munique. Foi nomeado professor de Economia nas universidades de Freiburg em 1894 e de Heidelberg em 1896.

Seus pais, Max Weber Sr. (1836-1897) e Helene Fallenstein (1844-1919), tiveram um total de sete filhos, sendo Max Weber o primeiro. Seu pai atuou como advogado, político e membro do partido Nacional Liberal. Sua mãe era descendente de imigrantes huguenotes franceses.


 

Com relação aos seus estudos e sua formação profissional, no ano de 1882 Max Weber se matriculou na Faculdade de Direito da Universidade de Heidelberg, onde também frequentou disciplinas de outros cursos. Em 1884 passa a estudar na Universidade de Berlim e em 1889 obtém seu Doutorado em Direito. No ano de 1891 apresenta sua tese de habilitação.

Weber se inspirou em fontes diversas: o rigor lógico de Kant, a crítica à moral de Nietzsche, a distinção entre explicar e compreender de Dilthey, e a diferença entre ciências da cultura e da natureza de Rickert. Rejeitou o determinismo econômico de Marx, mas absorveu parte de sua análise crítica do capitalismo. Dos marginalistas (Menger, Böhm-Bawerk), foi influenciado pela racionalidade econômica individual.

Casou-se com Marianne Schnitger (1870-1954) no ano de 1893, prima em segundo grau, sua biógrafa e editora de suas obras completas. Sua esposa atuou como feminista, se dedicava aos estudos e foi posteriormente curadora da obra de Max Weber, quando de seu falecimento. Mais tarde, quando da publicação da correspondência de Max Weber, soube-se de seus relacionamentos amorosos com Else von Richtoffen (1874-1973) e Mina Tobler (1877-1943, datas históricas aproximadas).

Entre 1897 e 1901 registra-se que padeceu de forte depressão que paralisou suas atividades de pesquisa e ensino. Foi o período em que frequentou sanatórios e realizou viagens pela Europa, particularmente Roma, cidade na qual ficou por alguns meses. Recuperado, em 1903 renuncia ao cargo de professor e passa a ser diretor-associado dos “Arquivos de ciências sociais e política social” (Archiv für Sozialwissenschaft und Sozialpolitik), uma revista na qual teve oportunidade de publicar em 1904 e 1905 as duas partes que compõe seu principal artigo: “A ética protestante e o espírito do capitalismo”. Neste período e entre a publicação da primeira e da segunda parte deste artigo, também visitou os EUA. Aqui cabe frisar que ao renunciar ao cargo de professor em 1903, pedindo sua demissão, esta lhe foi negada em virtude de sua comprovada competência e a administração entrou em um acordo com Weber para que este se afastasse com uma aposentadoria e que continuasse sendo professor honorário da universidade de Heidelberg, com uma pequena carga horária de trabalho enquanto melhorava sua condição de saúde abalada pela depressão.

Max Weber também se destaca pela participação em alguns momentos de relevância histórica para a Alemanha, como o tratado de Versalhes (1919) ao final da primeira guerra mundial (1914-1918) e a rendição da Alemanha, e a elaboração da constituição da República de Weimar (1920).

Weber viveu o auge e a crise do Segundo Reich (1871-1918), unificado por Bismarck sob o lema "sangue e ferro". Detalhe que o primeiro Reich (962-1806) se dá com o Sacro Império Romano-Germânico. Esse império industrial, militarista e burocrático presente no segundo Reich foi o laboratório vivo de suas teorias. Ele via a unificação da Alemanha como um triunfo da racionalidade política, mas também como prenúncio da "gaiola de ferro", a burocracia impessoal que sufocaria a liberdade individual. O colapso de 1918 e a República de Weimar (1919) confirmaram seu diagnóstico: a modernidade era algo irreversível, mas também podia ser perigosa.

No transcurso de sua vida, Weber publicou: “História agrária romana”, “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, “Economia e sociedade”, “A ciência como vocação”. Após seu falecimento, sua esposa assume a curadoria de suas obras, vindo a organizar e publicar outros três livros: “Economia e sociedade – volume 2”, 1921, “A metodologia das ciências sociais”, 1922, “História econômica geral”, 1923.

Parte considerável do seu trabalho tem como foco o capitalismo, o desencantamento do mundo e o processo de racionalização. Desenvolve um trabalho muito interessante sobre a sociologia da religião, associando o protestantismo ao surgimento do capitalismo. Suas reflexões e argumentações sobre este tema encontram-se em “A ética protestante e o espírito do capitalismo”.

Para Weber a sociologia tem como objetivo em suas investigações o que este chama de “ação social”. Esta ocorre a partir das ações individuais e suas respostas por parte de outros indivíduos. Nela estão envolvidos motivação, ação e efeitos buscados por todos os envolvidos. Segundo o pensamento de Max Weber, a ação social pode ser dividida em quatro tipos: 1- ação racional com relação a fins, 2- ação racional com relação a valores, 3- ação tradicional e 4- ação afetiva.

A abordagem sociológica de Weber recebe várias denominações, dentre as quais destaco "Sociologia compreensiva" (em alemão: verstehende Soziologie) que se encontra presente em textos do próprio autor. Mas há outras formas de se referir ao seu trabalho, como, por exemplo: “Sociologia interpretativa” ("interpretive sociology"), esta mais usada em contextos anglófonos. Outra denominação comum se encontra em “Sociologia da ação social”. A teoria desenvolvida por Max Weber também é comumente chamada de “Individualismo metodológico” já que não nega a existência ou importância de fenômenos sociais globais, mas proporciona ênfase ao entendimento das intenções e motivações individuais quando em sociedade. A sociedade deve ser entendida como sendo uma totalidade resultante das relações entre os diversos sujeitos que a compõe, ficando o sujeito na base de sua compreensão. Em última instância, não podemos esquecer que toda a vida acadêmica de Max Weber enquanto docente foi dedicada ao ensino da economia, o que aproxima seu trabalho em sua totalidade de um estudo sócio-histórico da vida aquisitiva em sociedade.

O legado de Weber transcende a sociologia. Jürgen Habermas o critica por pessimismo, mas herda sua teoria da ação. Talcott Parsons o traduz para o Funcionalismo. A Escola de Frankfurt (Adorno, Horkheimer) vê na racionalização a raiz da dominação. No Brasil, Florestan Fernandes e Jessé Souza aplicam sua burocracia ao patrimonialismo. Conceitos como desencantamento do mundo, monopólio da violência legítima e tipos de dominação permanecem ferramentas indispensáveis para compreender populismo, tecnocracia e capitalismo financeiro. Weber não fundou somente uma escola, ele criou um método crítico que resiste ao tempo.

 

2- Max Weber: Os 3 Tipos de Dominação

 

"Dominação é a probabilidade de que um comando com determinado conteúdo encontre obediência por parte de pessoas dadas." Economia e Sociedade. Max Weber.

 

Na sociologia política Max Weber desenvolveu a teoria dos tipos de dominação: tradicional, carismática e racional-legal. A primeira ocorre por meio da obediência a tradição. O sujeito faz o que a tradição determina que seja feito. A segunda faz com que o sujeito exerça liderança por meio da atração que consegue exercer nas outras pessoas. A terceira se dá por meio do cumprimento das leis, regras e obrigações acordadas. Este poder só é exercido por quem foi determinado que possa exercê-lo, sendo esta ou estas pessoas somente os representantes da lei. Os tipos puros e ideais são ferramentas, construções analíticas, não descrições da realidade, mas ferramentas para comparar fenômenos históricos.

Weber desenvolve estes conceitos em seus trabalhos “Economia e sociedade” e “Política como vocação”. Weber entende que estas três formas de dominação são legítimas. Trata-se aqui da expectativa de que ordens dadas sejam cumpridas por quem as recebe, não havendo coerção direta neste comportamento, mas sim a crença em que se deva obedecer a aquela autoridade específica e não qualquer outra. Trata-se aqui de um modo particular de dominação no qual o poder se apresenta de modo estável e legítimo, podendo deste modo se prolongar no tempo. Weber distingue três tipos puros ou ideais aqui presentes: tradicional, carismático e racional-legal. Por serem tipos ideais, não existem isolados na prática histórica, sendo usados para melhor entendimento do processo por parte do pesquisador, são em verdade, construções analíticas que proporcionam uma melhor compreensão de fenômenos sociais complexos.

Na dominação tradicional temos a forte presença da crença na necessidade de obediência de ordens e costumes provindas de um passado histórico distante. Neste contexto a obediência passa a ser devida a um “senhor”, “mestre”, “patriarca”, vinculada a algum tipo de crença na santidade provinda de tais ordens ou da posição socialmente exercida por tal pessoa, que requer obediência e fidelidade, já que não é algo sujeito a questionamentos, estes não aceitos, em virtude do argumento de que “sempre foi assim”. Na dominação tradicional não há necessidade alguma de qualquer justificativa racional ou mesmo carismática, já que esta se baseia na inércia social e cultural de um povo, motivada pela identificação emocional com um passado comum real ou idealizado. Neste formato de dominação, a mesma é patrimonial, já que o senhor governa pessoas leais por meio de laços pessoais e sem divisão formal de tarefas. Trata-se de uma forma estável e resistente a inovações, presente em sociedades feudais e agrárias, tal dominação pode se encaminhar facilmente para a arbitrariedade, já que quem manda o faz a partir de sua própria vontade, não podendo ou devendo ser questionado e sim obedecido. Podemos ter na história alguns exemplos, como no caso de monarquias absolutas ou na relação existente entre o senhor e o servo na Europa medieval. No Brasil podemos encontrar algo semelhante no Nordeste, nas relações envolvendo o coronelismo presente no início de nossa história e que continua de certa forma vivo até os presentes dias. Esta relação também pode ser observada historicamente em sociedades patriarcais e escravagistas, nas quais poucas pessoas controlavam totalmente os demais membros de sua família, seus funcionários e seus escravos.

Já a dominação carismática se dá diante de uma devoção afetiva vinculada a qualidades presentes em uma dada pessoa que são vistas como sendo excepcionais. Esta pessoa munida de tais qualidades percebidas pelos demais, passa a atuar como líder, exercendo uma liderança pautada em algum tipo de graça divina, dom sobrenatural, heroísmo ou genialidade. Aqui a obediência provém da crença desta pessoa possuir uma dada missão profética ou revolucionária, atraindo apóstolos ou seguidores que podem sacrificar tudo o que possuem para seguir esta pessoa. Temos a presença de uma administração informal e instável. O líder governa por revelação pessoal, com discípulos executando ordens como atos de fé, sem hierarquia fixa. Trata-se de uma forma frágil de dominação que tende a surgir durante guerras, revoluções ou mesmo desordens sociais. Tal dominação depende de uma constante prova de carisma, o qual, quando enfraquecido, pode direcionar para outras formas de dominação, como a tradicional ou a racional-legal. Aqui podemos pensar no profeta Maomé, em Jesus Cristo, nos profetas citados na Bíblia, em Napoleão ou mesmo líderes contemporâneos. No Brasil, exemplos clássicos incluem Antônio Conselheiro, o profeta de Canudos que mobilizou sertanejos em uma comunidade milenarista contra o Estado republicano, ou Lampião, o cangaceiro visto como justiceiro lendário por seus seguidores. Na política moderna, Getúlio Vargas, com seu apelo paternalista e nacionalista durante a Revolução de 1930, ou Juscelino Kubitschek, com o carisma visionário da construção de Brasília, representam essa dominação, capaz de romper tradições, mas também de levar a instabilidades.

O carisma não dura, deve ser rotinizado (transformado em tradição ou lei) para sobreviver. Pensemos no exemplo do cristianismo, que surge com um líder carismático, Jesus Cristo, mas evolui para a tradição da Igreja e, no caso da Igreja Católica Apostólica Romana, para a autoridade infalível do papa.

Na dominação racional-legal temos que esta se dá pela crença na legalidade de leis, regras e normas aplicadas por uma pessoa que tenha competência para tal. Deste modo, a obediência não se dá a uma pessoa em particular e sim ao cargo ou posto ocupado pela pessoa que representa a impessoalidade da lei, como no caso de um policial, onde no exercício correto de suas funções as demais pessoas não irão obedecer ao “Pedro”, “Manoel” ou a “Maria” e sim ao policial enquanto representante do Estado legal. Dentro das nossas sociedades contemporâneas é esta a forma que predomina, sendo corroborada por toda uma estrutura burocrática presente no Estado. A administração é hierárquica e especializada: divisão de tarefas, regras escritas, impessoalidade e registros sistemáticos garantem previsibilidade e eficiência. Weber a entende como o ápice da racionalização ocidental, mas alerta para sua "gaiola de ferro", a rigidez que esmaga a criatividade.

Resumidamente podemos nos referir a administração efetuada por cada tipo como sendo: 1- a tradicional é patrimonial e se dá por meio de laços pessoais. 2- a carismática é informal e se dá por meio de discípulos. 3- a racional-legal é burocrática e se dá por meio de hierarquia e impessoalidade.

Claro que tais tipos não são fixos e imutáveis, há transições de um tipo para outro. Aqui trata-se de tipos puros ou ideais, mas na prática encontramos uma mescla de tais tipos. No contexto brasileiro, vemos hibridismos, como, por exemplo, o carisma de líderes como Vargas rotinizou-se em burocracia estatal, enquanto resquícios tradicionais persistem no clientelismo político. A distinção entre dominação e poder bruto é crucial, pois, sem legitimidade, o comando vira mera coerção. Weber nos convida a analisar como essas formas moldam sociedades, questionando se a racional-legal moderna, apesar de eficiente, não sacrifica o humano ao cálculo frio.

Na atualidade o termo “dominação” se viu substituído em vários estudos pelo termo “liderança”. Pensando em Max Weber em particular, tal substituição poderia ser aceitável diante do tipo carismático em contextos contemporâneos, já que este evoca inspiração e visão estratégica, no entanto, a mera troca de expressões iria limitar e mesmo suavizar o aspecto coercitivo presente na ideia original de Weber. Há na “dominação” a ideia de hierarquia e coerção, enfatizando a obediência estrutural com potencial de violência legítima, não somente mera motivação voluntária diante de uma liderança contemporânea. Já para os tipos tradicional e racional-legal, "liderança" soa anacrônico e impreciso, pois não há "líder carismático" no patriarca ou no burocrata, há autoridade impessoal. A dominação racional-legal, com sua burocracia, é o pilar do capitalismo contemporâneo, tema que Weber explora em sua obra “A ética protestante e o espírito do capitalismo”.

 

3- A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo

 

Foi a partir do cristianismo, em sua versão protestante e com seu ascetismo, que o Ocidente se diferenciou do Oriente evolutivamente. Esta distinção proporcionou o surgimento do capitalismo enquanto modelo econômico, o desenvolvimento da burocracia e também do Estado racional e legal na Europa ocidental.

Segundo o pensamento do autor, a religião cristã em sua vertente protestante apresenta a partir do século XVI, quando de seu surgimento, um caráter eminentemente ascético. Foi justamente esta vivência religiosa que motivou a ideia de se dedicar a uma vocação profissional, que, por sua vez, encontra-se na base do futuro sistema capitalista. Weber começa sinalizando as diferenças educacionais entre católicos e protestantes. Enquanto os primeiros preferem uma formação humanista, os segundos dão preferência para uma formação técnica. Weber não adota o posicionamento de que católicos teriam sua espiritualidade fundada no ascetismo e que isto os direcionaria para uma forma de estranhamento deste mundo resultando em um estado de indiferença para com os bens materiais e que, por sua vez, os protestantes seriam mais materialistas.

No entendimento de Weber, os protestantes apresentavam estranhamento ao mundo circundante, ascese e presença nas atividades da vida, inclusive a aquisição de bens. Para o autor o espírito do capitalismo não ocorre em uma busca desenfreada por obtenção de valores e bens materiais e sim no desenvolvimento de uma ética que valoriza o trabalho e a busca de riquezas. Para o autor o “espírito do capitalismo” não deve ser confundido com a “forma do capitalismo”, esta última vinculada ao sistema econômico. Sua preocupação se dá em como a moral protestante atua diretamente no comportamento das pessoas proporcionando um ambiente favorável ao desenvolvimento do capitalismo. Enquanto a “vocação” para os católicos se restringe a um chamado de Deus para o exercício da vida religiosa, a partir dos escritos e pregações de Lutero, a “vocação” passa a incluir também outras atividades, nas quais se insere o exercício profissional em atividades mundanas. Por meio desta interpretação dada por Lutero, o ascetismo presente no interior dos mosteiros e entre os religiosos de profissão, passa a ser delegado também a outras atividades laborais, surgindo uma forma de ascetismo mundano. Mas isto é só o início, em Lutero temos o começo, mas ainda há fortes ligações com o passado que serão posteriormente trabalhadas no desenvolvimento de uma ética econômica que perpassa o capitalismo, mas isto ocorrerá no protestantismo pós-luterano com influência provinda de Calvino e dos anabatistas.

Algo importante aqui é a ideia da predestinação presente no calvinismo, pois, independente do que faça o indivíduo, será sempre Deus a escolher quem será salvo ou condenado. A atividade de trabalho e o sucesso que a pessoa possa encontrar nesta atividade podem atuar como indícios de que a pessoa é ou não uma das escolhidas por Deus. Algumas destas seitas protestantes tendem a incentivar que o crente desenvolva uma vida ordenada, disciplinada, regida por normas éticas e morais. Deste modo, ao valorizar uma vida metódica, disciplinada e racional, bem como uma moral que valorize o trabalho e a obtenção de riqueza material como parte integrante da religiosidade (cujo sucesso ou não pode indicar a salvação ou condenação) torna o indivíduo predisposto a uma lógica econômica capitalista e nos permite melhor entender a sociedade atual. Weber não se funda em uma única causa para explicar o surgimento, desenvolvimento e manutenção da sociedade capitalista na qual vivemos hoje, busca uma sucessão de causas atuando nos fenômenos sociais, destacando fatores culturais e também materiais.

 

4- Burocracia e Racionalização: A Gaiola de Ferro de Weber

 

Interessante também o conceito elaborado por Max Weber de “desencantamento do mundo”. Algo presente ao tempo atual, marcado pela intelectualização e afastamento da religiosidade espiritual. O indivíduo se vê diante da escolha entre dois universos distintos, por um lado o religioso, exigindo o sacrifício de seu intelecto, e por outro lado o científico, que por sua vez retira qualquer sentido último sobre a sua própria existência e a razão de ser de tudo que há. Ao se dedicar somente de modo mecânico as tarefas diárias e as responsabilidades delas decorrentes, não encontrando além disto outra forma de dar sentido a sua vida, tende a assumir uma atitude de desencanto com o mundo no qual vive e que totalmente lhe circunda.

Max Weber estudou o uso da razão nas sociedades modernas criando o fenômeno da racionalização do mundo social e impactando as instituições, como, por exemplo, o Estado, mas também está presente no governo e na cultura do povo.

Weber propôs dividir a racionalidade em dois tipos: formal e substantiva. A primeira, racionalidade formal, se relaciona com as formas metódicas presentes no sistema jurídico e econômico das sociedades modernas, vinculando-se a estruturas institucionais e burocráticas, formando uma hierarquia composta por regras fixas. Preocupa-se com a eficiência dos meios, não com o valor dos fins. A segunda, racionalidade substantiva, se preocupa com os fins, ao contrário da racionalidade formal que não se preocupa com fins e objetivos a serem atingidos em um determinado contexto, avaliando-os segundo valores sociais, éticos ou culturais presentes no grupo.

Em sua obra “Economia e Sociedade”, Max Weber apresenta a burocracia como a forma mais pura e eficiente de dominação racional-legal, um sistema administrativo que representa o ápice da racionalização ocidental, onde a ação humana é organizada de modo calculável, previsível e impessoal, substituindo tradições, carisma ou arbitrariedade por normas escritas e hierarquias funcionais.

No total seis características fundamentais da burocracia enquanto tipo ideal são identificadas por Weber. Cabe lembrar mais uma vez que o tipo ideal proposto por Weber é formado por construções analíticas que não descrevem realidades perfeitas, mas servem para comparar organizações históricas e contemporâneas. Na primeira temos a divisão do trabalho. Cada novo cargo possui suas próprias competências e delimitações, deste modo, passamos a ter especialização e maior eficiência técnica. O exemplo aqui se encontra nas fábricas nas quais os operários executam tarefas repetitivas, cada operário dentro de sua área específica de atuação, sem interferir nas demais. Na segunda característica temos a hierarquia dentro de uma estrutura piramidal de autoridade, na qual temos canais de comando e subordinação que garantem que ordens dadas do alto desta pirâmide sejam obedecidas em todos os níveis e que relatórios elaborados descrevam exatamente as atividades executadas, informando os cargos mais elevados na pirâmide. Esta organização piramidal evita conflitos de autoridade e assegura uma unidade na direção da empresa. Na terceira característica temos as regras e os padrões escritos que regulam todas as atividades desempenhadas, proporcionando normas gerais, abstratas e estáveis que devem ser aplicadas uniformemente a todos os procedimentos independente das pessoas ali envolvidas. Na quarta característica temos o compromisso profissional, no qual os profissionais que atuam na empresa são selecionados pelo mérito técnico e treinados para a execução de seu trabalho, sendo inteiramente dedicados aquele cargo, com salários fixos e carreira progressiva, de modo que o trabalho possa atuar como uma vocação racional e não por atuação de troca de favores pessoais. Na quinta característica temos a impessoalidade, pela qual as relações são baseadas no exercício do cargo e não na pessoa que exerce o cargo. Deste modo elimina-se o favoritismo de alguns, o nepotismo, as emoções, buscando tratar todo e qualquer caso como igual diante de dada regra que o rege. Na sexta característica temos os registros escritos sistemáticos, nos quais todas as decisões e ações são arquivadas, permitindo deste modo a criação de um histórico da empresa, maior controle e continuidade.

Segundo o pensamento de Weber, tal estrutura burocrática surge como consequência natural e inevitável da racionalização. Pela racionalização toda a vida social passa a ser submetida ao cálculo, ao método e a eficiência. Esta abordagem substitui a magia, a tradição e as crenças religiosas e outras, pela lógica instrumental no trabalho.

Esta nova situação nas sociedades contemporâneas traz um lado sombrio, que Max Weber chama de “gaiola de ferro” ("stahlhartes Gehäuse" - casca dura como aço), uma metáfora por ele usada em sua obra “A ética protestante e o espírito do capitalismo” e mais tarde desenvolvida em “Economia e sociedade”, pela qual entendemos que a burocracia que surge como sendo libertadora por trazer precisão e justiça formal, torna-se uma prisão rígida que destrói a liberdade individual, a criatividade e o próprio sentido da vida, gerando o “desencantamento do mundo” (Entzauberung der Welt), conceito central em “A ciência como vocação”, no qual a racionalização elimina o mágico, o mítico e o sagrado, reduzindo tudo a meios para fins calculados, deixando o humano contemporâneo em um mundo desprovido de encantamento, no qual especialistas dominam, mas sem emoção. Podemos observar isto em termos históricos na formação da administração prussiana no decorrer do século XIX, na burocracia do Estado brasileiro construída a partir do Estado Novo de Getúlio Vargas, em empresas contemporâneas de tecnologia de ponta que atuam globalmente por meio da eficiência burocrática e, por vezes, com algoritmos substituindo o julgamento humano.

Não há em Weber uma rejeição da burocracia, pelo contrário, ele reconhece sua superioridade sobre formas historicamente anteriores de administração, mas nos apresenta um paradoxo: quanto mais racional e eficiente, ao mesmo tempo será mais opressora, transformando vocação genuína em algo mecânico e o humano em uma mera engrenagem em uma enorme máquina que este sequer consegue toda vislumbrar. Essa análise conecta-se diretamente à ética protestante, onde o ascetismo intramundano gera a racionalidade que, secularizada, aprisiona a humanidade em estruturas impessoais. Em “Política como vocação”, ele estende o alerta à esfera pública, onde burocratas profissionais podem sufocar líderes carismáticos ou responsáveis.

Críticas posteriores, como as de Merton sobre disfunções burocráticas (rigidez excessiva) ou Habermas sobre legitimação sistêmica, ampliam Weber sem contradizê-lo. No contexto atual, a burocracia digital (com IA, big data e automação) intensifica a gaiola de ferro, prometendo eficiência, mas ameaçando privacidade e autonomia, convidando-nos a questionar se a racionalização é destino inevitável ou pode ser humanizada.

 

5- Ação Social em Weber e tipos ideais: Como Agimos na Sociedade?

 

Muito importante também é a teoria da ação social elaborada por Max Weber. Segundo o pensamento desenvolvido por Max Weber, as ações empreendidas pelos indivíduos são motivadas por determinados fatores que podem ser estudados. Estas ações podem possuir objetivos, motivações e intuitos distintos e cabe a sociologia entender o que se encontra por trás das ações empreendidas pelos indivíduos em sociedade. Para Weber a “ação social” se apresenta como sendo um comportamento dotado de sentido e significado, levando em consideração a ação empreendida por outra ou outras pessoas. Aqui temos uma relação na qual se faz presente a ação recíproca. Segundo seu pensamento as ideias, as crenças e os valores são os principais catalizadores das mudanças sociais.

Ele entendia ser importante para o sociólogo ter uma atitude de neutralidade em relação ao seu objeto de pesquisa. A partir de uma postura neutra e imparcial é que cabem as análises sociais. Weber, neste tocante, discorda tanto dos que seguem Marx, como também dos que seguem Durkheim. É por meio das ações individuais que podemos obter resultados válidos de nossos estudos sociais. Cabe ao sociólogo desenvolver um padrão metodológico que proporcione validade científica aos seus estudos. Weber encontra estes padrões no que entende por tipos ideais, ou seja, conceitos perfeitos que não existem na realidade do dia-a-dia, na qual encontramos somente ações que podem deles se afastar ou aproximar, o que nos lembra as ideias perfeitas de Platão em seu mundo das ideias e as cópias imperfeitas destas ideias em nosso mundo. Mas há uma diferença essencial entre as ideias de Platão e os tipos ideais de Weber. Para Platão as ideias são imutáveis e possuem realidade ontológica, já para Weber os tipos ideais são construções do pesquisador, mutáveis, não ontológicos. Diferente das ideias platônicas eternas, os tipos ideais são hipóteses do cientista, exageradas para medir a realidade: quanto mais uma ação se aproxima do tipo puro, mais compreensível se torna.

Max Weber entende a sociologia como “ciência compreensiva” ao por a ação social no centro de sua análise, o que Weber desenvolve em “Economia e sociedade”. Para Weber, a sociologia tem na ação social o seu objeto de estudo, sendo esta entendida como todo comportamento humano dotado de sentido subjetivo e orientado para a conduta de outras pessoas, estejam estas no tempo presente, passado ou futuro, ou mesmo, somente pessoas imaginadas e não reais. Não se trata de uma reação física ou de uma imitação inconsciente, a ação social exige que o indivíduo forneça significado ao seu comportamento e aguarde por alguma resposta ou influência dos demais, formando uma teia invisível que constitui a sociedade.

Compreender a sociedade significa poder reconstruir de modo racional o sentido dado pelos atores as suas próprias ações, sem, no entanto, reduzi-las a leis naturais ou determinismos históricos ou econômicos. Este método proposto por Weber passou a ser conhecido como “sociologia compreensiva” (verstehende Soziologie) e rejeita tanto o Positivismo por um lado, como o Idealismo pelo outro. O Positivismo entende os fatos sociais como coisas, já o Idealismo ignora a causalidade material. Weber propõe uma síntese pela qual busca explicar de modo causal por meio da compreensão interpretativa. O individualismo metodológico completa o quadro, já que embora fenômenos coletivos existam, só podem ser entendidos a partir das ações intencionais dos indivíduos, nunca como entidades autônomas acima deles.

Para organizar a imensa variedade de ações sociais, Weber constrói quatro tipos puros ou ideais, ferramentas analíticas que não descrevem comportamentos reais em sua totalidade, mas destacam traços dominantes para facilitar a comparação histórica e a interpretação.

Weber propôs uma classificação destas ações em quatro grupos, a saber: 1- ação social racional com relação a fins, 2- ação social racional com relação a valores, 3- ação social afetiva, 4- ação social tradicional.

No primeiro temos uma ação que foi planejada visando uma dada finalidade, como no caso do casamento, na qual a ação social é o matrimônio e a finalidade é a constituição de uma família. No segundo caso busca-se alcançar um determinado valor social com o planejamento e execução desta ação, como é o caso de cumprir os dez mandamentos hebraicos. No terceiro grupo temos uma ação que ao contrário das duas primeiras, não é racional, planejada ou calculada, na qual a pessoa segue seus afetos e paixões, seus sentimentos são priorizados em relação a outros motivos, entregando as ações da pessoa a presença de afetos, tais como o medo, o amor, ou mesmo a paixão e o ódio, dentre outros mais possíveis. No quarto grupo temos uma ação que também não é planejada, racional, calculada, estando sua execução em consonância com a tradição daquele grupo social. Neste caso, comporta-se deste ou daquele outro modo porque a sociedade assim o exige. E por fim, No Brasil temos um hibridismo, o "jeitinho" mistura racional com fins (contornar regra) com tradicional (relação pessoal), ilustrando que ações reais são mistas.

Em “Economia e sociedade” Weber apresenta os seguintes exemplos, na ordem correta por ele apresentada: 1- Racional com fins: Empresário calcula lucro. 2- Racional com valores: Capitão afunda com navio. 3- Afetiva: Mãe protege filho em perigo. 4- Tradicional: Saudação por costume.

Os tipos ideais, conceito metodológico central em Weber, são construções mentais exageradas que destacam características essenciais de fenômenos complexos, permitindo ao pesquisador medir a realidade contra um modelo puro. Não existem empiricamente em estado isolado, mas servem como bússola interpretativa. Por exemplo: uma greve pode começar afetiva, tornar-se racional com fins (salário) e rotinizar-se em tradição sindical.

Weber insiste na neutralidade axiológica: o cientista compreende o sentido, mas não julga o valor da ação, separando ser e dever ser. Essa abordagem diferencia sua sociologia de Comte (leis gerais), Durkheim (coerção externa) e Marx (determinismo de classe), posicionando o indivíduo como ponto de partida, mas dentro de estruturas que limitam suas escolhas. A ação social, assim, é o fio que costura dominação, burocracia e racionalização, revelando como significados subjetivos constroem o mundo objetivo.

 

6- Sociologia das maiores Religiões em Max Weber: De Confúcio ao Judaísmo

 

Max Weber ampliou seus estudos sobre a religião, abrangendo as principais e maiores religiões existentes em sua época. Suas pesquisas que anteriormente focavam o cristianismo nas vertentes católica e protestante, agora passaram a abordar o confucionismo, o taoismo, o hinduísmo, o budismo, o islamismo e o judaísmo. Após a publicação de “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, 1904-1905, Weber ampliou esta mesma tese na obra “A ética econômica das religiões universais” (escrito entre 1904-1917 e publicado postumamente entre 1920-1921 em Gesammelte Aufsätze zur Religionssoziologie) que é considerado o primeiro estudo interdisciplinar na história das ciências sociais, sintetizando história das religiões e história econômica.

Em Ensaios sobre a “Sociologia da religião”, obra póstuma organizada por Marianne Weber entre 1920 e 1921, Max Weber empreende uma das mais ambiciosas comparações histórico-religiosas da sociologia, analisando como diferentes sistemas de crenças moldaram ou impediram a racionalização econômica e social em civilizações não ocidentais.

Partindo da tese da Ética Protestante, ele agora inverte a pergunta: por que o capitalismo racional moderno surgiu apenas no Ocidente? A resposta não está em superioridade racial ou climática, mas em configurações específicas de ética religiosa que, combinadas com condições materiais, geraram ou bloquearam a mentalidade capitalista. Weber examina seis grandes tradições (Confucionismo, Taoísmo, Hinduísmo, Budismo, Judaísmo e Islamismo - embora este último em esboço) como tipos ideais de racionalização ética, contrastando-as com o protestantismo ascético. Seu método é compreensivo: reconstruir o sentido que os fiéis dão às suas práticas e verificar como esse sentido orienta ou desvia a ação econômica.

O Confucionismo chinês representa a racionalização adaptativa ao mundo, uma ética de harmonia cósmica e hierarquia social que legitima o funcionário letrado e o mandarinato burocrático, mas rejeita a tensão com o mundo necessária ao capitalismo. O sábio confuciano busca perfeição interna por meio de rituais e deveres familiares, não lucro ou inovação; a riqueza é aceitável se herdada ou obtida por cargo, mas a especulação mercantil é vista como indigna. A ausência de profetismo, de um Deus transcendente e de uma ética de vocação intramundana impede a ruptura com a tradição, mantendo a China em um "jardim bem cuidado" de estabilidade, mas sem dinamismo capitalista.

O Taoismo, embora não tenha recebido ensaio dedicado como Confucionismo ou Hinduísmo, aparece em “A religião da China: Confucionismo e Taoismo”, 1915, como contraponto místico à ética racional confuciana, representando uma racionalização mística-contemplativa que rejeita tanto a tensão com o mundo quanto a adaptação hierárquica. Para Weber, o taoista busca harmonia com o Tao (o caminho natural, inefável) por meio da não-ação (wu wei), da simplicidade e da rejeição ao esforço deliberado. O sábio taoista não calcula, não acumula, não inova: ele flui com a ordem cósmica, evitando conflitos e ambições. Essa ética é antirracional no sentido ocidental: recusa planejamento, vocação profissional ou ascetismo metódico. A imortalidade é alcançada por técnicas respiratórias, alquimia interna ou retiro na montanha, não por trabalho no mundo. O comerciante ou burocrata taoista age por necessidade, nunca por dever ético-religioso. O Taoismo reforça essa estagnação com sua ética de wu wei (não-ação): o sábio flui com o Tao, rejeitando planejamento ou acumulação racional.

Nenhum dos dois (nem Confúcio, nem Lao-Tsé) produz a tensão com o mundo que o calvinismo converte em motor capitalista. Weber contrasta isso com o confucionismo: enquanto o mandarim confuciano administra o mundo com ritual e dever, o taoista se retira dele ou o aceita passivamente. Nenhum dos dois gera a tensão ética necessária ao capitalismo: o confuciano por excesso de adaptação, o taoista por excesso de contemplação. A China, assim, permanece presa entre ordem burocrática estática (Confúcio) e misticismo irracional (Tao), sem o "impulso profético" que rompe tradições.

O Hinduísmo indiano oferece uma racionalização como fuga do mundo: o ciclo do karma e da reencarnação, combinado com o sistema de castas, transforma a desigualdade em lei cósmica, desencorajando mobilidade social e acumulação racional. O brâmane busca salvação por conhecimento ou ascetismo extramundano, não por trabalho metódico; o comerciante (vaishya) acumula, mas sem ética vocacional universal.

O Budismo leva essa fuga ao extremo: a iluminação é nirvana, dissolução do eu, incompatível com ação racional no mundo; monges mendicantes vivem de esmolas, e leigos acumulam mérito para melhor renascimento, não para reinvestir.

O Judaísmo antigo, em contraste, desenvolve uma racionalização em tensão com o mundo, mas direcionada à comunidade eleita, não à humanidade. O Deus pessoal e transcendente cria um pacto: obediência à Lei em troca de bênçãos materiais. A ética é rigorosa (proibição de usura entre irmãos, preservar o sábado, dieta), mas intramundana: Riqueza é sinal de favor divino, desde que usada para a nação. O profetismo gera expectativa messiânica e rejeição da magia, mas o universalismo é limitado: O judeu é “pária racional” em diáspora, acumulando por necessidade, não por vocação universal.

O Islamismo foi estudado por Weber no artigo Der Islam, 1915-1917, mas Weber morreu antes de finalizar o volume. No Islamismo temos a combinação de elementos guerreiros e proféticos: o guerreiro santo luta pela umma, mas a salvação é por submissão, não por trabalho metódico. Umma (em árabe: أمة) é o termo que designa a comunidade global dos muçulmanos, unida pela fé no Corão (por vezes traduzido como Alcorão) e na liderança do profeta Maomé. Para Weber, o guerreiro santo (o gazi ou mujahid) não luta por nação, tribo ou ganho pessoal, mas pela expansão e defesa da umma (a irmandade transcendente que ultrapassa fronteiras étnicas e políticas). É o equivalente islâmico do "povo eleito" judaico, mas com vocação universalista e militar. A ausência de ascetismo intramundano e a aceitação do prazer (poligamia, harém) bloqueiam a racionalização capitalista, apesar do comércio árabe.

O protestantismo ascético (especialmente calvinismo e semelhantes) é o único a gerar racionalização intramundana universal: Predestinação + vocação + ascetismo = trabalho como prova de eleição, lucro reinvestido, rejeição do gozo. Nenhum outro sistema combina tensão com o mundo, ética vocacional e universalismo ético. Weber não julga superioridade moral, apenas afinidade eletiva com o capitalismo. A secularização posterior transforma essa ética em "espírito do capitalismo" sem Deus, mas retendo a disciplina. No Brasil, sincretismo católico-protestante (ex.: evangélicos empreendedores) ilustra hibridismos weberianos.

 

7- A Vocação do Professor: Ciência como profissão (Beruf) em Weber

 

Em “A ciência como vocação”, palestra proferida em 7 de novembro de 1917 na Universidade de Munique e publicada em 1919, Max Weber dirige-se a estudantes inquietos com a guerra (“A Grande Guerra”, mais tarde conhecida como “Primeira Guerra Mundial) e a crise alemã, definindo a ciência como profissão (Beruf), não um hobby, não missão sagrada, mas trabalho racional especializado em um mundo desencantado, já que livre do Divino. Mas cabe uma ressalva aqui. O desencantamento é algo diferente do mero ateísmo. O desencantamento é a eliminação da magia presente no mundo, mas algum entendimento sobre a existência de deus pode existir, como ocorre no agnosticismo metodológico.

Diferente da “Política como vocação” (1919), aqui o foco é o intelectual, não o líder político. Weber desmistifica três ilusões românticas: a ciência não dá sentido à vida, não substitui a religião, e não garante progresso moral.

O desencantamento do mundo (Entzauberung der Welt), processo iniciado com o profetismo judaico, acelerado pela Reforma e consumado pela modernidade, eliminou a magia, o milagre e o mistério, deixando apenas o cálculo frio. A ciência é especialização: O professor não é profeta, guru ou salvador, mas o técnico do conhecimento, limitado a esclarecer meios para fins que o aluno escolhe por si.

A vocação científica exige três qualidades: Paixão controlada (entusiasmo pelo problema, não pela glória), clareza metódica (rigor lógico, não inspiração) e honestidade intelectual (reconhecer limites). O cientista trabalha com hipóteses refutáveis, não verdades eternas: "O que hoje é verdade, amanhã pode ser falso". A universidade não forma "personalidades completas", mas especialistas. O médico sabe do corpo, não da alma; o economista calcula, não julga. Weber ironiza o "professor carismático" que se vê como líder espiritual: Ele deve esclarecer, não converter. O aluno maduro escolhe seus valores; o imaturo busca ídolos. A ciência avança por progresso técnico, não moral. A ciência permite a construção de armas de destruição em massa e isto faz parte de seu desenvolvimento técnico, mas o uso ou não de tais armas ou quando usá-las já ultrapassa a ciência, recaindo no âmbito político, ético e moral.

Weber responde à pergunta crucial: "O que a ciência pode fazer por nós?" E neste momento subdivide esta questão em três pontos: O método, as ferramentas e os limites. O método nos permite pensar de modo claro e objetivo. As ferramentas nos proporcionam os meios para atingirmos os fins. Aqui temos a tecnologia, a estatística, etc. Os limites da ciência não nos permitem responder a pergunta sobre o que devemos fazer ou como devemos viver.

A ciência é profissão, não vocação no sentido religioso: O puritano trabalhava para provar eleição; o cientista trabalha porque não pode fazer outra coisa, é sua paixão racional. Mas o mundo está desencantado: Não há sentido último na equação ou no laboratório. O professor honesto diz: "Eu sei isso; além, é fé ou escolha sua." O que de certa forma nos faz lembrar do filósofo Kant com os limites da razão humana.

Afinal, quem busca por profetas, que vá a igreja, os estudos científicos são para quem busca clareza e objetividade racional. A religião busca a salvação, a ciência não. O professor em uma universidade não é um formador de cidadania, mas pode ser um estudioso da ética, por sua vez, não cabe ao aluno buscar por sentido, mas sim por competência crítica. No Brasil, o professor que "doutrina" ideologicamente viola a vocação weberiana; o que ensina método cumpre-a.

E nisto se resume a vocação pela ciência, diferente, portanto, da vocação religiosa. A vocação (Beruf) científica é secularização da vocação puritana: Trabalho como dever, sem salvação.

 

8- A Vocação do Político: Ética e Poder em Max Weber

 

Também interessante a reflexão feita por Weber em “A política como vocação”, que o Estado possui o monopólio do uso legítimo da violência física. Em “Política como Vocação”, palestra proferida em 28 de janeiro de 1919 na Universidade de Munique e publicada no mesmo ano, Max Weber define o político como aquele que vive da e para a política, exercendo liderança em um mundo onde o poder é inevitável e a violência é seu instrumento último.

Diferente da “Ciência como vocação”, aqui a vocação (Beruf) exige três qualidades decisivas: Paixão (pelo fim), responsabilidade (pelos meios) e senso de proporção (equilíbrio entre ambos). O político não é técnico nem profeta, ele é líder responsável que assume as consequências de seus atos, especialmente quando usa a violência física legítima (physischer Gewaltsamkeit).

Weber define o Estado moderno por quatro traços inseparáveis: 1- Território delimitado, no qual temos fronteiras fixas, não tribais. 2- Governo soberano, com autoridade central, não fragmentada. 3- Monopólio legítimo da violência física, só o Estado pode coagir legalmente. 4- Administração contínua, por meio de uma burocracia racional-legal.

Uma frase célebre resume sua visão sobre este tema: "Estado é a comunidade humana que, dentro de um determinado território, reclama para si o monopólio da violência física legítima." Essa legitimidade distingue o uso da violência feita pelo Estado da feita pelo criminoso ou revolucionário. O político legítimo usa a violência como meio último, nunca fim em si, e responde por ela perante a história.

Weber distingue duas éticas irreconciliáveis: 1- Ética da convicção (Gesinnungsethik), na qual se age por princípio, mesmo que cause mal, como no caso do pacifista que recusa guerra, negando sua participação em defesa de seu país. 2- Ética da responsabilidade (Verantwortungsethik), que age pelo resultado, assumindo o mal necessário, como no caso do líder que ordena bombardeio para salvar mais vidas e vencer uma batalha ou guerra.

O político maduro combina ambas formas de ética, a paixão pela causa, mas de olho nas consequências. Quem não suporta o "diabo" (violência, mentira, traição) deve sair da política. O demagogo carismático seduz; o burocrata obedece; o político vocacionado decide, e ao decidir, paga o preço.

Podemos aqui fazer uma comparação do uso do termo “violência” feito por Weber com Sorel. Georges Sorel, em “Reflexões sobre a violência”, 1908, faz a distinção entre força e violência. A força caberia ao Estado, já a violência ao proletariado. Sorel exalta a violência proletária como mito mobilizador, greve geral como ato ético puro, redentor. O termo exato usado por Max Weber em sua famosa definição do Estado, presente na palestra Politik als Beruf (“Política como vocação”, 1919), é derivado de "Gewalt", especificamente "physischer Gewaltsamkeit", que se refere à "violência física" ou "coerção física violenta". Essa definição enfatiza o Estado como a comunidade humana que reivindica com sucesso o monopólio da violência física legítima dentro de um território, sendo a única fonte autorizada para tal direito. Em alemão, "Gewalt" não é sinônimo direto de "força" no sentido neutro ou físico genérico (que seria mais próximo de "Kraft" ou "Macht"). "Gewalt" carrega uma conotação de violência, coerção ou força aplicada de modo potencialmente agressivo ou impositivo, especialmente no contexto sociológico e político de Weber. Ele usa "physischer Gewaltsamkeit" para especificar a dimensão física dessa violência/coerção, distinguindo-a de outras formas de poder (Exemplo: Influência econômica ou cultural). Isso reflete sua visão do Estado como entidade que monopoliza o uso legítimo da violência para manter a ordem, contrastando com sociedades pré-modernas onde grupos privados (Exemplo: Clãs ou senhores feudais) podiam exercer tal direito. Em inglês, é comumente traduzido como "monopoly of the legitimate use of physical violence". Em português, a tradução mais fiel e usual é "monopólio da violência física legítima" ou simplesmente "monopólio da violência legítima". Edições brasileiras clássicas adotam "violência", pois captura o tom coercitivo e potencialmente repressivo que Weber implica, não uma "força" abstrata ou neutra, mas uma capacidade de imposição física que pode envolver dor, punição ou morte (Exemplo: Polícia, exército). "Força física" é uma alternativa possível em algumas interpretações mais suaves, mas perde a nuance crítica de Weber, que via a modernidade como racionalização dessa violência em estruturas burocráticas. O termo "força física" não está errado, mas impreciso. Captura o "physischer" (Físico), mas ignora que "Gewalt" implica um elemento de dominação violenta, não mero poder mecânico. Em obras como “Economia e sociedade”, Weber expande isso para tipos de dominação (Racional-legal, onde a violência é burocratizada), reforçando "violência" como termo chave. Em Weber o Estado legitima o que em outros contextos seria visto como violência ilegítima, como execuções ou guerras.

Weber conclui: A política é luta lenta pelo poder, feita com a cabeça, o coração e a mão no gatilho, mas nunca sem alma. Quem quer pureza, vá ao mosteiro; quem quer mudar o mundo, assuma o diabo.

 

9- Diferença entre ciências humanas e da natureza

 

Em “A objetividade do conhecimento nas ciências e na política social”, 1904, ensaio metodológico publicado no Archiv für Sozialwissenschaft und Sozialpolitik, Max Weber funda a epistemologia das ciências culturais (Kulturwissenschaften), distinguindo-as radicalmente das ciências naturais sem negar sua cientificidade. A diferença não é de rigor ou objetividade, mas de objeto e método: As ciências naturais buscam leis gerais e regularidades nomológicas; as ciências humanas (ou sociais) buscam compreensão de sentidos individuais em contextos históricos únicos. Cabe ressaltar que o termo alemão Verstehen (compreensão) se diferencia de Erklären (explicar).

As ciências naturais operam com abstração causal: Isolam variáveis, repetem experimentos, formulam leis universais ("sempre que A, então B"). O físico mede a queda de corpos; o químico prevê reações. O objeto é repetível, impessoal, desprovido de sentido subjetivo. Já as ciências humanas lidam com ações dotadas de sentido. O economista não prevê “o” preço, mas o comportamento de agentes que atribuem significado ao dinheiro; o historiador não explica “a” revolução, mas esta revolução francesa, com seus atores, crenças e contingências. O objeto é singular, histórico, carregado de valor.

Weber rejeita o Positivismo presente em Augusto Comte e Durkheim (Fatos sociais como coisas) e o historicismo rankeano, ou seja, a abordagem historiográfica de Leopold von Ranke (1795-1886), mera narrativa sem conceito.

Weber propõe uma síntese. 1- Os tipos ideais, construções lógicas e exageradas, para medir a realidade, não descrevê-la. Como exemplo de tipos ideais podemos citar o capitalismo e a burocracia enquanto conceito referentes a algo. 2- Compreensão causal (erklärendes Verstehen), entender o sentido subjetivo + explicar sua causalidade. 3- Neutralidade axiológica, o cientista seleciona fatos por relevância cultural, mas não julga valores.

Como exemplo para as ciências naturais podemos pensar na temperatura de ebulição da água em condições normais de temperatura e pressão, uma lei que afirma ser esta sempre 100ºC. Já para as ciências humanas podemos pensar no fato histórico de Martinho Lutero afixar suas 95 teses na porta da igreja. Isto que faz Lutero possui um sentido, que pode ser encontrado em um protesto teológico. Possui uma causa que pode ser encontrada na corrupção papal, na imprensa, na angústia diante da salvação cristã.

A cientificidade das ciências humanas está na transparência metodológica: Hipóteses refutáveis, fontes criticadas, causalidade plausível. Não há leis universais ("Sempre que crise religiosa, então capitalismo" – A implica em B), mas sequências históricas compreensíveis. O historicismo weberiano é crítico: O passado não se repete, mas ilumina o presente por analogia controlada.

Weber ensina: Nem lei, nem poesia. Em seu lugar compreensão racional de ações significativas. A sociologia não prevê o futuro, mas esclarece o presente por meio do passado interpretado.

 

10- A essência da sociologia, semelhança e diferenças fundamentais entre os seus principais fundadores: Comte, Durkheim, Simmel, Weber e Marx.

 

Em sua crítica metodológica e na introdução de “Economia e sociedade”, Max Weber (1864-1920) define a essência da sociologia como ciência compreensiva da ação social: Estudar sentidos subjetivos que indivíduos atribuem às suas condutas, em contextos históricos concretos, por meio de tipos ideais, compreensão causal e neutralidade axiológica. A sociologia não é filosofia, nem história, nem economia, é interdisciplinar, mas com objeto próprio: A teia de ações significativas que constitui a sociedade.

Auguste Comte (1798-1857), criador do Positivismo, via a sociologia como ciência positiva das leis sociais, última etapa do progresso humano após teologia e metafísica. Semelhança: Todos querem cientificidade. Diferença: Comte busca leis universais ("Sempre que A, então B"), como física; Weber rejeita: "Não há leis sociológicas no sentido presente nas ciências naturais." Para Comte, a sociedade é organismo; para Weber, ação individual com sentido.

Émile Durkheim (1858-1917) funda conjuntamente com Comte a sociologia francesa. Afirma os fatos sociais como coisas.  O fato social é externo, geral e coercitivo. Semelhança: Rigor metodológico. Diferença: Durkheim explica do coletivo para o individual (Exemplo: Suicídio por integração); Weber, do individual para o coletivo (Sentido subjetivo gera instituições). Durkheim é holista; Weber, individualista metodológico.

Georg Simmel (1858-1918), estuda formas de interação (Dupla, tríade, segredo, moda, etc.) independentemente de conteúdo. Semelhança com Weber: Foco na ação recíproca. Diferença: Simmel é formalista estético (Interações como geometria social); Weber, causal-compreensivo (Sentido + contexto histórico). Simmel evita tipos ideais; Weber os sistematiza. Simmel vê a sociedade como jogo de formas (Exemplo: O estranho, o pobre); Weber, como processo histórico-causal (Exemplo: Racionalização).

Karl Marx (1818-1883) explica a história por lutas de classes e modos de produção. Semelhança: ambos veem conflito e racionalização. Diferença radical: Marx é materialista histórico (base determina superestrutura); Para Marx a economia é determinante e dela surge a religião, inclusive a protestante calvinista, já para Weber o calvinismo, o puritanismo e outras formas de protestantismo favorecem o surgimento do capitalismo ao criarem condições favoráveis para o mesmo. Weber, multicausal (ética protestante + direito romano + cidades = capitalismo). Marx quer revolução; Weber, compreensão neutra. Weber usa afinidade eletiva (Wahlverwandtschaft): ética protestante não causa, mas se alia a condições materiais. Marx diria: "A religião é ópio do povo"; Weber: "Às vezes, é motor da história."

Max Weber ao seu modo sintetiza e ultrapassa o pensamento de Comte, Durkheim, Simmel e Marx. Weber aceita o rigor, mas rejeita as leis presentes na sociologia proposta por Comte. Aceita os fatos sociais presentes em Durkheim, mas vê neles um sentido individual. Aceita a interação presente na obra de Simmel, mas a partir de uma causalidade histórica. Reconhece a importância da economia presente em Marx, mas não como fator único determinante, buscando em seu trabalho a ética, a dominação e o desenvolvimento das religiões enquanto influências sociais que afetam o surgimento de modelos econômicos.

Em síntese, Weber usa ideias desenvolvidas pelos demais pesquisadores na área da sociologia, como é o caso da cientificidade presente em Comte, dos fatos sociais presentes em Durkheim, da interação presente em Simmel, do conflito econômico presente em Marx. No entanto, vai além destes pesquisadores, fazendo uso de outras ideias, tais como: seu conceito de ação individual com sentido, a multicausalidade, a neutralidade.

 

11- Algumas de suas principais obras

 

1- Die Verhältnisse der Landarbeiter im Ostelbischen Deutschland. Título traduzido para o português: As relações dos trabalhadores rurais na Alemanha Oriental do Elba. Data da primeira publicação: 1892.

Neste trabalho temos uma pesquisa empírica que foi encomendada sobre as condições de vida e trabalho dos trabalhadores agrícolas na região leste da Prússia, destacando migrações sazonais, exploração econômica e tensões sociais entre latifundiários junkers (aristocratas alemães que eram a nobreza de proprietários de terras e militares na Alemanha pré-1918) e mão de obra polonesa, revelando as bases para Weber entender desigualdades rurais e o impacto do capitalismo agrário na estrutura social alemã.

2- Die protestantische Ethik und der Geist des Kapitalismus. Título traduzido para o português: A ética protestante e o espírito do capitalismo. Data da primeira publicação:  1904-1905 (publicado em ensaios na revista Archiv für Sozialwissenschaft und Sozialpolitik; edição em livro em 1920).

Nessa análise Weber estuda como o ascetismo protestante, especialmente o calvinismo, produziu uma mentalidade racional e disciplinada que impulsionou o surgimento do capitalismo contemporâneo, transformando o trabalho em vocação divina e a acumulação de riqueza em sinal de salvação, contrastando, deste modo, com visões puramente materialistas da economia.

3- Wissenschaft als Beruf. Título traduzido para o português: A ciência como vocação. Conferência proferida em 1917 e publicado em 1919.

Aqui temos uma palestra na qual Weber discute o papel da ciência na sociedade, argumentando que esta deve se limitar a fatos empíricos e análise racional, sem pretender oferecer sentidos últimos para a vida, alertando para o "desencantamento do mundo" pela burocratização e especialização, e enfatizando a paixão ética pelo conhecimento em um mundo polivalente de valores.

4- Politik als Beruf. Título traduzido para o português: A política como vocação. Data da primeira publicação: 1919.

Aqui, Weber define a política como a luta pelo poder estatal, distinguindo três tipos de dominação (tradicional, carismática e racional-legal), e explora as tensões éticas entre convicção (agindo por princípios absolutos) e responsabilidade (considerando consequências), defendendo uma abordagem realista para o político em um Estado monopolizador da violência legítima.

5- Wirtschaft und Gesellschaft. Título traduzido para o português: Economia e sociedade. Data da primeira publicação: 1921-1922 (póstuma; compilada e editada por Marianne Weber a partir de manuscritos de 1910-1920).

Essa obra, deveras importante, mas inacabada, organiza conceitos sociológicos fundamentais como ação social (tradicional, afetiva, racional), tipos de dominação (tradicional, carismática e racional-legal), burocracia como forma eficiente (mas potencialmente opressora) e relações entre economia, direito e religião, oferecendo ferramentas analíticas para compreender estruturas sociais complexas e o processo de racionalização ocidental.

6- Gesammelte Aufsätze zur Religionssoziologie. Título traduzido para o português: Ensaios reunidos sobre a sociologia da religião. Data da primeira publicação: 1920-1921 (compilação póstuma de textos escritos entre 1904-1917).

Essa coletânea examina o papel das religiões mundiais no desenvolvimento social, comparando protestantismo, confucionismo, hinduísmo e judaísmo antigo. Weber argumenta que ideias religiosas moldam condutas econômicas e éticas, com foco na racionalização ética do Ocidente e no impacto de salvacionismos na formação de elites intelectuais e também econômicas.

 

Silvério da Costa Oliveira.

 


 


 


 


 


 


 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

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