Professor Doutor Silvério

Blog: "Comportamento Crítico"

Professor Doutor Silvério

Silvério da Costa Oliveira é Doutor em Psicologia Social - PhD, Psicólogo, Filósofo e Escritor.

(Doutorado em Psicologia Social; Mestrado em Psicologia; Psicólogo, Bacharel em Psicologia, Bacharel em Filosofia; Licenciatura Plena em Psicologia; Licenciatura Plena em Filosofia)

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terça-feira, 3 de maio de 2022

O helenismo: Introdução à filosofia greco-romana

 Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Filosofia greco-romana - Helenismo

 O Helenismo

Houve um momento histórico em que Atenas teve hegemonia política, econômica e cultural por sobre as demais cidades Estado gregas. A filosofia e cultura grega tiveram ali um grande desenvolvimento. Posteriormente, Alexandre (356-323 a.C.), O Grande, rei da Macedônia, continuando o trabalho de seu pai, Felipe II (382-336 a.C.), há de conquistar não somente toda a Grécia, mas também todo o mundo conhecido da época (Além dos gregos, o oriente, Egito), chegando até a Índia onde travou algumas batalhas. Aluno de Aristóteles (384-322 a.C.), conhecia a filosofia e a cultura grega e teve a preocupação de levar esta mesma cultura para os países conquistados, criando uma integração cultural entre os diversos povos, capitaneada pela língua e cultura grega, ao que foi chamado de Helenismo. Entende-se hoje que o helenismo vai desde as conquistas de Alexandre que em muito expandiram o mundo grego, até o surgimento do Império Romano.

Há quem delimite o helenismo como começando em 323 a.C. com a morte de Alexandre e terminando com o apogeu total do Império Romano sobre o antigo império, então fragmentado, de Alexandre, com a batalha de Leucopetra em 146 a.C. ou com a batalha de Actium, em 31 a.C., na qual Octavio Augusto conquista a cidade de Alexandria, Egito.


 

O historiador alemão Johan Gustav Droysen (1808-1884), conhecido por sua obra “Geschichte des Hellenismus” (História do Helenismo, em três volumes)” e “Alexandre, o Grande”, 1883, é o responsável por cunhar a expressão “helenismo” para se referir a este período histórico. O termo “helenismo” faz referência ao termo “Hélade”, pelo qual os gregos antigos entendiam o conjunto formado por todas as cidades-Estado gregas, deste modo, os gregos antigos se auto-intitulavam “helenos”. A palavra “helenismo” também faz referência a falar grego e partilhar de toda a cultura e valores gregos.

O império conquistado por Alexandre abrangeu uma vasta região, que ia do sul da Europa, passando pelo Egito, Ásia Menor, planícies iranianas até chegar à Índia, e nele Alexandre sempre se preocupou por integrar a cultura grega com a dos povos conquistados, construindo novas cidades, templos, ágoras, ginásios, bibliotecas e casando seus oficiais com mulheres da região. A influência cultural foi ampla, pois, atingiu o comércio, a economia e a política, dentre diversos outros segmentos, envolvendo não somente uma classe ou grupo social, mas a população envolvida nas mais diversas atividades que de algum modo se relacionavam com algum tipo de troca entre os povos. Há, no entanto, comentadores que advogam que se trata de um movimento mais elitizado, pois a expansão e apropriação da cultura helênica teria se dado em um grupo mais elitizado destas sociedades que teriam oportunidade de frequentar os novos espaços destinados à difusão da cultura grega.

O resultante foi a formação de uma cultura que mesclava elementos gregos com outros, provindos das regiões conquistadas, da divulgação do modo de pensar grego, da universalização da língua grega. Tais elementos culturais foram difundidos pelo mundo, somados a outros componentes presentes nas culturas ocidental, europeia, asiática e oriental.  A cultura resultante do helenismo se faz presente não somente nas questões artísticas e estéticas, mas na filosofia, no avanço científico e também nas doutrinas religiosas. Áreas como filosofia, ciências, arte, religião, economia, entre outras, foram profundamente influenciadas com a difusão da cultura grega.

 

Filosofia greco-romana

O período que vai desde a morte de Alexandre, o grande, então com 32 anos de idade, ocorrida em 10 de junho de 323 a.C., e de seu mestre e professor, o grande filósofo e fundador do Liceu, Aristóteles, cerca de um ano depois, em 322 a.C. até o fim da Antiguidade e início da Idade Média, com a queda do Império Romano no Ocidente, marcada pela tomada de Roma, e a deposição do último imperador romano do Ocidente, Rômulo Augusto, em 476 d.C. é um período histórico no qual, para o pensamento filosófico a ênfase se voltou para o bem viver, para a obtenção da felicidade e para algum tipo de “salvação” diante dos infortúnios da vida e da morte certa em algum momento futuro. Somado a isto, temos o advento do Cristianismo. Jesus Cristo é crucificado e morto em 33 d.C. (na verdade, sua data de nascimento não foi fixada corretamente, ocorrendo cerca de 4 anos antes e deste modo, como nosso calendário se inicia com seu nascimento, sua data de morte também não está correta) e após este evento seus discípulos e mais tarde o apóstolo Paulo, começam a divulgar o que irá se tornar a nova religião do cristianismo.

O cristianismo irá encontrar no pensamento filosófico então desenvolvido pelas distintas Escolas e movimentos (Cinismo, Ceticismo, Epicurismo, Estoicismo, neo-platonismo e outros) um terreno profícuo para seu desenvolvimento, pois, estas Escolas não estavam mais preocupadas com grandes desenvolvimentos especulativos e sim com a felicidade e o bem viver, com uma postura ética ou moral diante da vida e da morte, do prazer e da dor e sofrimento. Diante de tal contexto, a salvação proposta pelo cristianismo tem um chamativo mais tentador, claro e robusto que os demais, pois, irá aos poucos incorporando a sua doutrina às teses presentes na filosofia helênica e dará, inclusive, um destaque maior aos três grandes filósofos da Antiguidade, Sócrates, Platão e Aristóteles, que já estavam de certo modo esquecidos pelos principais ramos da filosofia então presentes.

Flávio Justino (100-165), um dos padres apologistas, entendia que o cristianismo era um tipo de filosofia e a única verdadeira, o que faz sentido quando tomamos ciência de que nesta época histórica os movimentos e escolas filosóficas estavam todos preocupados com a salvação e a felicidade, mas que não concebiam um deus pessoal e criador, nem uma alma imortal e individualizada em vida e no pós-morte, onde seria responsabilizada por seus atos, fossem estes bons ou maus. Desde a morte de Aristóteles que não tivemos mais a especulação ampla como tema da filosofia e sim a busca e encontro da felicidade, uma forma de salvação diante das agruras, dores e sofrimentos presentes na vida. Neste tocante, o cristianismo traz realmente uma mensagem superior, mais completa, que individualiza a pessoa e sua relação com deus, que proporciona um sentido e significado a sua vida e também a sua morte, que coloca este humano no centro de um processo muito importante organizado por Deus. As bases para a vitória do cristianismo já estavam postas mesmo antes de sua criação, a partir do direcionamento dado pela cultura então reinante e o pensamento filosófico em desenvolvimento. Quando esta doutrina chegou e com a necessidade de ser batizado, escolha pessoal que um adulto deveria realizar, o cristianismo passou a ser entendido como algo bem sério e que requeria uma decisão pessoal, baseada na convicção e na aprendizagem sobre o culto. Também com uma mensagem que qualquer pessoa do povo poderia facilmente entender, sem ser versado em filosofia ou conhecer a cultura grega, por tais motivos e deste modo, este se espalhou em terreno profícuo, como fogo na palha seca ateado com gasolina.

Neste período, que vai do século 4 a.C. ao século 5 d.C. temos uma sucessão de ideias, movimentos, Escolas e valores, voltados para o papel representado por este humano na ordem da sociedade e também cósmica, direcionando o melhor comportamento a ser adotado e objetivando atingir algum tipo de felicidade mais duradoura.

Some-se a isto o fim da Academia no século VI d.C. Desde a morte de Platão, a Academia teve sua direção passada de mestre para mestre, mantendo a tradição. Durante a primeira guerra Mitridática, contra os romanos, que teve início em 88 a.C., temos que Sula sitiou e conquistou a cidade de Atenas em 86 a.C., vindo nesta ocasião a destruir fisicamente a Academia, mas o terreno onde a mesma fora construída continuou a ser usado pelos mestres e alunos até o ano de 529 d.C., quando por ordem do então imperador Justiniano, do Império Romano do Oriente, foi definitivamente fechada, pondo fim ao último baluarte da cultura helênica, ainda vinculada aos deuses gregos e as musas inspiradoras. Sua finalidade era cultural, também de caráter jurídico e religioso. Era o fim de uma era e a vitória dos sacerdotes da nova religião, o cristianismo.

Ainda na época de Sócrates, Platão e Aristóteles, podemos falar de algumas Escolas socráticas menores, tal o caso de: A Escola Megárica, fundada por Euclides de Mégara, a Escola Cínica, fundada por Antístenes, e a Escola Cirenaica, fundada por Aristipo de Cirene. Posteriormente, teremos duas grandes Escolas, o Epicurismo e o Estoicismo, além, claro está, do Cinismo, Ceticismo e Ecletismo que veremos se desenvolver na cultura helênica.

Nas Escolas Socráticas menores o que temos não é mais a convergência de toda especulação filosófica em direção ao Bem, enquanto fim supremo e de valor metafísico, como o encontramos em Platão e Aristóteles. Mantém-se o predomínio do problema ético como já presente em Sócrates, mas a ênfase presente em Platão e Aristóteles com relação ao Bem ser identificado ao fim supremo da vida humana, da educação e do Estado e para toda realidade universal, tende a se restringir, nas Escolas socráticas menores, a uma preocupação exclusiva com o bem humano. Desde Sócrates o “bem” é o objetivo maior da filosofia, variando, no entanto, o que se entende por “bem” e o quanto tal conceito é ampliado ou restringido, deste modo, por exemplo, tendo o Bem como meta a ser alcançada, os cirenaicos se voltam para o prazer, já os cínicos para a natureza e liberdade.

Com as conquistas militares de Alexandre, temos também a expansão da cultura grega, o helenismo, e sua mescla com as culturas orientais. Neste período passamos a ter o predomínio do problema ético e, se antes o grande centro helênico do conhecimento era Atenas, agora esta cidade passa a ter outras que com ela rivalizam enquanto grandes centros culturais e de produção de conhecimento, como tal é o caso das cidades de Pérgamo, Rodes, Antioquia e Alexandria.

Há também uma mudança de foco, pois, se com Platão e Aristóteles a ética tendia a surgir como o auge de toda especulação filosófica desenvolvida e a par com a política, agora, com a dissolução da pólis grega e o afastamento da autonomia política das cidades e de seus cidadãos, temos a perda do sentimento de dever vinculado à cidadania e uma substituição da importância deste humano da cidade para o desenvolvimento pessoal voltado para a felicidade e serenidade. A anterior ênfase ao problema do ser e do conhecimento cede lugar ao problema do supremo bem.

Neste período, da morte de Aristóteles (322 a.C. – século IV a.C.) até o fechamento da Academia (529 d.C. – século VI d.C.), temos desde o início, e presente nos principais movimentos e escolas filosóficas, duas bases fundamentais nas quais mais tarde se erguerá o cristianismo, a partir do século I d.C., refiro-me aos conceitos de universalismo e de interioridade. Os humanos já não pertencem a uma única pátria ou cidade, são entendidos como cidadãos do mundo (cosmopolitismo), onde não é o local de nascimento que os diferencia e sim a razão que os unifica enquanto uma única espécie, por sua vez, a busca da verdade, da felicidade, da salvação, da paz, se encontra não fora de si nos diversos bens materiais e reconhecimentos sociais e sim na interioridade individual.

 Silvério da Costa Oliveira.

 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

Site: www.doutorsilverio.com

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