Professor Doutor Silvério

Blog: "Comportamento Crítico"

Professor Doutor Silvério

Silvério da Costa Oliveira é Doutor em Psicologia Social - PhD, Psicólogo, Filósofo e Escritor.

(Doutorado em Psicologia Social; Mestrado em Psicologia; Psicólogo, Bacharel em Psicologia, Bacharel em Filosofia; Licenciatura Plena em Psicologia; Licenciatura Plena em Filosofia)

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terça-feira, 31 de maio de 2022

Cinismo: Os cínicos e o mundo helênico

 Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Cinismo

 Os cínicos

O termo “cínico” ou mesmo “cinismo”, nome dado a este movimento filosófico e também a seus adeptos, tem origem no termo grego “kynos”, que significa “cão”, deste modo, “cínico”, ou em grego, “kynicos”, faria referência ao cão, ou melhor dizendo, “como um cão”. Em verdade, o que temos aqui é uma alusão ao tipo de vida escolhido por tais pessoas, livres na cidade, cidadãos do mundo ou cosmopolitas, sem possuírem qualquer propriedade desnecessária e sem se incomodarem em obter conforto, ou seja, vivendo como cães soltos na cidade. Outra versão para o nome o faz proveniente de “Cinosargo”, um ginásio localizado perto de Atenas onde os membros do movimento se reuniam.

Quando dizemos que os cínicos se comportavam como cães livres na cidade, isto quer dizer que estes não se incomodavam em realizar qualquer atividade fisiológica (comer, beber, sexo, urinar, defecar) em público, do mesmo modo que cães soltos na cidade. Defendiam a total autarquia, ou seja, autossuficiência moral.

Dentre os cínicos mais conhecidos e, além de Antístenes e Diógenes, pode-se citar também: Crates de Tebas (365-285 a.C.), Hipárquia de Maroneia (350-310 a.C.), Metrocles de Maroneia (Século IV / III a.C.), Mônimo de Siracusa (século IV a.C.), Onesícrito de Astipaleia ou de Égina (360-290 a.C.), Bión de Borístenes (325-246 a.C.), Menipo de Gadara (século III a.C. - 300-260 a.C.), Dião Crisóstomo (boca de ouro) ou  de Prusa ou Cociano (40-120 d.C.), Oinomao de Gadara (117-38 a.C.), Demonax de Chipre (80-180 d.C.), Peregrino Proteo (95-165 d.C.).


 

Filosofia Cínica ou Cinismo, foi um movimento fundado em Atenas por Antístenes (444/445-365/370 a.C.), natural de Atenas, discípulo de Sócrates, por volta de 400 a.C. Buscava a verdadeira felicidade, não nas coisas materiais, como, por exemplo, o luxo, o poder político e a boa saúde do corpo, mas justamente do afastamento de todas estas coisas, podendo ser alcançada por todos.

A escola cínica deve ser entendida não somente como um movimento filosófico dentro do Helenismo, mas também como uma das Escolas socráticas menores.

Depois do fundador, o cínico mais importante foi Diógenes de Sínope, ou também conhecido como Diógenes, o Cínico (413-324 a.C.), discípulo de Antístenes, natural de Sínope, mudou-se para Atenas onde estudou com Antístenes e atuou como filósofo Cínico e posteriormente mudou para Corinto. Segundo a tradição, Diógenes vivia dentro de um barril e quase nada possuía de bens materiais, os quais ficavam limitados a sua túnica, um cajado e um saco de pão.

Antístenes foi discípulo de Górgias e posteriormente de Sócrates, sendo contemporâneo de Platão e em essência o cinismo é uma escola socrática. Enquanto Platão desenvolveu sua Escola priorizando o aspecto metafísico de seu mestre, coube a Antístenes priorizar o aspecto moral e ético presente nos ensinamentos de Sócrates. Provavelmente o nome da Escola, fazendo referência a cães, foi inicialmente um insulto feito pelos seus contemporâneos, mas que foi abraçado pelos adeptos desta Escola, que gostaram do que representava o nome em termos de liberdade perante a sociedade e dentro da cidade. Presente no movimento cínico temos a ironia de Sócrates exacerbada conjuntamente com um humor sarcástico. Trata-se de uma filosofia da ação e não da contemplação e do discurso. É pelo fazer, mostrar, agir, que o filósofo dá o exemplo e ensina por meio do modo como vive a sua vida em total desapego dos bens materiais.

Nesta Escola de filosofia não temos um ambiente propriamente escolar, com a presença de mestre e discípulo e um conteúdo programático. O ensino se dá por meio da observação e imitação do comportamento moral, do estilo de vida adotado pelos cínicos. O importante é seguir o exemplo dado e adotar um modo de vida particular, no qual a verdadeira riqueza não é buscada ou encontrada na posse de bens e sim dentro de si mesmo.

O movimento propõe um novo caminho diante da sociedade grega e seus costumes sociais. Segundo o cinismo, para chegar à felicidade há necessidade de autodomínio e de uma postura de indiferença aos prazeres mundanos.

Enquanto doutrina filosófica entende que a virtude é o único caminho para se obter a felicidade, que devemos rejeitar as convenções sociais e praticar o ascetismo.

A vida e os poucos pertences dos filósofos cínicos simbolizavam o desapego e autossuficiência perante o mundo. A verdadeira realização de uma vida humana é a obtenção da felicidade e esta se dá pelo autodomínio e pela liberdade. A filosofia cínica combate o prazer, o desejo e a luxúria e entende que a prática da virtude é mais importante que qualquer teorização sobre a virtude. Este movimento persistiu até a época do Império Romano e como as demais Escolas de Filosofia representantes da cultura grega, desapareceu, indo no máximo até 529 d.C. como todas as demais, se bem que não findou por completo, uma vez que foi absorvido em essência por grupos dentro do nascente cristianismo.

Antístenes nega os conceitos universais e só aceita a realidade do particular e concreto, só existindo aquilo que possa ser percebido pelos nossos sentidos. Entende que o pensamento se reduz a palavras e que estas são materiais. Adota como fim prático da moral e ética a obtenção da felicidade, uma vida tranquila e o exercício da virtude. A virtude pode ser ensinada e aprendida e o caminho para chegar a ela é por meio da prática, do esforço e da imitação dos sábios, tendo como modelo ideal a Sócrates. Sendo este ideal presente no sábio, visto como autossuficiência, independência e domínio de si mesmo. Deste modo, o sábio não se deixa dominar por bens materiais, riquezas, paixões ou obtenção de prazer.

Antístenes e Diógenes argumentam contra os sofistas e a teoria platônica do mundo das ideias, opondo o individual e concreto, pois, a realidade visível é inquestionável, deste modo, negam os conceitos universais a favor do particular. Só existe o que pode ser percebido pelos nossos sentidos. Como negam o universal, o pensamento se reduz a palavras que apontam para algo único.

Diógenes defendia o cosmopolitismo, se considerando cidadão do mundo, entendia que todas as pessoas dos diversos povos são iguais, não devendo haver qualquer distinção, seja por posição social ou mesmo entre senhor e escravo, deste modo, também se opunha à escravidão. Também pensava que os filhos deveriam ser cuidados pela sociedade e que o sábio não deveria se casar e assumir uma família.

Diógenes procurava fortalecer sua vontade e corpo por meio de privações, fadiga e indiferença para com todas as coisas desnecessárias a sua sobrevivência, mantendo o mínimo necessário para viver, sem luxo ou conforto. Conta-se que dormia em um barril, tinha somente as roupas do corpo e bebia em um pequeno copo. Uma vez viu um menino bebendo somente com o uso das mãos em concha e isto o fez jogar fora o copo e adotar este modo de beber água. Em outra oportunidade, saiu de dia pelas ruas de Atenas com uma lanterna acesa procurando um homem.

A tradição também nos conta sobre a visita que Alexandre Magno fez a Diógenes. Alexandre encontrou Diógenes sentado próximo de seu barril pegando sol. Alexandre, aluno de Aristóteles, impressionado pelo que aprendera sobre Diógenes, perguntou se este tinha algum desejo e caso o tivesse, este seria satisfeito. A resposta foi que Diógenes desejava que Alexandre saísse da frente do sol, pois estava fazendo sombra no sol que estava tomando. Esta passagem geralmente é interpretada como uma mostra de que Diógenes era mais rico que o mais poderoso dos homens, pois ele tinha tudo o que precisava para viver.

O pensamento presente na Escola cínica nos diz que não devemos nos preocupar com qualquer coisa, seja esta a saúde, o sofrimento, a morte, ou mesmo o sofrimento próprio ou de outras pessoas.

Diógenes entendia que a educação cínica deveria propor e ensinar a prudência para os jovens, o consolo para os velhos, a riqueza para os pobres, ornamento para os ricos.

A felicidade - entendida como autodomínio e liberdade - era a verdadeira realização de uma vida. Sua filosofia combatia o prazer, o desejo e a luxúria, pois isto impedia a autossuficiência. A virtude, como em Aristóteles, deveria ser praticada e isto era mais importante que teorias sobre a virtude. Além do ascetismo presente ao movimento, cabe destacar também o amor pela virtude e a indiferença para com a riqueza, o status social e a opinião pública. Este movimento acabou também sendo importante ao exercer influência sobre o estoicismo.

A verdadeira felicidade não depende de qualquer coisa externa a si próprio, e há necessidade de se libertar destes laços, sejam bens materiais, reconhecimento, saúde, sofrimento, morte, preocupações consigo ou com outras pessoas.

Estamos diante da defesa e prática de um modo de vida simples que em muito pode se assemelhar a um mendigo na cidade. Os cínicos ficavam longe das convenções sociais ou da prática do pudor social.

Para encontrar a felicidade precisamos retornar à natureza, ao animal humano livre das imposições sociais, é preciso desapegar-se de tudo, alienar-se em relação aos bens e expectativas sociais. Trata-se de uma ética da fuga da prisão social e da liberação do estado natural, animal, que nos aproxima de um cão solto na cidade.

 Silvério da Costa Oliveira.

 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

Site: www.doutorsilverio.com

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