Professor Doutor Silvério

Blog: "Comportamento Crítico"

Professor Doutor Silvério

Silvério da Costa Oliveira é Doutor em Psicologia Social - PhD, Psicólogo, Filósofo e Escritor.

(Doutorado em Psicologia Social; Mestrado em Psicologia; Psicólogo, Bacharel em Psicologia, Bacharel em Filosofia; Licenciatura Plena em Psicologia; Licenciatura Plena em Filosofia)

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terça-feira, 7 de junho de 2022

O Ceticismo antigo

 Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Ceticismo antigo – Pirro de Élis - Pirronismo

 Ceticismo

O ceticismo antigo pode ser dividido em três fases, a primeira com Pirro de Élis (365/360-275/270 a.C.), presente nos escritos de Timon de Flionte (320-241 a.C.), a segunda fase com a nova Academia, de Arcesilau de Pitane (315-241 a.C.) até Carnéades de Cirene (214-129 a.C.), cujas ideias e doutrinas foram escritas por Clitômaco (187-110 a.C.), a terceira fase com os assim chamados céticos posteriores, que vão de Enesidemo de Cnossos (século I) até Agripa e Sexto Empírico (séculos II e III d.C.).


 

Há quem divida o ceticismo, historicamente, em três momentos distintos e há outros que o dividem em quatro. A diferença é que para quem o divide em quatro, se acrescenta como segundo momento o ceticismo presente na Academia na época de Arcesilao e também Carnéades, quando a Academia combate o dogmatismo então presente nos estoicos.

O primeiro momento do ceticismo antigo se dá, portanto, com Pirro e Tímon, em seguida temos um segundo (ou terceiro) momento, onde encontramos a figura de Enesidemo (século I a.C.) e sua crítica à razão e à causalidade entre os corpos, negando a causalidade. Há um terceiro (ou quarto) e último período do ceticismo antigo, este vinculado a Sexto Empírico (século II d.C.). Sexto Empírico é hoje a principal fonte de conhecimento sobre o ceticismo.

A palavra ceticismo encontra sua origem no grego, “sképsis”, que significa “exame, investigação”. Para Pirro e os céticos, viver bem e feliz é viver sem emitir juízos, ou seja, na “epoché”.

O fundador do ceticismo antigo foi Pirro de Élis, daí ser este movimento por vezes chamado de Pirronismo. Há quem defenda não ser apropriado a sua própria natureza ser designado como uma Escola, estando mais correto os termos “movimento” ou “corrente de pensamento” ou mesmo uma atitude diante dos problemas e questões da vida.

Vários comentadores citam que Pirro seguiu conjuntamente com o exército de Alexandre, o grande, e esteve na Índia, onde conheceu os sábios locais, chamados de gimnosofistas (sábios nus, faquires), que, juntamente com filósofos pré-socráticos (Heráclito, Leucipo, Demócrito) e das escolas socráticas menores, bem como os sofistas gregos, teriam influído sobre a elaboração do ceticismo.

No Ceticismo há um retorno a argumentos anteriormente propostos pelo movimento sofista, deste modo, entendem que as sensações variam entre as pessoas e numa mesma pessoa, podendo um mesmo objeto proporcionar sensações distintas em pessoas diferentes ou mesmo na mesma pessoa. Também que por meio da razão podemos obter argumentos válidos pró e contra determinado assunto, anulando-se mutuamente.

No silogismo proposto pela lógica, na premissa inicial já se encontra a conclusão, de modo que não se avança no conhecimento nem se comprova a conclusão, havendo aqui um círculo vicioso (1- todos os homens são mortais, 2- Sócrates é homem, 3- Sócrates é mortal). Em virtude disto, entende que não há um critério de verdade e propõe a suspensão de todo e qualquer juízo.

Enesidemo (século I a.C.) organizou as teses dos céticos sobre o caráter passageiro e não confiável dos nossos juízos em virtude dos limites de nossa razão, apresentando dez tropos (caminhos) para a suspensão do juízo, motivadas por diferenças contidas ao ser analisado cada um destes caminhos em relação a obtenção do conhecimento. A saber:

1- as diferentes espécies existentes de seres animais;

2- as diferenças entre os homens;

3- os diferentes estados segundo o tempo; diferentes órgãos dos sentidos, proporcionando sensações provavelmente diferentes;

4- as condições orgânicas; circunstâncias e disposições humanas mutáveis;

5- as distintas posições que se pode adotar diante do objeto observado; posição e distância no espaço;

6- os diversos meios interpostos entre os sentidos humanos e os objetos;

7- os diferentes e mutáveis estados do próprio objeto;

8- as relações das coisas entre si e entre o sujeito e as coisas que ele julga;

9- a frequência / número de encontros entre o sujeito e os objetos que ele julga; e

10- os tipos de educação, costumes, leis, crenças e opiniões dogmáticas do sujeito.

 

Por sua vez, Sexto Empírico (e também Agrippa), que é nossa principal fonte de informação sobre o movimento cético, apresenta os argumentos céticos contra o dogmatismo divididos em cinco, a saber:

1- o caráter relativo das opiniões, gerando controvérsias entre as teorias;

2- a necessidade de uma regressão ao infinito para encontrar-se o primeiro princípio, no qual todos os outros se sustentam;

3- o caráter relativo das percepções;

4- toda demonstração se funda em princípios que não se demonstram, mas se admitem por convenção; e

5- a circularidade decorrente de que demonstrar algo, supõe no homem a faculdade de demonstrar e a validade da demonstração.

 

O entendimento da Escola cética é que o sábio deve praticar a afasia, ou seja, não falar, abster-se de se pronunciar, também deve praticar a epoché, ou seja, abster-se de opinar, visando obter a ataraxia, ou seja, a ausência de preocupações.

Para Pirro e Timon há três problemas básicos: 1- qual a natureza das coisas, 2- que atitude devemos assumir, e 3- o que devemos fazer. A primeira questão encontra resposta no relativismo, no qual só podemos conhecer o que sentimos por meio de nossas sensações. A segunda questão nos apresenta como resposta o reconhecimento do fenômeno que percebemos, mas com a suspensão do juízo sobre a coisa em si mesma. Iremos agir diante do fenômeno, assumindo uma atitude eminentemente prática que não corresponda a algum critério de verdade. A terceira questão tem como resposta que o sábio e cético há de renunciar a propor um juízo sobre as coisas.

Ou, dito de modo mais suscinto, temos que há três perguntas propostas no ceticismo antigo, e uma resposta própria a cada uma delas.

1- Qual a natureza das coisas? Não tenho como saber, conheço apenas aparências

2- Como devo agir em relação a realidade? Suspensão do juízo (epoché) e não falar, não pronunciar-se, manter o silêncio (afasia).

3- Quais as consequências de minhas atitudes? Ausência de perturbações (ataraxia) e um estado de bem estar e felicidade (eudamonia).

 

Alguém que siga a doutrina de Pirro e Tímon não irá sequer afirmar que nada sabe e sim, no seu lugar, pôr em dúvida se sabe ou não sabe algo. Na vida prática deve-se agir de acordo com os costumes, as leis e as convenções sociais, reconhecendo, não obstante, nada saber com certeza, dando a tudo um valor relativo e convencional. Apesar do ceticismo tratar da teoria do conhecimento, gnoseologia, a ética e moral estão no princípio da elaboração do sistema cético e no seu resultado final.

Não se trata de uma crítica ontológica feita à existência ou não da verdade na realidade, ou, de se entrar em contradição com o princípio de não contradição, proposto por Parmênides ao afirmar que o ser é e o não ser não é. A ênfase não está na realidade externa (objetiva) ao sujeito e sim na sua capacidade humana (subjetiva) de chegar ao conhecimento desta verdade. Conhecemos por meio de nossas sensações e percepções e somos influenciados por nossas crenças e convenções sociais, de modo que temos acesso não à coisa propriamente dita, mas somente a aparências. Nossos juízos sobre a realidade são baseados nas convenções e tem como base as nossas sensações, as quais são mutáveis.

No pirronismo temos a suspensão do juízo (epoché). Não se trata de afirmar ou negar algo, seja o que for, e sim se ausentar de o fazer, de assumir a atitude na qual diga: “Eu não sei”. E meu não saber, não afeta que este algo seja verdadeiro ou falso.

Cabe cuidado para distinguir a real ênfase dada pelos céticos a questão do conhecimento. O questionamento feito por Pirro e demais céticos era sobre a capacidade humana de se chegar à verdade e não sobre a existência da verdade. Se estes afirmassem não existir a verdade, entrariam em contradição. O que afirmam é a ausência de um juízo, ou seja, ao ser perguntado se sabe algo, o cético diria que não sabe se sabe ou se não sabe, sem afirmar ou negar.

Põe sua ênfase na busca da felicidade e a entende como a ausência de paixões (apatia) e ausência de perturbações (ataraxia). Lembramos que a busca da felicidade por meio da apatia e da ataraxia está presente nos estoicos e nos epicureus. No caso específico do Movimento Cético, isto se dá, não por meio de conceitos teóricos, e sim por meio de um estado individual que nos proporcione nada afirmar e nada negar, suspendendo o juízo. Para Pirro e seu discípulo Tímon, a verdade nos é inacessível e a verdadeira natureza das coisas não é manifesta, estando além das aparências fenomenais.

 Silvério da Costa Oliveira.

 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

Site: www.doutorsilverio.com

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