Por: Silvério da Costa Oliveira.
Baltazar Gracián
Baltazar Gracián y Morales (1601-1658) nasce em Belmonte de Calatayud (hoje Belmonte de Gracián), Espanha e falece aos 57 anos de idade em Tarazona, Espanha. No ano de 1619, então com 18 anos de idade, ingressou na Companhia de Jesus (os jesuítas). Em 1627 é ordenado sacerdote. Foi reitor dos colégios Jesuítas de Tarragona e Valência. Seus interesses estão vinculados à teologia, à literatura e à filosofia. Atuou como sacerdote jesuíta, professor e escritor. Representante do conceptismo, vertente do barroco na Espanha. Sofre influência de Aristóteles. A ênfase presente em sua obra é direcionada à ética, à virtude e à prudência.
É autor de “El Heroe”, 1637, “El Político Don Fernando”, 1640, “Arte de ingenio”, 1642, “El Discreto”, 1646, “A arte da prudência (Oráculo manual e arte da prudência)”, 1647, livro de cunho filosófico composto por trezentos aforismos sobre o bem viver, “Agudeza y arte de engenho”, 1648, do romance “El Criticon” (O Crítico; 3 volumes), 1651 parte 1, e 1653 parte 2, e 1657 parte 3, uma das obras mais importantes da literatura em língua espanhola, “El Comungatorio”, 1655, um livro devocional.
Na sua obra temos que se destaca como tema a grandeza e a dignidade do humano, a miséria e a condição política e social deste humano. A sociedade corrompe o humano, desfigurando a imagem deste de Deus. O grande tema presente na obra de Baltasar é este humano.
Em “A arte da prudência” discorre sobre as relações humanas. Trata-se de algo semelhante a um manual de estratégias para viver bem. No livro, o autor leva em consideração no desenvolvimento de seus argumentos a instabilidade do humano no campo emocional. Entente Baltasar que o humano sempre age em busca de seus próprios interesses, não sendo possível prever seus atos. A argumentação exposta no livro é baseada na realidade, nos fatos. Entende que é importante ser precavido diante das circunstâncias de modo a poder atingir o equilíbrio.
Pode-se comparar na intenção a obra “A arte da prudência” a uma outra obra também famosa, esta outra de Machiavelli, “O príncipe”. Enquanto Machiavelli tinha por objetivo aconselhar e ensinar o governante na arte de bem governar, Baltasar Gracián tem como objetivo proporcionar um guia prático para orientar e aconselhar as pessoas comuns diante dos inúmeros desafios cotidianos. Nos 300 aforismos que compõe o livro temos ensinamentos destinados ao dia-a-dia, estratégias direcionadas para o obter o sucesso e a felicidade em um mundo que pode ser considerado hostil e hipócrita nas relações humanas. Dentre os temas abordados no livro, temos a amizade, o trabalho, os relacionamentos, as conquistas e a religiosidade, esta última sempre presente nos trabalhos de Gracián.
Pensador racional, mas não pertencente à Escola Racionalista de Descartes e outros, engloba em sua forma de pensar e escrever temas não tratados por esta Escola, como tal é o caso dos sentimentos, da fantasia, do engenho e do gosto dos humanos. Segundo Gracián, o humano não é apenas razão, mas também emoção.
A literatura criada por Gracián pode ser entendida como dentro do Barroco, ou mais especificamente, do Conceptismo, pois, como as demais obras assim categorizadas, tende a priorizar a lógica, a clareza dos conceitos, a agudeza de pensamento e a arte de persuasão retórica.
Silvério da Costa Oliveira.
Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.
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