Por: Silvério da Costa Oliveira.
Jacques Bossuet
Jacques-Bénigne Bossuet (1627-1704) nasce em Dijon e falece em Paris, França. Proveniente de família de magistrados, sua educação se deu em colégio dos jesuítas, estudou teologia e foi ordenado padre e obteve o título de doutor em teologia em 1652. Atuou como Bispo, orador, teólogo, escritor, tutor do Delfin (o filho mais velho de Luís XIV) e conselheiro do rei Luís XIV, o rei sol, de França.
Autor de belas peças de oratória inicialmente destinadas a sermões e orações fúnebres, bem como de vasta obra escrita abordando temas tais como: a espiritualidade, a instrução religiosa, os debates religiosos entre católicos e protestantes, e outras mais.
Dentre as principais obras de Bossuet, temos: “Exposição Sobre a Doutrina da Igreja Católica Sobre as Questões da Controvérsia”, 1671, “O Discurso sobre a história universal”, 1681. No livro “Política tirada das Santas Escrituras”, 1679 (publicado postumamente em 1709) assume uma atitude de defesa do absolutismo e desenvolve uma doutrina do direito divino dos reis. Segundo esta forma de pensar, qualquer governo que seja legalmente formado é a expressão da vontade Divina, sendo, portanto, sagrado. Bossuet sustenta que qualquer rebelião contra um governo legítimo é um ato criminoso. O monarca deve governar seus súditos como se fosse o pai e estes seus filhos, a imagem de Deus pai todo poderoso diante de sua criação, no entanto, não deve o monarca se deixar afetar pelo poder.
Bossuet desenvolveu uma teologia da história na qual procura demonstrar que a providência divina se apresenta como guia de toda a humanidade. A história universal vivida pela humanidade é a história da redenção humana por meio do sacrifício de Jesus Cristo. Em sua vida foi um autêntico devoto da Igreja Católica Apostólica Romana.
É adepto do que se convencionou chamar de galicanismo, ou seja, que a Igreja estaria submetida ao Estado na França, cabendo ao rei assegurar o bem-estar de todos os seus súditos. Suas ideias sobre este tema são apresentadas no trabalho "Declaração do clero galicano", 1682. Este movimento afirma a autonomia na Igreja na França (Gália, como era chamada nos tempos do Império Romano), limitando os poderes do Papa.
Coube a Bossuet defender os privilégios dos reis franceses contra a autoridade do papa em Roma. Também combateu a arte do teatro, a partir de motivos religiosos que o levaram a ver imoralidade no mesmo. Atacou o individualismo religioso e afirmou o papel da providência divina no desenvolvimento da história humana.
Bossuet se destaca como um dos mais relevantes teóricos do absolutismo por direito divino, Bossuet defendia o argumento que o governo era divino e que os reis da França recebiam seu poder diretamente de Deus. Segundo a teoria defendida por Bossuet, o poder real é de origem Divina, já que o monarca é o representante de Deus na Terra, deste modo, cabe aos reis o controle total da sociedade. Deus delega o poder político aos reis e lhes confere autoridade ilimitada e incontestável. Segundo o pensamento de Bossuet, a autoridade do monarca é absoluta ou dito de outro modo, o poder do rei é indivisível, não devendo o monarca prestar contas a quem quer que seja sobre as suas decisões.
Bossuet entende que a liberdade de expressão defendida pelos protestantes tende a se encaminhar para a insubmissão dos súditos em relação ao rei. Segundo Bossuet, o catolicismo é a base do poder do monarca e o meio mais eficiente que o rei possui para se fazer obedecer pelos seus súditos, sendo a religião católica importante na medida em que torna os súditos submissos a autoridade real, pois, enquanto submissos as leis da Igreja, também se colocam submissos as leis do Estado.
Silvério da Costa Oliveira.
Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.
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