Professor Doutor Silvério

Blog: "Comportamento Crítico"

Professor Doutor Silvério

Silvério da Costa Oliveira é Doutor em Psicologia Social - PhD, Psicólogo, Filósofo e Escritor.

(Doutorado em Psicologia Social; Mestrado em Psicologia; Psicólogo, Bacharel em Psicologia, Bacharel em Filosofia; Licenciatura Plena em Psicologia; Licenciatura Plena em Filosofia)

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terça-feira, 11 de março de 2025

Jean-Baptiste de Lamarck

 

Por: Silvério da Costa Oliveira.

 

Jean-Baptiste de Lamarck

 

Jean-Baptiste de Lamarck - Jean-Baptiste-Pierre-Antoine de Monet, chevalier de Lamarck (1744-1829), nasce em Bazentin e falece aos 85 anos de idade em Paris, ambas na França. O título “chevalier” provém dele pertencer a baixa nobreza francesa. Seus pais tiveram 11 filhos, sendo Lamarck o caçula. Ainda jovem foi enviado para dar prosseguimento à carreira religiosa junto aos jesuítas, com quem esteve até o ano de 1759. Tendo seu pai falecido, optou por abandonar a carreira religiosa e se dedicar à carreira militar, ficando no exército até o ano de 1768, quando por motivos de saúde, se afastou. Nesta ocasião mudou para Paris e iniciou os estudos em medicina e botânica. Atuou como naturalista, biólogo e acadêmico, tendo apresentado contribuições científicas pioneiras para a sua época no campo da biologia.

No decorrer de sua vida, trabalhou no exército e também no museu de história natural de Paris. Foi casado e enviuvou por três vezes, sendo pai de oito filhos. No transcorrer de sua vida enfrentou dificuldades financeiras e não obteve amplo reconhecimento, pois, sua teoria sobre a evolução das espécies ia contra o establishment de sua época, que defendia a fixidez das espécies. No final de sua vida se viu impossibilitado de continuar escrevendo por perder a visão, tornou-se praticamente cego em virtude do desenvolvimento de catarata em seus olhos, o que lhe impedia de continuar trabalhando e escrevendo.


 

Ao se afastar do exército e retornar à vida civil, começou a trabalhar com botânica em Paris, frequentando o Jardin du Roi, posteriormente rebatizado de Jardin des Plantes, e mantendo contato com o círculo de intelectuais e cientistas de sua época, tais como Georges-Louis Leclerc, conde de Buffon, que foi um dos primeiros a reconhecer o talento de Lamarck na biologia e a apoiá-lo a publicar a sua primeira obra, “Flore Française”, 1778, que buscava apresentar um guia para a melhor identificação das plantas na região da França. A partir desta obra Lamarck começou a se destacar como botânico e a desenvolver a sua carreira científica, sendo nomeado assistente botânico no Jardin du Roi. Em 1781 passou a ser membro da Academia Francesa de Ciências e, posteriormente, a Revolução Francesa de 1789, quando o Jardin du Roi foi rebatizado para Museu Nacional de História Natural, foi nomeado professor de zoologia (1793) deste museu, encarregado dos estudos dos animais invertebrados. Lamarck se destacou no estudo dos invertebrados, ramo negligenciado a sua época. Coube a Lamarck fazer uso, no sentido atual do termo, do nome “biologia”, bem como, introduzir o termo “invertebrados” para se referir a animais sem a presença da espinha dorsal.

No ano de 1815 publica “História natural dos animais invertebrados”, cabendo a Lamarck não somente apresentar as características gerais dos animais invertebrados, mas também introduzir o termo “invertebrados”.

Lamarck é naturista e apresentou a primeira teoria realmente coesa sobre uma evolução biológica que ficou conhecida como lamarckismo. Em sua teoria, os mecanismos que ocasionam a evolução possuem uma finalidade, sendo, portanto, uma teoria finalista, teleológica. Em termos de religião, Lamarck pode ser classificado como um deísta, que apesar de reconhecer a presença de Deus, nega que este possa intervir diretamente na criação por meio de milagres que alterem as leis naturais, em verdade, caberia a Deus impulsionar as mudanças, mas sem uma atuação direta sobre as mesmas.

Sua teoria sobre a evolução das espécies se funda em dois princípios: 1- A lei do uso e desuso que permite a adaptação dos seres no decorrer de sua existência. As características que surgem da adaptação ao meio são posteriormente herdadas por seus descendentes. 2- Lei dos Caracteres Adquiridos. Haver um melhoramento constante direcionado à perfeição e ao aumento da complexidade dos seres vivos, indo na direção do menos para o mais desenvolvido. Uma força externa desconhecida atuaria provocando esta tendência, algo semelhante à lei da gravidade na física.

Quatro princípios presentes na teoria elaborada por Lamarck: 1- Geração espontânea, 2- lei do uso e desuso, 3- herança dos caracteres adquiridos, 4- aumento da complexidade e evolução.

Coube a Lamarck ser um dos primeiros cientistas a apresentar uma teoria abrangente sobre a evolução das espécies. Lamarck defendia que os diversos organismos sofrem transformações no decorrer do tempo histórico em decorrência de mudanças ocorridas em seu ambiente. Diante das mudanças ocorridas no meio ambiente, os organismos vivos sofrem mudanças para se adaptarem e conseguem transmitir estas mesmas mudanças para seus descendentes. Aceitava a geração espontânea de organismos mais simples, que depois evoluiriam para outros mais complexos. A criação presente na natureza vai de modo gradativo dos organismos mais simples em direção aos mais complexos e perfeitos.

Dentre as contribuições e ideias desenvolvidas ao longo de seus trabalhos, temos: o princípio do uso e desuso; a herança de caracteres adquiridos; a vida enquanto complexidade crescente; a influência do ambiente nos organismos.

O princípio do uso e desuso nos fala que os organismos podem modificar partes de seus corpos ao longo de suas vidas. O uso faria com que houvesse desenvolvimento e o desuso faria ocorrer a perda ou declínio de tais partes de seus corpos, o atrofiamento das mesmas. Isto ocorre já que os organismos buscam melhorar sua interação com o meio-ambiente.

A herança dos caracteres adquiridos durante a vida de um dado organismo para os seus descendentes também está presente em sua teoria. Características que possam ser vantajosas diante do ambiente no qual o organismo vive seriam transmitidas aos seus descendentes.

A complexidade crescente da vida presente nos diversos organismos é outro ponto de destaque na teoria de Lamarck. Os organismos mais simples tenderiam a evoluir em direção aos mais complexos. A vida em si é uma cadeia contínua na qual a transformação está sempre presente. Os organismos mais simples podem ser gerados pela matéria bruta (geração espontânea), já os mais complexos são obtidos por meio de modificações graduais que ocorrem ao longo do tempo.

A influência do ambiente recebe grande ênfase por parte de Lamarck. É por meio do ambiente que se dá o processo evolutivo. As mudanças ocorridas no ambiente direcionam os organismos para mudanças comportamentais e estruturais ao longo de gerações.

No tocante à teoria sobre a evolução das espécies, anteriormente e reportando-se mesmo até a Antiguidade, prevalecia a ideia de que as espécies não sofriam qualquer modificação e que eram fixas. Deste modo, as espécies de organismos que vemos nos dias de hoje são as mesmas que seriam encontradas em tempos remotos. Coube a Lamarck, em sua obra "Philosophie Zoologique”, 1809, apresentar pela primeira vez uma teoria da evolução das espécies que possuísse alguma organização e coesão. Aqui entra a lei do uso e desuso, apresentada por Lamarck. Este nos dá o exemplo do pescoço longo das girafas. Seu pescoço longo permite as mesmas pegar comida nos galhos mais altos. No passado poderiam existir girafas com o pescoço curto, mas como o mesmo não era eficaz para pegar comida nos galhos mais altos, estes se desenvolveram, ficando maiores, e esta evolução foi passada para seus descendentes.

A teoria de Lamarck, conhecida por lamarckismo, pode ser resumida a duas leis por ele propostas: 1- A lei do uso e desuso, 2- a lei "da herança dos caracteres adquiridos". Se no ano de 1809 com a publicação de "Philosophie Zoologique”, temos a apresentação de duas leis (1- A lei do uso e desuso, 2- a lei "da herança dos caracteres adquiridos"), mais tarde, entre 1815 a 1822, com a publicação de Histoire naturelle des animaux sans vertèbres (História natural dos animais invertebrados), estas leis aumentaram para quatro. Passamos a ter: 3- a lei que afirma a tendência para o aumento da complexidade e, 4- a lei do surgimento de órgãos em função de necessidades que se fazem sentir e que se mantêm, pela qual os hábitos e circunstâncias no decorrer da vida do organismo podem interferir na estruturação de seu corpo.

Coube a Lamarck perceber que o meio ambiente é responsável por mudanças sofridas nos organismos vivos. Lamarck associa as mudanças a determinadas leis naturais e não a uma visão religiosa sobre a criação por parte de Deus.

Até os dias atuais a teoria de Lamarck continua sendo mal entendida e ensinada de modo errado, mesmo em livros didáticos e vídeo-aulas nas redes sociais. O que temos em geral é uma mera caricatura de sua teoria. O trabalho de Lamarck, no entanto, foi um marco fundamental dentro da biologia e para o desenvolvimento da teoria evolutiva.

A importância e pioneirismo de Lamarck se encontra em vários pontos, dentre os quais: propor uma teoria evolutiva para as espécies, ou seja, afirmar que as mesmas mudam no decorrer do tempo e que não há o fixismo como se entendia a sua época pela comunidade científica e religiosa; dar ênfase ao ambiente no tocante às transformações pelas quais passam os organismos; a criação de sistemas de classificação e a introdução de novos conceitos para o estudos dos organismos invertebrados; o uso das palavras “invertebrado” e “biologia” no sentido atualmente dado; a inspiração de novas pesquisas no campo da evolução, inclusive, com resultados presentes no final do século XX e início do XXI, tal é o caso da Epigenética (ramo da ciência que estuda mudanças na expressão gênica que não envolvem alterações na sequência de DNA, mas que podem ser influenciadas por fatores ambientais, tais como a dieta, a exposição a toxinas, o estresse e diversos outros estímulos externos. Em alguns casos estas mudanças poderiam ser transmitidas para as gerações seguintes. Ou seja, o ambiente pode ocasionar características fenotípicas e algumas destas alterações podem ser passadas para os descendentes).

 

Algumas de suas principais obras

 

1- Flora Francesa. Título original: Flore Française. Ano da primeira publicação: 1778.

Obra considerada um marco no estudo da botânica e que proporcionou a Lamarck que este se tornasse conhecido dentro de meio científico. A obra é um guia minucioso visando a identificação e classificação das plantas que ocorrem na França. Nesta obra Lamarck desenvolve uma abordagem prática e acessível dentro de um sistema de chave dicotômica que tinha como objetivo facilitar o reconhecimento das distintas espécies de plantas, de modo que o livro foi importante tanto para os estudiosos e especialistas do assunto, quanto para os amadores. Uma obra de divulgação da ciência visando atingir um público mais amplo e na qual temos um trabalho de organização e sistematização do conhecimento até aquele momento. Por meio desta obra Lamarck pode consolidar sua reputação como naturalista, logo no início de sua carreira.

2- Sistema dos Animais Invertebrados. Título original: Système des Animaux sans Vertèbres. Ano da primeira publicação: 1801.

Classificação e organização dos animais invertebrados dentro de um coerente sistema com a introdução de uma nomenclatura mais detalhada e critérios que tem como base a observação. Obra essencial para a taxonomia dos animais invertebrados, na qual temos divisões mais nítidas para os distintos grupos.

3- Memórias sobre a organização dos corpos vivos (Investigações sobre a organização dos seres vivos). Título original: Mémoires sur l'organisation des corps vivants. Ano da primeira publicação: 1802.

Trabalho sobre a organização estrutural dos seres vivos e os princípios que regem suas funções e adaptações. Nesta obra são apresentados conceitos fundamentais para a teoria da transformação das espécies desenvolvida por Lamarck, dentre as quais a teoria que afirma que os organismos são moldados pelas condições presentes no seu ambiente.

4- Hidrogeologia. Título original: Hydrogéologie. Ano da primeira publicação: 1802.

Trata sobre questões geológicas e hídricas. Lamarck apresenta teorias sobre a formação do planeta Terra e sobre a importância da água na formação das paisagens. Faz uma defesa de uma ideia transformista sobre o mundo natural, na qual teríamos mudanças graduais ao longo do tempo atuando sobre o ambiente terrestre.

5- Filosofia Zoológica. Título original: Philosophie Zoologique. Ano da primeira publicação: 1809.

O livro trata da evolução dos seres vivos, propondo que características que foram adquiridas no decorrer da vida possam ser transmitidas para os seus descendentes. Este conceito ficou conhecido como “herança dos caracteres adquiridos”. Este trabalho coloca Lamarck como sendo um dos primeiros naturalistas a defender uma teoria da evolução das espécies, segundo o autor, o ambiente no qual se encontra o organismo teria uma influência sobre as transformações ocorridas em sua espécie visando a se adaptar a este mesmo ambiente.

6- História Natural dos Animais Invertebrados. Título original: Histoire Naturelle des Animaux sans Vertèbres. Ano da primeira publicação: 1815-1822 (obra em vários volumes).

Continuação do trabalho científico sobre invertebrados desenvolvido por Lamarck. Aqui são apresentadas descrições detalhadas e classificações de várias espécies. São introduzidas categorias taxonômicas e é aprimorada a ideia original de Lamarck sobre a organização dos seres vivos.

 

Silvério da Costa Oliveira.

 


 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

Site: www.doutorsilverio.com

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