Professor Doutor Silvério

Blog: "Comportamento Crítico"

Professor Doutor Silvério

Silvério da Costa Oliveira é Doutor em Psicologia Social - PhD, Psicólogo, Filósofo e Escritor.

(Doutorado em Psicologia Social; Mestrado em Psicologia; Psicólogo, Bacharel em Psicologia, Bacharel em Filosofia; Licenciatura Plena em Psicologia; Licenciatura Plena em Filosofia)

Sites na Internet – Doutor Silvério

1- Site: www.doutorsilverio.com

2- Blog 1 “Ser Escritor”: http://www.doutorsilverio.blogspot.com.br

3- Blog 2 “Comportamento Crítico”: http://www.doutorsilverio42.blogspot.com.br

4- Blog 3 “Uma boa idéia! Uma grande viagem!”: http://www.doutorsilverio51.blogspot.com.br

5- Blog 4 “O grande segredo: A história não contada do Brasil”

https://livroograndesegredo.blogspot.com/

6- Perfil no Face Book “Silvério Oliveira”: https://www.facebook.com/silverio.oliveira.10?ref=tn_tnmn

7- Página no Face Book “Dr. Silvério”: https://www.facebook.com/drsilveriodacostaoliveira

8- Página no Face Book “O grande segredo: A história não contada do Brasil”

https://www.facebook.com/O-Grande-Segredo-A-hist%C3%B3ria-n%C3%A3o-contada-do-Brasil-343302726132310/?modal=admin_todo_tour

9- Página de compra dos livros de Silvério: http://www.clubedeautores.com.br/authors/82973

10- Página no You Tube: http://www.youtube.com/user/drsilverio

11- Currículo na plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/8416787875430721

12- Email: doutorsilveriooliveira@gmail.com


E-mails encaminhados para doutorsilveriooliveira@gmail.com serão respondidos e comentados excluindo-se nomes e outros dados informativos de modo a manter o anonimato das pessoas envolvidas. Você é bem vindo!

sábado, 11 de abril de 2020

Tirando a própria vida


Por: Silvério da Costa Oliveira.

Tirar a própria vida por meio de uma decisão individual é algo por vezes estranho e que parece que vai de encontro a busca natural pela sobrevivência, no entanto, é comum encontrarmos este comportamento não somente na atualidade, mas mesmo no decorrer da história da humanidade. Alguns suicídios são, inclusive, bem famosos e constantemente relembrados ou mesmo estudados, como é o caso de Cleópatra ou de Sócrates. Neste tocante, vários termos são possíveis de serem usados, cada qual com seu contexto e particularidades que os diferenciam drasticamente uns dos outros, como é o caso do termo suicídio, eutanásia, ortotanásia, suicídio assistido, seppuko ou harakiri, dentre outros possíveis termos que visam descrever uma ou outra forma de retirada da própria vida.

Se incluímos um médico ou uma equipe de saúde no processo de suicídio, neste caso, caberia falar em: ortotanásia, eutanásia e suicídio assistido, três coisas diferentes e que geram discussão nos meios políticos e de saúde pública nos mais diversos países. Quando usamos o sufixo “tanásia” estamos nos referindo a morte. Ortotanásia é o procedimento no qual o paciente terminal tem a possibilidade e o direito de decidir se deseja ou não ter sua vida prolongada artificialmente, sendo motivo de discussão, mas não constando como dolo no código penal brasileiro ou havendo proibição no código de conduta dos profissionais de saúde no Brasil, pois, neste caso o médico não teria um papel ativo, mas deixaria de tentar manter artificialmente a vida do paciente ou incluir processos de ressuscitação, deixando que a morte natural sobrevenha. Já eutanásia e o suicídio assistido são ilegais no Brasil. Por eutanásia entende-se a morte do paciente ocasionada por intervenção médica a partir de autorização dada pelo próprio paciente, por vezes se dá com o uso de uma injeção letal, sendo considerado crime no Brasil, homicídio doloso. Já por suicídio assistido temos que a parte ativa é feita pelo próprio paciente, estando o médico ali unicamente para auxiliar e minimizar a dor, usualmente neste caso o paciente ingere algo que o levará a morte, quem assiste neste caso também está cometendo um crime no Brasil. Apesar de não ser parte direta de nosso atual estudo, cabe comentar também o termo distanásia, que é a prolongação da vida por meios artificiais, independente da dor e sofrimento do paciente e mesmo não havendo meios possíveis de uma recuperação do paciente, seria somente adiar a morte que já deveria ter ocorrido por meios naturais ou pela interrupção dos aparelhos que estão mantendo a vida do paciente de modo artificial. E claro, cabe lembrar que no campo da saúde, com o envolvimento do médico ou de uma equipe de saúde no acompanhamento do paciente terminal, qualquer intervenção, seja por ação ou omissão, poderá gerar discussão social e judicial podendo acabar gerando penalidades para os profissionais envolvidos por não ser um tema completamente pacífico e ainda propenso a muitos debates futuros.
Cabe, claro, lembrar também do seppuku ou harakiri, que é um suicídio ritual feito inicialmente por um samurai no Japão em determinadas e específicas ocasiões onde honra e coragem estavam vinculados à possibilidade de morrer ou viver uma vida em desonra. Até hoje é comum a prática de suicídio no Japão por motivos semelhantes, mas sem o ritual adotado pelos samurais. Durante a segunda guerra mundial vários pilotos japoneses jogaram seus aviões em navios aliados em uma forma moderna de suicídio honrado. Aqui sempre deverão estar presentes motivos nobres como o amor, a honra e o patriotismo. Historicamente o suicídio nesta modalidade contem características que o diferenciam radicalmente do suicídio praticado no resto do mundo não só na atualidade, como também no decorrer histórico. Claro que outras sociedades podem também ter adotado formas semelhantes, mas talvez não tão difundidas ou conhecidas em nossa atual sociedade ocidental. No início desta prática no Japão, estava presente uma visão religiosa zen budista que dava suporte a prática, bem como as possíveis consequências de ser capturado vivo pelo exército inimigo durante batalha, estando morto impedia-se torturas e humilhações.
Em nossa sociedade contemporânea podemos com relativa facilidade apontar alguns fatores como mais proeminentes no tocante ao risco real de alguém vir a cometer suicídio. Geralmente, tentativas de suicídio estão mais presentes diante de distúrbios psiquiátricos, uso de drogas, anteriores tentativas de suicídio do próprio indivíduo ou histórico do mesmo em sua família, idade muito avançada, alguma perda recente considerada de grande importância para o sujeito, solidão ou ausência de suporte dado por outras pessoas, estados de depressão, etc.
Estatisticamente a Ásia apresenta as maiores taxas mundiais de suicídio. Já no Ocidente temos que embora as tentativas de suicídio sejam bem maiores para as mulheres, são os homens que obtém maior número de êxitos nestas tentativas, isto em decorrência dos métodos usados pelo sexo masculino serem mais violentos e eficazes, tais como o uso de armas de fogo, enforcamento, saltar de lugares altos e por sua vez as mulheres acabam optando por consumir substâncias venenosas ou mesmo remédios em quantidade tal que se torne mortal. Ressalvando-se que no Brasil, em regiões agrícolas, predomina em homens a tentativa de suicídio por meio de envenenamento por agrotóxicos.
No Brasil as estatísticas apontam para uma prevalência de suicídios na faixa etária entre 15 a 24 anos de idade, já no mundo como um todo a prevalência se dá entre 15 e 30 anos e após os 70 anos de idade.
Pensar o suicídio é também pensar nos que ficam após a morte, pois, há os familiares e amigos íntimos, há o luto e a presença das fases estudadas por Elisabeth Kübler-Ross sobre a perda. Há também a mudança de cenário da morte, pois, esta tende a não ocorrer de modo tranquilo em casa ou como mais comumente ocorre, nas instalações de um hospital, para ocorrer de modo violento e abrupto que marca o local com lembranças no mínimo desagradáveis, para não dizer chocantes diante do gosto social de nosso tempo presente. Normalmente podemos afirmar que não há uma causa única para alguém cometer o ato de suicídio, em verdade, estamos diante do desfecho de um processo onde tanto por parte do indivíduo que tentou o suicídio, como por parte das pessoas mais próximas a ele, tivemos grande dose de dor e sofrimento, sendo este o marco derradeiro de um lento drama existencial.
A quem pertence a vida que temos? Pode a vida do corpo ser propriedade da pessoa que possui o corpo e esta tese é coerente com teorias individualistas que defendam a propriedade privada, neste caso a vida deste corpo pertence a pessoa e ela pode decidir por colocar fim a mesma. Mas também podemos entender que o Estado é o proprietário deste corpo e desta vida e que há um social que deva ser consultado, neste caso estaríamos mais próximos de doutrinas coletivistas que questionariam a propriedade privada, inclusive de si próprio. Claro que também temos diversas doutrinas religiosas que irão se manifestar neste tocante, falando também sobre direito e propriedade, bem como do sentido e significado da vida, da morte e do pós morte. Então, penso que falar sobre suicídio não é um tema que algum dia obterá um consenso e mesmo que o faça diante de um grupo ou população reduzida, jamais o terá diante da história de nossa civilização, dos escritos e tratados que algum dia abordaram e discutiram o tema.
Pelo que sabemos hoje, uma pessoa que tente cometer suicídio, apesar de estar mais propensa a cometer nova tentativa nas semanas seguintes, não necessariamente irá manter esta postura pelo resto de sua vida, podendo se arrepender da tentativa e passar a viver sua vida da melhor forma possível. Também sabemos que algumas condições passageiras podem levar a tentativas de suicídio, tais como a depressão, o uso de drogas, o sentimento de perda, etc. Logo, entendo que é obrigação das demais pessoas e da sociedade como um todo, impedir, sempre que possível, que uma tentativa de suicídio obtenha êxito. Mesmo em caso de pacientes terminais, temos o registro de pessoas cuja morte era eminente e inclusive onde cogitou-se algum método de diminuir o sofrimento pondo fim a vida e que, no entanto, superaram tal fase e posteriormente por alguma descoberta ou nova tecnologia, conseguiram viver bem ainda por alguns anos. Há pesquisas atuais sobre métodos que poderão no futuro prolongar a vida por um tempo muito mais longo do que atualmente dispomos, vide, por exemplo, a possibilidade do uso de nanotecnologia no tratamento de doenças e de problemas associados ao envelhecimento. É provável que em futuro próximo o tema do encerramento voluntário da vida tenha de ser revisto por outro prisma, decorrente da morte por causas naturais ou envelhecimento praticamente ser abolida ou retardada por um tempo muito mais longo do que dispomos hoje.
Há em diversas cidades o serviço composto por um número de telefone para o qual a pessoa que está pensando em suicidar-se pode ligar e conversar anonimamente com alguém do outro lado da linha que tentará lhe ajudar, escutar e prevenir uma tentativa de suicídio. Há também o caso de a pessoa se colocar em alguma situação de perigo, como jogar-se da janela de um prédio, estando a uma altura considerada do solo, e haver tempo da chegada de algum auxílio, seja por parte de uma pessoa que se encontre próximo ao local ou por meio de algum serviço de emergência e socorro que tenha sido chamado, tal como o corpo de bombeiros ou a polícia. Em geral a tática usada por serviços profissionais, tais como polícia e bombeiros, consiste em conversar e havendo possibilidade e estando o suicida distraído, intervir fisicamente para impedir o ato. Penso, no entanto, que caberia aqui o preparo destas equipes para uma abordagem mais persuasiva e que não envolvesse necessariamente uma intervenção física para impedir o ato. Difícil saber o que falar, mas talvez o mais importante seja de fato escutar empaticamente, tentando se colocar na posição emocional e cognitiva do outro diante dos fatos por este narrados. Muitas vezes o ato de falar e ser genuinamente escutado possui conotações terapêuticas fazendo a pessoa sentir-se melhor e repensando sua vida e o que pretende fazer a seguir. Neste caso, o socorrista dizer o que fazer ou o que faria no lugar da pessoa pode não ser eficaz, e sim a escuta ativa. A decisão é da pessoa e isto não podemos mudar, mas podemos fazer a nossa parte quando presentes, nos mostrando solícitos a lhe escutar com dignidade e atenção. Podemos não querer que ela cometa este ato, mas somos limitados diante de nossas reais alternativas e não podemos nos culpar por tentar e correr o risco de falhar. Fazer a nossa parte, isto é importante.
Há alguns fatores de risco que podem sem observados antes de uma tentativa de suicídio se concretizar e que amigos e familiares colocados diante dos mesmos tem a possibilidade de intervir de modo a evitar a consumação do ato. Uma boa intervenção se dá pela empatia e conversa pautada na escuta, onde menos do que dar-se conselhos, procura-se entender e compreender a outra pessoa, demonstrando nosso real interesse por ela. Em geral, temos alguns sinais denunciadores, tais como o uso imoderado de álcool ou o abuso de demais drogas, a depressão, isolamento, mudança de comportamento, falar que vai se matar, preocupação e interesse constante pela morte, suicídio e formas de tirar a própria vida. Internalizar a situação vivida é um modo de obter ajuda.
Há vários modos de suicídio e não necessariamente este se dá do modo clássico como as pessoas em geral imaginam, que é a pessoa escrevendo uma carta de despedida e depois usando algum meio para tirar sua própria vida. Pode ocorrer do comportamento escolhido para viver sua vida seja um comportamento de tão alto risco que por si só já seja uma tentativa de suicídio, onde, no entanto, a retirada da vida não se daria diretamente pela própria pessoa e sim pelas circunstancias envolvidas ou por outras pessoas. Podemos falar, portanto, de um comportamento de risco que envolva um suicídio disfarçado. Em certas profissões, como, por exemplo, a de policial, podemos ter situações nas quais um comportamento de risco desnecessário possa levar ao final da vida por outros meios, onde mesmo um homicídio possa disfarçar a prática real de um suicídio.
Em termos de prevenção, o dia 10 de setembro é o dia mundial de prevenção ao suicídio, daí o setembro amarelo, no qual no decorrer deste mês se realizam diversas ações visando esclarecer sobre o tema e evitar que pessoas assim procedam, orientando quem possui tais ideias e quem possa conviver com tais pessoas. A cor amarela foi escolhida por ser a cor do carro dirigido por um jovem rapaz americano que cometeu suicídio, tendo sua família e amigos, posteriormente, iniciado uma campanha de prevenção.
Há quem defenda teses distintas, já escutei uma médica psiquiatra defender que o suicídio não é uma escolha e sim um sintoma de uma doença psiquiátrica. Eu não penso assim. No meu entendimento tudo em nossas vidas é fruto de uma escolha, o que muda são as informações que possuímos, pois estas delimitam as opções que conseguimos visualizar diante de uma decisão a tomar. Quanto mais sabemos sobre algo, mais opções se mostram disponíveis para escolhermos. Quando a pessoa opta pelo suicídio é por que naquele momento de sua vida ela vê tal atitude como o melhor caminho ou o único caminho possível a ser seguido, não conseguindo vislumbrar outras opções que lhe permitam viver. Entender e ajudar o paciente nestas condições é também proporcionar um aumento das alternativas que este enxerga, das possibilidades, da multiplicidade de escolhas possíveis, não sendo, portanto, o suicídio sua única alternativa. Não ver o suicídio como uma escolha e sim como um sintoma decorrente de uma doença é negar a autonomia individual da pessoa, e que sua decisão em tirar a própria vida pode ser convertida em uma decisão de viver a vida em sua total intensidade.
Se entendemos o suicídio meramente como sintoma de uma doença, então cabe ao profissional de saúde custodiar esta vida, internando o paciente, aplicando terapias invasivas que possam incluir vários procedimentos, as mais diversas drogas a título de medicação ou mesmo tratamento de choque, eletroconvulsoterapia. Neste caso retirou-se toda a autonomia deste paciente, portador de uma doença e incapaz de determinar os rumos de sua própria vida, seu caminho, seu destino. Por tal abordagem médica, questões culturais e sociais são deixadas de lado diante do corpo a ser tratado e recuperado. Mesmo o suicídio ritual diante de uma crença socialmente aceita, seria entendido como sintoma de uma doença. Menos do que certo ou errado, são abordagens ao problema visando uma solução, mas sem de fato discutir questões fundamentais que estão por trás de qualquer abordagem que possa ser dada ao tema, como, por exemplo, o que é a vida, o que é a morte, a quem pertence o corpo. Se o corpo desta pessoa pertence ao Estado e está submetido ao coletivo, ao social, ou se pertence ao indivíduo que o detém. Individualidade ou coletividade? Mesmo que tais questões e outras mais, não sejam abertamente respondidas ou reconhecidas, elas estão na base das decisões tomadas por todos os envolvidos e no fundo uma resposta foi dada a cada uma delas antes do profissional de saúde ou outro envolvido tomar uma decisão qualquer. Muitas vezes o profissional não está ciente da moral e do julgamento contido em suas decisões e dizendo que não devemos julgar ou ter atitudes moralistas e sim meramente tratar, esquece que suas decisões sobre o tratamento se baseiam em suas atitudes morais.
Também importante atentar que por vezes a morte é entendida pelo médico como a inimiga a ser combatida a qualquer preço e a morte do paciente como uma derrota pessoal. Diante deste quadro fica difícil qualquer abordagem que proporcione a menor liberdade para uma decisão contrária aos paradigmas socialmente vigentes ou mesmo para qualquer questionamento sobre a existência de tais paradigmas e sua base moral, religiosa e cultural.
Viver é mais do que meramente estar com suas funções vitais funcionando. Ao ser humano cabe ser feliz, ter êxito em suas tentativas, tecer planos e projetos, criar o seu futuro. Pessoas cometem suicídio matando seu corpo, mas muitas outras matam antes seu espírito e andam por aí como se vivas fossem, na verdade mortas vivas, zumbis sem vida, metas, ambições ou dignidade. Viver é também dar sentido e significado a sua vida, é cuidar de si e dos que estão a sua volta. Viver é ter experiências e prazer com as mesmas. Viver é tratar com carinho e emoção a tudo que nos cerca, a começar por nós próprios e reconhecer que a vida é algo amplo que em tudo está presente e que de tudo faz parte, gerando independente de sua religião ou mesmo da ausência de uma religião, uma atitude religiosa de respeito diante de tudo que nos cerca, bem como estender esta atitude a contemplação dos momentos presente, passado e futuro.

Silvério da Costa Oliveira.

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.
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(Respeite os Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)

sábado, 4 de abril de 2020

O paciente terminal


Por: Silvério da Costa Oliveira.

Apesar do uso do termo “paciente terminal” designar alguém com um diagnóstico que implique numa condição tal, cujo tempo de vida restante lhe seja restrito, há os profissionais que preferirão o uso do termo para pacientes cujo prognóstico implique em no máximo seis meses de vida, deixando o termo “paciente em fim de vida” para aqueles cujo prognóstico de sobrevida não exceda a aproximadamente 72 horas. Aqui iremos neste artigo usar o termo paciente terminal de modo abrangente, envolvendo ambos os grupos.
Existem várias formas de se conviver com a morte. O paciente terminal é aquele que recebeu um diagnóstico e um prognóstico que o coloca mais perto da iminência de sua própria morte diante de uma doença difícil de ser revertida ou mesmo incurável.
Elisabeth Kübler-Ross em seu trabalho sobre a morte e o paciente terminal estabelece cinco fases pelas quais passaríamos diante da certeza da inevitabilidade da morte: 1- negação, 2- raiva, 3- barganha ou negociação, 4- depressão, 5- aceitação. Claro está que esta apresentação organizada não corresponde a vida real e não necessariamente o indivíduo passará sucessivamente e nesta mesma ordem pelas cinco fases até a aceitação conformada diante do inevitável. Há quem não passe por todas as fases, ou quem retorne para fases anteriores e nem todos chegam na fase de aceitação, no entanto, esta pesquisa e seus resultados nos colocaram diante de um instrumental muito útil para entendermos este processo.
As fases de Kübler-Ross estão presentes em toda situação de perda vivenciada por nós, humanos. Seja a perda de nossa própria vida ou a vida de um ente querido, pode ser a perda de uma amizade, de um emprego, a perda da possibilidade de realização de um sonho almejado e outras coisas mais.
No passado se morria em casa, hoje cada vez mais o local onde passamos nossos minutos finais é o hospital. A companhia de amigos e familiares é algo importante diante do quadro irreversível, bem como poder realizar um último desejo ou poder organizar sua vida pessoal e profissional antes do fim, caso ainda haja tempo para tal. Em tempos idos se pedia a deus tempo para refletir e orar antes da morte, hoje se pede uma morte rápida a ponto de não percebermos que iremos morrer. São mudanças culturais diante de uma sociedade cujos valores estão em ebulição e evolução.
Existe toda uma abordagem médica presente ao paciente, a qual se intensifica quando este está no hospital. São procedimentos, atuação de uma equipe hospitalar, medicação, regras. Além disto, há a possibilidade de os momentos finais trazerem dor e sofrimento para a pessoa e as pessoas mais próximas. Quanto ao paciente, a dor pode ser física, decorrente da evolução de sua doença e pode ser amenizada por medicação. Claro que a medicação e as intervenções médicas não são a solução para tudo e o desconforto ou mesmo dor pode estar presente nos momentos finais. É preciso, portanto, que a equipe de cuidadores saiba como lidar com esta dor e sofrimento, que pode ser física ou emocional e estar presente tanto no paciente, como também em seus familiares e amigos.
Quando possível for, a escuta é essencial para ajudar o paciente e seus familiares a superarem este momento difícil e caminharem em direção a aceitação diante de um processo de luto pela perda.
Me parece que algo realmente essencial, sempre quando possível, é permitir ao paciente terminal ter uma presença ativa de sua própria pessoa nos assuntos e interesses da sua vida no tempo que lhe resta, poder ter autonomia e fazer escolhas, de modo que possa chegar ao momento derradeiro de sua existência mantendo o que o caracteriza como uma pessoa viva. E neste tocante devo incluir a necessidade social que todos temos de modo que o paciente não deve ser abandonado ou isolado. Apesar de difícil, cabe compartilhar esta perda, este luto, esta vivência diante da porta do desconhecido por vir. O ambiente hospitalar, diante de suas regras e esterilidade, pode tornar difícil ao paciente elaborar suas questões pessoais e emocionais, ao tirar-lhe sua independência e autoridade sobre si próprio. Cabe neste tocante um equilíbrio, sempre que possível. A perda do paciente muitas vezes é vista e vivenciada pelo médico como uma derrota, mas deve haver um momento onde possamos entender que não há mais o que fazer, não há mais procedimentos possíveis e só nos resta caminhar para o fim mais lento ou mais rápido e mantendo, sempre, a dignidade humana.
No tocante aos cuidados com o paciente terminal, um ponto por demais importante é proporcionar o máximo de conforto e o mínimo de dor e sofrimento, incluindo aqui também o trato com a família e amigos próximos. Diante de um quadro grave e por vezes irreversível, atentar em proporcionar o que for possível em termos de bem-estar pode proporcionar que este momento da vida humana seja melhor vivenciado. Cabe entender que, por regra, terminais todos nós somos, uma vez que um dia também iremos morrer. As vezes ocorre, inclusive, que mesmo diante de um paciente cujo diagnóstico e prognóstico aponte para uma morte em um curto espaço de tempo, possamos ter entre os cuidadores e familiares, mesmo jovens, sem doenças e em perfeito estado de saúde, que estes venham a morrer antes, seja por sofrerem algum acidente ou outro motivo.
Toda história tem um fim e a nossa não é exceção a esta regra. O fim em algum momento chega para todos e cabe ter atenção aos pequenos gestos e as pequenas vitórias que possam nos acompanhar neste momento, por vezes, são as pequenas coisas, os pequenos gestos, que de fato importam e fazem a diferença. Realizar um desejo, mesmo que o último, é algo importante e não deve ser descartado como algo fútil ou inútil. Conversar com pessoas sobre sua morte, resolver questões pendentes que serão deixadas após sua partida, ter um último contato com objetos ou animais revestidos de forte investimento emocional, provar uma comida mais uma vez, visitar um local, rever ou ver algo importante. Se for o desejo da pessoa e sendo isto possível, ir a uma praia, parque ou montanha tem a ver com aproveitar o momento de vida que ainda temos, tem a ver com a dignidade humana que é diferente de sermos tratados como lixo descartável.
É normal falarmos em tempo de vida, encarando o mesmo quantitativamente, mas esquecemos, por vezes, que além do aspecto quantitativo, temos também de cuidar do aspecto qualitativo. Não basta ter mais tempo de vida à custa de tudo o mais e viver este tempo preso a uma cama com tubos, longe das pessoas que ama e das coisas que de fato gosta. Talvez menos tempo com mais qualidade seja o melhor. Estarmos ao lado dos que gostamos, em nossos lares, com as coisas que mais gostamos. Deve haver um momento em que possamos pensar se vale ainda o investimento em ganho de tempo a qualquer custo. No encerramento de uma vida longa de uma pessoa idosa cujo diagnóstico e prognóstico nos traga a presença muito próxima de sua morte, cabe equilibrar os aspectos quantitativo e qualitativo em relação ao tempo restante de sua vida e ponderar sobre quais intervenções e procedimentos de fato valem a pena serem empreendidos e irão gerar alguma qualidade e conforto na vida restante ou somente sofrimento, dor e desconforto, ou simplesmente a perda de um tempo precioso que poderia ser melhor investido de outra forma. Aqui entra os cuidados com o paciente terminal e também o procedimento adotado pelos cuidadores para que este paciente possa ter o melhor dentre o possível. Precisamos respeitar a autonomia, bem-estar, integridade e dignidade do paciente terminal e esta responsabilidade cabe conjuntamente a família e amigos íntimos, a equipe de cuidadores, a equipe hospitalar que deve atuar de modo “multi” ou “inter”-disciplinar. Lembrar que cuidados paliativos ativos por parte de uma equipe integrada são importantes para o paciente neste momento de sua vida e que até o último momento nós temos a vida e não a morte, devendo o paciente ser tratado como alguém que disponha do status de um ser vivo e não de qualquer status inferior possível.

Silvério da Costa Oliveira.

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.
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segunda-feira, 30 de março de 2020

A morte



Por: Silvério da Costa Oliveira.

A morte não está em oposição à vida como alguns poderiam pensar e sim ao nascimento. Em verdade são as duas datas mais marcantes para qualquer pessoa, para qualquer ente, seu nascimento e sua morte. A ciência pode seguir o indivíduo para antes de seu nascimento, os nove meses sendo gestado pela mãe, o encontro de um óvulo com um espermatozoide, duas pessoas que se encontram para o ato sexual ou uma inseminação artificial, e por aí vai indefinidamente, no entanto, o indivíduo humano como um todo completo somente após o nascimento e poderíamos mesmo especificar a sua primeira respiração, seu primeiro sopro de vida e irá prosseguir até seu último sopro, mesmo podendo a ciência seguir o sujeito após sua morte, passo a passo do desligamento de cada função, do destino de cada parte de seu corpo, de suas células, de seus átomos. Entre o primeiro sopro ao nascimento e o último antes da morte, o que temos é um intervalo ao qual chamamos de nossa vida, digo nossa porque a vida não para, ela simplesmente prossegue pelas vias mais distintas e por vezes estranhas ao nosso banal conhecimento cotidiano.
No campo da religião e das mais distintas crenças, bem próximas à irracionalidade e bem longe da razão, a morte é vista como uma porta que dá acesso a uma outra vida, a uma outra realidade. Mas não é o caso aqui, neste artigo, pois, nosso intento é abordar somente a morte e não o que possa vir antes ou depois da mesma. Neste sentido, a morte é o fim da vida e deste nosso artigo.

É diante da finitude da vida, de um sopro ao outro, que nossa civilização e história se desenvolveu e ainda se desenvolve. Se talvez não caiba falar em religião sem morte, não cabe falar em filosofia não estando diante da finitude da vida. É a morte que traz finitude a nossa existência individual, histórica e temporal. Pela reflexão presente da morte temos certeza do quanto as menores coisas que fazemos ou deixamos de fazer são importantes, porque únicas no tempo e espaço, irrepetíveis em essência. Dor e prazer, coisas mundanas ou excepcionais, metas ou descaso, amor ou ódio, seja lá o que for que sinta ou pense, isto e tudo o mais te faz vivo hoje e somente por um breve período de tempo pelo prisma do universo, do cosmos, do grande tempo não medido.
A morte é um termo que vem a significar o cessamento de toda atividade biológica de um dado organismo, a matéria, no entanto, persiste e a vida tenderá a se apresentar em outras formas após o falecimento de um ente biológico. Por vezes, a expressão também é usada de modo metafórico para representar o fim definitivo de algo não biológico, como uma empresa, um projeto ou mesmo um sonho a ser realizado. De qualquer modo, sempre representando um fim em si mesmo, mesmo que se possa acreditar que dali em diante haverá algum tipo de prosseguimento, por meio de alguma forma de transformação ou mutação ou persistência de uma essência básica, de uma alma ou espírito imortal.
Com a morte segue-se um problema para os que restam vivos, que é o que fazer com o corpo, os restos mortais. A isto foram culturalmente dadas algumas respostas que muitas vezes são adotadas sem maiores questionamentos pelas pessoas dentro de uma dada cultura e sociedade. Os restos podem ser cremados, enterrados abaixo ou acima da terra, mumificados, congelados (criogenia), devorados, etc. Temos o registro de culturas que guardam consigo os restos dos mortos pelo poder que os mesmos poderiam ter, seja no formato de uma múmia ou de ossos limpos da pele. Também temos aqui a presença das diversas religiões tentando explicar o que ocorre com a consciência daquele que morreu, pois, seu corpo continua ali, mas falta-lhe algo que antes lhe dava a vida e o fazia alguém único dentro da comunidade.
Uma decisão individual e particular sim, mas infelizmente nem sempre possível de ser concretizada, pois, pode ocorrer de querermos congelar nosso corpo na esperança de um dia a medicina ser capaz de nos reviver ou querermos mumificar para preservar pelo maior tempo possível, mas faltar-nos recursos financeiros para custear tal empreitada ou mesmo conhecimentos tecnológicos adequados para um processo eficaz. A história registra importantes líderes que foram mumificados e, no entanto, seus corpos entraram rapidamente em um processo de forte deterioração e decomposição por falhas técnicas no processo empregado.
A decisão sobre o que fazer com o corpo, no entanto, deveria ser pensada e decidida ainda em vida pela própria pessoa ao qual o corpo pertence e ser comunicada oralmente e por escrito via testamento para que não houvesse dúvidas sobre seu desejo. Poderia muito bem esta pessoa entender que gostaria que todos os seus órgãos fossem doados para quem deles precisasse, em vez de deixar que a morte a tudo levasse consigo. Como disse antes, há vários destinos possíveis para com o corpo após a morte. Você prefere ter seu corpo cremado ou devorado por vermes? Ir para a cova completo ou doar todas as partes que puder de seu corpo para que outras pessoas possam em suas vidas fazer uso das mesmas na qualidade e tempo que possam ter em suas vidas?
Neste tocante chega-nos algo preocupante se queremos decidir o que de fato faremos com este corpo após nossa morte, que é justamente saber quando de fato estamos mortos. A determinação da morte de alguém ainda é algo delicado e sujeito a controvérsias. Ainda há bem pouco tempo em nossa história era comum dar-se alguém como morto após parada dos batimentos cardíacos e da respiração, posteriormente com o advento de novas tecnologias passou a ser possível trazer de volta o paciente após uma parada cardiorrespiratória. Ainda em passado recente tivemos pessoas dadas como mortas que durante algum processo pós morte (embalsamamento, retirada de órgãos, algum tipo de estudo clínico no corpo, etc.) constatou-se ainda estarem vivas. Claro, não criemos pânico de modo desnecessário, hoje há todo um procedimento clínico específico para que a morte de alguém seja atestada e confirmada, pelo menos dentro de padrões possíveis.
Claro está que temos um corpo e uma consciência de estarmos neste mundo e conjuntamente com esta consciência podemos também falar em uma personalidade, bem como em uma sequência de coisas aprendidas e memorizadas. Outros animais não possuem uma consciência elaborada de si próprios, mas há evidências nítidas de uma memória, de comportamento aprendido e de uma personalidade que o diferencia de outros animais de sua própria espécie.
Poderia algo persistir após a morte? As religiões abraâmicas acreditam em uma ressuscitação do corpo e espírito em um momento futuro. As religiões espíritas e orientais tendem a acreditar na reencarnação do espírito em outros corpos. Alguns campos específicos da ciência entendem ser este o fim de tudo, indo ao esquecimento, ao término, a inexistência daquela consciência e a transformação da matéria daquele corpo em seus elementos mais básicos. A razão não proporciona elemento algum que corrobore que a consciência do indivíduo possa persistir a sua morte, que possa haver uma alma ou espírito imortal ou que possa haver algum tipo de ressurreição da carne ou reencarnação do espírito para viver outras vidas neste ou em outro mundo. Somente pela fé (crença irracional) podemos acreditar ser possível a permanência da vida tal qual a conhecemos após a nossa morte.
Havendo ou não outra vida, outra chance, tudo o que sabemos com exata certeza é que vivemos enquanto estamos vivos e que temos uma e somente uma única vida para ser por nós vivida e que por tanto, deve ser bem vivida e por via das dúvidas, havendo ou não outras vidas, a atitude mais sábia a tomar é viver agora a vida que lhe foi dada e que pode, por tudo o que sabemos, bem ser sua única vida tal como você é, pois, mesmo que seus elementos básicos persistam na formação da vida, você não mais existirá para todo o sempre.
Pensando nisto e buscando a imortalidade, mesmo que temporária, buscaram-se formas de manter vivo aquilo em que o indivíduo consistia, sabia e simbolizava. Sociedades tentaram preservar o corpo mumificando-o ou guardando seus ossos. Se tornou comum a frase que pregava plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro, tentando por este modo deixar sua memória por mais tempo do que a vida daqueles que nos conheceram pessoalmente e que um dia também irão morrer e com eles as memórias que tinham de nós, nos levando para o inexorável esquecimento.
Eu posso não querer morrer, mas ao nascer, o número máximo de meus dias entre os vivos já está contado, como uma sentença dada após o julgamento de meu nascimento. Outros animais, no entanto, não possuem esta consciência que nos permite saber que iremos também morrer. Um cão e um gato vivem felizes sua vida, pois para eles é eterno o momento presente, não havendo o conhecimento de que um dia não mais estarão aqui, não mais beberão seu leite, sua água ou comerão o que mais gostam. Sua vida é o momento presente e a presença de outros animais ou pessoas de que realmente gostem é o que importa e é demonstrado fisicamente pela presença e por vezes por um pedido de carinho e afago.
Temos o medo da morte, mas talvez devêssemos nos atentar para um outro medo que por vezes é ignorado e deveria ser levado a sério, que seria o medo de não viver de modo pleno e feliz, de ser aquele ou aquela que você de fato quis ser, de realizar seus verdadeiros sonhos e não somente os das demais pessoas que nos cercam.
O medo da morte para alguns pode ser o medo pelo julgamento por um deus severo e por penas pesadas a serem cumpridas após a morte, já para outros pode ser o medo pelo desconhecido ou ainda o medo pelo esquecimento, por deixar de ser, de existir para todo o sempre, por não ser mais lembrado, por não fazer mais falta a quem quer que seja e a si próprio. A consciência e a razão nos dizem da inevitabilidade da morte a qual estamos condenados mais cedo ou mais tarde, não podendo fugir ou enganar. E para um ser genuinamente racional, torna-se mais triste na medida em que qualquer crença religiosa poderia lhe ser vista como um modo de se auto enganar, crendo naquilo que de fato não acredita.
De certo modo, a inevitabilidade e por vezes urgência da morte leva o indivíduo a viver mais plenamente sua vida, dando sentido e significado a cada momento restante da mesma. É diante da morte que nos fazemos humanos ao valorizarmos as nossas realizações em vida. Se somos dignos, o somos diante da morte e perante a vida e esta dignidade é fruto do esforço cotidiano pela obtenção daquilo ao qual nos propomos em nossa breve existência humana. É belo, é trágico, é dolorido. Dor dos vivos pelos que se vão. Dor do que está vivo por não viver, desperdiçando sua vida. Dor por quem já morreu e não sabe, continuando vivo somente nas aparências fúteis de uma vida sem objetivos, realizações, prazeres e contentamento.

Silvério da Costa Oliveira.

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.
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sábado, 22 de fevereiro de 2020

Doutor Silvério fala sobre: Ayn Rand (1) Uma filosofia radical e cotidiana

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Ayn Rand é uma importante pensadora do século XX e suas ideias políticas em geral apoiam e corroboram o pensamento de direita, sendo contrário ao comunismo, socialismo e demais ideologias coletivistas. Defende o individualismo, a propriedade privada, o Estado mínimo e não intervencionista, a liberdade, a razão e o egoísmo, entendido aqui como cuidar de seus próprios interesses. Para a autora, o altruísmo é o grande mal (evil) social, aqui entendido como sacrificar seus interesses pelos outros. Entende que a realidade é tal como a percebemos por nossos sentidos e para tal sustenta o princípio de identidade, "A é igual a A". Segundo a autora a necessidade não cria direitos. Defende o ateísmo e é contrária a todas as religiões e ao misticismo, bem como a mistura da política com religião. Defende o direito das mulheres poderem realizar abortamento se assim o desejarem e sem intervenção proibitiva do Estado. Ninguém tem o direito de iniciar o uso da força contra outra pessoa, mas tendo outro começado a agressão, temos o direito de nos defender. Segundo a autora, há somente dois meios de interagir socialmente, de nos relacionarmos com outras pessoas, de negociarmos: Ou o fazemos por meio do uso da razão ou do uso de uma arma, ou seja, pela persuasão ou pela força.
Link para este vídeo no YouTube: https://youtu.be/dtcwKMhG0FA