Professor Doutor Silvério

Blog: "Comportamento Crítico"

Professor Doutor Silvério

Silvério da Costa Oliveira é Doutor em Psicologia Social - PhD, Psicólogo, Filósofo e Escritor.

(Doutorado em Psicologia Social; Mestrado em Psicologia; Psicólogo, Bacharel em Psicologia, Bacharel em Filosofia; Licenciatura Plena em Psicologia; Licenciatura Plena em Filosofia)

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1- Site: www.doutorsilverio.com

2- Blog 1 “Ser Escritor”: http://www.doutorsilverio.blogspot.com.br

3- Blog 2 “Comportamento Crítico”: http://www.doutorsilverio42.blogspot.com.br

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5- Blog 4 “O grande segredo: A história não contada do Brasil”

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6- Perfil no Face Book “Silvério Oliveira”: https://www.facebook.com/silverio.oliveira.10?ref=tn_tnmn

7- Página no Face Book “Dr. Silvério”: https://www.facebook.com/drsilveriodacostaoliveira

8- Página no Face Book “O grande segredo: A história não contada do Brasil”

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9- Página de compra dos livros de Silvério: http://www.clubedeautores.com.br/authors/82973

10- Página no You Tube: http://www.youtube.com/user/drsilverio

11- Currículo na plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/8416787875430721

12- Email: doutorsilveriooliveira@gmail.com


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sábado, 11 de abril de 2020

Tirando a própria vida


Por: Silvério da Costa Oliveira.

Tirar a própria vida por meio de uma decisão individual é algo por vezes estranho e que parece que vai de encontro a busca natural pela sobrevivência, no entanto, é comum encontrarmos este comportamento não somente na atualidade, mas mesmo no decorrer da história da humanidade. Alguns suicídios são, inclusive, bem famosos e constantemente relembrados ou mesmo estudados, como é o caso de Cleópatra ou de Sócrates. Neste tocante, vários termos são possíveis de serem usados, cada qual com seu contexto e particularidades que os diferenciam drasticamente uns dos outros, como é o caso do termo suicídio, eutanásia, ortotanásia, suicídio assistido, seppuko ou harakiri, dentre outros possíveis termos que visam descrever uma ou outra forma de retirada da própria vida.

Se incluímos um médico ou uma equipe de saúde no processo de suicídio, neste caso, caberia falar em: ortotanásia, eutanásia e suicídio assistido, três coisas diferentes e que geram discussão nos meios políticos e de saúde pública nos mais diversos países. Quando usamos o sufixo “tanásia” estamos nos referindo a morte. Ortotanásia é o procedimento no qual o paciente terminal tem a possibilidade e o direito de decidir se deseja ou não ter sua vida prolongada artificialmente, sendo motivo de discussão, mas não constando como dolo no código penal brasileiro ou havendo proibição no código de conduta dos profissionais de saúde no Brasil, pois, neste caso o médico não teria um papel ativo, mas deixaria de tentar manter artificialmente a vida do paciente ou incluir processos de ressuscitação, deixando que a morte natural sobrevenha. Já eutanásia e o suicídio assistido são ilegais no Brasil. Por eutanásia entende-se a morte do paciente ocasionada por intervenção médica a partir de autorização dada pelo próprio paciente, por vezes se dá com o uso de uma injeção letal, sendo considerado crime no Brasil, homicídio doloso. Já por suicídio assistido temos que a parte ativa é feita pelo próprio paciente, estando o médico ali unicamente para auxiliar e minimizar a dor, usualmente neste caso o paciente ingere algo que o levará a morte, quem assiste neste caso também está cometendo um crime no Brasil. Apesar de não ser parte direta de nosso atual estudo, cabe comentar também o termo distanásia, que é a prolongação da vida por meios artificiais, independente da dor e sofrimento do paciente e mesmo não havendo meios possíveis de uma recuperação do paciente, seria somente adiar a morte que já deveria ter ocorrido por meios naturais ou pela interrupção dos aparelhos que estão mantendo a vida do paciente de modo artificial. E claro, cabe lembrar que no campo da saúde, com o envolvimento do médico ou de uma equipe de saúde no acompanhamento do paciente terminal, qualquer intervenção, seja por ação ou omissão, poderá gerar discussão social e judicial podendo acabar gerando penalidades para os profissionais envolvidos por não ser um tema completamente pacífico e ainda propenso a muitos debates futuros.
Cabe, claro, lembrar também do seppuku ou harakiri, que é um suicídio ritual feito inicialmente por um samurai no Japão em determinadas e específicas ocasiões onde honra e coragem estavam vinculados à possibilidade de morrer ou viver uma vida em desonra. Até hoje é comum a prática de suicídio no Japão por motivos semelhantes, mas sem o ritual adotado pelos samurais. Durante a segunda guerra mundial vários pilotos japoneses jogaram seus aviões em navios aliados em uma forma moderna de suicídio honrado. Aqui sempre deverão estar presentes motivos nobres como o amor, a honra e o patriotismo. Historicamente o suicídio nesta modalidade contem características que o diferenciam radicalmente do suicídio praticado no resto do mundo não só na atualidade, como também no decorrer histórico. Claro que outras sociedades podem também ter adotado formas semelhantes, mas talvez não tão difundidas ou conhecidas em nossa atual sociedade ocidental. No início desta prática no Japão, estava presente uma visão religiosa zen budista que dava suporte a prática, bem como as possíveis consequências de ser capturado vivo pelo exército inimigo durante batalha, estando morto impedia-se torturas e humilhações.
Em nossa sociedade contemporânea podemos com relativa facilidade apontar alguns fatores como mais proeminentes no tocante ao risco real de alguém vir a cometer suicídio. Geralmente, tentativas de suicídio estão mais presentes diante de distúrbios psiquiátricos, uso de drogas, anteriores tentativas de suicídio do próprio indivíduo ou histórico do mesmo em sua família, idade muito avançada, alguma perda recente considerada de grande importância para o sujeito, solidão ou ausência de suporte dado por outras pessoas, estados de depressão, etc.
Estatisticamente a Ásia apresenta as maiores taxas mundiais de suicídio. Já no Ocidente temos que embora as tentativas de suicídio sejam bem maiores para as mulheres, são os homens que obtém maior número de êxitos nestas tentativas, isto em decorrência dos métodos usados pelo sexo masculino serem mais violentos e eficazes, tais como o uso de armas de fogo, enforcamento, saltar de lugares altos e por sua vez as mulheres acabam optando por consumir substâncias venenosas ou mesmo remédios em quantidade tal que se torne mortal. Ressalvando-se que no Brasil, em regiões agrícolas, predomina em homens a tentativa de suicídio por meio de envenenamento por agrotóxicos.
No Brasil as estatísticas apontam para uma prevalência de suicídios na faixa etária entre 15 a 24 anos de idade, já no mundo como um todo a prevalência se dá entre 15 e 30 anos e após os 70 anos de idade.
Pensar o suicídio é também pensar nos que ficam após a morte, pois, há os familiares e amigos íntimos, há o luto e a presença das fases estudadas por Elisabeth Kübler-Ross sobre a perda. Há também a mudança de cenário da morte, pois, esta tende a não ocorrer de modo tranquilo em casa ou como mais comumente ocorre, nas instalações de um hospital, para ocorrer de modo violento e abrupto que marca o local com lembranças no mínimo desagradáveis, para não dizer chocantes diante do gosto social de nosso tempo presente. Normalmente podemos afirmar que não há uma causa única para alguém cometer o ato de suicídio, em verdade, estamos diante do desfecho de um processo onde tanto por parte do indivíduo que tentou o suicídio, como por parte das pessoas mais próximas a ele, tivemos grande dose de dor e sofrimento, sendo este o marco derradeiro de um lento drama existencial.
A quem pertence a vida que temos? Pode a vida do corpo ser propriedade da pessoa que possui o corpo e esta tese é coerente com teorias individualistas que defendam a propriedade privada, neste caso a vida deste corpo pertence a pessoa e ela pode decidir por colocar fim a mesma. Mas também podemos entender que o Estado é o proprietário deste corpo e desta vida e que há um social que deva ser consultado, neste caso estaríamos mais próximos de doutrinas coletivistas que questionariam a propriedade privada, inclusive de si próprio. Claro que também temos diversas doutrinas religiosas que irão se manifestar neste tocante, falando também sobre direito e propriedade, bem como do sentido e significado da vida, da morte e do pós morte. Então, penso que falar sobre suicídio não é um tema que algum dia obterá um consenso e mesmo que o faça diante de um grupo ou população reduzida, jamais o terá diante da história de nossa civilização, dos escritos e tratados que algum dia abordaram e discutiram o tema.
Pelo que sabemos hoje, uma pessoa que tente cometer suicídio, apesar de estar mais propensa a cometer nova tentativa nas semanas seguintes, não necessariamente irá manter esta postura pelo resto de sua vida, podendo se arrepender da tentativa e passar a viver sua vida da melhor forma possível. Também sabemos que algumas condições passageiras podem levar a tentativas de suicídio, tais como a depressão, o uso de drogas, o sentimento de perda, etc. Logo, entendo que é obrigação das demais pessoas e da sociedade como um todo, impedir, sempre que possível, que uma tentativa de suicídio obtenha êxito. Mesmo em caso de pacientes terminais, temos o registro de pessoas cuja morte era eminente e inclusive onde cogitou-se algum método de diminuir o sofrimento pondo fim a vida e que, no entanto, superaram tal fase e posteriormente por alguma descoberta ou nova tecnologia, conseguiram viver bem ainda por alguns anos. Há pesquisas atuais sobre métodos que poderão no futuro prolongar a vida por um tempo muito mais longo do que atualmente dispomos, vide, por exemplo, a possibilidade do uso de nanotecnologia no tratamento de doenças e de problemas associados ao envelhecimento. É provável que em futuro próximo o tema do encerramento voluntário da vida tenha de ser revisto por outro prisma, decorrente da morte por causas naturais ou envelhecimento praticamente ser abolida ou retardada por um tempo muito mais longo do que dispomos hoje.
Há em diversas cidades o serviço composto por um número de telefone para o qual a pessoa que está pensando em suicidar-se pode ligar e conversar anonimamente com alguém do outro lado da linha que tentará lhe ajudar, escutar e prevenir uma tentativa de suicídio. Há também o caso de a pessoa se colocar em alguma situação de perigo, como jogar-se da janela de um prédio, estando a uma altura considerada do solo, e haver tempo da chegada de algum auxílio, seja por parte de uma pessoa que se encontre próximo ao local ou por meio de algum serviço de emergência e socorro que tenha sido chamado, tal como o corpo de bombeiros ou a polícia. Em geral a tática usada por serviços profissionais, tais como polícia e bombeiros, consiste em conversar e havendo possibilidade e estando o suicida distraído, intervir fisicamente para impedir o ato. Penso, no entanto, que caberia aqui o preparo destas equipes para uma abordagem mais persuasiva e que não envolvesse necessariamente uma intervenção física para impedir o ato. Difícil saber o que falar, mas talvez o mais importante seja de fato escutar empaticamente, tentando se colocar na posição emocional e cognitiva do outro diante dos fatos por este narrados. Muitas vezes o ato de falar e ser genuinamente escutado possui conotações terapêuticas fazendo a pessoa sentir-se melhor e repensando sua vida e o que pretende fazer a seguir. Neste caso, o socorrista dizer o que fazer ou o que faria no lugar da pessoa pode não ser eficaz, e sim a escuta ativa. A decisão é da pessoa e isto não podemos mudar, mas podemos fazer a nossa parte quando presentes, nos mostrando solícitos a lhe escutar com dignidade e atenção. Podemos não querer que ela cometa este ato, mas somos limitados diante de nossas reais alternativas e não podemos nos culpar por tentar e correr o risco de falhar. Fazer a nossa parte, isto é importante.
Há alguns fatores de risco que podem sem observados antes de uma tentativa de suicídio se concretizar e que amigos e familiares colocados diante dos mesmos tem a possibilidade de intervir de modo a evitar a consumação do ato. Uma boa intervenção se dá pela empatia e conversa pautada na escuta, onde menos do que dar-se conselhos, procura-se entender e compreender a outra pessoa, demonstrando nosso real interesse por ela. Em geral, temos alguns sinais denunciadores, tais como o uso imoderado de álcool ou o abuso de demais drogas, a depressão, isolamento, mudança de comportamento, falar que vai se matar, preocupação e interesse constante pela morte, suicídio e formas de tirar a própria vida. Internalizar a situação vivida é um modo de obter ajuda.
Há vários modos de suicídio e não necessariamente este se dá do modo clássico como as pessoas em geral imaginam, que é a pessoa escrevendo uma carta de despedida e depois usando algum meio para tirar sua própria vida. Pode ocorrer do comportamento escolhido para viver sua vida seja um comportamento de tão alto risco que por si só já seja uma tentativa de suicídio, onde, no entanto, a retirada da vida não se daria diretamente pela própria pessoa e sim pelas circunstancias envolvidas ou por outras pessoas. Podemos falar, portanto, de um comportamento de risco que envolva um suicídio disfarçado. Em certas profissões, como, por exemplo, a de policial, podemos ter situações nas quais um comportamento de risco desnecessário possa levar ao final da vida por outros meios, onde mesmo um homicídio possa disfarçar a prática real de um suicídio.
Em termos de prevenção, o dia 10 de setembro é o dia mundial de prevenção ao suicídio, daí o setembro amarelo, no qual no decorrer deste mês se realizam diversas ações visando esclarecer sobre o tema e evitar que pessoas assim procedam, orientando quem possui tais ideias e quem possa conviver com tais pessoas. A cor amarela foi escolhida por ser a cor do carro dirigido por um jovem rapaz americano que cometeu suicídio, tendo sua família e amigos, posteriormente, iniciado uma campanha de prevenção.
Há quem defenda teses distintas, já escutei uma médica psiquiatra defender que o suicídio não é uma escolha e sim um sintoma de uma doença psiquiátrica. Eu não penso assim. No meu entendimento tudo em nossas vidas é fruto de uma escolha, o que muda são as informações que possuímos, pois estas delimitam as opções que conseguimos visualizar diante de uma decisão a tomar. Quanto mais sabemos sobre algo, mais opções se mostram disponíveis para escolhermos. Quando a pessoa opta pelo suicídio é por que naquele momento de sua vida ela vê tal atitude como o melhor caminho ou o único caminho possível a ser seguido, não conseguindo vislumbrar outras opções que lhe permitam viver. Entender e ajudar o paciente nestas condições é também proporcionar um aumento das alternativas que este enxerga, das possibilidades, da multiplicidade de escolhas possíveis, não sendo, portanto, o suicídio sua única alternativa. Não ver o suicídio como uma escolha e sim como um sintoma decorrente de uma doença é negar a autonomia individual da pessoa, e que sua decisão em tirar a própria vida pode ser convertida em uma decisão de viver a vida em sua total intensidade.
Se entendemos o suicídio meramente como sintoma de uma doença, então cabe ao profissional de saúde custodiar esta vida, internando o paciente, aplicando terapias invasivas que possam incluir vários procedimentos, as mais diversas drogas a título de medicação ou mesmo tratamento de choque, eletroconvulsoterapia. Neste caso retirou-se toda a autonomia deste paciente, portador de uma doença e incapaz de determinar os rumos de sua própria vida, seu caminho, seu destino. Por tal abordagem médica, questões culturais e sociais são deixadas de lado diante do corpo a ser tratado e recuperado. Mesmo o suicídio ritual diante de uma crença socialmente aceita, seria entendido como sintoma de uma doença. Menos do que certo ou errado, são abordagens ao problema visando uma solução, mas sem de fato discutir questões fundamentais que estão por trás de qualquer abordagem que possa ser dada ao tema, como, por exemplo, o que é a vida, o que é a morte, a quem pertence o corpo. Se o corpo desta pessoa pertence ao Estado e está submetido ao coletivo, ao social, ou se pertence ao indivíduo que o detém. Individualidade ou coletividade? Mesmo que tais questões e outras mais, não sejam abertamente respondidas ou reconhecidas, elas estão na base das decisões tomadas por todos os envolvidos e no fundo uma resposta foi dada a cada uma delas antes do profissional de saúde ou outro envolvido tomar uma decisão qualquer. Muitas vezes o profissional não está ciente da moral e do julgamento contido em suas decisões e dizendo que não devemos julgar ou ter atitudes moralistas e sim meramente tratar, esquece que suas decisões sobre o tratamento se baseiam em suas atitudes morais.
Também importante atentar que por vezes a morte é entendida pelo médico como a inimiga a ser combatida a qualquer preço e a morte do paciente como uma derrota pessoal. Diante deste quadro fica difícil qualquer abordagem que proporcione a menor liberdade para uma decisão contrária aos paradigmas socialmente vigentes ou mesmo para qualquer questionamento sobre a existência de tais paradigmas e sua base moral, religiosa e cultural.
Viver é mais do que meramente estar com suas funções vitais funcionando. Ao ser humano cabe ser feliz, ter êxito em suas tentativas, tecer planos e projetos, criar o seu futuro. Pessoas cometem suicídio matando seu corpo, mas muitas outras matam antes seu espírito e andam por aí como se vivas fossem, na verdade mortas vivas, zumbis sem vida, metas, ambições ou dignidade. Viver é também dar sentido e significado a sua vida, é cuidar de si e dos que estão a sua volta. Viver é ter experiências e prazer com as mesmas. Viver é tratar com carinho e emoção a tudo que nos cerca, a começar por nós próprios e reconhecer que a vida é algo amplo que em tudo está presente e que de tudo faz parte, gerando independente de sua religião ou mesmo da ausência de uma religião, uma atitude religiosa de respeito diante de tudo que nos cerca, bem como estender esta atitude a contemplação dos momentos presente, passado e futuro.

Silvério da Costa Oliveira.

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.
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