Textos filosóficos, críticos, comportamentais e sobre arte da escrita, sucesso e auto-ajuda.
Professor Doutor Silvério
Blog: "Comportamento Crítico"
Professor Doutor Silvério
Silvério da Costa Oliveira é Doutor em Psicologia Social - PhD, Psicólogo, Filósofo e Escritor.
(Doutorado em Psicologia Social; Mestrado em Psicologia; Psicólogo, Bacharel em Psicologia, Bacharel em Filosofia; Licenciatura Plena em Psicologia; Licenciatura Plena em Filosofia)
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Zenão de Elea (490-430 a.C.) é
discípulo de Parmênides e no decorrer de sua vida se envolveu com a política
local de sua cidade, culminando em sua prisão, tortura e morte. Escreveu vários
paradoxos em apoio à teoria proposta por Parmênides e visando criar
dificuldades para os que defendiam a tese do senso comum, poucos destes
paradoxos chegaram até os nossos dias e há comentadores que argumentam que
teria escrito cerca de 40 paradoxos.
Procura por meio do
desenvolvimento de sua filosofia defender a de seu mestre, afirmando que a
crença na existência do movimento e da pluralidade tende a gerar enormes
dificuldades e também paradoxos. Os absurdos e paradoxos presentes quando
aceitamos o movimento, tornam preferível a negação do movimento. Para Zenão
temos um ser uno como propôs Parmênides, não há pluralidade de entes e não há
movimento. Há um só ser e este é imóvel.
Encontramos em Aristóteles uma
discussão sobre a obra de Zenão e seus paradoxos. São discutidos quatro
paradoxos, a saber: 1- O argumento da dicotomia. 2- O argumento de Aquiles
apostando uma corrida com uma lenta tartaruga. 3- O argumento da flecha
disparada pelo arqueiro. 4- O argumento do estádio.
O que temos em Zenão é uma
negação racional do movimento, o qual é somente uma ilusão e provém da “doxa”,
opinião. O movimento passa a ser entendido como algo absurdo dentro de um
princípio de racionalidade.
Segundo Aristóteles cabe a Zenão
o mérito de ser o criador da dialética, arte que desenvolveu na tentativa de
levar ao absurdo os argumentos de seus adversários que defendiam a
multiplicidade do ser e o movimento.
Em meus blogs "Ser
Escritor" e "Comportamento Crítico" você encontrará um artigo /
texto de minha autoria que resume as ideias deste vídeo, apresentando o tema em
toda a sua complexidade. Leia:
"Zenão de Elea: A
inexistência do movimento e da pluralidade".
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Zenão de Elea
(490-430 a.C.) é discípulo de Parmênides e no decorrer de sua vida se envolveu
com a política local de sua cidade, culminando em sua prisão, tortura e morte.
Escreveu vários paradoxos em apoio à teoria proposta por Parmênides e visando
criar dificuldades para os que defendiam a tese do senso comum, poucos destes
paradoxos chegaram até os nossos dias e há comentadores que argumentam que
teria escrito cerca de 40 paradoxos.
Procura por meio
do desenvolvimento de sua filosofia defender a de seu mestre, afirmando que a
crença na existência do movimento e da pluralidade tende a gerar enormes
dificuldades e também paradoxos. Os absurdos e paradoxos presentes quando
aceitamos o movimento, tornam preferível a negação do movimento. Para Zenão
temos um ser uno como propôs Parmênides, não há pluralidade de entes e não há
movimento. Há um só ser e este é imóvel.
Encontramos em
Aristóteles uma discussão sobre a obra de Zenão e seus paradoxos. São
discutidos quatro paradoxos, a saber: 1- O argumento da dicotomia,
impossibilidade de movimento, já que qualquer coisa em movimento, saindo de um
ponto em direção a outro e percorrendo determinada trajetória, antes de chegar
ao seu destino tem de chegar à metade do percurso e esta necessidade de
alcançar o meio antes de chegar ao fim ocorre infinitamente. 2- O argumento de
Aquiles apostando uma corrida com uma lenta tartaruga. Se a tartaruga tem uma
pequena vantagem na saída, Aquiles jamais conseguirá alcança-la, pois, quando
este chega ao ponto em que ela se encontrava, esta já não está mais ali e sim
mais a frente e isto infinitamente. 3- O argumento da flecha disparada pelo
arqueiro, a qual se encontraria parada e totalmente imóvel em cada ponto da
série que compõe sua trajetória. 4- O argumento do estádio, no qual temos
blocos de elementos ali alinhados. Bloco AAAA, bloco BBBB e bloco CCCC. Se o
bloco AAAA está parado, o BBBB se movimenta da direita para a esquerda passando
por AAAA e o bloco CCCC se movimenta da esquerda para a direita também passando
por AAAA na exata mesma velocidade que BBBB, temos que BBBB e CCCC ultrapassam
o primeiro e o último A ao mesmo tempo. Agora, quando todos os B e todos os C
tiverem passado uns pelos outros, ainda faltarão para cada grupo de B e C,
ultrapassar dois A. Chegamos a conclusão de que o tempo será diferente, logo, a
metade do tempo será igual ao seu dobro.
Zenão defende a
tese de Parmênides de um ser que seja uno, contínuo e imóvel mostrando o
absurdo e irracionalidade decorrente de seu oposto, ou seja, da existência de
um ser múltiplo, descontínuo e móvel. Zenão busca reduzir os argumentos
contrários a tese de Parmênides ao absurdo a partir de deduções resultantes das
premissas adotadas por seus adversários. Eis abaixo como Zenão desenvolve seus
paradoxos.
1- Contra a
pluralidade e a descontinuidade do ser.
1.1- Argumenta
que se existem múltiplos seres, estes devem ser obrigatoriamente tantos quantos
são, nem mais nem menos. Se são tantos quantos são, seu número é finito, mas,
se são compostos por infinitas partes, são ao mesmo tempo finitos e infinitos,
donde a conclusão nos leva ao absurdo.
1.2- Se existem
muitos seres, estes são a sua vez iguais e desiguais. Iguais porque são
compostos por partes semelhantes divisíveis até o infinito e desiguais porque
cada um se divide em partes distintas uma das outras.
1.3- Todos os
seres extensos são compostos por partes e cada uma destas partes pode se
dividir em novas partes, até que se chegue a pontos inextensos e que, portanto,
não possam mais ser divididos. Se são pontos inextensos, são coisa alguma, puro
nada. Por sua vez, se os seres extensos se constroem a partir de seres
inextensos, todos são nada, ou seja, os seres extensos são compostos por nada.
1.4- Se algo é
extenso, então é simultaneamente grande e pequeno ao infinito. Infinitamente
grande já que são compostos de partes divisíveis ao infinito. Infinitamente
pequenos já que com partes inextensas não se pode formar um corpo extenso uma
vez que a partir da soma total das partes inextensas não se pode obter um corpo
extenso.
1.5- Somar e
dividir se mostram a mesma coisa, já que a soma das partes inextensas não
aumenta a extensão e a totalidade das partes inextensas retiradas não diminuem
a extensão original.
1.6- Se
afirmamos que as coisas são ao mesmo tempo finita e infinitamente divisíveis
entramos em contradição. Estas seriam finitas já que são compostas de partes
distintas, separadas e limitadas pelo espaço vazio. No entanto, estas mesmas
partes são simultaneamente divisíveis ao infinito. Daí a conclusão de que os
seres seriam simultaneamente finitos e infinitos, já que contém partes que são
infinitamente divisíveis.
2- Argumentação
contra a realidade do espaço.
2.1- Qualquer
coisa extensa está localizada no espaço e este por sua vez ou é alguma coisa ou
é nada. Se o espaço é alguma coisa, deve estar contido em outra coisa, outro
espaço, e isto sucessivamente ao infinito. Agora, se o espaço é nada, teríamos
de concluir que os seres extensos estão localizados no nada.
2.2- Se os seres
são múltiplos, todos individualmente devem ser percebidos. No entanto, quando
colocamos grãos de qualquer espécie dentro de uma sacola e a balançamos, eles
fazem barulho, mas se colocamos um único grão não temos barulho algum para perceber,
por mais que balancemos a sacola.
3- Argumentação
contra a realidade do movimento.
São os quatro
paradoxos apresentados por Aristóteles, que não negam a aparência e sim a
realidade do movimento.
3.1- O paradoxo
do finito contendo o infinito
O movimento se
dá quando um móvel percorre determinada distância em determinado tempo. Zenão
procura demonstrar a impossibilidade do movimento no espaço, seja este espaço
composto por pontos divisíveis ou indivisíveis. A ideia é que se o espaço é
algo real, então deve poder ser percorrido por um objeto móvel, sendo que
conforme este objeto se movimento por sobre o espaço, ambas as partes são
posicionadas e comparadas em cada posição ocupada. O movimento se dá quando um
corpo qualquer, móvel, percorre as distintas partes deste espaço em um tempo
finito, ou seja, um corpo (móvel) percorrendo outro corpo (espaço) em um tempo
(finito) determinado. Daí se segue que se o espaço é dividido ao infinito,
temos que um dado móvel finito há de percorrer infinitas partes em um tempo
finito, o que não é possível. Por sua vez, se entendemos que o espaço não é
divisível e sim formado por pontos inextensos, por meros instantes, a
existência do movimento também geraria absurdos.
3.1.1- O
argumento da dicotomia (ou divisão), também conhecido como primeiro argumento
do estádio.
Antes de chegar
ao final temos de chegar ao meio, infinitamente. Entende que o espaço é
divisível ao infinito e que não é possível chegar ao final de uma reta, pois
sempre se pode dividir a distância restante ao meio e sempre haverá a
necessidade de se chegar ao meio antes de se chegar ao final. Um corredor não
conseguiria atravessar um estádio, pois sempre precisaria primeiro chegar a
metade e sucessivamente a metade da metade.
3.1.2- Argumento
de Aquiles. Trata-se da exemplificação de 3.2, onde para se chegar ao final
precisa-se chegar ao meio primeiramente e isto ao infinito tornando o movimento
impossível. Se Aquiles corre contra a tartaruga e esta tem uma pequena
vantagem, Aquiles jamais conseguirá ultrapassá-la.
3.1.3- Argumento
da flecha. Já que o espaço é composto por infinitos pontos e deste modo pode
ser dividido ao infinito, e se o tempo também pode ser dividido ao infinito,
uma flecha disparada por um arco terá de percorrer um a um, todos estes pontos,
e estará parada em cada um deles, logo, a flecha em movimento está em repouso
em cada instante e ponto no espaço.
3.1.3.1- Tudo
que se move ou se move no ponto em que está ou no ponto em que não está. Não é
possível o movimento no ponto onde se encontra e menos ainda onde não está
presente, disto se conclui que o que aparenta estar em movimento em verdade não
se move.
3.4- Argumento
do estádio. Dois carros correndo em um estádio em direção contrária e com a
mesma velocidade, um em direção ao outro, se movem com relação a si mesmos com
o dobro da velocidade que com relação a um observador imóvel. Cada unidade de
espaço deve ser entendida como igual a uma unidade de tempo. Deste modo
chegamos à conclusão de que a metade de um dado tempo é igual ao dobro desse tempo.
Mesmo hoje em
dia, já no século XXI e depois de diversas tentativas de refutação destes
paradoxos, desde os tempos de Aristóteles, os mesmos ainda se mostram atuais,
instigantes e provocativos. Novas questões surgem na medida em que a ciência e
a tecnologia humana evoluem, imaginemos, por exemplo, um filme fotográfico de
cinema, onde na película temos uma sucessão de imagens imóveis que ganham vida
quando o projetor as passa em velocidade na tela do cinema. O movimento no
cinema não seria meramente aparente?
O que temos em
Zenão é uma negação racional do movimento, o qual é somente uma ilusão e provém
da “doxa”, opinião. O movimento passa a ser entendido como algo absurdo dentro
de um princípio de racionalidade.
Também vale
destacar as contribuições sobre o Zenão quântico, onde um sistema instável, se
ampla e frequentemente monitorado, torna-se imóvel ao observador. Aqui
pensamos, dentre outros, em Schröndinger, 1935 e Misra e Sudarshan, 1977.
Uma outra
contribuição a qual somos devedores de Zenão é o método de refutar as teses
contrárias as suas por meio da redução ao absurdo. Como posso admitir o
movimento se esta tese me leva a conclusões absurdas e racionalmente
inaceitáveis? Método este que pode ser aplicado a outras questões em contenda,
reduzindo os argumentos do adversário a conclusões absurdas e inaceitáveis.
Segundo Aristóteles cabe a Zenão o mérito de ser o criador da dialética, arte
que desenvolveu na tentativa de levar ao absurdo os argumentos de seus
adversários que defendiam a multiplicidade do ser e o movimento.
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Empédocles de Acragas, hoje
Agrigento, (495/483/482-430 a.C.) segundo a tradição escreveu dois livros,
“Sobre a natureza” e “Purificações”, tendo-nos chegado somente fragmentos de
sua obra. Os fragmentos hoje disponíveis foram preservados por serem citados
nas obras de Aristóteles, Simplício e Plutarco, já as opiniões e explicações
sobre sua obra, a doxografia, provém basicamente de Platão, Aristóteles e
Teofrasto. Em 1990 foram encontrados novos fragmentos em um papiro que tinha
sido obtido em 1904 de um antiquário no Cairo, Egito, e estava guardado no
depósito da Biblioteca Nacional de Estrasburgo, notícia que foi dada aos meios
de imprensa em 1999.
Segundo a tradição, foi médico,
legislador, dramaturgo, político, poeta, professor e filósofo. A lenda que
surgiu em torno de seu nome o apresenta também como mago, curandeiro e profeta.
Também defendia, do mesmo modo
que os órficos e pitagóricos, um conjunto de teses místicas, como a
transmigração das almas por meio de um longo ciclo de reencarnações, não somente
em humanos, mas também passando por outros animais e até mesmo plantas.
Empédocles entende serem em
número de quatro os elementos materiais que irão tudo compor, a saber: fogo,
ar, água e terra. Acrescenta aos quatro elementos o amor (filia) e a discórdia
ou ódio (nekos). O amor une e a discórdia desune. O primeiro agrega e o segundo
desagrega. O amor e o ódio, em Empédocles, representam o poder natural e divino
do bem e do mal, da ordem e da desordem, da construção e da destruição.
Segundo este filósofo, no começo
de tudo teríamos o bem, a ordem, e predominaria o amor. Neste começo de tudo e
por meio do amor, teríamos os quatro elementos mesclados entre si formando uma
unidade orgânica e esférica. A criação de tudo se deu a partir do ódio. Mas se só
houvesse o ódio não haveria a criação dos seres individuais, pois, a separação
iria continuar sempre, é o amor que proporciona junção de elementos que irá
criar os seres individuais.
Há uma alternância entre o
domínio do mal e do bem. Com o tempo o império do ódio dará lugar ao império do
amor. O amor volta aos poucos a se mesclar com o ódio e as coisas particulares
até que haja novamente uma coisa só. Esta coisa única é Deus, perfeito e
esférico. Esta perfeição é encontrada, portanto, na origem e no final do mundo.
Nosso atual mundo, onde temos injustiça e ódio, é um lugar de expiação e
purificação. Unindo-se tudo que existe temos o uno, com o qual se desfaz a
pluralidade, com a separação de todas as coisas temos novamente a pluralidade e
o uno perece.
Em meus blogs "Ser
Escritor" e "Comportamento Crítico" você encontrará um artigo /
texto de minha autoria que resume as ideias deste vídeo, apresentando o tema em
toda a sua complexidade. Leia:
"Empédocles de Acragas: O
amor une e a discórdia desune".
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Empédocles de
Acragas, hoje Agrigento, (495/483/482-430 a.C.) segundo a tradição escreveu
dois livros, “Sobre a natureza” e “Purificações”, tendo-nos chegado somente
fragmentos de sua obra. Enquanto o primeiro livro aborda a temática tratada de
modo mais científico e filosófico, o segundo livro nos apresenta uma abordagem
mais voltada a natureza e ao destino da alma. Os comentadores divergem quanto à
ordem cronológica em que os mesmos foram escritos, apresentando seus argumentos
sobre qual dos dois seria o primeiro a ser escrito e por qual motivo.
Os fragmentos
hoje disponíveis foram preservados por serem citados nas obras de Aristóteles,
Simplício e Plutarco, já as opiniões e explicações sobre sua obra, a
doxografia, provém basicamente de Platão, Aristóteles e Teofrasto. Em 1990
foram encontrados novos fragmentos em um papiro que tinha sido obtido em 1904
de um antiquário no Cairo, Egito, e estava guardado no depósito da Biblioteca
Nacional de Estrasburgo, notícia que foi dada aos meios de imprensa em 1999.
Segundo a
tradição, foi médico, legislador, dramaturgo, político, poeta, professor e
filósofo. A lenda que surgiu em torno de seu nome o apresenta também como mago,
curandeiro e profeta.
As histórias
lendárias sobre Empédocles são muitas e, por vezes, um pouco bizarras e
provavelmente todas falsas ou deturpadas. Dentre estas histórias temos que ele
teria posto fim a sua vida se atirando no interior da cratera do vulcão Etna,
na região hoje pertencente a Itália. Em comentadores e doxógrafos encontramos relatos
de que Empédocles afirmava saber compor poções mágicas contra doenças ou mesmo
para retardar a velhice, habilidade para controlar os ventos e as chuvas, e
também técnica para evocar a força vital (alma ou espírito) dos mortos que
estavam no Hades. Há dentre os comentadores e doxógrafos quem afirme que
Empédocles se considerava uma divindade, sendo por isto reverenciado e que
ministrava ensinamentos em decorrência de tal fato.
Também defendia,
do mesmo modo que os órficos e pitagóricos, um conjunto de teses místicas, como
a transmigração das almas por meio de um longo ciclo de reencarnações, não
somente em humanos, mas também passando por outros animais e até mesmo plantas.
Empédocles entende
serem em número de quatro os elementos materiais que irão tudo compor, a saber:
fogo, ar, água e terra. Acrescenta aos quatro elementos o amor (filia) e a
discórdia ou ódio (nekos). O amor une e a discórdia desune. O primeiro agrega e
o segundo desagrega. O amor e o ódio, em Empédocles, representam o poder
natural e divino do bem e do mal, da ordem e da desordem, da construção e da
destruição.
Segundo este
filósofo, no começo de tudo teríamos o bem, a ordem, e predominaria o amor.
Neste começo de tudo e por meio do amor, teríamos os quatro elementos mesclados
entre si formando uma unidade orgânica e esférica. A criação de tudo se deu a
partir do ódio. Mas se só houvesse o ódio não haveria a criação dos seres
individuais, pois, a separação iria continuar sempre, é o amor que proporciona
junção de elementos que irá criar os seres individuais.
Por meio da
entrada do ódio neste sistema, e da mescla com o amor, passamos a ter a criação
de tudo, dos seres individuais, de uma infinita e absoluta separação que
diversificam estes seres individuais, e o domínio absoluto do bem cede lugar ao
domínio absoluto do mal.
Há uma
alternância entre o domínio do mal e do bem. Com o tempo o império do ódio dará
lugar ao império do amor. O amor volta aos poucos a se mesclar com o ódio e as
coisas particulares até que haja novamente uma coisa só. Esta coisa única é
Deus, perfeito e esférico. Esta perfeição é encontrada, portanto, na origem e
no final do mundo. Nosso atual mundo, onde temos injustiça e ódio, é um lugar
de expiação e purificação.
Unindo-se tudo
que existe temos o uno, com o qual se desfaz a pluralidade, com a separação de
todas as coisas temos novamente a pluralidade e o uno perece.
Entende que algo
não existente não pode passar a existir e que algo que exista não pode passar a
não existir, não seria isto a base de toda a mudança observada. A mudança
observada no mundo decorre da união e separação da mistura entre os quatro
elementos em diversas proporções e estes elementos são substâncias
inalteráveis. A morte ou mesmo a aniquilação completa de algo, não passa de
mera ilusão. A semelhança do que o pintor faz com algumas cores básicas, cuja
mistura em determinada proporção lhe permite criar todas as cores de que
necessita para pintar qualquer quadro e retratar seja lá qual for a cena
escolhida, do mesmo modo, pela mistura dos quatro elementos tudo que há se
forma a partir da presença do amor e do ódio, ou discórdia. Empédocles chamava
os quatro elementos de “raízes”, o termo “elemento” parece ter sido usado a
primeira vez pelo filósofo Platão, e Empédocles também identificou estas raízes
(fogo, ar, água e terra) respectivamente com os nomes místicos de Zeus, Hera,
Nestis (eufemismo
para Perséfone) e Aidoneu. Há, no entanto, discordâncias entre comentadores
quanto a qual a real correspondência entre as raízes e os deuses, ou seja, a
qual elemento corresponde qual deus.
Em Empédocles,
além dos quatro elementos, temos também duas forças da natureza, o amor
(agregação, harmonia) e o ódio (desagregação, desarmonia) em um ciclo constante
e como em qualquer ciclo (vide as estações do ano, por exemplo) não há como
dizer quando realmente começou, só podemos escolher arbitrariamente um ponto
inicial (primavera, verão, outono e inverno). Quando predomina totalmente o
amor ou quando predomina totalmente o ódio não é possível haver vida. Esta
situação de máxima predominância de uma destas duas forças nos lembra os
solstícios de verão e inverno, já a vida se dá nos equinócios, onde o tempo é
mais ameno, onde há um equilíbrio entre ambas as forças. Quando predomina
totalmente o amor, temos uma esfera onde todos os quatro elementos não se
distinguem e não há individualidade, havendo um único todo agregado, coeso e
inseparável. Já quando o ódio domina também não temos qualquer tipo de
agregação e sim somente o caos.
Onde as pessoas ilusoriamente acreditam
observar o devir ou movimento e transformação, geração e corrupção das coisas,
surgimento e desaparecimento de todas elas, em verdade temos a reunião e
separação dos quatro elementos básicos dos quais todas as coisas surgiram,
trata-se da mistura desses elementos distribuídos em distintas proporções,
havendo a maior ou menor presença de um ou outro destes elementos.
Nele temos
presente uma antecipação do que mais tarde teremos com Charles Darwin em “A
origem das espécies”, de 1859 d.C., pois, este autor consegue intuir, se bem
que por meio de relatos fantásticos, o que mais tarde teremos com a teoria da
evolução das espécies. Após a ruptura da esfera onde tudo estava coeso,
separação esta provocada pelo ódio, teve início a criação do cosmos, por sua
vez, os elementos individuais foram se aglutinando por meio do amor. Quando do
surgimento da vida no nosso mundo, ocorreram primeiramente junções aleatórias
provocadas pelo amor, muitas destas uniões não possuíam as capacidades
necessárias para sobreviver e foram extintas, havendo uma seleção natural que
priorizou as formações mais aptas a sobreviver.
Empédocles
explica como conhecemos algo por meio de nossas sensações atribuindo ao
conhecimento de algo o princípio de que o semelhante conhece o semelhante. É
pelo fato de tudo ser composto pelos quatro elementos, incluso nós mesmos, que
podemos conhecer. Ou seja, pelo elemento terra conhecemos o que possui este
elemento, da mesma forma com o elemento fogo, ar, água e terra presentes em nós
e nos objetos de nosso conhecimento.
Os opostos não
se atraem, é o semelhante que atrai o semelhante e, por sua vez, o
dessemelhante repulsa o dessemelhante. Trata-se de um movimento eterno, um
ciclo constante no qual quando prevalece a harmonia é porque o amor está
atuando, já quando prevalece a desarmonia ou desequilíbrio, temos a prevalência
da discórdia ou ódio, sendo que isto pode ser observado em tudo ao nosso redor,
seja na política, na saúde, nos aspectos emocionais, nas relações entre as
pessoas ou entre as sociedades.
A teoria das
quatro raízes proposta por Empédocles foi exposta e adotada por Aristóteles,
que a chamou por “elementos” e perdurou em nossa civilização por cerca de vinte
séculos como parte das concepções comumente aceitas sobre a composição da
matéria, isto só veio a mudar com a química do século XVIII, a partir,
particularmente, de Antoine Lavoisier.
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Diógenes de Apolônia (499-428 a.
C.) é tido pela tradição como sendo discípulo de Anaxágoras, ou, como discípulo
de Anaxímenes. Sua atitude filosófica é eminentemente materialista. Chegaram
até nós somente fragmentos do que escreveu. Pode ter escrito um único livro
dividido por capítulos temáticos ou ainda, segundo a tradição, quatro livros.
Segundo Simplício seus livros seriam: Contra os sofistas; Meteorologia; Da
natureza do Homem; Da natureza. Até nossos dias chegaram somente fragmentos do
livro “Da natureza”. Segundo a tradição, existe a possibilidade dele ter atuado
como médico.
Com Diógenes temos uma rejeição
ao pluralismo e um retorno ao monismo. Lembremos, no entanto, que as teses
pluralistas foram desenvolvidas tendo em vista a filosofia de Parmênides e
buscando uma alternativa que conciliasse a tese sobre o ser ali proposta, ao
retornar ao monismo, a dificuldade trazida pelo estudo sobre o ser a partir de
Parmênides fora deixada de lado, talvez por desconhecimento ou má compreensão
da mesma. Afinal, como pode o ser surgir do não ser? Como pode de uma única
substância surgirem substâncias distintas que não estavam ali anteriormente
presentes?
Desenvolve uma filosofia
eclética, na qual propõe que do ar, por meio de condensação e rarefação, se
originam todas as coisas existentes, o que torna o ar um princípio material. No
ar temos presente a transformação e o movimento, o que o torna também um princípio
dinâmico e inteligente do qual o próprio pensamento se origina.
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"Diógenes de Apolônia:
Rejeição ao pluralismo e retorno ao monismo".
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