Por: Silvério da Costa Oliveira.
Indústria cultural
O conceito de “indústria cultural” foi desenvolvido pela assim chamada “Escola de Frankfurt”, o “Instituto de pesquisa social”, aparecendo inicialmente no livro escrito conjuntamente por Adorno e Horkheimer, “Dialética do esclarecimento”, 1947.
O foco das análises efetuadas pelos integrantes da Escola de Frankfurt se voltou para o que na linguagem marxista-leninista se chama de “superestrutura”. A mesma consiste em mecanismos que atuam visando manter a estrutura social, exercendo sua força sobre a formação e manutenção das personalidades individuais, das famílias e da forma como concebemos a autoridade. Estes elementos se fazem presentes na cultura de massa e no modo como elementos da arte são ali trabalhados.
A cultura erudita é a produzida por uma refinada elite intelectual e possui um maior valor estético, por ser melhor elaborada, sendo também menos intuitiva. Permite um maior desenvolvimento da intelectualidade, de modo mais pleno, devendo ser ampliada. Já a cultura popular é formada pelas tradições populares, sendo formada com menor refinamento técnico e intelectual e bem mais intuitiva. Ambas culturas, erudita e popular, são consideradas autênticas por Horkheimer e Adorno.
O conceito de “indústria cultural” faz menção à cultura como sendo mais uma forma de dominação social, por meio de uma indústria capitalista que vende a cultura erudita e popular de modo mesclado e massificado, objetivando a obtenção de lucro. Do mesmo modo que uma fábrica, a indústria cultural tem uma atuação produtiva, sendo seu produto a arte. Aqui temos a formação cultural por meio de produtos artísticos, tais como: filmes, peças de teatro, livros, músicas, pinturas, fotografias, etc., provenientes das mais diversas mídias: jornais, rádios, cinema, tv.
A indústria cultural vende elementos provenientes da cultura popular e erudita, por meio da alta reprodutibilidade técnica, enquanto forma de entretenimento para as massas populacionais, de modo a permitir manter a população sob controle, na medida em que esta se encontra satisfeita e feliz com este modo simples e agradável de consumir a arte.
Trata-se de uma padronização visando perpetuar na sociedade os valores capitalistas, burgueses e tradicionais, como, por exemplo: modelos de comportamento e linguagem. A arte presente na indústria cultural de massa se torna a principal responsável pela dominação ao reproduzir valores sociais capitalistas e ao tornar a classe operária satisfeita com o consumo de arte. Utilizando-se de histórias e propagandas, a indústria cultural cria necessidades que geram consumo.
Horkheimer e Adorno não consideram o cinema e a rádio como formas de arte. Segundo o pensamento destes autores, ambas as técnicas visam somente o lucro dentro de uma sociedade capitalista consumista.
A indústria cultural não favorece a emancipação das pessoas, não estimula sua criatividade, e permite que as pessoas atuem passivamente como receptores de toda esta informação. Teríamos, portanto, uma cultura inautêntica vendida pela indústria cultural e outra autêntica, esta última seria a cultura erudida e a cultura popular.
Segundo estes autores, “indústria cultural” não é sinônimo de “cultura de massa”, são conceitos diferentes. É do interesse capitalista, dos produtores desta indústria, que se use o termo “cultura de massa”, dando a entender tratar-se de uma cultura que surge espontaneamente do interior das próprias massas, do povo, mas isto não é verdade, pois, há aqui uma relação vertical na qual os criadores não somente adaptam seu produto ao gosto das massas, como também influenciam e determinam este gosto e consumo.
A indústria cultural reduz a todos na sociedade a condição de empregados ou consumidores e tem como objetivo ser a portadora da ideologia dominante, proporcionando sentido ao conjunto do sistema. A indústria cultural transforma tudo em negócio e vende como arte algo padronizado para as massas populares, atuando de modo sistemático e programado no sentido de explorar os bens culturais. Em uma sociedade capitalista, a obra de arte é diluída e padronizada para ser vendida como mercadoria, deste modo, perde o potencial crítico e de contestação.
Silvério da Costa Oliveira.
Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.
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