Textos filosóficos, críticos, comportamentais e sobre arte da escrita, sucesso e auto-ajuda.
Professor Doutor Silvério
Blog: "Comportamento Crítico"
Professor Doutor Silvério
Silvério da Costa Oliveira é Doutor em Psicologia Social - PhD, Psicólogo, Filósofo e Escritor.
(Doutorado em Psicologia Social; Mestrado em Psicologia; Psicólogo, Bacharel em Psicologia, Bacharel em Filosofia; Licenciatura Plena em Psicologia; Licenciatura Plena em Filosofia)
E-mails encaminhados para doutorsilveriooliveira@gmail.com serão respondidos e comentados excluindo-se nomes e outros dados informativos de modo a manter o anonimato das pessoas envolvidas. Você é bem vindo!
Recentemente
tenho pensado muito sobre o atual governo federal, sobre o PT no poder no
Brasil e sobre aqueles que usam as redes sociais para defender o partido, mesmo
contra todo bom senso e negando de ver os escândalos divulgados pela mídia.
Penso que aqueles que torcem pelo PT como se seu time de futebol fosse, sofrem
de cegueira seletiva, vivem no mundo do passado, com medo do futuro. O que
governos anteriores possam ter feito ou deixado de fazer não justifica o que
este governo faz ou fez. Alguns teimam em usar de uma seletividade imaginária entre
quem é ou não do seu partido, no entanto, penso que política não deve ser vista
como time de futebol ou escola de samba para torcemos de coração pelo nosso
partido. Quando o cara é bandido, corrupto, ladrão ele o é independente de
partido e a verdadeira maturidade política diz que devemos separar as maçãs
podres do cesto. Não é negando escândalos como o da refinaria de Pasadena que
resolvemos a questão. Se tais escândalos fossem do PSDB ou de qualquer outro
partido os petistas estariam berrando, mas já que os mesmos ocorrem no PT há
uma cegueira seletiva. Que país que iremos construir assim? Quero o PT fora
porque ele é nocivo para o país e não para os interesses de uma classe ou grupo
qualquer e esta nocividade é visível para qualquer um que acompanhe os fatos
políticos que estão aí para todos verem.
Porque alguns indivíduos ditos petistas só falam no
passado? Por acaso qualquer coisa de errado que qualquer governo tenha feito
desde a fundação deste país irá inocentar ou redimir toda esta roubalheira,
bandalheira, corrupção e desgoverno que vemos neste PT da Dilma? Algo que o
imperador D. Pedro I ou II tenha feito encobre Pasadena ou o mensalão? Cadê a
maturidade? Volto a afirmar que política não pode ser encarada como futebol,
não estamos aqui para defender nosso time de futebol ou nossa escola de samba.
Qual o interesse em manter esta cegueira seletiva em relação ao momento
presente e a tudo se referir ao passado? Aqui e agora eu não quero um governo
corrupto e incompetente, não importa qual partido ou pessoa esteja à frente.
Que cessem os petistas com sua cegueira seletiva que
transparece quando defendem seu partido como a um time de futebol ou uma escola
de samba. Que cesse o governo PT Dilma em 5 de outubro de 2014 pela maturidade
nas urnas dos não cegos. Que cesse, por favor, a defesa do indefensável.
O mais chato é
observarmos que algumas pessoas não querem ver o óbvio que é esta roubalheira,
estes escândalos, o mensalão, Pasadena e tantos outros. De fato, penso que é
difícil ver alguém defendendo o indefensável, dá um embrulho no estômago. Acho
tão absurdo que quando vejo isto em alguma rede social, chego mesmo a chamar
outros amigos para verem o teor destes debates improdutivos. Meus amigos sempre
são bem vindos ao debate e se tudo correr bem, após 5 de outubro haverá uma
salutar mudança no governo federal.
A realidade do Brasil é desta para pior, basta olhar a sua
volta. É como digo, só não vê a realidade quem tem interesses particulares a
defender ou quem adota uma cegueira seletiva.
Se defender a verdade e questionar a integridade,
honestidade, capacidade e competência de um governo mergulhado em tantos
escândalos, como o mais recente de Pasadena ou o mensalão dentre muitos outros
e pedir um governo novo e honesto pode fazer a pessoa parecer ser um tolo, como
alguns mais radicais postam em redes sociais, então é preferível ser um tolo
convicto, pois, é preferível ser um tolo a aceitar esta realidade cruel sem
nada fazer para mudá-la. Nossos avós diziam que "água mole em pedra dura
tanto bate até que fura", portanto, continuemos sendo um tolo jogando água
contra este desgoverno.
O problema não é uma determinada classe ou grupo social,
como alguns petistas mais radicais querem fazer crer em postagens em redes
sociais. Ocorre que este desgoverno é danoso para a nação. No caso em
particular, por exemplo, da polícia federal, esta vem sendo impedida de
investigar e trabalhar contra a corrupção do próprio governo e vem em uma
seqüência de manifestações e tentativas de negociação, buscando não meramente
aumento, afinal, policiais federais não ganham mal, o problema são as condições
de trabalho e a necessidade de uma reestruturação da categoria para colocar a
mesma nos moldes do FBI norte americano, tornando o departamento mais eficiente
e atuante e empregando ao máximo os seus recursos humanos.
Caros amigos, se a Copa que está aí não tem o resplendor
que merece é porque os escândalos do PT a estão encobrindo. Não vejo de modo
diferente, penso sim que a alegria dos brasileiros pensantes foi em parte
roubada por esta quadrilha que está aí no governo, vide Pasadena, o Mensalão e
os dólares na cueca dentre muitos outros. Não há necessidade de gritar, basta
argumentar se tiver argumentos sólidos. Eu não dissemino inverdades sobre o PT
e não me venham com esta do PT versus o capital que não sou uma criança
intelectual. Tenho plena consciência do que faço e do que este desgoverno vem
fazendo ao nosso país. Eu não minto e seria deselegante ao oponente falar que
minha trajetória intelectual será manchada pelo simples fato de expor minha
opinião sobre este governo do PT, na verdade, se algo está sendo manchado é a
imagem do PT e quem a está maculando é o próprio partido. Deixem de cegueira
seletiva. Se um petista visse tudo isto feito pelo PSDB ou por qualquer outro
partido, este seria o primeiro a gritar e não comigo.
É, meus amigos, isto tudo é falta de educação em um país
de faz de conta onde à presidenta tem em seu currículo ter sido uma terrorista e
que corre o risco de ser re-eleita apesar dos diversos escândalos em sua
administração e pior, ainda encontramos pessoas que pintam de intelectual para
defender este desgoverno e negar a verdade mais óbvia.
Claro que sei que
com algumas pessoas e com alguns petistas não tem argumento que funcione, não
querem ver a realidade, quebram as regras do bom diálogo e saem cantando
vitória, chegam mesmo a lembrar aquele pombo da anedota, que pousa no tabuleiro
de xadrez, derruba as pedras, faz sujeira e depois grita que venceu.
Antes que comecem a tacar pedras neste ilustre amigo
anti-petista que agora vos escreve, devo deixar bem claro que só falei o que
penso, expressando minha opinião sobre fatos amplamente divulgados nas mídias,
portanto, não mandem pedras, pois, a César o que é de César. Em verdade e pelo
que tem sido exaustivamente veiculado pela mídia, escândalo após escândalo, se
continuar assim por mais um mandato, a expressão "PT" vai acabar
virando gíria para algo ruim, algo pejorativo, ser ladrão, corrupto, dizer uma
coisa e fazer outra e por aí em diante. Daqui há alguns anos, se quiser ofender
alguém na rua, basta gritar para o cara: "Vc é um grande PT".
Concordo
plenamente com aqueles que, intranqüilos com a atual situação, expressam suas
opiniões, seja pessoalmente ou por meio das redes sociais, pois, pelo menos a
nossa parte faremos para nos livrar desta situação anacrônica que o PT nos trouxe.
O que eu não
entendo é porque alguns petistas em redes sociais, se comportam de modo
bizarro, pois, assumem a postura de reclamar dos argumentos de quem não vai
votar no PT, mas eles próprios não tem argumentos viáveis. Usando-me de uma
metáfora, parece-me que tais pessoas vestem a camisa do Vasco e vão para o meio
da torcida do Flamengo gritar gol durante o jogo. Não acho isto muito sadio.
Até uma
criança percebe o que ocorre neste país e não precisa títulos, basta querer
ver, como dizem, só não vê quem não quer ver por algum motivo. Todos meus
amigos no meu Face sabem que sou contra o atual desgoverno PT, contra Pasadena,
o mensalão, os dólares na cueca, o esvaziamento e sucateamento da polícia
federal e outras mazelas deste governo federal encabeçado pelo PT e Dilma. Me
digam, por favor, meus amigos, por acaso eu falei alguma mentira? Por acaso sou
eu que estou tentando denegrir a imagem deste governo PT ou é o próprio governo
que tem o hábito de mergulhar de corpo inteiro na lama mais suja?
Há ainda os que misturam “alhos com bugalhos” e acabam
defendendo a legalização das drogas, maconha em particular, e as restrições
mais severas impostas pelo estatuto do desarmamento. Se alguém quiser defender
a legalização das drogas é problema desta pessoa, mas minha honestidade e ética
profissional me proíbem de o fazer. O caminho da vida é um e o da morte é
outro, o das drogas está associado a este último. Quanto à questão das armas, a
lei está aí e foi aprovada, mas nada impede que cada cidadão tenha sua própria
opinião a respeito e que futuramente outras leis venham a abordar o mesmo tema.
Eu particularmente entendo que não se deve desarmar a população e sim os
bandidos. Se o bandido tem certeza que as pessoas de bem estão desarmadas, seja
na rua ou em suas casas, este tende a ter mais confiança de que não haverá
reação e poderá agir impunemente. Neste tocante sou mais favorável à visão
norte americana sobre a compra e porte de armas.
Se a pessoa quer se iludir com este desgoverno é uma
coisa, mas inverter tudo que é dito por todos é outra bem diferente. Porque
inverter tudo o que é dito e querer transformar heróis em bandidos e bandidos
em heróis? A César o que é de César, caros amigos. Para tudo é necessário
argumentar e o que vejo por parte de alguns defensores petistas nas redes
sociais é que seus argumentos são de fato muito fracos, fogem do tema em
questão e por vezes citam autores meramente por citar, o que de fato não é
prova de erudição ou sapiência.
Mas cabe encerrar pedindo calma a todos, em particular nas
redes sociais, pois, é meu entendimento que mesmo que pensemos que temos de
tirar o PT do poder e que este partido não terá nosso voto, não adianta brigar
e perder a amizade com quem simplesmente não enxerga a verdade ou está iludido.
Que cada um expresse sua opinião com liberdade e bons argumentos, mas que não
ocorram brigas entre amigos presenciais ou virtuais motivadas pelo que os
políticos possam fazer ou deixar de fazer ou por qual candidato possa ser
eleito neste próximo pleito.
Pergunta: Em quem você vai votar
em outubro de 2014? Porque desta escolha?
Eis o que penso eu, Silvério, sobre a atual situação deste
desgoverno:
Caríssimos amigos, colegas e companheiros, se fosse tão
simples assim se livrar desta coisa absurda intitulada PT, se bastasse apenas
fazer uma lobotomia eu a recomendaria agora mesmo para todos os meus conhecidos
que ainda vivem no mundo da ilusão, dentro da caverna de Platão, acreditando em
suas vãs inocências que devem defender o PT e a Dilma, se negando a ver a
verdade, pois se não o fizessem não seriam intelectuais ou algo assim como
ovelhas em um rebanho todo branquinho sonhando serem vermelhas. Não querer ver
a corrupção e a ladroagem, não querer enxergar que esta "democracia"
que cala bocas é em verdade uma ditadura branca, negar os sucessivos escândalos
de má administração e desvio de verbas como os vinculados a PETROBRÁS, negar
que o PT da moral e ética deixou de existir quando ganhou a primeira eleição
presidencial e se transformou no pior governo que já tivemos neste país onde
nunca se roubou tanto em tão pouco tempo. Eu sou pela democracia e pelo direito
de falar e não pelo cala boca imposto. Eu sou pela honestidade e retidão e não
por esta lama de esgoto na qual este partido vem transformando este país.
Cabe deixar claro que a conta está sendo paga agora por
meio de roubo aos cofres públicos e uma má administração que, dentre outras
coisas nefastas, derruba a PETROBRAS. Este governo é uma ditadura branca e só
não enxerga quem não quer por estar ganhando com isto, e muito, ou quem está
iludido em um mundo de ilusões. Quanto a situação do Departamento de Polícia
Federal, cabe salientar o seguinte e deixar isto muito bem claro para que não
paire dúvidas, não é que determinado órgão ou grupo de pessoas não queira
ganhar mais, todos querem algum aumento independente de quanto ganhem e isto é
normal para todas as categorias, no entanto, cabe frisar que a polícia federal
não está fazendo alarde unicamente para ganhar uns trocados a mais, não é isto,
pretende-se uma reformulação total do sistema de segurança pública no país,
modernizando-o. Busca-se uma reforma que coloque a polícia federal dentro do
modelo e padrão FBI para que esta possa combater a corrupção de modo mais
eficaz, mas isto não interessa ao governo. O governo nega as reivindicações da
polícia federal, ignora os sucessivos pedidos de reestruturação da categoria e
modernização da polícia e fala que não dará aumento, fazendo ouvidos de
mercador, ignorando tudo que é falado e querendo fazer a população crer que se
busca pura e simplesmente aumento, o que não é verdade, se bem que a sete (7)
anos não haja reajuste e que a constituição determine reajuste anual. A verdade
é que para um governo corrupto e ladrão não interessa uma polícia federal forte
e eficiente para prender os petistas e seus associados, interessa, sim, uma
ABIN forte e com muitos investimentos governamentais, pois, este órgão muni o
governo de informações para se manter governo. Interessa calar a mídia, calar
as vozes em contrário. Interessa trancar a Internet, evitar que por algum meio alguém
fale a verdade sobre este governo, que não é de esquerda, que não é socialista
ou comunista, é simplesmente um bando de ladrões querendo se perpetuar no poder
comprando votos por meio de investimento forte nas faculdades particulares
usando dentre outros meios o FIES e pela compra de votos por meio da bolsa
família dentre outras bolsas. Dê uma esmola e roube o restante, só que quem
paga imposto neste país não merece ser assim roubado e cabe sim pedir o nosso
dinheiro de volta. www.doutorsilverio.com
Pergunta: O
que você pensa sobre os fatos ocorridos neste governo?
Prof. Dr.
Silvério da Costa Oliveira.
(Respeite os
Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de
ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)
OLIVEIRA, Silvério da Costa. “Discrinto” (discr-into ou
into-discri = discriminação + intolerância): Discriminação e intolerância como
base para os fenômenos do assédio moral, harassment, ijime, whistleblowers,
mobbing e bullying dentre outros.. Rio de Janeiro: [s.n.], 2013. xx p.
Disponível em: <www.doutorsilverio.com>.
Acesso em:
Sobre o autor
Silvério da Costa Oliveira é Doutor – Ph.D. e Mestre em Psicologia;
Psicólogo, Bacharel em Psicologia, Bacharel em Filosofia, possui a Licenciatura
Plena em Psicologia e a Licenciatura Plena em Filosofia, possui a Licenciatura
pelo MEC em História e Sociologia, autor de vários livros e artigos,
conferencista. Sua formação está estruturada sobre três pilares: a Filosofia, a
História e a Psicologia.
Título: “Discrinto” (discr-into ou into-discri = discriminação +
intolerância): Discriminação e intolerância como base para os fenômenos do
assédio moral, harassment, ijime, whistleblowers,
mobbing e bullying dentre outros.
Procura-se fornecer uma melhor
denominação em língua portuguesa para o fenômeno abordado em distintas
pesquisas por distintos nomes, tais como: assédio moral, harassment, ijime,
whistleblowers, mobbing e bullying dentre outros. Entende-se que tais fenômenos
são formados basicamente pela junção da discriminação e da intolerância e que todos
se assemelham entre si em sua base de origem. Discute-se tal fenômeno e
explica-se como o mesmo se desenvolve e o significado dos diversos nomes dados
nas pesquisas que o abordam.
Por: Silvério da Costa Oliveira.
O título deste
pequeno artigo, “Discrinto”, é uma proposta de mudança de nome para um fenômeno
bem antigo, se bem que as pesquisas sobre o tema sejam recentes, bem como o
maior interesse dado pela mídia. O fenômeno aqui abordado recebe diversos e
distintos nomes de acordo com o recorte dado pelos pesquisadores ao tema, mas
em essência o fenômeno é o mesmo, o que muda é o local onde o mesmo ocorre, a
faixa etária das pessoas envolvidas, a cultura predominante, enfim, o recorte
dado pelos pesquisadores que tende a favorecer a um determinado termo cunhado
por um grupo, visando salvaguardar os direitos autorais sobre a pesquisa.
Quando fazemos uso de um termo, fazemos uso de toda uma pesquisa anterior,
citando os nomes dos pesquisadores que foram os primeiros a usar o termo
fazendo pesquisa nesta área, deste modo, pesquisadores que usam um determinado
termo tendem a evitar usar outro pelo simples fato de o outro fazer referência
a outros pesquisadores e outras pesquisas sobre o mesmo fenômeno, em verdade,
temos aqui mais uma “reserva de mercado” do que distintas coisas sendo
pesquisadas.
Quando
proponho o termo “Discrinto”, penso que o mesmo é apropriado em língua
portuguesa por fazer referência direta a dois conceitos profundamente presentes
em todo este fenômeno, independente do nome que tenha sido anteriormente dado
ou do local onde o mesmo se dá, pois, por tal termo entendemos a combinação da
“discriminação” com a “intolerância” e seu resultado é um somatório de
agressões gratuitas e uma série de humilhações impostas a uma pessoa ou um
grupo por outras pessoas ou grupos, de modo repetitivo, contínuo, freqüente,
intencional e voluntário.
Entendo que
este fenômeno, por onde podemos claramente vislumbrar agressões gratuitas
físicas e mentais, humilhações, hostilidades diversas, intimidação, perseguição
e outras coisas ruins e nada dignificantes da condição humana, está imerso em
um mar de discriminação e intolerância, as quais se apresentam como base para
os fenômenos que recebem por meio dos pesquisadores diversos nomes de acordo
com a abordagem da pesquisa e o enfoque mais específico dado a uma determinada
nuance do problema, bem como, questões envoltas em valores culturais que tendem
a variar conforme a sociedade, deste modo, por meio da pesquisa francesa, por
exemplo, temos o conceito de assédio moral, focado no ambiente de trabalho e
onde temos um desnível de poder entre as partes, sendo este assédio visto de
modo mais sutil, disfarçado, levando a vítima a ter dúvidas se de fato sofre
assédio ou se é incompetente ou louca.
Nos últimos
anos este fenômeno tem ganhado cada vez mais presença na mídia e em pesquisas
ocorridas ao redor do mundo, sendo que cada grupo de pesquisadores tem feito um
recorte próprio neste fenômeno, selecionando uma determinada parte para
desenvolvimento de seus estudos e dando um nome particular ao fenômeno a partir
do enfoque dado à pesquisa, deste modo, este fenômeno tem sido abordado de
diferentes maneiras e recebido distintos nomes, tais como: assédio moral,
bullying, cyberbullying, mobbing, etc.
Nas pesquisas
norte-americanas temos o termo harassment, que se apresenta como um outro nome
para o assédio moral, onde temos aqui ataques repetitivos, intencionais e
voluntários visando atormentar a vítima.
Já o ijime, é
como o fenômeno se apresenta dentro dos estudos e da cultura japonesa, sendo
algo presente tanto no ambiente escolar, como também do trabalho, com a
variação que nesta cultura ainda é visto como algo aceito e necessário para
manter-se a uniformidade e evitar o individualismo visto como nocivo pela
cultura japonesa.
O termo whistleblowers,
por sua vez, traz a tona o problema gerado quando aqueles que trabalham em
áreas consideradas sensíveis, como, por exemplo, saúde e militar, tendem a
exercer sua cidadania alertando a população em geral sobre coisas muito erradas
que ocorrem em seus ambientes de trabalho, como, por exemplo, corrupção,
violações da lei ou de normas importantes à segurança, práticas desonestas no
serviço público, comportamentos apresentados por empresas ou associações que
tendam a ocasionar dano a natureza, saúde, segurança, propriedade e a sociedade
em geral. Claro está que denunciar o sistema, seja ele qual for, ocasiona
represarias e o indivíduo acaba sendo a vítima. Neste caso específico, as
agressões sofridas visam primeiramente silenciar o indivíduo, bem como evitar
que outros façam o mesmo.
Não poderíamos
deixar de falar na modalidade estudada com o nome de mobbing, pois pela mesma
os pesquisadores oriundos em geral dos países nórdicos (Suécia, Dinamarca,
Finlândia), da Suíça e da Alemanha entendem o comportamento agressivo e hostil
de um grupo para com uma pessoa isolada ou outro grupo menor, deste modo,
podemos ver o mobbing como um comportamento grupal presente no ambiente escolar
e do trabalho, no qual temos perseguições coletivas e violência subjetiva e
física. O termo mobbing tem sido usado quando se trata de um grupo atacando uma
pessoa ou outro grupo específico, de forma contínua, freqüente e repetitiva.
Por fim, temos
a menininha de ouro da mídia nos tempos atuais, o bullying, termo presente em
pesquisas de origem norte-americana e que de início focavam mais o ambiente
escolar, onde um ou mais meninos ou meninas tidos como valentões escolhiam uma
ou mais vítimas (as pesquisas apontam em média cerca de três vítimas por cada
molestador) para agredir e humilhar de modo repetitivo e freqüente, geralmente
tais alunos são escolhidos por serem vistos como diferentes do grupo e sem
condições de se autodefenderem, não podendo responder em pé de igualdade ao
agressor. O termo bullying acabou sendo usado mais em pesquisas envolvendo o
ambiente escolar, crianças e adolescentes. Hoje, as pesquisas sobre bullying
incluem outros ambientes além do escolar e o termo é freqüentemente usado para
agressões no ambiente de trabalho.
Por
cyberbullying entendemos o somatório dos ataques feitos com o uso dos meios de
informática, tais como mensagens eletrônicas, vídeos, fotos, textos e criação
de sites na Internet ou o uso das comunidades e redes sociais para infernizar a
vida de uma pessoa ou grupo, depreciando, humilhando, difamando, ameaçando e
organizando situações extremamente desagradáveis para a vida de tais pessoas.
Por sua vez o
termo assédio moral esteve mais presente em pesquisas envolvendo adultos em
seus ambientes de trabalho.
Citei algumas
variações com seus respectivos nomes, dentre outros, presentes neste fenômeno,
mas cabe destacar e frisar que não importa o nome que seja dado, o que temos
sempre presente de modo repetitivo, freqüente e constante é a discriminação de
uma pessoa ou grupo de pessoas por serem as mesmas consideradas de alguma forma
como diferentes e a intolerância diante destas pessoas, desta diferença e desta
situação. A intolerância diante do diferente é tamanha que a este é negada a
possibilidade de existência, devendo ser isolado, negado e afastado
violentamente do grupo, neste caso vale tudo, desde zombarias a agressões
físicas abertas ou sutis e veladas.
Todas as
pessoas são diferentes, todos têm a sua individualidade, a qual deve ser
respeitada, no entanto, a grande maioria tem medo de ser diferente e prende-se
a idéia de ser igual a todos os demais integrantes de seu grupo social. Uma
forma de unificar os laços sociais e afetivos presentes entre os integrantes de
um grupo social é contrapor seus integrantes a outros que sejam diferentes do
grupo, ao afirmar esta diferença, destacando-a, reforçar a ilusão de igualdade
presente no grupo social. Deste modo, tanto a um indivíduo, como também a um
grupo social minoritário que seja considerado diferente podem advir
conseqüências bem desagradáveis, gerando dor, sofrimento e mesmo a morte.
Neste fenômeno
temos de destacar o aspecto repetitivo do mesmo que o irá diferenciar de
situações outras, onde mesmo havendo agressões a um indivíduo ou grupo não há
razões que o justifiquem incluir como parte integrante do fenômeno em análise.
Presente ao fenômeno teremos a possibilidade de agressões físicas que podem
aumentar em intensidade até provocar danos expressivos ou mesmo a morte da
vítima, temos também a presença de situações onde haja explícita ou implícita
intimidação, presença de ameaças, depreciação, exclusão de participação em
atividades do grupo, etc.
O que faz com
que alguém seja vítima é o fato desta pessoa ou grupo social ter determinadas
características que sejam desvalorizadas ou, ao contrário, supervalorizadas e
que gerem inveja por parte do grupo social dominante. Deste modo, o alvo
escolhido para vítima pode ser uma pessoa muito gorda ou muito magra, muito
alta ou muito baixa, que faça uso de alguma coisa que a torne diferente (óculos
de grau, aparelho nos dentes, colete ortopédico, etc), com características de
personalidade que a coloquem em um extremo de timidez e introversão ou seu
completo oposto, pessoas consideradas pelos padrões vigentes como muito feias
ou muito belas, pouco ou muito inteligentes, em relação à média.
Vítimas podem
desenvolver transtornos, apresentar tentativas de suicídio ou tentativas de
vingança contra aqueles tidos como agressores. Temos diversos episódios de
pessoas que após terem sofrido episódios nos quais foram constantemente
molestados, humilhados e ridicularizados, tentaram se vingar adquirindo armas e
atacando diversas pessoas, ocasionando verdadeiros massacres aparentemente sem
sentido.
Querendo
admitir ou não, este fenômeno se apresenta para a vítima como a imposição de
forte agressão e crueldade deliberadamente direcionada para ela por outra
pessoa ou grupo social com o claro objetivo de fazê-la sofrer emocional e
fisicamente, criando relações de poder onde a vítima é percebida como exercendo
um papel social inferior, fraco, vulnerável e com possibilidade de manipular
menos e mais fracos instrumentos de poder que seus agressores.
Quanto aos
agressores, estes podem agir sozinhos ou em grupos. Pesquisas apontam que
grupos de meninas e mulheres tendem mais a optar por comportamentos que levem a
exclusão social da vítima escolhida, é comum neste grupo a utilização de
boatos, a intimidação por meio de insultos sussurrados ou risos no grupo diante
da vítima, destruição da reputação social da vítima, tentativas de afastar
outras pessoas do convívio da vítima. Já em meninos e homens é mais comum a
agressão física e verbal direta. Claro está que a forma como o grupo agride
está diretamente associada à cultura e época histórica em que as pessoas vivem,
conforme as mulheres e homens vão se assemelhando culturalmente em nossa
sociedade, também seus comportamentos agressivos tendem a tornarem-se mais
parecidos.
Podemos falar
de um determinado perfil de personalidade que esteja mais propenso aos ataques
no ambiente escolar e de trabalho, se bem que basta ser considerado diferente
do grupo dominante para ser alvo dos mais degradantes ataques. Como perfil
básico das vítimas podemos citar: timidez, ansiedade, insegurança, falta de
habilidades sociais, dificuldade de se impor perante o grupo, medo dos
agressores e recusa em denunciá-los, baixa auto-estima. Claro está que grupos
sociais específicos também são alvo constante de ataques, como, por exemplo:
etnias, religiões, preferências sexuais, obesidade, etc.
Para muitas
pessoas que mantêm a ilusão do grupo de iguais, ser diferente é uma ofensa
imperdoável que merece ser punida da forma mais violenta e horrenda possível,
para que não haja margem de dúvida que tal comportamento não é aceitável e mais
importante ainda, para deixar claro que os agressores são iguais entre si,
normais dentro de seu grupo, e não são semelhantes ao que é diferente. Este,
por afirmar a diferença, reforça a ilusão da igualdade e irmandade dentro do
grupo.
Para
entendermos este fenômeno é necessário a compreensão dos três atores presentes.
Os protagonistas desta tragédia social são (1) quem maltrata e agride, (2) a
vítima que sofre as agressões e (3) os espectadores do drama. Para mudar esta
situação e acabar com tal comportamento inaceitável é necessário trabalhar em
cada um destes personagens, propondo novas formas de lidar com situações
complexas, com seus próprios sentimentos e com o comportamento e atitude
expressado pelas demais pessoas. É preciso que os espectadores parem de
assistir calados e indiferentes a estas cenas grotescas de abuso, humilhação,
agressão e violência gratuita. É preciso que toda a sociedade diga não a tais
comportamentos agressivos e degradantes.
Aqui, por
“discrinto”, com os diversos e distintos nomes que fragmentos deste fenômeno recebem
em distintas sociedades e culturas por meio de pesquisas e abordagens dadas por
pesquisadores diferentes, temos, antes de mais nada, uma patologia social do
isolamento e da solidão. A mais eficaz defesa que se pode ter contra tais
fenômenos é a formação de grupos de amizade, de alianças construtivas, o
encontro de solidariedade. Quanto mais só a pessoa estiver, mais vulnerável aos
ataques ela estará, deste modo, estar em interação com o grupo, ter contatos
sociais e manter amizades diversas funciona como uma vacina profilática. Os
agressores em geral tendem a tentar isolar suas vítimas, privando-as da
solidariedade de outras pessoas e destruindo possíveis alianças que esta possa
ter, alimentando a rivalidade entre grupos e permitindo ataques sem defesa ou
intervenções externas. Alianças certas e uma eficaz rede de comunicação são
fortes armas contra a discriminação e a intolerância em todas as formas em que
se apresentar.
Pergunta: Você já foi vítima, autor ou
participante de alguma cena de forte discriminação e intolerância a uma pessoa
ou grupo social?
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O que você precisa saber: Identificação, prevenção e repressão. 2. ed. rev.,
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ZAWADSKI, Mary Lee; MIDDELTON-MOZ, Jane. Bullyng: Estratégias de sobrevivência
para crianças e adultos. Trad. Roberto Cataldo Costa. Porto Alegre: Artmed,
2007. 152p.
Assédio moral no local de
trabalho. Rio de Janeiro: SinproRio – Sindicato dos Professores do Município do
Rio de Janeiro e Região; NUCODIS/DRT-SC, [2010].
Prof. Dr.
Silvério da Costa Oliveira.
Escritor, Filósofo, Psicólogo.
Doutor (UERJ) e Mestre (UFRJ/FGV) em Psicologia; Professor universitário.
(Respeite os Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto
– Todo autor tem o direito de ter seu nome citado junto aos textos de sua
autoria)
Pensei em ocupar
os três reinos, animal, vegetal e mineral, mas por fim optei por destacar o
arco-íris no lugar do terceiro elemento simbólico em virtude da força do
símbolo no tocante ao que me proponho a aqui explicar. E devo lembrar também
que para alguns há a lenda de que no final do arco-íris encontra-se um pote de
ouro (mineral), bem, no nosso caso faremos alusão a esta fortuna adjetivando
nosso arco-íris como sendo cor de rosa. Claro esta também que existem nomes
técnicos para alguns dos quadros clínicos que irei abordar aqui, como, por
exemplo, psicopatia ou sociopatia, no entanto, pretendo discorrer de forma mais
alegre e menos técnica sobre pessoas com as quais todos nós convivemos no nosso
dia-a-dia, mesmo que nem sempre percebamos as nuances mais sutis de seu
comportamento.
Pensemos aqui
o termo camaleão de modo semelhante ao adotado pela cultura popular quando esta
utiliza o termo em referência a camuflagem e mudança de cor de tais animais,
adaptando-se e confundindo-se com o meio, tornando-os menos visíveis, como uma
característica de algumas pessoas, as quais seriam percebidas socialmente como
pessoas volúveis e maleáveis no tocante ao seu comportamento e a facilidade de
adaptá-lo ao ambiente no qual transitam. Tal termo pode ter uma conotação
negativa, assemelhando-se a falsidade, ou uma conotação positiva,
assemelhando-se a flexibilidade, de qualquer modo, este termo está presente
coloquialmente em linguagem figurada visando adjetivar qualidades de algumas
pessoas. O camaleão humano é um especialista em se confundir com a paisagem,
qualquer que seja a paisagem.
O camaleão, figurativamente
falando, também pode ser visto como um predador humano, um predador social, que
sabe se disfarçar de modo a que as demais pessoas não percebam suas verdadeiras
intenções. Camaleões humanos mudam sua cor para se adaptarem a ambientes ou
situações, estratégia que os ajuda a passarem despercebidos e poderem agir
impunemente. Estamos diante de um caçador, de um predador em busca de sua presa
e se não ficarmos atentos seremos nós a vítima. Sua aparente inocência pode
esconder grande agressividade.
Camaleões são
predadores de pequenos insetos e camaleões humanos são predadores de outros
humanos. Eu sou profissional naquilo que faço, o camaleão humano também, só que
ele é profissional da enganação, esta é a grande diferença, enquanto os demais
profissionais querem mostrar pela sua boa imagem o que de fato são, este busca
mostrar quem não é por meio de uma falsa imagem que esconda sua verdadeira
natureza, atividade e interesses. Tais pessoas são muito boas em fingirem ser o
que de fato não são, por sua vez, as pessoas em geral, mesmo profissionais
como, por exemplo, psicólogos e policiais, não são muito boas em perceber de
fato quando alguém está mentindo, mesmo acreditando que são capazes de o
fazerem. As pessoas procuram monstros horríveis e não cordeiros encantadores e
o camaleão sabe ser o que bem quiser na hora em que assim o desejar. Pior ainda
se levarmos em consideração que a grande maioria das pessoas acredita piamente
que o comportamento privado pode ser previsto a partir do comportamento
demonstrado publicamente, o que é um ledo engano do qual o camaleão sempre se
aproveita.
Gentileza e
simpatia na dose certa e quando necessário for irão muito bem encobrir uma
outra esfera não tão agradável de ser observada. Camaleões quando querem
possuem uma capacidade natural de demonstrarem publicamente que são pessoas
sedutoras, agradáveis, sinceras e honestas, atraindo para si a confiança e por
vezes paixão das demais pessoas. As pessoas esquecem ou simplesmente não sabem
que gentileza não é um traço de caráter e sim uma decisão consciente que pode
ser usada para manipular o comportamento de outras pessoas.
Não somente no
sentido criminoso podemos entender tais seres, pois os mesmos estão presentes
mesmo nas mais inocentes interações sociais. Um bom exemplo histórico para um
camaleão social, se formos buscar uma contribuição na Grécia antiga, seria o
general e também estadista Alcebíades, cuja influência perpassou vários
Estados, cada qual a sua vez, começando pela cidade Estado Atenas, depois
Esparta, em seguida a Pérsia e por fim retornando a Atenas, sempre agraciado
pelos seus concidadãos nas cidades onde esteve.
No camaleão
humano encontramos o mero prazer da enganação pela enganação e não pelo medo de
ser pego sendo o que de fato é, pois a enganação torna-se não somente
lucrativa, mas também prazerosa. Nosso camaleão humano é um predador social,
mas não necessariamente um criminoso ou algo semelhante. Pode ser alguém
estritamente dentro dos padrões das leis vigentes naquele momento histórico no
Estado no qual vive, o que tem maior relevância aqui é que seu interesse
primário se dá consigo próprio, não havendo qualquer outra consideração com
outras pessoas que venha a ocupar um lugar de primazia sobre si-próprio. Em
geral o camaleão humano, quando não adentra em atividade puramente ilegais,
tende a prosperar e ser bem sucedido e admirado pelos que com ele convivem. Camaleões
humanos não sentem remorsos ou preocupação genuína e desapegada por outras
pessoas, nem se intimidam diante da possibilidade de sofrerem conseqüências
danosas decorrentes de seus atos.
Altamente
manipulares, charmosos e sedutores, atraem para si, se assim desejarem, a
companhia de pessoas interessantes e socialmente valorizadas. Mesmo aqueles que
são por eles enganados e ludibriados, por vezes ainda sentem a sua falta, pois
sua presença era importante emsuas
vidas, proporcionando-lhes excitação e alegrias. Um camaleão humano não se
sente culpado se sua camuflagem nos engana e por meio da mesma tira de nós
alguma vantagem, em verdade, o sentimento aqui não é de culpa ou remorso e sim
de orgulho pela bela camuflagem que resultou em um perfeito engano para o
inseto que foi sua refeição. Tais pessoas podem produzir temor se assim o
desejarem, mas em geral fabricam encantamento nas demais pessoas. Não se trata
de um vilão e sim de um sedutor camaleão que com seu encanto arrebata a todos,
mesmo aos que trai em sua inocência e credulidade.
Camaleões
humanos sabem perfeitamente identificar arco-íris cor de rosa humanos como suas
potenciais vítimas e grandes carvalhos como lugar de inspiração e abrigo de
tempestades sociais. Sabem bem separar o metal sem valor do metal nobre e
valorizado. O camaleão precisa saber com que lida, para saber quem ele próprio
será naquela situação social. O camaleão sabe estudar suas presas e usar de
camuflagem para tornar-se igual ao que as pessoas com quem venha a conviver
gostariam de ter como amigo durante sua infância ou adolescência, busca as
carências e crenças e se adapta às mesmas vindo a preenchê-las como a pessoa
ideal que nós sempre quisemos como amigo.
Podemos também
pensar que algumas pessoas se assemelham a um carvalho, árvore tida como
símbolo da vida e da evolução em direção a patamares mais elevados. Nos lembra
a teoria proposta pelo psicólogo Alfred Adler, na qual o inferior luta em
direção a superação de suas inferioridades, tornando seus pontos mais fracos
nos mais fortes. A planta do carvalho pode nascer pequena, indefesa e
vulnerável, mas com o passar dos anos se torna em um grande, forte e vigoroso
carvalho. O grande filósofo Sócrates foi um carvalho humano e como ele, muitos
outros, alguns famosos, outros anônimos.
Carvalhos
humanos não se curvam facilmente diante de um vendaval, continuam altivos e
firmes em seus postos lutando pelo que acreditam ser a verdade e os valores que
aceitam como justos. Carvalhos não abandonam o que fazem para meramente salvar
suas próprias vidas, pois acreditam que antes precisam salvar seus ideais, fugir
não faz parte de sua rotina de vida. Com calma e resistência, deixam claro a
todos que não irão desistir, independente do ataque que possam vir a sofrer.
Carvalhos um dia terão sua história contada, senão por outro motivo, pela
bravura na perseverança em seus ideais.
Um velho
carvalho sabe tudo sobre camaleões e arco-íris cor de rosa, bem poderia ser um
ou outro se o quisesse e por vezes se questiona se não seria melhor ser um
arco-íris cor de rosa humano do que um velho carvalho bem preso as suas raízes,
aos seus ideais e formação. Sabe bem que poderia ser um camaleão, mas escolhe
ser um carvalho e do alto de suas ramagens vê o embuste da camuflagem do
camaleão.
Algumas
pessoas se fossem se metamorfosear em algo, este algo seria um arco-íris cor de
rosa, pois, lembro que o arco-íris é no contexto bíblico do Antigo Testamento o
símbolo da promessa de deus, Javé, de que não ocorreriam outros dilúvios.
Arco-íris cor de rosa humanos são pessoas que querem ver a bondade no mundo,
sentido e significado nas coisas aleatórias, em verdade, trata-se aqui da
maioria das pessoas com suas crenças em um mundo ordenado por meio de uma
vontade superior e que buscam um sentido em deus ou em uma divindade superior
para explicar mesmo as coisas que carecem de sentido e são totalmente
indiferentes à bondade ou maldade, ao que você faz ou deixa de fazer, a quem
você é ou foi nesta vida.
Algumas
pessoas parecem colocar lentes cor de rosa, pois vêem o mundo somente por um
prisma que exclui a maldade e em todos conseguem ver bondade e amizade,
tornando-se vítimas potenciais de predadores astutos. Algumas pessoas de fato
escolhem acreditar que há bondade em todos a sua volta. O mundo no qual vivemos
tem a ver com nossas crenças, de fato, nossas crenças determinam o mundo no
qual vivemos e podem ser usadas facilmente contra nós. O irônico da questão é
que pensamentos positivos e otimismo nos fazem mais felizes e tornam nossa vida
física e emocionalmente melhor, no entanto, simultaneamente nos proporcionam
maior facilidade para sermos vítimas de predadores de todos os tipos que tendem
a se aproveitar de nossa inocência e de nosso desejo de não querer ver a
crueldade grotesca presente em algumas pessoas. Ser otimista e ter pensamentos
positivos nos tornam mais saudáveis e felizes e disto não há dúvidas, mas
simultaneamente nos tornam também mais vulneráveis.
Todas estas
pessoas vivem em um mesmo mundo? Apesar de fisicamente o mundo ser o mesmo para
todos, cada qual vive no mundo pertencente ao conjunto de seus saberes e
crenças. O mundo percebido por um camaleão humano não será de modo algum
idêntico ao percebido por um carvalho ou por um arco-íris cor de rosa. Claro
está que alguns destes mundos são mais amplos do que outros e que algumas
visões da realidade nos tornam mais propensos a sermos vistos como vítimas em
potencial por predadores sociais. Uma visão mais ampla da realidade, somada a
fortes valores morais e sociais, pode também gerar sofrimento ao grande
carvalho, diante da visão da estupidez humana e da vastidão do conhecimento ainda
não alcançado. Penso que para nós o importante é sabermos que as pessoas são
diferentes, que possuem um grande potencial para ser desenvolvido e que nem
sempre são aquilo que aparentam ser.
Também
importante é termos consciência que mesmo que não saibamos, podemos hoje estar
caminhando potencialmente em direção a sermos vítimas de algum predador social
e que, portanto, para nossa própria sobrevivência, temos de ter cuidado com
nossas crenças e inocência.
Arco-íris cor
de rosa humanos teimam em afirmar que a desgraça sempre ocorre com o outro e
nunca com elas próprias, acreditam que podem ter controle sobre o que de bom ou
ruim ocorre em suas vidas e seguem rituais irracionais para obterem o que
desejam e preservar a integridade do que acreditam ser e ter. O carvalho pode
ser grande e imponente, mas está firmemente preso as suas raízes, por sua vez,
o camaleão é ágil e se movimenta com facilidade nos mais diversos terrenos
sociais em um mundo onde predominam pessoas arco-íris cor de rosa. São modos de
vida e de interação social que quando devidamente compreendidos nos permitem um
melhor convívio em sociedade, bem como, uma vida mais ampla e gratificante.
Pergunta: Você
gostou? Com qual personagem figurativo você mais se identifica aqui e quais
aspectos de personalidade ou interação social lhe parecem mais importantes e
significativos? O que mais você gostaria de acrescentar ou falar?
Prof. Dr.
Silvério da Costa Oliveira.
(Respeite os
Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de
ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)
O ser humano
vazio de valores e impregnado pela influência volátil das mídias apresenta-se
como uma casca vazia, sem conteúdo, sem coisa alguma que o faça digno da
humanidade que a rigor possui.
A nossa
sociedade valoriza a aparência, nada contra, afinal, nossa aparência diz muito
sobre o que somos, fazemos, pensamos e queremos. Sabendo olhar para alguém
vemos muito mais do que esta gostaria que víssemos, no entanto, o fato curioso
está que nossa aparência externa, nossa produção diária, não passa do papel que
embrulha o presente que somos nós. Ocorre, no entanto, que algumas pessoas se
preocupam tanto com o papel de presente que esquecem do próprio presente que
deveria estar nele contido.
Parece que
algumas pessoas são detentoras de um profundo vazio existencial, cuja imensidão
não preenchida assusta mentes incautas e pode proporcionar em algum momento uma
imperiosa necessidade de ser preenchido com algo, seja lá o que for, como se a
dor de uma caixa vazia pudesse ser suprimida ao se encher esta caixa com lixo.
Daí as pessoas se atiram de corpo e alma, com tudo de seu ser vazio em uma
religião de fachada, também vazia em outro nível, convertem-se a isto ou aquilo
outro e para calar a voz interior que diz que tudo aquilo é falso e sem
sentido, buscam a confirmação da veracidade e do sentido na compulsiva
tentativa de converter a outros para o mesmo caminho, agora doravante trilhado
na convicção que pela inundação de novos conteúdos possam aplacar os gritos do
silêncio que emanam da profundidade abismal de seu vazio interior. Se antes
eram fúteis, continuam sendo, mesmo sem o saber.
Como um
elegante manequim bem vestido dentro de uma vitrine de loja, algumas pessoas
mostram uma casca de extrema beleza, produzida com o uso não somente de uma
peculiar combinação genética e de um biotipo socialmente valorizado, mas também
pela contribuição de competentes salões de cabeleireiro e manicure, por
conceituadas lojas de roupas de grife e pelo jovial encanto da juventude dada
de graça e desperdiçada por coisa alguma. Ao olharmos o conjunto não temos como
não admirar tais pessoas, com sua postura e beleza sedutora paga no cartão de
crédito, no entanto, olhando bem nos olhos e penetrando este olhar por esta
janela da alma, sentimos de imediato um sentimento de angústia e medo ao sermos
jogados do alto para o nada sem pára-quedas que reduza a velocidade desta queda
no nada que deveria ser uma pessoa, seus valores, conceitos, experiência,
formação, crenças, superstições, esperanças, motivações, desejos, ambições e
direcionamento.
Casca vazia
humana, lugar onde centra-se e concentra-se a hipocrisia e futilidade
plenamente presente em uma vida não vivida, em uma vida inútil. Sua vida e
mesmo sua morte não passam de um mero número, pois, sua contribuição para a
humanidade é puramente quantitativa e não qualitativa. Irá ajudar a compor as “massas”
acéfalas que compõem o pior do que podemos vislumbrar em um ser-humano. Sem
sentido, quando a juventude se vai o desespero chega e se a isto se soma uma
perda social qualquer, como, por exemplo, um namorado ou algo equivalente, a
inserção em um falso mundo religioso após súbita conversão é praticamente
certa. Aquele ou aquela que sequer sabe quem é, agora pensa, se é que consegue
tal feito, ter encontrado a deus e quer levar a todos para o caminho, ou
descaminho, que este passou a ardorosamente seguir.
Estas pessoas
não conseguem viver sem o uso de algum tipo de muletas emocionais (religião,
drogas, álcool, amor ou sexo obsessivo, etc.), pois, consideram a vida um fardo
por demais pesado para ser por elas carregado, não vêem a beleza, pois, estão
envoltas na dor do medo. Como suportar a vida que elas nunca viveram, que
sempre temeram, ignoraram e fingiram não existir? Para viver não basta ser a
imagem imóvel de um manequim humano vestido com marcas da moda em meio aos
agitos da noite para mostrar-se a sociedade. Para viver de fato é preciso
começar a ser alguma coisa, e esta coisa é você e não meramente a marca de
roupas que você usa para fazer parte de sua tribo. Assumir-se com tudo de bom e
ruim que você é, sem acreditar que sua vida será maravilhosa quando fizer mais
uma cirurgia plástica no nariz que só você enxerga como feio ou anormal para o
seu biotipo.
Não estou
negando o valor ou a beleza da embalagem, muito pelo contrário, reconheço a
beleza do papel que envolve um presente como algo socialmente importante, mas
cabe frisar que trata-se somente do papel de embrulho e por melhor e mais
bonito que este seja, quando desembrulhamos nosso presente, esperamos encontrar
algo dentro da linda embalagem e algo que seja condizente com a beleza da
própria embalagem. Sempre é uma decepção abrir uma caixa vazia, quando
aguardávamos encontrar nela um presente.
Pergunta: O
que vai dentro desta bela casca corresponde à beleza de seu exterior?
Prof. Dr.
Silvério da Costa Oliveira.
(Respeite os
Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de
ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)