Professor Doutor Silvério

Blog: "Comportamento Crítico"

Professor Doutor Silvério

Silvério da Costa Oliveira é Doutor em Psicologia Social - PhD, Psicólogo, Filósofo e Escritor.

(Doutorado em Psicologia Social; Mestrado em Psicologia; Psicólogo, Bacharel em Psicologia, Bacharel em Filosofia; Licenciatura Plena em Psicologia; Licenciatura Plena em Filosofia)

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quinta-feira, 12 de outubro de 2023

A esquerda política é uma religião sem deus

 

Por: Silvério da Costa Oliveira.

 

A esquerda política é uma religião sem deus

 

A Esquerda política, em sua base marxista-leninista, ou mesmo com seus desenvolvimentos subsequentes, como a Escola de Frankfurt e outros movimentos que deram continuidade e desenvolvimento a este pensamento político, apresenta analogias e semelhanças com uma religião messiânica, ou mais especificamente com o Gnosticismo, que no século II d.C. foi considerado uma heresia cristã, entendimento este que se manteve até o final do século XVIII, só começando a mudar a partir do século XIX, quando os estudiosos passaram a entender o Gnosticismo como uma religião, e bem mais antiga que o cristianismo.


 

O Gnosticismo foi tido como uma heresia cristã, e como tal foi combatido no início do cristianismo pelos padres apologistas, mas foi bem mais que isto, tratava-se de uma religião mais antiga que o cristianismo e que trazia diversas influências culturais, inclusive mesclando temas religiosos orientais com a filosofia grega.


 

A história registra que não existe um único gnosticismo, não existe uma única gnose, e sim uma multiplicidade de discursos que na sua pluralidade tentam por meio do conhecimento, entender o cosmos em toda a sua amplitude. Neste tocante, analogamente podemos dizer que não há uma única esquerda, uma única forma de socialismo ou comunismo, e sim uma multiplicidade de discursos que na sua pluralidade tentam por meio do conhecimento, entender a sociedade em toda a sua amplitude, visando destruir as atuais estruturas e transformar esta sociedade.

A esquerda política, o marxismo-leninismo, o socialismo e comunismo, podem ser entendidos como faces de um mesmo movimento, uma religião messiânica, uma religião sem deus, que foi assim criticada e condenada por vários papas católicos, por ser contrária e incompatível com a doutrina religiosa cristã. Com relação ao comunismo, o papa Pio IX, em 1846, na encíclica “Qui pluribus”, já o condenava. Também o papa Leão XIII, em 1878, na encíclica “Quod Apostolici muneris”, e o papa Pio XI, em 1931, na encíclica “Quadragesimo anno”, e em 1937, na encíclica “Divini Redemptoris”. O papa João Paulo II também exerceu fortes críticas ao comunismo e aos regimes comunistas durante o seu papado.

Fica claro que não é possível ser Católico Apostólico Romano e comunista ao mesmo tempo, aliás, ao analisar a fundo a doutrina comunista, fica evidente não ser possível ser cristão e comunista simultaneamente. O comunismo se apresenta tal qual uma religião, mas uma religião sem deus, é a defesa do ateísmo, a negação da existência de deus.

Podemos ser levados ao engano ao acreditar que política e religião são dois mundos distintos, na verdade não é bem assim. Ao estudarmos o assunto fica evidente uma ponte entre este movimento político e o fenômeno da religiosidade. Em suas origens, a esquerda política se mostra culturalmente como algo de religioso. Sua origem se pauta nas antigas heresias cristãs, que, aliás, faz com que a mesma se oponha frontalmente às Igrejas cristãs, suas rivais religiosas na busca por novos fiéis.

O comportamento do militante de esquerda, bem como a estrutura das organizações políticas que tem a esquerda como base, em particular a leitura das obras de Marx, podem encontrar uma origem em algo bem mais antigo, em algo já tido como uma heresia cristã, mas que hoje em dia entendemos que foi, na verdade, uma religião independente. Penso que há fortes semelhanças entre a esquerda política e o Gnosticismo e, por meio de tal, podemos buscar as origens religiosas presentes na esquerda política, seja na sua estrutura ou na mentalidade de seus militantes.

Para os gnósticos havia um conhecimento superior e místico destinado aos iniciados. O mundo que nos cerca foi criado por um deus imperfeito, o demiurgo, e o humano se encontrava preso neste mundo e em seu corpo, sua salvação só ocorreria por meio do conhecimento, a gnose.

A doutrina de esquerda também vê o mundo ao nosso redor como algo imperfeito e que a salvação não se dá pela crença em um deus e sim por um conhecimento dado somente aos iniciados. Este conhecimento lhe proporcionará se libertar deste mundo. Há toda uma atitude do militante que enxerga este mundo como um lugar estranho e mesmo mal. Há uma sensação que se assemelha a uma atitude religiosa e mística que o coloca existencialmente de frente com a angústia de se sentir preso em um lugar terrível. O militante de esquerda enxerga este mundo como algo imperfeito, lugar de injustiças e de opressão de uma classe por outra. Trata-se de um mundo imperfeito que precisa ser substituído por um outro mundo, este perfeito, justo e livre.

Para os antigos gnósticos o mundo material é algo mal, a matéria é um elemento mal, daí a necessidade de evitar reproduzir a matéria, de evitar de ter filhos. A matéria aprisiona a alma e a procriação é a perpetuação desta prisão. A família, o casamento e filhos é algo a ser evitado. A sexualidade não é algo bom e o mesmo pode ser dito sobre a existência de dois sexos, pois, é pela junção dos mesmos que se geram filhos, que se reproduz a matéria e perpetua a prisão da alma nesta matéria.

O mundo ao nosso redor, os prazeres e benesses que dele podemos retirar, é entendido como um obstáculo a ser superado para se chegar a uma dada meta por ambos movimentos. Os Gnósticos entendem o mundo como essencialmente mal, devendo evitar reproduzir a matéria, já para os pensadores da esquerda política temos uma crítica à sociedade capitalista consumista e a alienação presente nas camadas sociais.

O humano (sua alma ou espírito) é bom, o mal se encontra na matéria. São todas as estruturas sociais e políticas presentes neste mundo que são ruins, pois, tudo que é matéria é ruim, somente o espírito no interior deste humano é bom.

O militante de esquerda, à semelhança dos antigos gnósticos, tem como imagem de si ser um dos eleitos, detentor de um conhecimento que o diferencia dos demais. Por querer mudar o mundo e acabar com as injustiças aqui presentes, entende ser alguém bom e puro, mesmo que seus métodos não o sejam. O militante está acima de qualquer regra moral ou legal em sua luta por tornar este mundo em algo melhor.

A doutrina de esquerda busca não o paraíso pós morte e sim a transformação deste mundo em um futuro paraíso, onde teremos a igualdade entre todos como se fossem irmãos, a ausência de crimes, a paz entre as pessoas e as nações, abundância de bens para atender as necessidades das pessoas, e, claro está, obtenção da felicidade por todos. Não se trata, no entanto, de um paraíso espiritual e sim de um paraíso terreno e material, a doutrina é materialista.

A militância de esquerda atua de modo messiânico tentando levar a mensagem na qual acreditam piamente a todos, rompendo com as ilusões deste mundo, visando transformar ou mesmo destruir tudo de mal que a matéria gerou. Tal comportamento da militância pode se mostrar de modo fanático, mesmo envolvendo o uso da força, como no caso, a revolução do proletariado e a ditadura do proletariado.

Tanto no Gnosticismo, como também na Esquerda política, podemos observar uma crítica e questionamento da ordem e da autoridade estabelecidas. Para os primeiros cristãos, o Gnosticismo questionava a autoridade religiosa e as estruturas que estavam se formando na Igreja. Os gnósticos questionavam a autoridade da Igreja Cristã. Já no tocante à esquerda política, esta questiona criticamente o sistema capitalista, questiona a autoridade do sistema social e econômico capitalista, bem como, da existência de uma sociedade de classes, buscando a destruição e transformação da mesma em uma sociedade comunista, sem classes.

A busca por transformação e libertação está presente em ambos movimentos. Para os gnósticos trata-se da libertação da prisão do corpo (matéria), já para a esquerda política trata-se da libertação social das desigualdades e contradições.

A tomada de consciência por meio do conhecimento está também presente em ambos movimentos. O conhecimento ou gnosis é altamente valorizado pelos gnósticos, do mesmo modo que a conscientização das classes oprimidas sobre a sua situação e seu potencial revolucionário de mudança presente na leitura de Marx, ou, do potencial revolucionário contido nas contradições sociais que geram grupos opressores e oprimidos dentro da sociedade, segundo alguns membros da Escola de Frankfurt.

Enquanto os gnósticos buscavam um tipo de igualdade espiritual, por meio do conhecimento e entendendo ser a matéria algo de maligno, os adeptos da esquerda política buscam uma igualdade social e econômica.

Em ambos movimentos temos uma busca por uma situação de perfeição, nos gnósticos temos a busca pela união com uma divindade superior, já na esquerda política temos a busca por uma sociedade sem classes, justa e igualitária.

Em ambos movimentos temos a valorização de um conhecimento obtido pelos iniciados, conhecimento este que traz um tipo de salvação, diferente da salvação proporcionada pelo cristianismo, que nos fala em um mundo transcendente e na salvação em relação ao pecado. O conhecimento (gnosis) desempenha um papel central tanto no gnosticismo, como também no pensamento político de esquerda. No Gnosticismo o conhecimento está associado à salvação, sendo este capaz de libertar o iniciado das restrições contidas na matéria e no mundo material, permitindo-o ter uma união com o divino, alcançando um estágio superior de existência espiritual. Os iniciados que possuem este conhecimento são vistos pelos demais como estando mais próximos da divindade. Trata-se de conhecimentos secretos transmitidos por ensinamentos ou revelações aos iniciados, havendo uma hierarquia no tocante à posse deste conhecimento espiritual. Já no pensamento político de esquerda temos que a ideia de conscientização desempenha um papel semelhante ao da gnosis. A conscientização pode ser entendida como a obtenção de um conhecimento crítico sobre as estruturas sociais e econômicas, sobre as desigualdades, e sobre as injustiças presentes na sociedade. Este conhecimento é transmitido aos iniciados por meio da educação, da discussão e do ativismo político, proporcionando uma forma de iluminação que permita as pessoas enxergarem as reais estruturas de poder ocultas, bem como, agir em prol da desconstrução desta sociedade injusta e opressora e da construção de uma nova sociedade. Em ambos os casos, a posse do conhecimento é vista como uma forma de capacitação e libertação. Tanto os gnósticos quanto os militantes de esquerda acreditam que o conhecimento revelado ou a conscientização é o caminho para a transformação pessoal e social. No entanto, as metas finais são diferentes: os gnósticos buscam a salvação espiritual e a união com o divino, enquanto os militantes de esquerda buscam a justiça social e a igualdade.

No fundo, há o entendimento por parte dos militantes de esquerda que não é Jesus Cristo que irá salvar as pessoas, mas sim a esquerda organizada e presente na sociedade civil laica por meio de sindicatos, partidos e ONGs. Líderes religiosos são entendidos como rivais pelo monopólio político dos pobres e são tidos como estimuladores da alienação social. Neste entendimento por parte de alguns grupos de militantes, caberia á esquerda resgatar estas pessoas da manipulação religiosa. Estes militantes ignoram completamente a história da Igreja, seja a Católica ou a Protestante. Desconhecem que há algum grau de independência, debate e discordâncias internas. Em regra, ninguém segue cegamente o padre ou o pastor, as pessoas são capazes de pensar criticamente, e não são uma mera caricatura de novela de alguma rede de televisão.

Em essência, a doutrina comunista é uma religião e seus militantes são devotos de um credo religioso, mas trata-se de uma religião diferente, pois é uma religião sem deus e onde as recompensas por um bom comportamento não são dadas após a morte para a alma ou o espírito da pessoa que falece, as recompensas pelo bom comportamento militante são dadas para as gerações futuras, para os descendentes dos fiéis do momento presente. A redenção se dá não por ter uma vida digna e santa vindo a ocupar um lugar no paraíso, e sim por ter conseguido em vida antecipar a revolução comunista e a sociedade sem classes, o paraíso na terra. Também uma diferença quanto ao paraíso pós morte, pois este lugar maravilhoso do qual iremos usufruir após nossa morte muda de lugar, o paraíso agora é algo que deva ser construído aqui, para os vivos usufruírem. Não há deus e não há vida após a morte, somente o que há é o que ajudamos a construir aqui na Terra, o que contribuímos para a antecipação da vinda do paraíso comunista para a nossa sociedade. O Bem e o Mal também mudam de significado e subverte a moral e ética cristã. O Bem é tudo que possa antecipar a revolução comunista e a sociedade sem classes, já o mal é tudo que possa retardar a vinda deste paraíso que será a sociedade comunista e sem classes. Nisto se encaixam todas as demais noções, sendo tudo relativizado, pois, não existe uma verdade absoluta. Mentiras, assassinatos, roubos, desvio de dinheiro, tudo é relativo em relação ao que possa gerar, não há uma verdade absolutizante. É verdadeiro o que é bom para a revolução, do mesmo modo será ético, moral e válido o que puder antecipar a vinda desta sociedade sem classes, da sociedade comunista.

 

Silvério da Costa Oliveira.

 


 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

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(Respeite os Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)

terça-feira, 10 de outubro de 2023

Lyle H. Rossiter: A mente de esquerda enquanto doença mental

Por: Silvério da Costa Oliveira.

 

A mente de esquerda: Doença mental

 

“O grau de irracionalidade do esquerdismo moderno excede muito qualquer mal-entendido que possa ser atribuído à coleta deficiente de dados ou a erros lógicos. De fato, sob um escrutínio cuidadoso, as distorções da habilidade normal de raciocínio presentes no esquerdismo só podem ser compreendidas como sendo produtos de psicopatologias. São tão extravagantes os padrões de pensamento, emoção, comportamento e relacionamento que caracterizam a mente esquerdista, que seus protestos e demandas incansáveis tornam-se compreensíveis somente como desordens da psique. A mente esquerdista moderna, suas percepções distorcidas e sua agenda destrutiva são o produto de personalidades perturbadas.

Lyle H. Rossiter. A mente esquerdista: As causas psicológicas da loucura política". p. 406.

 

O livro "The liberal mind: The psychological causes of political madness" possui uma tradução para a língua portuguesa com o título "A mente esquerdista: As causas psicológicas da loucura política" e foi publicado originalmente no ano de 2006 nos EUA, e em 2016 no Brasil. Possui 413 páginas na versão em inglês e 499 páginas na versão em português. E está dividido em três partes, sendo que as duas primeiras tratam de explicar o desenvolvimento da personalidade humana no decorrer da idade, por meio da teoria de Erik Erikson, e a última aborda a personalidade doentia do militante de esquerda, tanto o militante ocasional, como o fanático. O autor é Lyle Herschel Rossiter, médico psiquiatra norte americano.


 

O termo “liberal” pode variar de acordo com o contexto cultural e político do país, podendo estar associado à esquerda ou à direita política. Com relação ao título norte-americano “liberal mind”, fazendo uma referência ao pensamento liberal, cabe a explicação que dentro da cultura política desenvolvida nos EUA, o termo “liberal” está associado à “esquerda progressista” e não à “direita política”. No Brasil, estes termos tem sentidos e aplicações diferentes. Portanto, por “liberal mind” o autor faz referência a um grupo político que tem como bandeiras o apoio a políticas públicas sociais e progressistas, bem como a maior intervenção do Estado na saúde, educação e bem estar social. Já no Brasil e na Europa o termo “liberal” se mostra associado a posições econômicas mais próximas do livre mercado, e na redução da intervenção do Estado, no que se costuma chamar de liberalismo clássico ou liberalismo econômico, sendo uma postura alinhada à direita política. A tradução para o português acerta no significado dado ao traduzir “liberal mind” não literalmente e sim para “a mentalidade ou mente esquerdista”, apontando para políticas públicas progressistas e pró-intervenção governamental.


 

Segundo o autor, os militantes da esquerda progressista possuem algum transtorno ou doença mental, daí o sub-título “madness”, apontando para a “loucura” presente em tal comportamento político. Segundo o autor, certas características psicológicas podem influenciar as preferências políticas das pessoas. Certos traços de personalidade e tendências psicológicas podem influenciar a forma como as pessoas percebem o mundo e tomam decisões políticas.

Podemos considerar a forma como o autor utiliza os termos "madness" (loucura) ou "psychological madness" (loucura psicológica) como metáforas para enfatizar sua visão sobre as características psicológicas e suas influências nas preferências políticas. Nesse contexto, esses termos são usados de maneira figurativa, não como diagnósticos médicos precisos, mas para comunicar o ponto de vista do autor de forma mais enfática e persuasiva.

A metáfora de "loucura" sugere que, do ponto de vista do autor, certas características psicológicas extremas podem levar a posições políticas que ele considera excessivas, irrealistas ou prejudiciais para a sociedade. A escolha desses termos ajuda a destacar a forte discordância do autor com as políticas que ele associa a essas características.

Rossiter parte da premissa de que as preferências políticas podem ser influenciadas por fatores psicológicos. Ele argumenta que nossas percepções e decisões políticas podem ser moldadas por nossa personalidade, emoções e necessidades psicológicas. Ele utiliza essa abordagem para explorar por que as pessoas são atraídas por posições políticas específicas.

O livro explora as bases psicológicas e teorias sobre o pensamento político da esquerda progressista e argumenta que certas características psicológicas podem influenciar as preferências políticas das pessoas. O livro tem como temática central buscar analisar as reais motivações psicológicas presentes no comportamento e pensamento político adotado pelas pessoas e movimentos de esquerda.

O autor entende que a psicologia desempenha um papel fundamental na formação das nossas posições políticas. Ele argumenta que certas características psicológicas podem influenciar a maneira como vemos o mundo e como escolhemos nossas preferências e inclinações políticas. O livro deste autor busca analisar as bases psicológicas e sociais presentes no comportamento demonstrado pelo militante da esquerda progressista.

O autor divide os adeptos das bandeiras de esquerda em dois tipos, os benignos e os radicais. Por benignos, o autor entende aqueles que são moderados, mas que pelo seu comportamento e votos nas eleições tendem a dar suporte a agenda dos esquerdistas radicais. Por esquerdistas radicais o autor entende aqueles adeptos do movimento que apresentam um comportamento que tende a causar dano aos demais indivíduos na medida da implementação de suas agendas políticas.

Uma criança ao se tornar um adulto saudável, deve desenvolver algumas competências, tais como a sua individualidade, a racionalidade, a autoconfiança, saber atuar em cooperação voluntária com outros, ter um comportamento moral realístico, apresentar um comportamento altruístico. Quando os indivíduos desenvolvem em suas respectivas famílias estes valores, torna-se possível o desenvolvimento de uma sociedade que seja capaz de manter as liberdades individuais e a estabilidade social.

As pessoas são livres e racionalmente capazes de fazerem escolhas em suas vidas e assumirem as responsabilidades por tais escolhas. Algumas pessoas tem medo da liberdade justamente por não quererem assumir as responsabilidades por suas próprias escolhas. Segundo o autor, o ser humano tem uma natureza bipolar, pois, há um só tempo ele é autônomo em suas decisões e ações, e, no entanto, precisa conviver e se relacionar com outras pessoas. O ser humano busca a liberdade, mas também a ordem.

A habilidade de cooperar com outros deve ser aprendida e desenvolvida no seio da família na qual foi criada a criança que um dia se tornará um adulto. A busca pela sua própria felicidade também é uma responsabilidade sua e não do Estado, em uma sociedade realmente livre. Indivíduos adultos que não desenvolveram as habilidades necessárias para viver de modo pleno em sociedade ou aqueles que conseguiram se desenvolver totalmente, o fizeram no transcurso de sua infância, no ambiente familiar, pelos exemplos de comportamento ali vivenciados e aprendidos.

Governos grandes  (inchados e centralizadores, com uma excessiva e enorme burocracia presente em tudo) atuam de modo coercitivo na vida de seus concidadãos, regulando excessivamente a vida das pessoas e retirando delas a autonomia e liberdade de escolha individual. As pessoas que acreditam em uma ilusão na qual são vítimas de uma classe opressora, tendem a apoiar um Estado tutelador de suas vidas. Tais pessoas vislumbram o governo como um pai protetor e não como um garantidor de liberdades. Busca-se deste modo uma sociedade totalmente regulada nos moldes de uma sociedade tutelada pelo Estado, de uma sociedade socialista. Isto gera pessoas infantilizadas, que não conseguem amadurecer para as necessárias competências sociais de uma pessoa adulta, tais como a autoconfiança e a responsabilidade pela comunidade local, colocando-as no caminho da servidão e dependência.

Pessoas que precisam que o Estado regule suas vidas têm problemas psicológicos, buscam no Estado a família, um Estado parental, fixando-se em um estágio infantil do desenvolvimento e não amadurecendo para a independência e autonomia de uma pessoa adulta saudável e competente. Um Estado assistencialista e grande tende a desempenhar o papel do pai provedor na mentalidade destas pessoas militantes de esquerda. Quando realmente nos tornamos adultos competentes, buscamos uma vida equilibrada, acreditamos em nossas próprias capacidades, desejamos obter independência e ter controle sobre nossas próprias vidas. Pessoas adultas não querem um governo invasivo que esteja presente em todos os setores de sua vida particular. Já pessoas que não amadureceram para um estágio adulto, que se mantem infantilizadas, buscam obter por meio do governo uma nova família, um pai provedor que lhes ajude a construir e manter suas vidas, uma garantia contra a possibilidade de falharem em seus intentos.

O autor aborda como algumas características psicológicas podem estar presentes em posições políticas específicas, como, por exemplo, uma relação entre a dependência emocional a um desejo de segurança social, ligando-a ao apoio a políticas assistenciais do governo, deste modo aspectos psicológicos individuais se ligam ao comportamento social, no nível político.

Segundo o autor, pessoas que se colocam como militantes de esquerda tendem a apresentar algumas características psicológicas básicas, ou seja, alguns traços psicológicos presentes em algumas pessoas podem estar associados a determinadas posições políticas defendidas por alguns grupos. Este grupo se faz presente na militância mais radical da esquerda política progressista na defesa de suas bandeiras. Tais características de personalidade podem levar a pessoa a apoiar políticas onde haja maior intervenção do governo na economia e na vida diária das pessoas, bem como, redistribuição de recursos visando promover uma igualdade social.

O autor destaca quatro características psicológicas que ele vê como correlacionadas com as posições políticas das pessoas vinculadas a esquerda progressista. Ele argumenta que essas características influenciam a maneira como as pessoas percebem a política e moldam suas preferências por políticas mais intervencionistas e igualitárias. Temos, portanto, que um determinado grupo social é regido por 1- dependência emocional, 2- necessidade de aprovação, 3- baixa autoestima e 4- desejo de igualdade extrema.

Neste caso, os seguintes traços psicológicos podem fazer par com as seguintes posições políticas:

 

   Traços Psicológicos                        Posições Políticas

 

   Dependência emocional                    Defensor de intervenção governamental

   Necessidade de aprovação                Busca por igualdade social

   Baixa autoestima                               Apoio a políticas redistributivas

   Desejo de igualdade extrema            Preocupação com desigualdades

 

O autor enfatiza a dependência emocional como um traço que pode direcionar as pessoas para posições políticas que favorecem maior intervenção governamental. A busca por apoio e aprovação pode influenciar indivíduos a buscar políticas que ofereçam segurança e suporte, mesmo que isso envolva uma maior regulamentação estatal. A dependência emocional pode levar as pessoas a buscar apoio e proteção do Estado para sanar sua necessidade de segurança.

A necessidade de aprovação pelo grupo, de ser aceito por outros, pode direcionar as pessoas a adotar posições políticas que são socialmente aceitas e valorizadas dentro do grupo social do qual participa, isto pode favorecer a pessoa a apoiar políticas públicas que visem promover a igualdade e a justiça social.

Também a baixa autoestima pode atuar de modo a favorecer o apoio a políticas públicas que visem reduzir artificialmente desigualdades sociais. Isto pode ser fruto de um raciocínio no qual uma sociedade mais igualitária possa beneficiar a todos, incluindo a própria pessoa que defende esta tese.

O desejo de obter uma igualdade extrema também pode estar atuando no sentido destas pessoas apoiarem políticas de redistribuição de recursos, buscando a equidade, nivelando as disparidades socioeconômicas de um modo artificial por meio da intervenção do Estado.

O autor avalia as competências necessárias para se viver em uma sociedade livre, tomando como base os EUA, não seria producente aplicar suas conclusões a uma sociedade totalitária, onde não haja liberdade. É preciso que as pessoas adultas aprendam a agir com um propósito, obtenham autonomia e independência em suas vidas, saibam exercer a soberania de viver pelas decisões tomadas por si próprios em relação ao direcionamento de suas vidas.

Um militante esquerdista radical se comporta de modo irracional, apresentando raiva e desonestidade. Buscam ignorar o direito de propriedade e as liberdades individuais, atuam como se as pessoas comuns não tivessem capacidade de colaborar para suprir as necessidades decorrentes de uma vida em sociedade, tais como a educação, a saúde, a alimentação, os cuidados com os pobres e com os idosos da comunidade. Entende o autor que as pessoas estão melhor capacitadas do que o governo para cuidar de seus semelhantes, cuidando melhor e de modo mais ágil que o governo burocrático, fazendo os recursos chegar a quem de direito, sem desvios pelo caminho ou a morosidade do Estado.

Apesar dos problemas de personalidade e comportamento apresentados pelos militantes radicais de esquerda, esta agenda continua influente nos dias atuais em virtude de a mesma apelar para necessidades infantis e regressivas das pessoas. A ideologia de esquerda oferece um leque de bandeiras que podem soar de modo tentador, tais como: manter cuidados paternais por parte do Estado para com seus cidadãos, do mesmo modo que a família para com seus filhos; oferecer suposta gratuidade em alguns benefícios; ser mais tolerante com a permissividade sexual; ter uma atitude benevolente para com criminosos que praticaram diversos crimes, inclusive violentos; atuar no lugar das pessoas comuns ofertando serviços de caridade a quem deles precisar. No fundo, um governo de esquerda ou mesmo a militância de esquerda, tende a subestimar os custos e superestimar os benefícios, apostando na desinformação e ignorância humanas para chegarem e se manterem no poder.

Cabe ao humano adulto aprender e desenvolver algumas competências, sendo capaz no decorrer de sua vida adulta em sociedade de: Escolher entre alternativas; fazer as coisas acontecerem; agir com propósitos; agir com independência; decidir o que é bom ou ruim para si mesmo; tomar conta de sua própria vida. A ideologia coletivista e as bandeiras defendidas pela esquerda política tendem a ir na contramão destas competências adultas, gerando a infantilização das pessoas.

Segundo o pensamento do autor, ao reconhecer a influência das características psicológicas presentes, é possível obter uma compreensão melhor e mais profunda de por que as pessoas se identificam com certas posições políticas e como isso pode afetar toda a dinâmica política presente na nossa sociedade. Esta abordagem vai em oposição a abordagem convencional na qual as preferências políticas externadas por uma pessoa ou grupo social seriam baseadas nas crenças em determinadas ideologias políticas ou na manutenção de interesses econômicos. A presença do fator psicológico ajuda a explicar a permanência de determinadas crenças políticas, mesmo que aparentemente não racionais e contrárias ao senso comum. Deste modo, o autor busca em seu livro explicar como algumas características psicológicas podem ajudar a explicar como certas preferências políticas são desenvolvidas e defendidas por algumas pessoas, quais as motivações que levam as pessoas a tal comportamento, quais os fatores comportamentais e emocionais ali presentes.

 

Silvério da Costa Oliveira.

 




 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

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(Respeite os Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)

 

quinta-feira, 5 de outubro de 2023

Marxismo cultural

Por: Silvério da Costa Oliveira.

 

Marxismo cultural

 

O termo “marxismo cultural” é defendido em geral por integrantes da direita política, não somente no Brasil, mas também no restante do mundo, tendo surgido inicialmente nos EUA há algumas décadas atrás. O termo “marxismo cultural” foi amplamente usado dentro de um contexto político e intelectual por vários autores, dentro e fora do meio acadêmico, dentre os quais cabe mencionar: William Stannard Lind (1947- ); Allan David Bloom (1930-1992); Paul Michael Weyrich (1942-2008); e no Brasil por Olavo Luiz Pimentel de Carvalho (1947-2022).

A intenção é fazer referência com este termo, a uma suposta influência na cultura, na educação (escolas e universidades), na mídia e na sociedade como um todo, de ideias provindas do contexto ideológico de esquerda. Entende-se por tal conceito, que ocorreu uma releitura dos trabalhos iniciais da Escola de Frankfurt, aplicando suas conclusões na arte e na cultura de modo a expandir ideias hoje defendidas pela esquerda política, tornando-as temas comuns e normais dentro da cultura ocidental e, deste modo, minando os valores capitalistas e cristãos presentes nos países ocidentais. Além da Escola de Frankfurt, as origens do "marxismo cultural" se reportam a Antonio Gramsci (1891-1937) e György Lukács (1885-1971), pensadores estes, cujas ideias também passaram por uma releitura e aplicação com fins políticos associados a nova esquerda identitária.


 

Alguns setores religiosos cristãos no Brasil acreditam estar travando uma luta contra uma ideologia que deseja destruir os valores tradicionais cristãos, minar a família, corromper moralmente a juventude e desvirtuar o caráter das crianças, despertando precocemente a sexualidade e a direcionando ideologicamente. A estes religiosos se unem políticos conservadores e todos proclamam um inimigo comum: o “marxismo cultural”.

O que temos hoje, segundo um núcleo crítico de autores provindos da direita política, é que o marxismo cultural se faz presente em diversas instâncias da sociedade, nas mídias tradicionais, nas ONGs, nas escolas e faculdades influenciando na formação das crianças, adolescentes e adultos jovens, bem como na direção de sindicatos e partidos políticos, ou mesmo, na produção artística e cultural.

O marxismo cultural tende a se basear na ideia presente na assim chamada Escola de Frankfurt, de que as classes proletária e burguesa perderam o seu potencial revolucionário, sendo esta ênfase deslocada para a dialética existente entre a classe opressora e a oprimida, transformando os primeiros em algozes e os segundos em vítimas e depois dividindo a sociedade em grupos de pares: negros versus brancos, mulheres versus homens, pessoas de comportamento homossexual versus pessoas de comportamento heterossexual, ricos contra pobres, e por aí em diante. O grande opressor, por tal viés, tende a ser o homem, branco, heterossexual, cristão e de direita, se for então da classe média, melhor ainda. Cria-se o discurso dicotômico do “nós contra eles” que vem a compor uma nova esquerda, que se afasta dos pressupostos presentes na esquerda tradicional marxista-leninista, que substituiu a ênfase na sub-estrutura econômica pela ênfase na superestrutura, sai a economia e entra o domínio das ideias, de Marx passamos a ter um retorno a Hegel, aqui encontramos o que se convencionou chamar de “esquerda identitária.

Neste tocante, a pauta seria a destruição dos fundamentos da civilização ocidental, criando o caos, para a partir deste ponto moldar a mentalidade das pessoas, em um verdadeiro processo de reengenharia social, para valores e ideias comunistas, para isto, no entanto, seria necessário destruir os três pilares nos quais se baseia a cultura ocidental, que, metaforicamente podem ser chamados por nomes de cidades: Atenas, Roma e Jerusalém. Ao nos referirmos a estas três cidades, fazemos referência a principal contribuição histórica para a elaboração de nossa civilização ocidental e pela qual elas são conhecidas, a saber e na mesma ordem das cidades a que correspondem: A filosofia, o direito e a religião judaico-cristã.

A ameaça identificada pelo conceito “marxismo cultural” provém da ideologia marxista leninista que teria por base destruir a cultura ocidental cristã. A ameaça proveniente de uma ideologia que defende regimes autoritários, supostamente comunistas, que destrói a liberdade de imprensa e as liberdades individuais, destruindo também o próprio sentido e significado da democracia representativa desenvolvida no ocidente. Esta ideologia apesar de nos primeiros momentos poder ter religiões cristãs em seu apoio, ao chegar ao poder tende a exercer ações destrutivas para com o cristianismo, assumindo uma atitude que, mascarada pela defesa de todas as religiões, esconde o ateísmo.

Teóricos de esquerda negam a existência do “marxismo cultural”, procurando desacreditar o termo associando-o a políticas vinculadas a propaganda nazista contra o regime comunista stalinista da época, bem como, a propaganda antissemita nazista. Deste modo, defendem que a ideia proposta pelo conceito “marxismo cultural” estaria vinculada a uma infundada teoria da conspiração proposta por radicais e extremistas da direita política.

Fica evidente pela leitura dos textos provindo de ambos os lados, das duas versões, que está ocorrendo uma guerra cultural. Meios jornalísticos tomam partido e passamos a ter na mídia canais que adotam uma, ou outra, destas duas posturas, a discussão e polêmica também se espalha pelas redes sociais.

No geral, fica hoje evidente, mesmo para quem está de fora de tais discussões mais teóricas e acadêmicas, que a “indústria cultural”, aqui fazendo uso de um termo criado e usado pela Escola de Frankfurt, que engloba toda uma variedade de mídias, composta pelo cinema e por canais de rádio e tv, bem como jornais, revistas e livros, ou peças de teatro, novelas e filmes, se faz presente em suas pautas identitárias em todas estas mídias. Alguns aplaudem e outros ficam literalmente revoltados com, inclusive, mudanças em obras ou personagens tradicionais para incluir forçosamente pautas desta esquerda identitária.

Os membros da Escola de Frankfurt entendiam que a dialética encontrada entre a classe do proletariado e a da burguesia perdera seu caráter revolucionário. O trabalhador “chão de fábrica” não está mais interessado em qualquer tipo de revolução e sim em manter e ampliar seu status quo, obtendo maiores benesses provindas do sistema capitalista, deste modo, sai a ênfase da relação burguesia versus proletariado, e esta ênfase se desloca para “opressores versus oprimidos”, onde são aqueles que se sentem a margem das benesses da sociedade, são aqueles sem esperança, que nos trarão a esperança de uma revolução socialista / comunista. Os ditos grupos minoritários, mesmo que não o sejam numericamente e sim somente em termos de exercício de poder social, passam a ser o maior enfoque desta esquerda identitária. Estudantes, negros, mulheres, homossexuais, criminosos, etc., mesmo que tenham muito mais benefícios e uma qualidade de vida superior há poucas décadas atrás, são cooptados por se sentirem a margem de tudo de bom que a atual sociedade capitalista oferece. O importante não é a realidade, e sim o sentimento das pessoas em relação a esta realidade.

Herbert Marcuse foi o teórico que defendeu a importância de uma revolução social provinda de tais grupos. Na década de 60 do século XX se tornou comum, em particular nos EUA, os movimentos de direitos civis, nos quais os negros reivindicavam seus direitos, bem como, uma nova fase do movimento feminista, uma revolta dos estudantes, em particular os universitários, e, também, a busca da juventude por uma maior liberdade sexual e contrária a repressão social. Mas antes de Marcuse, Max Horkheimer e Theodor Adorno já falavam que a dicotomia entre burguesia e proletariado perdera seu potencial revolucionário e que este deveria se deslocar para opressores e oprimidos, bem como, sobre a importância da indústria cultural para a propagação de valores capitalistas e a manutenção do sistema por meio da absorção passiva de informações pelos espectadores das propagandas e dos produtos artísticos apresentados nas rádios, jornais, tv e cinema.

A ideia presente no conceito de marxismo cultural é que pensadores de cunho marxista teriam percebido já na primeira metade do século XX que não ocorreria uma revolução comunista nos moldes delineados por Karl Marx e para se atingir uma sociedade comunista era necessário primeiramente mudar a forma de pensar e interagir das pessoas que compõem esta mesma sociedade. Trata-se de uma sutil e bem elaborada estratégia para gradativamente encaminhar a sociedade capitalista para o desenvolvimento de uma sociedade comunista. Um plano de dominação ideológica sem o emprego da força bruta presente em uma revolução por meio do uso de armas e exércitos, método que se mostrou inviável diante de uma classe trabalhadora que não deseja mudanças abruptas no status quo e sim melhorias em relação as benesses que já usufrui no atual modelo capitalista.

Pelo conceito de “marxismo cultural” se faz referência a uma verdadeira guerra cultural, político-ideológica, na qual não estamos no terreno da economia política tal como proposto inicialmente por Marx, ou seja, na infraestrutura composta pelas relações de produção, a luta se desenvolve de modo mais difuso, no terreno cultural e artístico, no meio gerador e propagador de ideias sociais.

 

Silvério da Costa Oliveira.

 


 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

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