Professor Doutor Silvério

Blog: "Comportamento Crítico"

Professor Doutor Silvério

Silvério da Costa Oliveira é Doutor em Psicologia Social - PhD, Psicólogo, Filósofo e Escritor.

(Doutorado em Psicologia Social; Mestrado em Psicologia; Psicólogo, Bacharel em Psicologia, Bacharel em Filosofia; Licenciatura Plena em Psicologia; Licenciatura Plena em Filosofia)

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terça-feira, 10 de maio de 2022

Escolas filosóficas do mundo helênico

  Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Academia, Liceu, NeoPitagorismo, Ecletismo

 

Academia

A Academia fundada por Platão, em 387 a.C. ou próximo desta data, após a morte deste, continuou a formar novos filósofos e em determinado momento de sua história passou a ser conhecida por Nova Academia, aproximando-se teoricamente do ceticismo e, posteriormente, em outro momento histórico (segundo alguns comentadores, durante a quarta Academia), assume uma postura eclética. Dentre os autores antigos, encontramos algumas divisões possíveis em torno da época histórica da Academia, que variam de duas (Cícero), três (Diógenes Laércio) a cinco (Sexto Empírico), todas iniciando com o fundador, Platão.


 

Coube a Platão, fazendo uso de seu direito enquanto cidadão ateniense (somente os atenienses podiam ser proprietários de terra), comprar (ou herdar) um terreno localizado em um belo subúrbio de Atenas, local público conhecido por Akademia ou Hekademeia, onde se localizava um parque público com alamedas, árvores e oliveiras, adornado por estátuas, templos e sepulturas de atenienses ilustres. O nome provém de um lendário herói ático, Akademos ou Hekademos, ao qual a área em questão era dedicada. Para permitir juridicamente a fundação desta escola, quando Platão a fundou, fez dela uma comunidade consagrada ao culto das Musas de Apolo.

Quanto ao fim da Academia e de tudo que ela representou na Antiguidade, isto ocorre formalmente no século VI, ou mais exatamente no ano de 529 a.C. quando por ordem do então imperador Justiniano, do Império Romano do Oriente, foi fechada, pondo fim ao último baluarte da cultura helênica, ainda vinculada aos deuses gregos e às musas inspiradoras. Sua finalidade era cultural, também de caráter jurídico e religioso.

Podemos dividir historicamente a Academia em algumas fases (de duas a cinco), deste modo, temos a primeira Academia ou Academia antiga, com Platão a frente, tendo como sucessores Espeusipo (347–339 a.C.), Xenócrates (339–314 a.C.), Polemo (314–269 a.C.) e Crates (século IV a.C.). Outros membros notáveis da Academia incluem Aristóteles, Heráclides do Ponto, Eudoxo de Cnido, Filipo de Opunte e Crantor.

A segunda Academia ou Academia média, tem início por volta de 266 a.C., iniciando com Arcesilau (315-240 a.C.) a frente, que iniciará a luta contra os estoicos e a aproximação do ceticismo para se opor ao dogmatismo. Arcesilau foi sucedido por Lácides de Cirene (241–215 a.C.), Evandro e Télecles (juntos) e, depois, Hegésino.

A terceira Academia ou Academia nova, que se inicia com Carnéades (214-137/135 a.C.), mantém a discussão e oposição ao dogmatismo presente nos estoicos e em particular no estoico Crisipo de Salos (281-208 a.C.).

Carnéades entende que não existe um critério de verdade, já que não podemos ter um conhecimento direto das coisas e não temos como distinguir o que seja realmente verdadeiro ou falso, seja por meio dos sentidos ou da experiência. Tampouco podemos distinguir com certeza o mal do bem. Estando numa postura bem próxima do ceticismo. Carneades foi seguido por Clitômaco e Filon de Larissa, que provavelmente foi o último mestre localmente pertencente à Academia.

No século III a.C. os ocupantes da Academia preocupavam-se com o embate contra o dogmatismo dos estoicos e o problema do critério de verdade, daí terem assumido uma postura mais próxima do ceticismo, para se contrapor ao dogmatismo presente no estoicismo.

Apesar de se aproximarem teoricamente dos céticos, hão de se diferenciar na medida em que a Nova Academia há de desenvolver um humanismo prático e uma teoria da verdade pautada no probabilismo. A nova academia acabou desenvolvendo uma abordagem probabilística.

Resumidamente, trata-se da primeira escola ou universidade organizada no sentido de ser um espaço de troca de conhecimento, onde, apesar de não haver um currículo formal, tínhamos a presença de mestres e alunos mais ou menos experientes nas questões filosóficas. Inicialmente ali tínhamos o estudo das ideias de Platão, posteriormente houve uma evolução onde prevaleceu uma abordagem cética e probabilística e, por fim, em uma última fase, adotou-se uma abordagem eclética contra um inimigo comum à Academia e ao Estoicismo, o ceticismo. Das questões estudadas por Platão, a Academia evoluiu para um interesse mais voltado para questões morais e éticas sobre o bem viver e a felicidade, abandonando as bases metafísicas propostas por Platão, como, por exemplo, o mundo das ideias.

 

Liceu

A termo “Liceu” designa a Escola filosófica fundada por Aristóteles, em 335 a.C., cujos membros se reuniam no local, onde tínhamos um bosque consagrado a Apolo Lykeios (Lyceus), de onde é provável que se origine o nome, um templo dedicado ao deus Apolo Liceu. Também conhecida como Escola Peripatética. O termo “peripatético” provém do fato interessante de que Aristóteles tinha por hábito ensinar seus alunos caminhando, sendo esta a palavra grega referente a “caminhar”, “ambulante”, “itinerante”.

No Liceu Havia cursos regulares durante a parte da manhã e da tarde, sendo que pela manhã os cursos eram dedicados ao público interno (discursos filosóficos esotéricos) e pela tarde ao público em geral (discursos filosóficos exotéricos). Pela manhã se estudava lógica, física e metafísica e já pela tarde se estudava retórica, política e literatura.

Após 12 anos à frente de sua Escola, Aristóteles deixa Atenas e o Liceu fica aos cuidados de Teofrasto de Eresos (372-287 a.C.), que fica a frente da mesma até seu falecimento em 287 a.C., ou seja, por cerca de 35 anos esteve no comando do Liceu. Coube a Teofrasto empreender obras de construção e reconstrução de prédios, bem com ampliar as instalações do Liceu. Ele ali organizou um museu, salas de aula e alojamentos para os alunos e professores, bem como, a biblioteca de Aristóteles.

Conjuntamente com Teofrasto tivemos o período de maior esplendor do Liceu. Teofrasto, por sua vez, foi sucedido por Estratão de Lâmpsaco (340-269 a.C.), que esteve à frente do Liceu de 287 até 269 a.C., mas quando Estratão ficou à frente do Liceu, este perdeu a biblioteca de Aristóteles, que ficou a cargo de Neleu de Escépsis, e foi levada para sua cidade.

Estratão foi sucedido por Lyco de Troas (300-226 a.C.), que esteve a frente do Liceu por cerca de 44 anos, sendo um bom retórico e dialético. Sucedendo a Lyco, tivemos Aristo de Ceos (ou também conhecido por Aristo de Iulis) (228-190 a.C.), seguido por Critolau de Fasélis (200-118 a.C.), e depois Diodoro de Tiro, Erimneo, Andrônico de Rodes (século I a.C.), último escolarca conhecido.

Pelo menos até o século III d.C. o Liceu esteve ativo e no máximo funcionou até 529 d.C. quando por ordem do imperador Justiniano I não foi mais possível a existência de Escolas filosóficas.

Fundado por Aristóteles, após sua morte os sucessores se mantiveram afastados das discussões entre Acadêmicos e Estoicos, mas também participaram da tendência eclética. A Escola peripatética sempre demonstrou uma clara preferência empírica e não dialética e especulativa como observamos na Academia.

De um modo geral, o ensino ministrado no Liceu pode ser resumido em algumas teses defendidas por Aristóteles, visando a conduzir o humano à obtenção da felicidade. A educação tem como objetivo guiar o humano ao longo de sua vida a partir do ensino de conceitos úteis e necessários a vida prática e também o ensino da virtude moral.

 

NeoPitagorismo

A filosofia neopitagórica teve como principais representantes a Apolônio de Tiana (40-97 d.C. - século I d.C.), que merece destaque especial, e que escreveu um livro romanceado sobre a vida de Pitágoras; Plutarco de Queronéia (século I d.C.), que escreveu os livros: “Vidas paralelas” e “Obras morais”; Apuleio (século I d.C.), que escreveu o livro “O asno de ouro”; Numênio de Apaméia (século II d.C.) que exerceu influência sobre os neo-platônicos a partir de seu sincretismo religioso greco-oriental; Hermes Trimegisto (século I d.C.), que é tido como autor dos escritos chamados de “herméticos”, de caráter místico, também cabe citar entre seus representantes, Moderato de Cádiz (século I d.C.). O neopitagorismo se espalhou por Roma no século I a.C., destacando-se, dentre outros, o poeta Publio Virgilio Maro (em latim: Publius Vergilius Maro) (70 a.C. - 19 a.C.), Nicômaco de Gerasa (60 a.C. – 120 a.C.), Flávio Filóstrato (ou Filostratus) (século III d.C.; 170 – 250 d.C.). Vindo esta Escola a desaparecer enquanto movimento filosófico por volta do século III d.C.

A antiga Escola Pitagórica some por volta do século IV a.C., só vindo a reaparecer no século I a.C., se bem que de acordo com alguns comentadores, já encontramos o início do ressurgimento da escola pitagórica desde o século III a.C.

O neopitagorismo surge como corrente filosófica com forte influência de Pitágoras, a partir do século I a.C., mas traz também elementos presentes em outras escolas e movimentos filosóficos, tal é o caso de Aristóteles, Platão, bem como as escolas por eles fundadas, o Liceu e a Academia. Também encontramos elementos provenientes do estoicismo, da matemática, das ciências e mesmo do misticismo, onde temos sua afinidade com o orfismo de origem oriental, bem como, o simbolismo dos números, característico da escola pitagórica. Teria surgido inicialmente na cidade de Alexandria.

Com o neopitagorismo temos um retorno parcial ao pensamento presente na Escola Pitagórica, em particular o misticismo e orfismo, a defesa da imortalidade da alma e de sua reencarnação, uma relação harmônica com o cosmos e uma atitude de oposição ao materialismo. Também muito importante a noção presente de desejo de união mística com o divino.

Os neopitagóricos fazem uma distinção entre alma e corpo. O corpo é constituído por matéria e há de perecer, já a alma é imortal e passa por vários corpos em um ciclo de reencarnações. Defendiam a adoração de deus, bem como a prática de boas ações e uma vida ascética. Entendiam que se deva afastar-se dos prazeres meramente corporais e sensuais, pois são prejudiciais para a pureza da alma. Entendiam que deus era o princípio do bem e a matéria o princípio do mal.

 

Ecletismo

Após longa disputa entre os Acadêmicos e os Estoicos, por fim, passou-se a adotar uma atitude mais conciliadora e eclética. Com exceção da Escola Epicúrea, que se manteve fiel a seus princípios iniciais, as demais Escolas passaram a buscar soluções conciliadoras e ecléticas. Dentro do movimento estoico, foi o chamado estoicismo médio quem primeiro adotou esta postura intermediária e conciliadora presente no ecletismo. Aos estoicos seguiram os acadêmicos.

Como representantes do estoicismo médio, onde passamos a ter presente uma abertura ao ecletismo, temos Panecio (185/180-112/110 a.C.), Posidonio (135-51 a.C.). Já no tocante a quarta Academia, temos como representantes da abordagem eclética, Filon de Larisa (159-86 a.C.), Antioco de Ascalon (150-68 a.C.).

Nesta época o inimigo comum era identificado como o ceticismo e daí a importância de resgatar pontos em comum nas diversas escolas para embasar uma reação contrária ao crescimento do ceticismo.

O Ecletismo (do grego eklektikos, eleger), apresenta uma solução probabilística para o problema da verdade, diante das demais Escolas filosóficas, cada qual com sua defesa incondicional de uma dada solução para a questão da verdade, entendem que se trata de visões unilaterais da realidade, não sendo possível haver um critério de verdade que seja por todos aceitos, no entanto, a necessidade imposta pela vida nos direciona para uma visão probabilística e baseada no sentido comum e consenso universal sobre as questões em pauta. Há aqui um afastamento do empírico e também do mundo das ideias proposto por Platão, que o aproximam da crença e da religiosidade.

Como características, cabe citar, ter um maior afastamento de questões ontológicas e cosmológicas e uma maior ênfase em questões éticas e morais. Influência pela tomada deste caminho está presente na conquista da Grécia por Roma, pois, com a entrada da filosofia em Roma, esta encontra o espírito prático e pouco especulativo dos romanos, onde o ecletismo tem uma acolhida melhor.

Em filosofia entendemos por ecletismo uma abordagem teórica que teve início na Antiguidade, caracterizando-se pela justaposição de teses e argumentos provindos de distintas Escolas filosóficas, criando por tal modo, uma visão de mundo ou cosmovisão pluralista e multifacetada sobre os temas em pauta. A ideia básica é que se possa escolher dentre as diversas doutrinas provenientes de Escolas filosóficas diferentes, as que sejam percebidas como a melhor em determinado assunto particular, seja este teórico ou prático. Pelo ecletismo se busca, portanto, a conciliação entre teorias distintas e por vezes antagônicas entre si, buscando sempre o que aparente ser o melhor diante do problema ou realidade que se nos apresenta naquele momento. Tenta-se desta forma conciliar teorias que são em diversos pontos opostas, buscando a harmonia e se opondo ao dogmatismo e radicalismo. Quem primeiro usou o termo e com ele se referiu a uma Escola Eclética foi Diógenes Laércio (180-240 d.C.).

Além da oposição ao dogmatismo e a busca de um caminho conciliatório, temos também a busca por um critério de verdade que proporcione instrumento para justificar as escolhas empreendidas. Não se trata de mero sincretismo, ou seja, a união em um mesmo todo de elementos em si discordantes, mas sim de uma escolha feita por meio de um critério ou princípio que traga coerência e harmonia ao resultado final.

O Ecletismo tende a atuar de modo a selecionar e recolher dentre diversas teorias provindas de Escolas filosóficas distintas, elementos que se mostrem mais apropriados ao momento histórico e ao gosto daquele que faz uso da filosofia, dando ênfase na liberdade de escolha diante de abordagens filosóficas distintas, sempre buscando uma conciliação entre temas anteriormente tratados por outras Escolas ou filósofos.

O Ecletismo teve uma boa acolhida em Roma, sendo proveniente dali um dos ecléticos mais conhecidos, Cícero (106 a.C. - 43 a.C.). Os romanos não tinham um gosto ou preferência para a filosofia especulativa e teórica e por seu modo de vida, buscavam sempre algo prático, donde a boa acolhida pela abordagem eclética em filosofia, buscando o que de melhor fora produzido pelas distintas Escolas e movimentos filosóficos do passado, para com isto compor uma nova e mais completa filosofia, adequada às questões e problemas com os quais se deparavam.

 Silvério da Costa Oliveira.

 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

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quarta-feira, 4 de maio de 2022

O Helenismo (1) * Introdução à filosofia grega e romana do mundo helênico

 


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 Houve um momento histórico em que Atenas teve hegemonia política, econômica e cultural por sobre as demais cidades Estado gregas. A filosofia e cultura grega tiveram ali um grande desenvolvimento. Posteriormente, Alexandre (356-323 a.C.), O Grande, rei da Macedônia, continuando o trabalho de seu pai, Felipe II (382-336 a.C.), há de conquistar não somente toda a Grécia, mas também todo o mundo conhecido da época (Além dos gregos, o oriente, Egito), chegando até a Índia onde travou algumas batalhas. Aluno de Aristóteles (384-322 a.C.), conhecia a filosofia e a cultura grega e teve a preocupação de levar esta mesma cultura para os países conquistados, criando uma integração cultural entre os diversos povos, capitaneada pela língua e cultura grega, ao que foi chamado de Helenismo.

Há quem delimite o helenismo como começando em 323 a.C. com a morte de Alexandre e terminando com o apogeu total do Império Romano sobre o antigo império, então fragmentado, de Alexandre, com a batalha de Leucopetra em 146 a.C. ou com a batalha de Actium, em 31 a.C., na qual Octavio Augusto conquista a cidade de Alexandria, Egito.

O historiador alemão Johan Gustav Droysen (1808-1884), conhecido por sua obra “Geschichte des Hellenismus” (História do Helenismo, em três volumes)” e “Alexandre, o Grande”, 1883, é o responsável por cunhar a expressão “helenismo” para se referir a este período histórico. O termo “helenismo” faz referência ao termo “Hélade”, pelo qual os gregos antigos entendiam o conjunto formado por todas as cidades-Estado gregas, deste modo, os gregos antigos se auto-intitulavam “helenos”. A palavra “helenismo” também faz referência a falar grego e partilhar de toda a cultura e valores gregos.

O império conquistado por Alexandre abrangeu uma vasta região, que ia do sul da Europa, passando pelo Egito, Ásia Menor, planícies iranianas até chegar à Índia, e nele Alexandre sempre se preocupou por integrar a cultura grega com a dos povos conquistados, construindo novas cidades, templos, ágoras, ginásios, bibliotecas e casando seus oficiais com mulheres da região. A influência cultural foi ampla, pois, atingiu o comércio, a economia e a política, dentre diversos outros segmentos, envolvendo não somente uma classe ou grupo social, mas a população envolvida nas mais diversas atividades que de algum modo se relacionavam com algum tipo de troca entre os povos.

Desde a morte de Platão, a Academia teve sua direção passada de mestre para mestre, mantendo a tradição. Durante a primeira guerra Mitridática, contra os romanos, que teve início em 88 a.C., temos que Sula sitiou e conquistou a cidade de Atenas em 86 a.C., vindo nesta ocasião a destruir fisicamente a Academia, mas o terreno onde a mesma fora construída continuou a ser usado pelos mestres e alunos até o ano de 529 d.C., quando por ordem do então imperador Justiniano, do Império Romano do Oriente, foi definitivamente fechada, pondo fim ao último baluarte da cultura helênica, ainda vinculada aos deuses gregos e as musas inspiradoras. Sua finalidade era cultural, também de caráter jurídico e religioso. Era o fim de uma era e a vitória dos sacerdotes da nova religião, o cristianismo.

Neste período, da morte de Aristóteles (322 a.C. – século IV a.C.) até o fechamento da Academia (529 d.C. – século VI d.C.), temos desde o início, e presente nos principais movimentos e escolas filosóficas, duas bases fundamentais nas quais mais tarde se erguerá o cristianismo, a partir do século I d.C., refiro-me aos conceitos de universalismo e de interioridade.

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"O Helenismo: Introdução à filosofia greco-romana".

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terça-feira, 3 de maio de 2022

O helenismo: Introdução à filosofia greco-romana

 Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Filosofia greco-romana - Helenismo

 O Helenismo

Houve um momento histórico em que Atenas teve hegemonia política, econômica e cultural por sobre as demais cidades Estado gregas. A filosofia e cultura grega tiveram ali um grande desenvolvimento. Posteriormente, Alexandre (356-323 a.C.), O Grande, rei da Macedônia, continuando o trabalho de seu pai, Felipe II (382-336 a.C.), há de conquistar não somente toda a Grécia, mas também todo o mundo conhecido da época (Além dos gregos, o oriente, Egito), chegando até a Índia onde travou algumas batalhas. Aluno de Aristóteles (384-322 a.C.), conhecia a filosofia e a cultura grega e teve a preocupação de levar esta mesma cultura para os países conquistados, criando uma integração cultural entre os diversos povos, capitaneada pela língua e cultura grega, ao que foi chamado de Helenismo. Entende-se hoje que o helenismo vai desde as conquistas de Alexandre que em muito expandiram o mundo grego, até o surgimento do Império Romano.

Há quem delimite o helenismo como começando em 323 a.C. com a morte de Alexandre e terminando com o apogeu total do Império Romano sobre o antigo império, então fragmentado, de Alexandre, com a batalha de Leucopetra em 146 a.C. ou com a batalha de Actium, em 31 a.C., na qual Octavio Augusto conquista a cidade de Alexandria, Egito.


 

O historiador alemão Johan Gustav Droysen (1808-1884), conhecido por sua obra “Geschichte des Hellenismus” (História do Helenismo, em três volumes)” e “Alexandre, o Grande”, 1883, é o responsável por cunhar a expressão “helenismo” para se referir a este período histórico. O termo “helenismo” faz referência ao termo “Hélade”, pelo qual os gregos antigos entendiam o conjunto formado por todas as cidades-Estado gregas, deste modo, os gregos antigos se auto-intitulavam “helenos”. A palavra “helenismo” também faz referência a falar grego e partilhar de toda a cultura e valores gregos.

O império conquistado por Alexandre abrangeu uma vasta região, que ia do sul da Europa, passando pelo Egito, Ásia Menor, planícies iranianas até chegar à Índia, e nele Alexandre sempre se preocupou por integrar a cultura grega com a dos povos conquistados, construindo novas cidades, templos, ágoras, ginásios, bibliotecas e casando seus oficiais com mulheres da região. A influência cultural foi ampla, pois, atingiu o comércio, a economia e a política, dentre diversos outros segmentos, envolvendo não somente uma classe ou grupo social, mas a população envolvida nas mais diversas atividades que de algum modo se relacionavam com algum tipo de troca entre os povos. Há, no entanto, comentadores que advogam que se trata de um movimento mais elitizado, pois a expansão e apropriação da cultura helênica teria se dado em um grupo mais elitizado destas sociedades que teriam oportunidade de frequentar os novos espaços destinados à difusão da cultura grega.

O resultante foi a formação de uma cultura que mesclava elementos gregos com outros, provindos das regiões conquistadas, da divulgação do modo de pensar grego, da universalização da língua grega. Tais elementos culturais foram difundidos pelo mundo, somados a outros componentes presentes nas culturas ocidental, europeia, asiática e oriental.  A cultura resultante do helenismo se faz presente não somente nas questões artísticas e estéticas, mas na filosofia, no avanço científico e também nas doutrinas religiosas. Áreas como filosofia, ciências, arte, religião, economia, entre outras, foram profundamente influenciadas com a difusão da cultura grega.

 

Filosofia greco-romana

O período que vai desde a morte de Alexandre, o grande, então com 32 anos de idade, ocorrida em 10 de junho de 323 a.C., e de seu mestre e professor, o grande filósofo e fundador do Liceu, Aristóteles, cerca de um ano depois, em 322 a.C. até o fim da Antiguidade e início da Idade Média, com a queda do Império Romano no Ocidente, marcada pela tomada de Roma, e a deposição do último imperador romano do Ocidente, Rômulo Augusto, em 476 d.C. é um período histórico no qual, para o pensamento filosófico a ênfase se voltou para o bem viver, para a obtenção da felicidade e para algum tipo de “salvação” diante dos infortúnios da vida e da morte certa em algum momento futuro. Somado a isto, temos o advento do Cristianismo. Jesus Cristo é crucificado e morto em 33 d.C. (na verdade, sua data de nascimento não foi fixada corretamente, ocorrendo cerca de 4 anos antes e deste modo, como nosso calendário se inicia com seu nascimento, sua data de morte também não está correta) e após este evento seus discípulos e mais tarde o apóstolo Paulo, começam a divulgar o que irá se tornar a nova religião do cristianismo.

O cristianismo irá encontrar no pensamento filosófico então desenvolvido pelas distintas Escolas e movimentos (Cinismo, Ceticismo, Epicurismo, Estoicismo, neo-platonismo e outros) um terreno profícuo para seu desenvolvimento, pois, estas Escolas não estavam mais preocupadas com grandes desenvolvimentos especulativos e sim com a felicidade e o bem viver, com uma postura ética ou moral diante da vida e da morte, do prazer e da dor e sofrimento. Diante de tal contexto, a salvação proposta pelo cristianismo tem um chamativo mais tentador, claro e robusto que os demais, pois, irá aos poucos incorporando a sua doutrina às teses presentes na filosofia helênica e dará, inclusive, um destaque maior aos três grandes filósofos da Antiguidade, Sócrates, Platão e Aristóteles, que já estavam de certo modo esquecidos pelos principais ramos da filosofia então presentes.

Flávio Justino (100-165), um dos padres apologistas, entendia que o cristianismo era um tipo de filosofia e a única verdadeira, o que faz sentido quando tomamos ciência de que nesta época histórica os movimentos e escolas filosóficas estavam todos preocupados com a salvação e a felicidade, mas que não concebiam um deus pessoal e criador, nem uma alma imortal e individualizada em vida e no pós-morte, onde seria responsabilizada por seus atos, fossem estes bons ou maus. Desde a morte de Aristóteles que não tivemos mais a especulação ampla como tema da filosofia e sim a busca e encontro da felicidade, uma forma de salvação diante das agruras, dores e sofrimentos presentes na vida. Neste tocante, o cristianismo traz realmente uma mensagem superior, mais completa, que individualiza a pessoa e sua relação com deus, que proporciona um sentido e significado a sua vida e também a sua morte, que coloca este humano no centro de um processo muito importante organizado por Deus. As bases para a vitória do cristianismo já estavam postas mesmo antes de sua criação, a partir do direcionamento dado pela cultura então reinante e o pensamento filosófico em desenvolvimento. Quando esta doutrina chegou e com a necessidade de ser batizado, escolha pessoal que um adulto deveria realizar, o cristianismo passou a ser entendido como algo bem sério e que requeria uma decisão pessoal, baseada na convicção e na aprendizagem sobre o culto. Também com uma mensagem que qualquer pessoa do povo poderia facilmente entender, sem ser versado em filosofia ou conhecer a cultura grega, por tais motivos e deste modo, este se espalhou em terreno profícuo, como fogo na palha seca ateado com gasolina.

Neste período, que vai do século 4 a.C. ao século 5 d.C. temos uma sucessão de ideias, movimentos, Escolas e valores, voltados para o papel representado por este humano na ordem da sociedade e também cósmica, direcionando o melhor comportamento a ser adotado e objetivando atingir algum tipo de felicidade mais duradoura.

Some-se a isto o fim da Academia no século VI d.C. Desde a morte de Platão, a Academia teve sua direção passada de mestre para mestre, mantendo a tradição. Durante a primeira guerra Mitridática, contra os romanos, que teve início em 88 a.C., temos que Sula sitiou e conquistou a cidade de Atenas em 86 a.C., vindo nesta ocasião a destruir fisicamente a Academia, mas o terreno onde a mesma fora construída continuou a ser usado pelos mestres e alunos até o ano de 529 d.C., quando por ordem do então imperador Justiniano, do Império Romano do Oriente, foi definitivamente fechada, pondo fim ao último baluarte da cultura helênica, ainda vinculada aos deuses gregos e as musas inspiradoras. Sua finalidade era cultural, também de caráter jurídico e religioso. Era o fim de uma era e a vitória dos sacerdotes da nova religião, o cristianismo.

Ainda na época de Sócrates, Platão e Aristóteles, podemos falar de algumas Escolas socráticas menores, tal o caso de: A Escola Megárica, fundada por Euclides de Mégara, a Escola Cínica, fundada por Antístenes, e a Escola Cirenaica, fundada por Aristipo de Cirene. Posteriormente, teremos duas grandes Escolas, o Epicurismo e o Estoicismo, além, claro está, do Cinismo, Ceticismo e Ecletismo que veremos se desenvolver na cultura helênica.

Nas Escolas Socráticas menores o que temos não é mais a convergência de toda especulação filosófica em direção ao Bem, enquanto fim supremo e de valor metafísico, como o encontramos em Platão e Aristóteles. Mantém-se o predomínio do problema ético como já presente em Sócrates, mas a ênfase presente em Platão e Aristóteles com relação ao Bem ser identificado ao fim supremo da vida humana, da educação e do Estado e para toda realidade universal, tende a se restringir, nas Escolas socráticas menores, a uma preocupação exclusiva com o bem humano. Desde Sócrates o “bem” é o objetivo maior da filosofia, variando, no entanto, o que se entende por “bem” e o quanto tal conceito é ampliado ou restringido, deste modo, por exemplo, tendo o Bem como meta a ser alcançada, os cirenaicos se voltam para o prazer, já os cínicos para a natureza e liberdade.

Com as conquistas militares de Alexandre, temos também a expansão da cultura grega, o helenismo, e sua mescla com as culturas orientais. Neste período passamos a ter o predomínio do problema ético e, se antes o grande centro helênico do conhecimento era Atenas, agora esta cidade passa a ter outras que com ela rivalizam enquanto grandes centros culturais e de produção de conhecimento, como tal é o caso das cidades de Pérgamo, Rodes, Antioquia e Alexandria.

Há também uma mudança de foco, pois, se com Platão e Aristóteles a ética tendia a surgir como o auge de toda especulação filosófica desenvolvida e a par com a política, agora, com a dissolução da pólis grega e o afastamento da autonomia política das cidades e de seus cidadãos, temos a perda do sentimento de dever vinculado à cidadania e uma substituição da importância deste humano da cidade para o desenvolvimento pessoal voltado para a felicidade e serenidade. A anterior ênfase ao problema do ser e do conhecimento cede lugar ao problema do supremo bem.

Neste período, da morte de Aristóteles (322 a.C. – século IV a.C.) até o fechamento da Academia (529 d.C. – século VI d.C.), temos desde o início, e presente nos principais movimentos e escolas filosóficas, duas bases fundamentais nas quais mais tarde se erguerá o cristianismo, a partir do século I d.C., refiro-me aos conceitos de universalismo e de interioridade. Os humanos já não pertencem a uma única pátria ou cidade, são entendidos como cidadãos do mundo (cosmopolitismo), onde não é o local de nascimento que os diferencia e sim a razão que os unifica enquanto uma única espécie, por sua vez, a busca da verdade, da felicidade, da salvação, da paz, se encontra não fora de si nos diversos bens materiais e reconhecimentos sociais e sim na interioridade individual.

 Silvério da Costa Oliveira.

 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

Site: www.doutorsilverio.com

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quarta-feira, 27 de abril de 2022

Hípias de Élis (1)* A lei civil serve para tiranizar os humanos

 


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 Híppias ou Hípias (460-400 a.C.) natural da cidade de Élis (Élide). A tradição o apresenta como um homem de saber enciclopédico (um polímata) e de enorme capacidade de memorização. Ele ensinava, inclusive, técnicas para memorização (mnemotécnica). O que sabemos hoje provém basicamente da obra de Platão, onde Hípias aparece como personagem em alguns livros, refiro-me aos diálogos “Hípias maior”, “Hípias menor” e “Protágoras”, e também da obra de Xenofonte.

Do mesmo modo que outros sofistas, atuou como professor itinerante, viajando pelas cidades da Grécia e cobrando por suas aulas. Também como outros sofistas, esteve em Atenas e lá ministrou cursos sobre a arte de bem falar, a oratória, lembrando que os sofistas eram mestres na retórica. Pelos relatos que temos, teria ganhado muito dinheiro com sua atividade docente. Também foi um grande matemático e nos baseando em Proclo, temos que Hípias desenvolveu estudos matemáticos sobre a quadratriz, visando resolver um dos três grandes problemas matemáticos da Antiguidade, a trissecção do ângulo (os outros dois são respectivamente: a duplicação do cubo e a quadratura do círculo).

Hípias apresenta uma atitude cosmopolita na qual defende a igualdade entre todos, sejam gregos ou não, sejam aristocratas ou escravos. Defende e enaltece a educação e defende também que a lei natural deva prevalecer sobre a lei civil, a qual tende a tiranizar os humanos e obriga-los a executar ações contrárias a natureza.

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terça-feira, 26 de abril de 2022

Hípias de Élis: Um homem de saber enciclopédico

  Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Hípias de Élis

 Híppias ou Hípias (460-400 a.C.) natural da cidade de Élis (Élide), esteve em Atenas em 421 a.C. A tradição o apresenta como um homem de saber enciclopédico (um polímata) e de enorme capacidade de memorização. Ele ensinava, inclusive, técnicas para memorização (mnemotécnica).

Como também ocorre com outros pensadores antigos, pouco sabemos sobre a vida de Hípias ou sobre sua obra. O que sabemos hoje provém basicamente da obra de Platão, onde Hípias aparece como personagem em alguns livros, refiro-me aos diálogos “Hípias maior”, “Hípias menor” e “Protágoras”, e também da obra de Xenofonte.

Do mesmo modo que outros sofistas, atuou como professor itinerante, viajando pelas cidades da Grécia e cobrando por suas aulas. Também como outros sofistas, esteve em Atenas e lá ministrou cursos sobre a arte de bem falar, a oratória, lembrando que os sofistas eram mestres na retórica. Pelos relatos que temos, teria ganhado muito dinheiro com sua atividade docente.


 

Também foi um grande matemático e nos baseando em Proclo, temos que Hípias desenvolveu estudos matemáticos sobre a quadratriz, visando resolver um dos três grandes problemas matemáticos da Antiguidade, a trissecção do ângulo (os outros dois são respectivamente: a duplicação do cubo e a quadratura do círculo). A quadratriz (latim: quadratrice) pode ser definida como a intersecção de duas linhas em movimento: onde temos uma linha se movendo em rotação, no sentido horário, e uma segunda linha se movendo de cima para baixo, em velocidade constante. Além de Proclo, também fazem referência a esta questão, mas sem citar o nome de Hípias, Papo de Alexandria e Iâmbico.

Conjuntamente com Protágoras, nos baseando nos diálogos de Platão, teria estabelecido uma distinção entre o que é bom ou mal por natureza (physis), este válido por toda eternidade, sendo necessário, universal e permanente, e o que o é por ser conforme a lei (nomos) vigente em dada sociedade, este contingente, artificial e variável. Toda lei humana seria uma coação contra a natureza. Ao nos basearmos no diálogo de Platão intitulado “Protágoras”, temos que Hípias entende que a natureza (physis) é aquilo que faz com que os humanos sejam semelhantes entre si, ou seja, aquilo que une os humanos. Já a lei (nomos) é aquilo que proporciona a divisão entre os humanos, fazendo com que estes ajam contrários à sua natureza. Deste modo, a natureza é entendida como único critério do que possa ser verdade para com o comportamento humano e a lei passa a ocupar um lugar desvalorizado. Ao considerar a natureza como o que une os humanos e a lei como o que provoca a desunião, abre espaço para crítica quanto as divisões sociais existentes dentro da própria sociedade grega e entre os gregos e demais povos. Estamos diante de um ideal cosmopolita e igualitário entre os povos, algo realmente revolucionário para a época. As leis (nomos) podem atuar como fonte de poder tirânico e arbitrário na área política.

Resumindo, temos que Hípias apresenta uma atitude cosmopolita na qual defende a igualdade entre todos, sejam gregos ou não, sejam aristocratas ou escravos. Defende e enaltece a educação e defende também que a lei natural deva prevalecer sobre a lei civil, a qual tende a tiranizar os humanos e obriga-los a executar ações contrárias a natureza.

 Silvério da Costa Oliveira.

 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

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quarta-feira, 20 de abril de 2022

Pródico de Céos (1) * Sofista, professor, orador


 

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 Prodicus ou Pródico (465-395 a.C.), ou Pródicus de Céos, priorizava em seu ensino a retórica e a ética, sendo tido a época como um grande professor e orador. Também conhecido por suas distinções linguísticas e a atenção que dava a correção do sentido das palavras usadas no discurso, priorizando a exatidão dos nomes. Segundo Pródico, para desenvolver um discurso ou participar de um debate é importante que as palavras usadas sejam adequadamente definidas, dando um especial destaque ao uso correto das palavras e a definição exata dos sinônimos.

O que há de caracterizar Pródico como sofista será a cobrança de um valor em dinheiro para ter-se suas aulas, e dele ser um hábil orador, conhecedor da retórica. Três pontos se destacam no seu pensamento 1- A ética expressa na escolha de Hércules entre a virtude e o vício, valorizando o esforço e trabalho, 2- A origem dos deuses nos fenômenos da natureza e naqueles tidos como os portadores de alguma descoberta útil à sobrevivência da humanidade (vinho, pão, fogo, água, agricultura, etc.) e 3- A precisa definição dos sinônimos e das palavras em busca do significado presente nas mesmas. A discussão e divergência entre as pessoas pode se dar meramente por entenderem coisas diferentes pelas mesmas palavras. Interessante seu posicionamento sobre o sucesso estar vinculado ao trabalho e esforço próprio, bem como seu pensamento sobre a morte e o motivo pelo qual não devemos temê-la.

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terça-feira, 19 de abril de 2022

Pródico de Céos: A escolha de Hércules entre o vício e a virtude

 Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Pródico de Céos

 Prodicus ou Pródico (465-395 a.C.), ou Pródicus de Céos. Nasceu em Iulis, ilha de Céos. Pouco ou quase nada sabemos sobre sua vida. Considerado grande orador, e em virtude disto, esteve em Atenas, por algumas vezes, como embaixador de Céos e também como professor. Se diferenciando de outros sofistas, além da oratória, seus ensinamentos priorizaram a aprendizagem de um comportamento ético.

Pródico priorizava em seu ensino a retórica e a ética, sendo tido a época como um grande professor e orador. Também conhecido por suas distinções linguísticas e a atenção que dava a correção do sentido das palavras usadas no discurso, priorizando a exatidão dos nomes. Segundo Pródico, para desenvolver um discurso ou participar de um debate é importante que as palavras usadas sejam adequadamente definidas, dando um especial destaque ao uso correto das palavras e a definição exata dos sinônimos.


 

Segundo seu pensamento, não devemos temer a morte, pois, enquanto estamos vivos, a morte não existe, e quando ela existe, já nós não existimos mais. Entende que é necessário esforço para obter sucesso na vida e que nada de bom ou belo se consegue neste mundo sem trabalho.

Cabe aqui a referência a um de seus discursos, no qual apresenta uma fábula que tem como personagem principal a Hércules e na qual o herói precisa fazer uma escolha apresentada por duas mulheres, uma representando o vício (Cacia, Kakía) e a outra a virtude (Areth, Areté).

Se por um lado temos uma vida direcionada para o prazer intenso e imediato, preso nas sensações corporais, buscando o que desejamos e o que nos é de algum modo útil, mas sem qualquer escrúpulo moral, proposto por Kakía, por outro, temos a proposta de Areté, que também se direciona para a utilidade do que buscamos, mas este caminho se solidifica pelo esforço, fadiga e trabalho necessário para alcançar estas metas. Há aqui uma valorização do que é útil para nós, mas também uma valorização do esforço e do trabalho necessário para alcançar o sucesso naquilo que buscamos. Menos que o fim, a alegria e felicidade, as propostas de Kakía e de Areté se diferenciam pelo caminho a ser percorrido, se mais curto (Kakía) ou mais longo (Areté) e as consequências oriundas da escolha de cada um destes caminhos. Hércules escolhe o caminho da virtude e este é o caminho ético e moral apontado pelo discurso de Pródico.

Nesta história sobre a encruzilhada na qual se encontrava o personagem Hércules e as duas mulheres que dele se aproximam com propostas distintas e antagônicas entre si, temos simbolizado o grande desafio de decidir quem de fato nós queremos ser na vida, ou dito de outra forma, qual a vida que queremos para nós, pois, estamos diante de uma escolha que marcará para sempre nossa vida.

No tocante aos deuses gregos, não seria correto classificar Pródico como um ateísta, pois mantinha um comportamento respeitoso como era esperado dentro da cultura grega, mas possuía um entendimento bem original e crítico sobre a questão. Segundo Pródico, inicialmente os humanos entenderam como deuses aqueles fenômenos da natureza por eles considerados úteis e vantajosos para sua sobrevivência, tal é o caso do sol, da lua ou do rio Nilo. Posteriormente, passaram a divinizar os humanos que realizaram alguma grande proeza ou que trouxeram alguma contribuição muito significativa, tal como a descoberta do fogo ou novas práticas agrícolas. Procurou por tal modo explicar o surgimento da ideia sobre a existência dos deuses, sem, no entanto, negar sua existência.

Alguns temas interessantes podem ser exemplificados a partir das seguintes teses de origem em Pródico: 1- A virtude é uma ciência, pode ser ensinada e deve ser aprendida. 2- A ciência do bem e do mal consiste no conhecimento da natureza do humano. O mal é feito por ignorância e cada qual deseja somente aquilo que for de acordo com a sua natureza. Conhecendo sua própria natureza o humano há de fazer o bem e ser feliz. 3- A filosofia ou sabedoria é a primeira ciência, pois permite tudo usar e fazer com sabedoria. A sabedoria é o maior dos bens. 4- Esta ciência, sabedoria ou filosofia, há de incluir a conduta individual e a direção dos negócios públicos.

O que há de caracterizar Pródico como sofista será a cobrança de um valor em dinheiro para ter-se suas aulas, e dele ser um hábil orador, conhecedor da retórica. Três pontos se destacam no seu pensamento 1- A ética expressa na escolha de Hércules entre a virtude e o vício, valorizando o esforço e trabalho, 2- A origem dos deuses nos fenômenos da natureza e naqueles tidos como os portadores de alguma descoberta útil à sobrevivência da humanidade (vinho, pão, fogo, água, agricultura, etc.) e 3- A precisa definição dos sinônimos e das palavras em busca do significado presente nas mesmas. A discussão e divergência entre as pessoas pode se dar meramente por entenderem coisas diferentes pelas mesmas palavras. Interessante seu posicionamento sobre o sucesso estar vinculado ao trabalho e esforço próprio, bem como seu pensamento sobre a morte e o motivo pelo qual não devemos temê-la.

 Silvério da Costa Oliveira.

 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

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