Por: Silvério
da Costa Oliveira.
Nascimento,
desenvolvimento e morte, esta é a história básica da vida e neste ínterim
alguns indivíduos conseguem desenvolver uma consciência de estarem presentes
como um ser único e vivente neste mundo. Conjuntamente com a consciência de ser
alguém vem à formação de uma identidade e de uma imagem pessoal, esta imagem,
no entanto, sofre transformação durante toda a vida e requer uma adaptação
também na identidade que este ser possui.
Uma criança de
cinco ou dez anos de idade tem uma determinada aparência física, também possui
valores e relações sociais e afetivas que se transformam a cada novo ano, novas
vivências e aprendizado estão presentes, bem como o desenvolvimento natural do
organismo. Aos quinze anos temos uma aparência física e uma idéia do que
sejamos nós neste mundo, na sociedade e família da qual fazemos parte. Nossa
identidade é algo muito importante e está associada à imagem que temos de nós
mesmos e que procuramos mostrar aos demais seres que compartilham conosco esta
existência, no entanto, a vida prossegue e temos de passar por fases distintas
e cada qual com seu nível de profundidade e complexidade, tal é o caso da
infância, da adolescência, da vida adulta e do posterior envelhecimento.
Infelizmente, nem todas as pessoas conseguem se adaptar as mudanças inevitáveis
que cada novo ano nos trás.
Saber encarar
um espelho e gostar de si-mesmo é algo deveras difícil para muitas pessoas e
com o passar dos anos torna-se também mais complicado na medida em que aquele
rosto e corpo que o espelho nos devolve não correspondem mais a uma imagem guardada
em nossa memória e profundamente vinculada a nossa identidade pessoal. Saber
envelhecer requer aprendizagem e também suportar o luto pela morte de uma parte
de nós que deixa de existir, simultaneamente ao nascimento de muitas e
gratificantes coisas novas, como os brotos no tronco de uma velha árvore.
Quando falo em
envelhecer e luto pelo que se perdeu, não me refiro unicamente a assim chamada
terceira idade ou melhor idade, mas refiro-me a todas as perdas, a começar pela
perda da primeira infância quando podíamos brincar despreocupadamente, da perda
de sermos crianças e depois da perda de nossa adolescência, também da perda da
inocência perante o mundo e por aí em diante, afinal, a cada nova escolha
tomada perdemos o resultado das escolhas preteridas. Nós somos hoje não somente
o resultado de nossas escolhas, mas o fruto do que deixamos ou perdemos de ser
quando escolhemos algo outro, algo diverso, deixando para trás caminhos e
atalhos não tomados, não vividos, não percorridos.
Festejar o que
somos hoje ou lamentar o que deixamos de ser também é uma escolha, mas acima de
tudo é preciso coragem para viver e seguir em frente buscando a realização
plena do sentido único de nossas vidas e não nos curvando as perdas inevitáveis
e sofridas do passado. Há o tempo de chorar e o tempo de rir e claro está
também que a vida é um misto de amargo e doce. Saber viver também é compreender
que tudo faz parte e que os momentos importantes não acabam jamais, mas ficam
eternizados em nossa memória. Aquelas pessoas que muito amamos e que um dia
saíram de nossas vidas, em verdade não morreram e nem morrerão enquanto nós
estivermos vivos, pois elas são parte integrante não somente de nossas
lembranças, mas do que somos nós hoje e vivem em nós da mesma forma que nós
viveremos em algumas pessoas significativas após nossa partida.
A tristeza e a
alegria se mesclam em uma mistura toda particular que é a vida, a nossa vida em
sua unicidade. Viva hoje em intensidade, pois este momento é único e também irá
passar. Disto resta afirmar ou re-afirmar que a transformação é uma constante
em nossa vida e a verdadeira maturidade emocional está em sermos capazes de
exercer aceitação diante da inevitabilidade destas transformações. Diante do
espelho não devemos ver somente a nossa imagem e sim o desenvolvimento integral
de um ser em seu percurso pela vida. A transformação é algo inevitável e
constante, nossa aceitação também deve ser.
Pergunta: Diante
da vida, da sua e da nossa vida, o que você pensa e sente sobre mudança,
transformação e aceitação?
Prof. Dr.
Silvério da Costa Oliveira.
(Respeite os
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