Por: Silvério da Costa Oliveira.
Clemente
Clemente de Alexandria (150-215/217) ou Tito Flávio Clemente (cuidado com o homônimo que foi cônsul em 95 d.C.), grego, nasceu em Atenas. Dentre as obras de sua autoria que conhecemos e que chegaram aos nossos dias, temos “Exortação aos gregos” (Protreptikos pros Ellenas), “Disposições” (Hypotyseis), “Pedagogo” (Paedagogus) e “Miscelânia” (Stromata ou Stromateis).
Defendeu o cristianismo e se opôs aos gnósticos de Valentim na época presentes a cidade de Alexandria onde também se encontrava Clemente. Argumentou a favor da fraternidade e da repartição das riquezas, bem como aceitou a ideia do livre arbítrio. Coube a ele estabelecer o programa educativo da escola catequética de Alexandria, que posteriormente seria o modelo que seria adaptado as escolas na Idade Média, formando as artes liberais, divididas em trivium e quadrivium.
No pensamento desenvolvido por Clemente, temos que a verdade plena está na revelação, na vida e ensinamentos de Cristo, no entanto, outros povos tiveram acesso ao que pode ser entendido como uma preparação para a revelação, uma verdade parcial. Tal foi o caso do povo judeu com a Lei e do povo grego com a Filosofia. A filosofia não é ruim e não deve se opor a revelação, deve ser vista como complementar.
Somente os humanos bons filosofam, os maus, segundo o pensamento de Clemente, não costumam se interessar pela filosofia, atuando a filosofia como um instrumento para evitar vícios e paixões que se oponham ao desenvolvimento da espiritualidade, deste modo, a filosofia prepara e antecipa a mensagem da revelação dada por Jesus Cristo.
A filosofia exerceu nos gregos antigos uma influência preparatória para a revelação e aqueles que ali viviam dentro da honestidade, bondade, coragem e outras virtudes apresentam na história de suas vidas um anúncio do cristianismo que virá, portanto, temos na filosofia dos gregos e na Lei dos judeus um início do que mais tarde continuará com o cristianismo. A filosofia dos gregos e a lei dos judeus são como rios que confluem para o grande rio da fé, a revelação e o cristianismo.
Não cabe à filosofia e à Lei ultrapassar os limites da revelação dada por Jesus Cristo e a fé cristã, a razão deve ser entendida unicamente como uma auxiliar da fé cristã. Já que a filosofia é a busca da sabedoria, e que a fé e revelação nos trazem a verdade, somente a fé na revelação pode nos trazer a verdade por meio desta busca.
Silvério da Costa Oliveira.
Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.
Site: www.doutorsilverio.com
(Respeite os Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)
Nenhum comentário:
Postar um comentário