Professor Doutor Silvério

Blog: "Comportamento Crítico"

Professor Doutor Silvério

Silvério da Costa Oliveira é Doutor em Psicologia Social - PhD, Psicólogo, Filósofo e Escritor.

(Doutorado em Psicologia Social; Mestrado em Psicologia; Psicólogo, Bacharel em Psicologia, Bacharel em Filosofia; Licenciatura Plena em Psicologia; Licenciatura Plena em Filosofia)

Sites na Internet – Doutor Silvério

1- Site: www.doutorsilverio.com

2- Blog 1 “Ser Escritor”: http://www.doutorsilverio.blogspot.com.br

3- Blog 2 “Comportamento Crítico”: http://www.doutorsilverio42.blogspot.com.br

4- Blog 3 “Uma boa idéia! Uma grande viagem!”: http://www.doutorsilverio51.blogspot.com.br

5- Blog 4 “O grande segredo: A história não contada do Brasil”

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6- Perfil no Face Book “Silvério Oliveira”: https://www.facebook.com/silverio.oliveira.10?ref=tn_tnmn

7- Página no Face Book “Dr. Silvério”: https://www.facebook.com/drsilveriodacostaoliveira

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10- Página no You Tube: http://www.youtube.com/user/drsilverio

11- Currículo na plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/8416787875430721

12- Email: doutorsilveriooliveira@gmail.com


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domingo, 30 de maio de 2021

Irineu de Lyon: Em defesa da união a Igreja

 Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Irineu de Lyon

 Irineu de Lyon (130-202), grego, nascido na ilha de Esmirna, em uma província romana da Ásia, onde hoje temos a Turquia e supostamente falecido aos 72 anos de idade. O significado de seu nome, em grego, nos remete a paz, “pacífico”. É considerado santo pela Igreja Católica Apostólica Romana, também foi bispo de Lyon. Não há certeza entre os comentaristas quanto ao ano de seu nascimento, variando entre 115 e 142. Também há dúvidas quanto a data de sua morte e se teria ou não morrido em decorrência de sua fé cristã em virtude de alguma perseguição ou acusação. Poucos dados biográficos são de consenso entre os diversos comentaristas, sendo escassa a informação sobre sua vida. Segundo a tradição, Irineu foi discípulo de Policarpo (também considerado santo pela Igreja Católica Apostólica Romana) e este por sua vez, foi discípulo de João, o evangelista, um dos apóstolos. Seu dia de comemoração pela Igreja é 28 de junho.


 

Escreveu contra diversas seitas agrupadas com o nome de gnósticas (gnostikós) e defendeu os concílios episcopais para manter a união da Igreja. Dentre suas obras temos “Contra as heresias”, que chegou até a nossa época por meio de traduções e traz relato sobre como seria o gnosticismo da época. O termo “heresia” encontra em sua origem no latim o significado de “escolha” ou “opção” e veio a designar no cristianismo aqueles que se afastavam das doutrinas aceitas, sendo, portanto, suas ideias ou crenças consideradas falsas ou contrárias ou diferentes do sistema religioso então aceito. Também consta dentre as obras que dele nos chegaram, a “A exposição da pregação apostólica”.

 Silvério da Costa Oliveira.

 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

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Flávio Justino: O que há de bom na Filosofia provém da religião judaico-cristã

  Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Flávio Justino

 Flávio Justino (100-165), também conhecido por Flavius Justinus ou Justino Mártir ou Justino de Nablus, é considerado santo pela Igreja Católica Apostólica Romana. Nasceu em Flávia Neápolis (atual Nablus), na Síria Palestina ou Samaria.


 

Antes de sua conversão teve contato com a filosofia e entendia que o filósofo grego Platão havia se inspirado em Moisés e que a obra “Timeo” teve como fonte ao “Gênesis”. Afirma, portanto, que o que havia de bom na filosofia provinha da religião judaico-cristã, mas que somente os cristãos são detentores da verdade revelada e ensinada por Jesus Cristo. Para Justino, a filosofia é subordinada à religião cristã. A verdade encontrada na filosofia somente o é por estar de acordo com a fé, e não com a razão. Para Justino, os filósofos mais importantes são Platão e os estoicos. De Platão há de buscar o mundo das ideias ou o mundo inteligível e dos estoicos o logos germinal e as doutrinas morais.

Justino não via diferença entre a religião cristã e a filosofia, para ele, o cristianismo era um tipo de filosofia e a única verdadeira. Para Justino a filosofia não é entendida como uma especulação racional e sim como a busca da sabedoria que leva ao encontro de Deus e da verdade, no caso, a verdade revelada pelos escritos dos profetas e por Jesus e seus apóstolos. Justino identifica Jesus ao “logos” debatido pelos filósofos.

Morre aos 65 anos de idade, é considerado santo e sua festa litúrgica ocorre no dia 1º de junho. Também considerado mártir da Igreja, pois, estando em Roma, lá foi denunciado, julgado e morreu decapitado pelo crime de ser cristão. Junto com ele foram decapitados, também, seis de seus discípulos cristãos.

 Silvério da Costa Oliveira.

 

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sexta-feira, 28 de maio de 2021

Inácio de Antioquia (1) * Um dos pais da Igreja, bispo e mártir

 


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Inácio de Antioquia (35-108) atuou como bispo em Antioquia e foi discípulo do apóstolo João, tendo tido também contato com o apóstolo Paulo, tendo sucedido o apóstolo Pedro a frente da igreja de Antioquia, na Síria. Preso por ordem do imperador romano Trajano e condenado a morte no coliseu, em Roma, por meio de leões. Desta forma, Inácio é considerado pela Igreja como tendo sido bispo e mártir, bem como santo. Entende-se que Inácio foi o primeiro a usar a expressão “Igreja Católica”, aqui, católica significa “universal”. Sua obra escrita é constituída por uma coleção de cartas nas quais enfatiza a necessidade de preservar a unidade da Igreja. Entende a Jesus como o pensamento de Deus Pai, sendo gerado e não criado. Defende a existência da Santíssima Trindade, onde temos Deus, um único ser, dividido em três: Pai, Filho e Espírito Santo. Também defende a transubstanciação do corpo e sangue de Jesus na eucaristia, no pão e vinho. Também afirma que se deva trocar o sábado pelo domingo como dia a ser guardar em nome do Senhor. O pensamento de Inácio pode ser considerado um dos responsáveis pelo afastamento da antiga tradição judaica e a ruptura e separação do cristianismo, agora como uma religião independente do judaísmo e da lei judaica contida no Torá. Em vários pontos a interpretação dada as sete cartas deixadas por Inácio, pela Igreja Católica Apostólica Romana, vem a defender dogmas e normativas adotadas pela Igreja e tais interpretações são questionadas como sendo errôneas e falsas por adeptos de outras correntes cristãs. Quando estava para cumprir sua pena e desejando evitar que cristãos influentes intervissem a seu favor, formulou a seguinte frase: “Deixai-me ser a comida das feras, pelas quais me será dado desfrutar a Deus. Eu sou o trigo de Deus, é preciso que ele seja triturado pelos dentes das feras, para tornar-se pão puro de Cristo”.

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"Inácio de Antioquia: A unidade da Igreja e formação de seus principais dogmas".

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quarta-feira, 26 de maio de 2021

Padres apologistas (1) * Precursores e antecedentes da filosofia medieval e cristã

 


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Ao pensarmos na Idade Média podemos discorrer sobre a filosofia medieval ou sobre a filosofia cristã. A filosofia medieval sofre forte influência da cultura greco-romana e também da religião cristã. Esta última surge a partir da figura histórica de Jesus Cristo e após sua morte é espalhada primeiramente por aqueles que conviveram com Jesus e foram seus discípulos enquanto vivo. Nós chamamos a estes de padres apostólicos. Em um segundo momento teremos os padres apologistas, que irão divulgar e defender a nova religião, combatendo contra os desvios dentro do próprio cristianismo e contra as demais religiões existentes e mesmo contra a cultura greco-romana representada pela filosofia. A estes padres apologistas, precursores e antecedentes da filosofia medieval, cabe a discussão sobre as bases da religião cristã que se formava então. Partindo daqueles que se tornaram conhecidos por defender a religião cristã do século I ao V, podemos citar: Inácio de Antioquia (35-108), Flávio Justino ou Justino Mártir ou Justino de Nablus (100-165), Irineu de Lyon (130-202), Atenágoras de Atenas (133-190), Clemente de Alexandria (150-215/217), Marco Minúcio Felix (150-270), Tertuliano (160-220), Orígenes de Alexandria ou Orígenes de Cesareia ou Orígenes o Cristão (185-253), Eusébio de Cesareia ou Eusebius Pamphili ou Eusébio amigo Pânfilo (265-339), Gregório de Nazianzo ou Gregório Nazianzeno ou Gregório teólogo (329-389), Basílio de Cesareia (329/330-379), Gregório de Nissa (335-395), Ambrósio de Milão (340-397), João Crisóstomo (347-407), Jerônimo (347-420). Dentre os quinze padres apologistas citados e outros mais, cabe mencionar que nem todos se posicionaram do mesmo modo diante da filosofia e da cultura greco-romana. Alguns se mostraram indiferentes, se atendo aos fundamentos do cristianismo, outros se mostraram abertamente hostis, vendo a filosofia como uma inimiga a ser combatida e um terceiro grupo se mostrou amigável a filosofia, tentando trazê-la para o âmbito da religião cristã. A intenção inicial dos padres apologistas será a divulgação e defesa do cristianismo. Teremos alguns que terão uma atitude indiferente ou mesmo hostil para com a filosofia, que será vista como a sabedoria dos pagãos. Outros entenderão que a filosofia greco-romana e a retórica devem ser absorvidas pela Igreja Cristã, dando sustentação e explicação aos dogmas religiosos. Deste modo, a filosofia se subordina à religião cristã, não sendo verdadeira quando nega ou questiona os dogmas, mas sendo útil como instrumento de defesa da religião e como uma apresentação racional do cristianismo para uma camada mais culta e versada em filosofia da sociedade romana. Lembremos que o cristianismo começou e se expandiu pelas camadas mais simples do império romano e sem o domínio da cultura greco-romana. Esta mesma cultura erudita poderia ocasionar uma dificuldade ou resistência quanto à aceitação de uma doutrina vista como irracional e alheia ao discurso filosófico, daí a importância da filosofia para ajudar a catequizar as pessoas de classes mais elevadas dentro do império. Como consequência deste esforço que começa mesmo antes da Idade Média, teremos como resultado uma absorção da filosofia pela religião cristã, de modo que esta passa a ter um elemento de suporte racional aos seus dogmas e isto tende a permitir que pessoas mais racionais, cultas e instruídas encontrem um ponto em comum com esta religião e não a vejam em oposição ao bom gosto de quem estudou e se orgulha de suas conquistas intelectuais.

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"Introdução aos padres apologistas".

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terça-feira, 25 de maio de 2021

Inácio de Antioquia: A unidade da Igreja e formação de seus principais dogmas

 Por: Silvério da Costa Oliveira.

Inácio de Antioquia

Inácio de Antioquia (35-108), não há uma concordância por parte dos comentaristas com relação a real data de sua morte, variando, portanto, o ano da mesma entre o ano 100 e 108. Atuou como bispo em Antioquia e foi discípulo do apóstolo João, tendo tido também contato com o apóstolo Paulo, tendo sucedido o apóstolo Pedro a frente da igreja de Antioquia, na Síria (Se, de acordo com a tradição da Igreja, Pedro foi o primeiro bispo desta cidade, Evodio o segundo, Inácio seria o terceiro, mas, já para alguns, foi o segundo). Foi preso por ordem do imperador romano Trajano, durante a perseguição aos cristãos ocorrida entre 98-117 e condenado a morte no coliseu, em Roma, por meio de leões. Nesta época não havia por parte do Imperador Trajano o interesse em uma perseguição explícita aos cristãos, estava ele mais interessado em construir e reconstruir seu império, no entanto, qualquer um que fosse acusado seria julgado, podendo ser condenado e este foi o caso de Trajano. Os cristãos, nesta época, eram pelos romanos considerados ateus, por negarem os deuses de Roma. Desta forma, Inácio é considerado pela Igreja como tendo sido bispo e mártir, bem como santo.


 

Entende-se que Inácio foi o primeiro a usar a expressão “Igreja Católica”, aqui, católica significa “universal”. Sua obra escrita é constituída por uma coleção de cartas (oficialmente são consideradas sete cartas, escritas durante sua prisão e viagem a Roma para ser morto. Há quem entenda que possam existir outras cartas), nas quais enfatiza a necessidade de preservar a unidade da Igreja, bem como é interpretado pela Igreja Católica Apostólica Romana que ali, nas cartas, temos a supremacia da Igreja de Roma sobre toda a cristandade, mas há quem questione isto, afirmando que cada bispo, incluso o de Roma, exerce poder somente em sua área e não em toda a Igreja. Entende a Jesus como o pensamento de Deus Pai, sendo gerado e não criado. Defende a existência da Santíssima Trindade, onde temos Deus, um único ser, dividido em três: Pai, Filho e Espírito Santo. Também defende a transubstanciação do corpo e sangue de Jesus na eucaristia, no pão e vinho. Também afirma que se deva trocar o sábado pelo domingo como dia a ser guardar em nome do Senhor. O pensamento de Inácio pode ser considerado um dos responsáveis pelo afastamento da antiga tradição judaica e a ruptura e separação do cristianismo, agora como uma religião independente do judaísmo e da lei judaica contida no Torá.


 

Em vários pontos a interpretação dada as sete cartas deixadas por Inácio, pela Igreja Católica Apostólica Romana, vem a defender dogmas e normativas adotadas pela Igreja e tais interpretações são questionadas como sendo errôneas e falsas por adeptos de outras correntes cristãs. As cartas estão disponíveis para serem lidas pelo leitor que assim se interessar e desta forma tirar suas próprias conclusões sobre o que ali está escrito e seu real sentido e significado dentro do contexto onde se encontram.

Quando estava para cumprir sua pena e desejando evitar que cristãos influentes intervissem a seu favor, formulou a seguinte frase:

“Deixai-me ser a comida das feras, pelas quais me será dado desfrutar a Deus. Eu sou o trigo de Deus, é preciso que ele seja triturado pelos dentes das feras, para tornar-se pão puro de Cristo”.

A Igreja Católica Apostólica Romana celebra festa em sua homenagem todo dia 17 de outubro, considerado o dia de seu suplício.

Silvério da Costa Oliveira.

 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

Site: www.doutorsilverio.com

(Respeite os Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)

sábado, 22 de maio de 2021

Introdução aos padres apologistas

Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Ao pensarmos na Idade Média, que ocorre em um período de tempo que vai do século V ao XV e tendo como local a Europa ocidental, podemos discorrer sobre a filosofia medieval ou sobre a filosofia cristã. A questão com relação à existência ou não de uma filosofia cristã foi no decorrer da história motivo de controvérsia entre estudiosos. Para alguns simplesmente é contraditório a expressão “filosofia cristã”, pois, a filosofia é baseada na razão e tem a esta como autoridade máxima, questionando a qualquer outra forma de autoridade. Já o cristianismo é uma religião baseada em dogmas que não podem ser questionados e que se sobrepõem a qualquer raciocínio lógico, racional ou mesmo a qualquer abordagem científica.

A filosofia medieval sofre forte influência da cultura greco-romana e também da religião cristã. Esta última surge a partir da figura histórica de Jesus Cristo e após sua morte é espalhada primeiramente por aqueles que conviveram com Jesus e foram seus discípulos enquanto vivo. Nós chamamos a estes de padres apostólicos. Em um segundo momento teremos os padres apologistas, que irão divulgar e defender a nova religião, combatendo contra os desvios dentro do próprio cristianismo e contra as demais religiões existentes e mesmo contra a cultura greco-romana representada pela filosofia.

Durante a Idade Média podemos falar de duas grandes correntes de filosofia, na Alta idade Média teremos a Patrística e na Baixa Idade Média teremos a Escolástica. O principal expoente da Patrística, mesmo não tendo vivido na Idade Média e sim na Antiguidade, é Agostinho de Hipona (354-430), isto por ter influenciado toda a corrente de pensamento que se seguiu depois. Orígenes de Alexandria (185-253) exerceu influência sobre Agostinho por intermédio de Ambrósio (340-397) e poderia ter exercido uma influência talvez maior que este sobre o período medieval, não fosse ter sido considerado herético pela Igreja e em parte por tal motivo grande parcela de seus escritos terem se perdido e não chegado até os nossos dias. Por ser considerado herético, passou a haver um interesse menor em que os copistas fizessem cópias de seus trabalhos, preservando-os para as gerações subsequentes. Também por tal fato, a vinculação ao mesmo passou a não ser interessante e bem vista, podendo levar a acusação de heresia ou a desconfiança com relação a adotar ou compactuar com um pensamento herético. Já no tocante à Escolástica, seu maior expoente foi Tomás de Aquino (1225-1274).

 

Ocorre que do século I ao V temos vários padres apologistas que irão ter influência no pensamento filosófico medieval. Se considerarmos a eles e a Patrística, não pelo prisma da filosofia e sim somente da religião e teologia, poderíamos como alguns comentadores fazem, considera-los como representantes da Patrística, e esta surgindo no século I. No entanto, se considerarmos a Patrística como um movimento filosófico que ocorre na Alta Idade Média e não um movimento unicamente religioso, não seria correto usar este termo para quem está situado antes do início da Idade Média. Eu prefiro usar simplesmente o nome de padres apologistas para este grupo e reservar o termo Patrística para algo posterior. Deste modo podemos ter uma divisão em quatro: padres apostólicos, padres apologistas, Patrística e Escolástica.

A estes padres apologistas, precursores e antecedentes da filosofia medieval, cabe a discussão sobre as bases da religião cristã que se formava então. Partindo daqueles que se tornaram conhecidos por defender a religião cristã do século I ao V, podemos citar: Inácio de Antioquia (35-108), Flávio Justino ou Justino Mártir ou Justino de Nablus (100-165), Irineu de Lyon (130-202), Atenágoras de Atenas (133-190), Clemente de Alexandria (150-215/217), Marco Minúcio Felix (150-270), Tertuliano (160-220), Orígenes de Alexandria ou Orígenes de Cesareia ou Orígenes o Cristão (185-253), Eusébio de Cesareia ou Eusebius Pamphili ou Eusébio amigo Pânfilo (265-339), Gregório de Nazianzo ou Gregório Nazianzeno ou Gregório teólogo (329-389), Basílio de Cesareia (329/330-379), Gregório de Nissa (335-395), Ambrósio de Milão (340-397), João Crisóstomo (347-407), Jerônimo (347-420).

Dentre os quinze padres apologistas citados e outros mais, cabe mencionar que nem todos se posicionaram do mesmo modo diante da filosofia e da cultura greco-romana. Alguns se mostraram indiferentes, se atendo aos fundamentos do cristianismo, outros se mostraram abertamente hostis, vendo a filosofia como uma inimiga a ser combatida e um terceiro grupo se mostrou amigável a filosofia, tentando trazê-la para o âmbito da religião cristã.

Indiferentes: Podem ser entendidos como indiferentes por meio dos escritos que foram preservados até nossos dias e pelo legado trazido pela tradição sobre quem eram, o que fizeram e pensaram. Sua maior preocupação se mostrava diante da formação dos dogmas cristãos, da unidade da Igreja cristã e da afirmação da religião cristã como independente da judaica, havendo um afastamento das tradições então aceitas e mantidas pelo judaísmo e a lei judaica expressa no Torá. Citemos: Inácio de Antioquia, Irineu de Lyon, Atenágoras de Atenas, Gregório de Nazianzo ou Gregório Nazianzeno, João Crisóstomo, Jerônimo.

Hostis: Entendem que tudo que possa haver de bom na filosofia proveio dos profetas e que os filósofos tiveram contato com os escritos sagrados contidos na Bíblia (Antigo Testamento) e aproveitaram para si as ideias ali contidas. É o roubo dos filósofos, sendo Moisés aquele que primeiro inspirou aos filósofos gregos. A verdade encontra-se unicamente nos textos sagrados, que trazem a revelação. A filosofia é subordinada a religião cristã. Não veem diferença entre filosofia e cristianismo, sendo este último percebido como um tipo de filosofia e a única realmente verdadeira. Por vezes não percebem pontos em comum entre filosofia e religião cristã e entendem a filosofia como representante da sabedoria greco-romana e adversária da fé, bem como a origem das heresias e desvios da fé. Alguns chegam a ver uma total oposição entre filosofia e fé cristã. Tertuliano, por exemplo, mantém sua fé pela mesma ser absurda. Citemos: Flávio Justino, Marco Minúcio Felix, Tertuliano.

Amigáveis: A filosofia não é algo ruim, sendo complementar à revelação e não deve se opor a mesma. A verdade plena encontra-se na revelação, mas outros povos também tiveram acesso a esta verdade, mesmo que de modo parcial, como uma preparação para a revelação, sendo a filosofia a forma como o povo grego se aproximou desta verdade. A filosofia pode ajudar a explicar, entender racionalmente e divulgar a mensagem presente na revelação. É com Orígenes que se inicia um diálogo positivo entre a religião cristã e a filosofia, sendo ele a prescrever uma leitura dos textos sagrados de modo literal e também alegórica, buscando o sentido oculto de certas passagens aparentemente absurdas. Citemos: Clemente de Alexandria, Orígenes de Alexandria, Eusébio de Cesareia, Basílio de Cesareia, Gregório de Nissa, Ambrósio de Milão.

A intenção inicial dos padres apologistas será a divulgação e defesa do cristianismo. Teremos alguns que terão uma atitude indiferente ou mesmo hostil para com a filosofia, que será vista como a sabedoria dos pagãos. Outros entenderão que a filosofia greco-romana e a retórica devem ser absorvidas pela Igreja Cristã, dando sustentação e explicação aos dogmas religiosos. Deste modo, a filosofia se subordina à religião cristã, não sendo verdadeira quando nega ou questiona os dogmas, mas sendo útil como instrumento de defesa da religião e como uma apresentação racional do cristianismo para uma camada mais culta e versada em filosofia da sociedade romana. Lembremos que o cristianismo começou e se expandiu pelas camadas mais simples do império romano e sem o domínio da cultura greco-romana. Esta mesma cultura erudita poderia ocasionar uma dificuldade ou resistência quanto à aceitação de uma doutrina vista como irracional e alheia ao discurso filosófico, daí a importância da filosofia para ajudar a catequizar as pessoas de classes mais elevadas dentro do império.

Como consequência deste esforço que começa mesmo antes da Idade Média, teremos como resultado uma absorção da filosofia pela religião cristã, de modo que esta passa a ter um elemento de suporte racional aos seus dogmas e isto tende a permitir que pessoas mais racionais, cultas e instruídas encontrem um ponto em comum com esta religião e não a vejam em oposição ao bom gosto de quem estudou e se orgulha de suas conquistas intelectuais. Mesmo nos nossos dias, pessoas cultas e instruídas não encontram uma contradição em manter uma fé cristã, pois existem argumentos racionais a favor e explicativos dos dogmas aceitos. O cristianismo hoje possui uma estrutura racional que outras religiões não possuem e isto decorre da absorção do pensamento filosófico greco-romano e de todo um trabalho que começou já na antiguidade com os padres apostólicos e posteriormente com os padres apologistas e seguiu pelo transcorrer da filosofia medieval e da elaboração de uma filosofia cristã.

 Silvério da Costa Oliveira.

 

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quarta-feira, 19 de maio de 2021

Filosofia Medieval (1) * O surgimento da Idade Média e da Filosofia cristã

 


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Para falarmos sobre a filosofia medieval é necessário primeiramente definir quando inicia e termina o período histórico correspondente, neste caso, a Idade Média. Também é importante definir o local onde tal ocorre, digo isto porque só é correto falarmos em Idade Média na Europa Ocidental. Podemos falar em uma alta Idade Média e uma baixa Idade Média. A alta Idade Média vai do século V ao X e a baixa Idade Média vai do século XI ao XV. Por via de regra os historiadores de línguas românicas (ou latinas) dividem a Idade Média em duas (alta e baixa) e os anglo-saxônicos em três períodos (Early Middle Ages - 476 a 1000; High Midle Ages – 1000 a 1300; Late Middle Ages – 1300 a 1500). É neste período de 10 séculos, 1.000 anos, tendo como local a Europa ocidental, que se desenrolará o que designamos como filosofia medieval. Claro está que alguns filósofos importantes e com características medievais podem não estar contidos dentro desta divisão temporal, tal é o caso, por exemplo, de santo Agostinho, mas com certeza um filósofo com características medievais e que vai marcar profundamente a alta Idade Média. Este pensamento medieval traz aspectos filosóficos mesclados com outros provindos da religião, da teologia, do cristianismo e também aspectos coerentes com o então sistema econômico vigente, o feudalismo. Neste período a grande preocupação é a religião cristã que se expande por toda a Europa e cabe a filosofia pensar de modo sincrético esta relação com a religião. Não há como isolar a filosofia medieval da religião cristã. Deste modo, as principais características da filosofia medieval encontram-se na inspiração na filosofia greco-romana, numa tentativa de unir a fé com a razão, de utilizar conceitos provenientes da filosofia grega dentro do cristianismo, e de buscar a verdade revelada e divina.

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"Filosofia Medieval: A síntese entre Idade Média, filosofia e cristianismo".

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